Saiba quem é Geraldo Alckmin, o vice-presidente do Brasil

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Médico e professor universitário, Geraldo Alckmin tem 71 anos e ingressou na política na década de 1980. Ao longo das últimas cinco décadas, foi um dos protagonistas da vida pública brasileira, servindo como vereador e prefeito de Pindamonhangaba (SP), três vezes governador de São Paulo e duas vezes candidato à presidência da República.

Mas foi em 2021 que Alckmin inundou as manchetes do noticiário político brasileiro ao anunciar uma aproximação ao seu rival histórico, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1º de janeiro de 2023, o co-fundador do PSDB tomou posse como vice-presidente da República. Quer saber a história de um dos homens mais importantes da República? A Politize! te conta.

Quem é Geraldo Alckmin?

Nascido em 7 de novembro de 1952 em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho é filho de um farmacêutico e uma professora. Casou-se com Lu Alckmin em 1979 e teve três filhos: Sophia, Geraldo e Thomaz.

Alckmin ingressou na política aos 19 anos, ainda como um acadêmico de medicina vinculado ao movimento estudantil. Formou-se na Faculdade de Medicina de Taubaté, no interior paulista, enquanto era prefeito, e depois obteve especialização em anestesiologia fazendo plantões aos finais de semana no Hospital do Servidor Público do Estado.

Alckmin nos anos 1970-2000

Em 1971, Geraldo Alckmin se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com 1447 votos, foi o vereador mais votado de Pindamonhangaba, cidade a 156km da capital paulista, e depois foi eleito prefeito – o mais jovem da história do município, aos 24 anos.

Quando já era chamado de doutor pelos pacientes, galgou seus primeiros cargos em eleições majoritárias pelo MDB: deputado estadual (eleito em 1982) e deputado federal constituinte por São Paulo (em 1986). Assinou a Constituição Federal de 1988, mas divergiu de Lula e de co-fundadores do PSDB em diferentes proposições.

O então constituinte foi contrário, por exemplo, à licença-paternidade, à redução de 44h para 40h na jornada de trabalho e à nacionalização do petróleo. Alckmin ainda defendeu o parlamentarismo enquanto Lula, do PT, votou pelo presidencialismo.

Veja também nosso vídeo sobre o MDB e o PSDB!

Começo do tucanistão

Ao lado de ex-membros do MDB, como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra, Alckmin fez parte do grupo que fundou o Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, em 1988. Sua ficha de filiação foi a sétima registrada e, em 1990, o tucano foi reeleito deputado federal.

No seu primeiro mandato pelo PSDB, Alckmin propôs a redução na maioridade penal, de 18 para 16 anos. No Projeto de Lei nº 1734/1989, o então deputado justificou que, “se a nova Constituição atribui aos maiores de dezesseis anos um dos direitos cívicos mais substanciais do cidadão – o de votar – não há como deixar de lhes estender a plena responsabilidade”. O PL foi arquivado.

Primeira vez como vice

Após ter sido diversas vezes reeleito para o legislativo, Geraldo Alckmin foi convidado para integrar a chapa de Mário Covas como candidato a vice-governador de São Paulo. A dupla saiu vitoriosa das eleições de 1994 e, aos 42 anos, Alckmin tomou posse no Palácio dos Bandeirantes.

Desde o primeiro ano de seu mandato, Alckmin coordenou o Programa Estadual de Desestatização paulista em um momento de crise econômica no seu estado. O Banespa (então Banco do Estado de São Paulo) estava sob intervenção do Banco Central e São Paulo estava impedido de rolar a dívida e contrair novos empréstimos.

Foi o êxito de Alckmin na articulação política do governo Covas, sobretudo no interior paulista, que fez o tucano disputar mais uma vez a vice-governadoria do estado. Covas e Alckmin venceram em 1998, derrotando Paulo Maluf e consolidando uma era de sucessivos governos do PSDB em São Paulo.

O ano de 2000, no entanto, teve um revés para o já bem conhecido político do maior estado brasileiro. Geraldo foi indicado por Covas para concorrer à prefeitura da capital paulista e acabou derrotado, amargando a terceira colocação atrás de Maluf e de Marta Suplicy, que foi eleita.

Sua excelência, o governador

Geraldo Alckmin assumiu interinamente o governo do estado de São Paulo em 22 de janeiro de 2001, após o agravamento do quadro de saúde do governador Mário Covas. Em 06 de março daquele ano, Covas faleceu e Alckmin foi empossado definitivamente no cargo, a apenas 18 meses da próxima eleição estadual.

Eleito vice, reeleito governador

Em 2002, pouco mais de um ano após ter assumido a chefia do Executivo paulista, Alckmin oficializou sua primeira candidatura ao governo do Estado. Superou questionamentos da oposição – que alegavam ilegalidade na reeleição, pois Alckmin já havia servido como vice-governador por seis anos – e venceu no 2º turno, com 58% dos votos.

