Dia 31 de março de 2025, completou 61 anos desde que a ditadura militar iniciou no Brasil. Entre comemorações que celebraram a data e notas de repúdio contra o regime militar, o tema no Brasil ainda é alvo de forte polarização.
Acompanhe o texto para saber tudo que envolve os 61 anos da ditadura militar no Brasil.
Posição do governo Lula sobre os 61 anos da ditadura militar
No 61º aniversário que marca o início da ditadura militar no Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura de evitar comemorações públicas ou declarações oficiais de repúdio.
A decisão se mantém desde 2023, após quatro anos de celebrações estimuladas pelo governo de Jair Bolsonaro. Esse posicionamento visa evitar atritos com os militares, embora seja visto como “constrangedor” por alguns aliados do governo.
Entenda melhor por que a ditadura militar foi um golpe de Estado, e o que isso significa: Afinal, o que é um golpe de Estado?
Além disso, conta o fato de que Bolsonaro e outros membros de seu governo se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe em 2023.
A fala oficial de Lula foi por intermédio das redes sociais, onde se manifestou reafirmando sua posição contra a ditadura militar e em defesa da democracia.
Ele destacou que a democracia é o único caminho para um desenvolvimento justo e igualitário para o Brasil, ressaltando a importância da Constituição de 1988, que marcou o fim do regime militar e a redemocratização do país.
Diversos ministros do governo, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Luiz Marinho (Trabalho), também se manifestaram em favor da preservação da memória democrática e contra quaisquer ações que possam justificar ou minimizar os impactos do golpe de 1964.
Comemorações e revisões sobre os 61 anos da ditadura militar
O Clube Militar do Rio de Janeiro organizou evento comemorativo, destacando o que consideram um “movimento democrático” em 1964.
Divulgado nas redes sociais do Clube Militar, o evento, realizado todos os anos, é chamado de “rememoração do movimento democrático de 31 de março de 1964”.
Essas comemorações foram recebidas com críticas por parte de grupos, como a bancada fluminense do Partido dos Trabalhadores, que consideram o regime militar responsável por sérias violações dos direitos humanos.
O grupo enviou um ofício ao Ministério Público Federal para proibir a realização do almoço, que aconteceu, apesar da oposição, no dia 31 de março de 2025, mas que contou com protestos de estudantes na frente do local.
Outro evento que marcou a data foi a retirada de homenagens ao regime em Juiz de Fora, Minas Gerais. O Exército, após uma decisão judicial, retirou a placa “Brigada 31 de Março”, que fazia referência à data do golpe.
A remoção dessas homenagens foi resultado de uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que questionou a exaltação do período.
Essa divisão de percepções sobre o golpe de 1964, e os 21 anos de regime militar pelo qual o Brasil passou, reflete o contínuo debate sobre como o Brasil deve lidar com os legados da ditadura e como o período é visto pelas diferentes parcelas da população.
O debate sobre a anistia e a responsabilização pelos crimes da ditadura
A Lei da Anistia de 1979, que permitiu o retorno dos exilados políticos e a reintegração de civis e militares ao convívio político, também gerou um importante debate sobre os limites da impunidade.
Em 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou um debate sobre a revisão da Lei da Anistia, especialmente em casos de crimes como o desaparecimento de Rubens Paiva, ex-deputado que foi sequestrado e morto por agentes da ditadura.
O STF se concentrou em analisar se a anistia é aplicável a crimes como sequestro e ocultação de cadáver, um tema controverso que pode influenciar a maneira como o Brasil encara a responsabilidade pelos crimes cometidos durante a ditadura.
A Corte também se manifestou em suas redes sociais sobre a data de 31 de março de 2025, lembrando que o golpe de 1964 resultou no comprometimento de direitos fundamentais e sublinhando a importância da Constituição de 1988, que restabeleceu os direitos civis e as garantias democráticas.
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O Supremo afirmou que o reexame da Lei da Anistia “é necessário para corrigir distorções da memória oficial e garantir que os crimes da ditadura sejam verdadeiramente reconhecidos”.
O papel do cinema nos 61 anos da ditadura militar no Brasil
O cinema brasileiro também teve o seu papel durante a data que marca os 61 anos da ditadura militar. O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, retrata um recorte da vida de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante o regime militar.
A obra, que venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025, foi utilizada para relembrar violações cometidas durante o regime e destacar a trajetória de Eunice após o desaparecimento do marido.
O filme foi exibido em uma sessão especial organizada pela Polícia Federal em Brasília, com a presença de Juca Paiva Avelino, neto de Eunice e Rubens Paiva.
Essa é uma data que abre espaço para muitos debates, não é mesmo? E você, qual sua opinião sobre os 61 anos da ditadura militar? Deixe aqui para a gente nos comentários!
Referências:
- Agência Brasil – STF publica mensagem sobre golpe de 1964: lembrar para não repetir
- Folha de S. Paulo – Exército retira homenagens à data do golpe militar em Juiz de Fora
- G1 – Ministros de Lula usam redes sociais para repudiar golpe militar dado há 61 anos
- Jornal GGN – Clube Militar promove evento em comemoração aos 61 anos da ditadura
- Metrópoles – 61 anos do golpe: 5 filmes para se conscientizar sobre a ditadura
- UOL – “Comemoração de 1964 por órgão público atenta contra a Constituição”, diz STF
- UOL – “Lembrar para que nunca mais se repita”, diz STF sobre 61 anos do golpe militar
- VEJA – PT pede ao Ministério Público que proíba evento no Clube Militar pelo aniversário do golpe de 1964
