Revolução Industrial: entenda o que foi e suas etapas

Publicado em:
Compartilhe este conteúdo!
Imagem ilustrativa Revolução Industrial. Imagem: Pixabay.com
Imagem: Pixabay.com

Com a mudança do cenário global dada pelo forte avanço na tecnologia, avanço das indústrias e a migração da população do campo para as cidades, a Revolução Industrial se inicia em 1760.

A ascensão das indústrias modificou a economia da época, trazendo inovações na área de produção e comercialização de bens. Além disso, a Revolução da marca industrial trouxe importantes mudanças no modo de viver da sociedade. Neste conteúdo, o Politize te explica mais sobre o que foi e como ocorreu a Revolução Industrial.

O que foi a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra no século XVIII. Foi um processo histórico estabelecido pelo desenvolvimento tecnológico da indústria. O avanço na produção da indústria mudou todo o cenário global, a produção de produtos era mais rápida e mais barata, ocasionando no deslocamento de grande parte da população que vivia no campo para as cidades.

A revolução da indústria é marcada por grandes criações. Uma delas foi a lançadeira volante, inventada em 1733, por John Kay. O aparelho acelerou a atividade manual usada na indústria têxtil. A substituição da madeira pelo carvão se deu em 1755 por Abraham Darby. Logo depois, tivemos o desenvolvimento do ferro como matéria-prima, substituindo a máquina de madeira pela máquina de metal. No ano de 1769, temos a máquina a vapor patenteada por James Watt.

O historiador Paul Mantoux, escritor do livro “A Revolução Industrial no Século XVIII, ao retratar sobre as situações raras daquele período, sobre um dos processos de fabricação em que o trabalho era mais simples e menos acumulado, traz a seguinte passagem:

“A simplicidade dos instrumentos correspondia a da organização do trabalho. Se a família do tecelão era bem grande, bastava para tudo e distribuía entre seus membros as operações secundárias: a mulher e as meninas na roça, os meninos cardando a lã, enquanto os homens trabalhavam na lançadeira: este usa o quadro clássico deste estado patriarcal na indústria”. (MANTOUX, 1985)

Ele ainda explica as três fases no desenvolvimento do trabalho: a primeira fase começa com o trabalhador alugando suas ferramentas de trabalho. A segunda fase com a aproximação do possuidor do produto e do capitalista no qual levou a troca de serviço sob acompanhamento, dando origem a fábrica e iniciando o processo de industrialização e do capitalismo. E a terceira fase que ocorre através da incorporação das máquinas, originando a Revolução Industrial.

Como era antes da Revolução Industrial?

Antes da Revolução Industrial, a produção do trabalho era manufaturada, ou seja, a fabricação de produtos era dividida entre pessoas e máquinas, representada pelo trabalho manual. A maioria da população vivia nos campos, não se tendo grandes meios de comunicação entre pessoas e países. A comunicação era feita através de cartas, o que era muito demorado e o transporte se dava por meio de carroças, no qual levava muito tempo.

Antes da indústria chegar na Inglaterra, a terra era mantida pelos rebanhos de carneiro pelo qual se obtinha grande quantidade de lã que era vendida para o estrangeiro, sendo um dos fatores que fizeram a Inglaterra enriquecer. A lã também trouxe grande crescimento e desenvolvimento pelos insumos e serviços e pela mão de obra.

A produção era executada manualmente, o que ocasionava na demora da realização de mercadorias e na baixa quantidade. Naquele período, não existia normas para decretar o direito do trabalhador, então, era muito comum que todos os membros das famílias participassem das atividades de produção. O trabalho infantil era uma realidade daquela época.

A pioneira Inglaterra

A Inglaterra foi a pioneira nessa transformação, como por exemplo, a ascensão da burguesia na política no século XVII, o que favoreceu o desenvolvimento da indústria, assim como o grande mercado interno que resultou em uma grande quantidade de riquezas pelas atividades mercantis.

