O ser humano passa dos zero aos seis anos de vida sendo crianças. Quando pensamos nelas, nosso cérebro tende a recordar os brinquedos, pois faz parte dos infantis conhecer o mundo por meio do universo lúdico.
Nesse sentido, o brincar diz muito sobre as possibilidades de quem podemos ser. Perguntas como “O que você quer ser quando crescer?” podem ter relação com os tipos de brinquedos que a criança brinca e com quem ela brinca. Ou seja, a socialização está relacionada não só ao brincar, como também às relações interpessoais que criamos enquanto crianças.
Nesse texto, o Politize! te explica o que é a socialização, processo tão importante para o desenvolvendo do indivíduo. Vem com a gente!
O que é a socialização?
A socialização pode ser compreendida pela Sociologia como o ato de integrar um indivíduo numa sociedade. Dessa forma, esse ser humano torna-se um componente daquela comunidade, onde aprende o sentido do coletivo e do individual.
No caso da socialização primária – aquela oferecida pelos pais e familiares – é a nossa primeira noção de mundo. É desse modo que discernimos o certo do errado e, principalmente, iniciamos a construção de uma personalidade.
Qual é a importância dos brinquedos nesse processo da infância?
As primeiras pessoas com as quais temos contato são os nossos familiares. Por isso, eles também são os primeiros que decidem nossas brincadeiras e quais serão os nossos brinquedos. É a partir desse momento que alguns estereótipos acabam por definir os brinquedos de acordo com o gênero da criança.
Além disso, é importante lembrarmos como a indústria cultural, em especial, a lúdica, e a mídia, principalmente pela televisão, reforçam tais pensamentos. Os desenhos animados, por exemplo, costumam mostrar a mulher como a pessoa que é capaz, mas sempre precisa de ajuda do seu herói, ou príncipe, para livrar-se do “mal”.
Nessa perspectiva, quando, de fato, entramos em uma nova comunidade, como a escola ou a creche, a criança irá socializar-se com quem lhe parece, ou seja: meninos preferem brincar com meninos, já que eles, juntos, desfrutam de brincadeiras em comum; e as meninas gostam de brincar com meninas, dado que elas, unidas, brincam de “mamãe e filhinha”, por exemplo.
Logo, há uma indução de quem brinca com quem. Desse modo, é preciso que, nesse momento do texto, saibamos diferenciar a brincadeira do brinquedo.
A brincadeira procura integrar seus participantes e, por isso, o brincar é livre. Vejamos com um exemplo: a queimada. Esse jogo pode ser feito de maneira mista, com meninos e meninas num mesmo time.
Já o brinquedo, este é direcionado – controlado – pois ele tem uma função social. Uma menina, ao receber um conjunto de panelinhas e uma boneca, você está dizendo que ela deve brincar no ambiente doméstico, porque aquele é o lugar dela.
Como a socialização na infância afeta o indivíduo no decorrer da vida?
Da mesma forma que as meninas são induzidas a crescerem de acordo com o seu estereótipo, com os meninos não é diferente. Isso porque, quando oferecemos o carrinho a ele, na verdade, o que disponibilizamos a ele é o acesso ao poder. Na sociedade contemporânea, o carro é um símbolo de poder, de liberdade, de poder aquisito. Porém, ao presentearmos a menina com uma boneca, o que apresentamos a ela é o mundo maternal, doméstico, familiar.
Sendo assim, é possível perceber que tais exemplificações trazem à tona uma atualidade muito forte: o patriarcalismo, isto é, um sistema político-social em que os homens possuem, predominantemente, o papel de liderança na coletividade.
Além disso, vale lembrar das personagens que são apresentadas a cada um dos gêneros. Em relação às meninas, podemos falar das princesas, por exemplo. Essas personagens remetem-nos à beleza e estética, ou seja, à valorização do ser.
Contudo, ao visualizarmos os meninos, seus brinquedos remetem-nos à valorização do ter (dinheiro, carro). Portanto, mais uma vez, os estereótipos são reforçados.
Os arquértipos de Jung
Quando a temática dos esteriótipos de gênero são colocados na conversa, há quem se questione se não existe uma tendência natural das mulheres se dedicarem ao lar e os homens ao trabalho fora de casa. A resposta para essa pergunta pode ser explicada por meio dos arquétipos do Jung.
O Carl Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou conceitos da Psicologia Analítica, área que estuda o consciente e o inconsciente humano.
O arquétipo, em outras palavras, um conjunto de imagens primordiais provenientes de uma sucessão de repetições progressivas de uma mesma experiência durante muitas gerações que ficaram armazenadas no inconsciente coletivo. Um exemplo disso, são os homens e mulheres das cavernas: por meio das artes rupestres, é possível identificar que o homem era responsável por sair para caçar; já a mulher ficava com os filhos dentro da caverna, esperando pelo retorno do marido.
Dessa maneira, trazendo para a atualidade, podemos relacionar esse outro lado da construção dos lugares sociais através das noções de Jung. Logo, percebemos que os nossos estereótipos não vêm “do nada” e, sim, de antigas percepções que a humanidade teve sobre aquele assunto.
O brincar e o futuro lugar social
A construção de gênero e do lugar de um sujeito na sociedade depende de um contexto histórico, social, político e ininterrupto. As coletividades estão, a todo momento, transformando-se e inovando-se. Por isso, os pais, adultos, familiares e educadores possuem grande responsabilidade ao estimular determinados brinquedos para as crianças e isso também pode variar com o decorrer do tempo.
REFERÊNCIAS
O brinquedo e a produção do gênero na educação infantil: uma análise pós-estruturalista.
O brinquedo: as perspectivas de walter benjamin e vygotsky para o desenvolvimento social da criança.
Brinquedo, gênero e educação na brinquedoteca.
1 comentário em “Como os brinquedos podem definir o lugar do indivíduo na sociedade?”
Essa é uma das maiores teorias da Conspiração que já vi kkk, não é possível acreditar nisso de que brinquedos influenciem toda uma sociedade kk.