Os primeiros cinco anos e seis meses de Geraldo Alckmin como governador do maior estado brasileiro foram marcados pela ampliação das desestatizações e por deixar São Paulo com 4% de crescimento do PIB em 2006. Alckmin também determinou a demolição do antigo Carandiru, presídio palco de uma chacina em 1992.

Como governador, Alckmin também enfrentou críticas: desde 2014, o Sistema Cantareira, de distribuição de água, passou a sofrer com problemas no abastecimento. A falta de políticas eficientes para controlar a escassez de água foi apontada como causadora da crise hídrica, que provocou racionamentos.

Brasília e São Paulo

Em 2006, Alckmin deixou o Palácio dos Bandeirantes em atenção ao período de desincompatibilização eleitoral para se candidatar à presidência da República. Enfrentou Lula no 2º turno, defendendo a necessidade de um “choque gerencial e de decência” e tecendo críticas ao escândalo do mensalão do governo petista.

Alckmin perdeu a eleição presidencial. Obteve 39% dos votos válidos, sendo 2,4 milhões a menos que no primeiro turno. A derrota para o PT se deu principalmente em razão da boa provação de Lula e dos temores de que o tucano acabaria com o Bolsa Família e privatizaria estatais como a Caixa Econômica.

Dois anos depois, em 2008, uma candidatura de Alckmin, então sem ocupar nenhum cargo eletivo, foi articulada para a Prefeitura de São Paulo. Acabou ficando em terceiro lugar e, no 2º turno, declarou apoio a Gilberto Kassab, que derrotou Marta Suplicy. Foi a segunda tentativa frustrada de assumir o Executivo paulistano.

De volta ao Palácio Bandeirantes

Geraldo Alckmin foi eleito mais uma vez para o governo de São Paulo em 2010, derrotando o petista Aloizio Mercadante e assegurando ao PSDB um quinto mandato consecutivo no comando do estado mais rico do Brasil.

No seu terceiro mandato, ao lado do vice Afif Domingos, enfrentou greves na educação e na saúde, além do início dos protestos de junho de 2013. Foi reeleito para um quarto mandato em 2014, mas dessa vez com Márcio França como vice.

Pós-São Paulo

Geraldo Alckmin encerrou seu quarto e último mandato como governador de São Paulo em abril de 2018, deixando o cargo para Márcio França. Nos anos seguintes, Alckmin se candidatou duas vezes ao Palácio do Planalto, uma como presidente e a outra como vice-presidente, tentando se manter relevante no cenário político nacional.

Corrida presidencial, novamente

Em 2018, Geraldo Alckmin disputou a presidência da República pela segunda vez. Apesar da ampla coalizão de partidos aliados do “centrão”, o tucano ficou em quarto lugar, atrás de Jair Bolsonaro (então PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). Foi o pior desempenho do PSDB em uma eleição presidencial.

Companheiro Alckmin no Jaburu

Em 2021, no entanto, o nome “Geraldo Alckmin” começou a circular em meios progressistas para uma possível composição eleitoral com Lula, com vistas à construção de uma frente ampla em 2022. Para isso, Alckmin deixou o PSDB e se filiou ao PSB, o Partido Socialista Brasileiro, em fevereiro de 2022.

No dia 29 de julho de 2022, a cena mais improvável da política brasileira ocorreu: o PSB e o PT anunciaram que Geraldo Alckmin, antes adversário de Lula em eleição presidencial, seria o candidato à vice-presidência da República na chapa com o petista. Alckmin foi responsável por costurar uma aproximação de Lula com o empresariado e o agronegócio, e por atrair eleitores do sudeste.

A coligação com PT, PCdoB, PSOL, Rede e outros partidos da esquerda venceu o candidato à reeleição Jair Bolsonaro em 2022, no 2º turno, com 50,83% dos votos. Alckmin foi nomeado coordenador do Gabinete de Transição Governamental e articulou a transferência de poder com integrantes do Governo Bolsonaro.

Fotografia de Geraldo Alckmin.
Vice-presidência da República – Foto pública de reunião para anúncio de novas medidas de apoio a população e a reconstrução do Rio Grande do Sul.

O ex-tucano tomou posse em 1º de janeiro de 2023 como vice-presidente de um partido socialista em um governo do Partido dos Trabalhadores. Desde então, acumula, ainda, o cargo de Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com assento na equipe econômica do Governo Federal.

E aí, o que achou desse resumo da trajetória de Geraldo Alckmin? Pode escrever para a gente nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Acadêmico de Direito, trabalha no Ministério Público e escreve para a Politize! desde os 17 anos, com interesses voltados para Direito Constitucional e história política.

Saiba quem é Geraldo Alckmin, o vice-presidente do Brasil

16 set. 2024

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