A Inglaterra, comparada com o resto da Europa, era detida de grande organização política. Para evitar abusos e injustiças, em 1215 os barões e cavaleiros obrigaram o rei João Sem Terra a estabelecer, de forma documentada, os direitos do povo inglês. O rei João assina A Magna Carta, limitando a autoridade das monarquias. O documento foi importante para fixar direito e deveres e frear imposições arbitrárias por parte dos imperadores. Também foi significativo para a criação da primeira constituição da Inglaterra.

Com toda a organização política alcançada, o cenário começa a mudar através da Guerra dos Cem Anos e posteriormente da Guerra das Duas Rosas. O feudalismo perde forças e o mercado burguês, aliado com os privilégios da nobreza, fica cada vez mais forte. As mudanças para a indústria, ocorre por três principais setores, conhecido como Revoluções, sendo, Comercial, Agrária e Intelectual.

Leia também nosso texto sobre as origens do sistema capitalista!

A Revolução Comercial

A Revolução Comercial muda todo o cenário geográfico por meio das cruzadas do século XV e XVI. Os homens deixam de atravessar apenas o mar mediterrâneo e passam a explorar os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Os europeus vão atrás de novas mercadorias conhecendo mais lugares e mais pessoas. O comércio é fortalecido e aumentado, e novos tipos de produtos ampliam o conhecimento técnico, visando maior produtividade e lucro.

As atividades mercantis criam grande crescimento do mercado, gerando uma forte expansão do mercantilismo. O Estado passa a interferir na economia da época realizando várias negociações econômicas. Foi um período de grande riqueza pelo comércio externo, que começou a caminhar cada vez mais para a industrialização.

A Revolução Agrária

A Revolução Agrária foi responsável pelo grande crescimento das cidades. As pessoas deixam suas casas no campo e migram para os grandes centros urbanos, iniciando um grande processo de urbanização. Como a Inglaterra possuía inúmeras propriedades, foi separada em partes de terras para ser dividida entre algumas parcelas da população.

No século XVIII, o crescimento das leis e de práticas do Parlamento passa a cercar os campos em geral. As cidades passam a receber numerosa mão de obra, submetendo os cidadãos a trabalhos com salários pequenos e com péssimas condições de trabalho.

A Revolução Intelectual

A Revolução Intelectual foi importante na superação das ideias tradicionais. O pensamento de alguns filósofos como John Locke, Isaac Newton e René Descartes passou a influenciar a sociedade daquele período. Os conceitos da Idade Média começam a ser substituídos pelo método científico baseado nas experiências e pelo raciocínio. Essas modificações de princípios criaram novos interesses pelos estudos mecânicos e pela realização de novos trabalhos, gerando um forte interesse pela indústria.

Os outros fatores foram:

Localização Geográfica

A localização geográfica ajudou muito, pois a Inglaterra era uma ilha e se encontrava em posição de vantagem no acesso a potências europeias para o mercado mercantil, visto que o transporte por terra era muito caro e demorado.

Atividades Corsárias e Leis de Cercamentos

As atividades corsárias (roubos a navios de outros países por comandos do próprio estado) também auxiliaram no enriquecimento, assim como as Leis de Cercamentos, as terras eram cercadas para uso individual, obrigando os trabalhadores a saírem do campo e migrarem para as cidades com finalidade da população procurar empregos nas indústrias.

Êxodo Rural

Com a Lei de Cercamentos, houve um grande deslocamento da população rural para as cidades, ocasionando o êxodo rural. Foi através do êxodo rural que ocorreu a amplificação da propriedade rural, houve um aumento da matéria prima, proporcionando a mão de obra nas fábricas. A grande procura por emprego ocasionou na submissão de péssimas condições de trabalho, na maioria das vezes, a jornada passava de 12 horas e se tinha uma grande exploração de mulheres e crianças. Os trabalhadores passavam por uma situação precária e quase sem direitos.

Toda essa exploração ocasionou na composição de movimentos onde os operários buscavam as melhores condições de trabalho. Um desses movimentos ficou conhecido como Ludismo, no qual os trabalhadores ocuparam as fábricas e quebraram as máquinas, argumentando que elas haviam roubado os seus empregos.

Outro movimento foi o Cartismo, onde os trabalhadores buscavam a expansão de seus direitos através da política. Todos esses motivos levaram a Inglaterra a um grande acúmulo de capital, que logo depois foi transformado na indústria e no processo de produção.

AS TRÊS FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

É dividida em três fases, pois cada uma foi responsável por acontecimentos importantes durante determinado período. A primeira fase foi caracterizada pela máquina a vapor. Já a segunda pelos avanços na comunicação, como o advento do avião, telefone e televisão. E a terceira fase é definida pelo crescimento tecnológico e o avanço da biotecnologia.

Primeira fase

A primeira fase ocorreu no século XVIII, entre os anos 1760 a 1850, sendo caracterizada pela maquinofatura e pela indústria. No período, um dos grandes avanços foram os novos tipos de indústrias, principalmente a indústria têxtil, no qual ganhou uma grande produção por conta da implantação de máquinas que ajudaram a tecer os fios de forma mais rápida e sistêmica.

Outro fator importante da primeira fase foi o surgimento do trabalho assalariado. Esse elemento marca o início das discussões sobre dificuldades da jornada de trabalho e as atividades bastantes cansativas e degradantes, com salários extremamente baixos.

A chegada da indústria consolidou um novo modelo de produção, o que foi muito benéfico para o impulsionamento da economia local, de modo geral. A superação da velha manufatura pela produtividade da nova maquinofatura e o carvão como principal fonte de combustível foi também foi um fator determinante para a consolidação das bases do capitalismo e do liberalismo econômico, que se desenvolveram e passaram a estruturar a sociedade.

A instalação das plantas produtivas mudou o cenário econômico, social e ambiental dos países que se industrializaram, pois houve um aumento vertiginoso da população nas cidades, que foi atraída pela crescente oferta de empregos – ainda que precários e despidos de qualquer proteção legal e direitos, hoje, básicos.

Com o desenvolvimento da economia e a crescente obtenção de lucro das indústrias e dos empresários que visavam a predominância da propriedade privada, o capitalismo e liberalismo econômico ganham forças. Os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade adquiridos dos ideais iluministas passam a fazer parte do cenário da época, tendo em vista a livre concorrência, intervenção mínima do estado e a defesa dos direitos individuais.

Segunda fase

A evolução na indústria e o desenvolvimento na linha de produção combinado com eletricidade, aço e principalmente petróleo, estabeleceram a segunda fase da Revolução Industrial, aproximadamente entre a segunda metade do século XIX.

Foi através de todo esse avanço e com o aumento da produtividade que o avião surgiu, e o transporte ferroviário e marítimo se tornaram mais rápidos. Além disso, também foi possível que um número maior de pessoas pudesse se locomover em menos tempo, ao passo que se começava a movimentar um fluxo bem maior de produtos.

Na época, também ocorreu um grande avanço tecnológico na esfera das comunicações. Foi nessa conjuntura que surgiu o telégrafo, o telefone e o rádio, favorecendo a aproximação de pessoas e regiões.

O neocolonialismo foi um processo em que as grandes potências europeias iniciaram a ocupação e a colonização da África e da Ásia, a partir da segunda metade do século XIX. O grande interesse das indústrias em apoiar essas colonizações era de ganhar novos mercados consumidores e adquirir insumos para o trabalho.

Os europeus percebem a possibilidade de ascensão do mercado através dos continentes, que sofreram grande exploração. O fundamento de toda essa exploração era uma “missão civilizatória”, que acarretaria em um avanço e crescimento dos países que ainda não eram “tão desenvolvidos” como os países europeus.

É nesse momento que o sistema de produção muda para tentar alcançar um número maior de corporações, devido ao grande crescimento de grupos empresariais. Com o aumento da população e o grande número de trabalhadores, novos direitos trabalhistas são consolidados, assim como o surgimento de sindicatos. As cidades crescem rapidamente e surgem novas questões consideradas como o lixo e problemas ambientais.

Com o aumento da população e das divergências de interesses entre ricos e pobres, temos uma grande transformação no modelo do sistema político inglês. O historiador Francisco Iglésias fala em seu livro “A Revolução Industrial” sobre a luta dos partidos conservadores e liberais através do século XIX, expondo a predominância e ascensão do liberalismo político e econômico, bem como a ascensão de uma ideologia liberal decorrente dos interesses burgueses que ganharam força desde os séculos anteriores devido ao crescimento do mercado marítimo.

Ele relata também a forte diferença de classes entre os ricos e pobres, e a aceitação do proletário a trabalhos pesados em ambientes prejudiciais à saúde, com alta carga horária decorrente da farta mão de obra da época, no qual ocasionava a uma vida mais curta.

Terceira Fase

A terceira fase da Revolução Industrial ocorre em meados do século XX. Chamada de Revolução Técnico-científica, foi apresentada logo após a Segunda Guerra Mundial. Trouxe novos tipos de indústrias que envolvem o campo científico como a indústria eletrônica, cibernética, biotecnologia, petroquímica, aeroespacial e química.

Com esses novos tipos de indústrias no mercado, houve um grande avanço tecnológico, lançando novos produtos e serviços. A capacidade de produção em uma quantidade menor de tempo aumentou, mudando toda a forma de comunicação que já existia.

A circulação de produtos e informação foi tão acelerada que passamos para o mundo globalizado, adaptada pela amplificação de informações e pelo desenvolvimento da incorporação econômica e da política internacional. Nessa fase, temos uma enorme força do sistema capitalista decorrente do poder de grandes empresas que atuam na economia, no consumo da população e no comando dos países.

Todo esse avanço tecnológico e científico trouxe algumas preocupações para a sociedade atual, assim como os problemas ambientais, a diminuição dos recursos naturais, a exploração do trabalho, a desvalorização do serviço e consequentemente o desemprego. Assim, o crescimento das atividades comerciais gerou grandes mudanças na economia e nas vidas das pessoas.

Leia também sobre a Indústria 4.0!

Ficou alguma dúvida? Não deixe de colocar sua opinião nos comentários!

REFERÊNCIAS:
  • FUKUYAMA, Francis. Ordem e decadência política: Da revolução industrial à globalização da democracia. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.
  • IANNONE, Roberto Antonio. A Revolução Industrial. 9ª Edição. São Paulo: Moderna, 1997.
  • IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. 6ª Edição. São Paulo: Brasiliense, 1985.
  • MANTOUX, Paul. A Revolução Industrial No Século XVIII. 1ª Edição. São Paulo: Hucitec, 1985.
  • TEIXEIRA, Francisco MP. Revolução Industrial. 12ª Edição. São Paulo: Editora Ática Não Didático, 2021.

Você já conhece o nosso canal no Youtube?

WhatsApp Icon

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe este conteúdo!

ASSINE NOSSO BOLETIM SEMANAL

Seus dados estão protegidos de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)

FORTALEÇA A DEMOCRACIA E FIQUE POR DENTRO DE TODOS OS ASSUNTOS SOBRE POLÍTICA!

Botelho, Julia. Revolução Industrial: entenda o que foi e suas etapas. Politize!, 9 de dezembro, 2021
Disponível em: https://www.politize.com.br/revolucao-industrial/.
Acesso em: 20 de nov, 2024.

A Politize! precisa de você. Sua doação será convertida em ações de impacto social positivo para fortalecer a nossa democracia. Seja parte da solução!

Pular para o conteúdo