Quando falamos sobre agronegócio e seus impactos, logo pensamos em áreas extensas de cultivos e plantações que beiram às estradas ou até mesmo no campo brasileiro.
Porém, é necessário expandir nossos pensamentos e compreendermos que as atividades e os impactos do agronegócio não se limitam a apenas partes de terra, mas também em uma grande parcela de nossas vidas, por meio dos diversos produtos que consumimos, desde frutas e verduras; como até mesmo casacos e sapatos de nosso guarda-roupa.
A vida no campo é um dos tópicos que reflete em nossos aspectos econômicos e no desenvolvimento pleno do país, haja vista a participação de tal atividade no PIB, que chega em torno do 27%. Por esse ponto, também podemos citar o outro lado do cenário.
Por mais que tal atividade exerça um papel impactante em solo nacional, ainda é importante destacar o debate dos impactos do agronegócio no Brasil, em sua economia e no meio ambiente.
Aqui você irá analisar cada um deles de maneira clara e objetiva para entender mais acerca do assunto e construir sua base de pensamento, basta continuar lendo!
O que é o Agronegócio?
De acordo com o site da Agropos, o Agronegócio pode ser definido como: “a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção na unidade de produção, do armazenamento, do processamento e da distribuição dos produtos agrícolas e dos itens produzidos por meio deles.”
Ou seja, o agronegócio é uma cadeia de produção econômica fundamental a todos os setores da economia (primário, secundário e terciário), gerando, produzindo e distribuindo uma gama de produtos aos consumidores, estes advindos de técnicas da agricultura ou agropecuária, ganhando diversas formas – roupas, alimentos, móveis e muitos outros.
Atualmente, o processo produtivo se define como extensivo e predominantemente monocultor (cultura de apenas um bem), o qual tem como objetivo as exportações para o mercado internacional.
Isso significa que a tendência do sistema produtor é de possuir áreas extensas de produção e cultivo, geralmente de um só produto – uma grande área apenas para soja, outra apenas para o milho e assim por diante.
Os meios de monocultura são gerenciados pelos grandes produtores, que são os líderes de exportações das commodities e são definidos como latifundiários.
Diante do contexto em que tais agentes se encontram, a necessidade de insumos e técnicas para suprir as demandas de produção se tornam mais intensas em decorrência das exportações.
Dessa forma, requer-se o uso de alguns elementos no campo: objetos tecnológicos (como drones, tratores e etc.), o uso de agrotóxicos – que também serão discutidos por aqui – e até mesmo os processos de desmatamento dos ecossistemas nacionais em função da expansão de cultivo.
Cada um desses elementos compõe, intrinsecamente, a rede complexa de produção econômica no Brasil.
Veja também nosso vídeo sobre o que são commodities!
Qual a importância do agronegócio para o Brasil?
A atividade agropecuária possui um papel importante para a economia brasileira. Esse fato pode ser refletido no PIB brasileiro que, apenas no ano de 2020, o agronegócio brasileiro teve participação total de 26,6% no PIB.
No ano de 2019, seu porcentual foi de 20,5%; vale ressaltar, também, o seu valor nas exportações em 2021, que beirava a faixa dos 8 bilhões de dólares.
Há uma importância do agronegócio de cunho econômico para o país. Além disso, ainda podemos relacionar tal atividade ao desenvolvimento tecnológico, visto que o uso de maquinários, drones, substâncias químicas e outros são frutos de um desenvolvimento de técnicas específicas para atribuir uma maior produtividade aos meios de produção.
Apenas no ano de 2021, já foram realizadas parcerias entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para fomentar o desenvolvimento tecnológico dentro do país.
O Agronegócio, nos últimos anos, vem ganhando destaque nas discussões e reflexões acerca de sua atuação no campo nacional. Por mais que seja um dos motores que movimentam a economia brasileira, o seu papel de destaque ainda reverbera em questionamentos acerca de suas consequências dentro de questões ambientalistas.
Impactos do Agronegócio: Agrotóxicos
Primeiramente, o que são agrotóxicos?
De acordo com a lei Nº 7.802 (11 de julho de 1989), agrotóxicos são:
a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos;
b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento;
Resumidamente, o agrotóxico é o produto utilizado nas plantações que visam o armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, a fim de otimizar o combate às pragas dentro das plantações, ratificando o máximo de perda possível.
No Brasil, o uso de tal elemento possui um papel importante para os meios de produção. Apenas em 2014, a indústria de pesticidas em solo nacional obteve um faturamento de 12 bilhões de dólares, o que demonstra a influência dentro do cenário econômico para o país.
Além do mais, sua participação prática nos meios de produção se encontra muito presente. Segundo dados da ABRASCO, entre os anos 2000 e 2012 houve um aumento de 288% no uso de agrotóxicos nas plantações, o que pode refletir na alta gama de alimentos contaminados – que chega a 64% do total.
Veja também nosso vídeo sobre a comida produzida pelo agronegócio!
Problemas no uso de agrotóxicos
O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de países que consumem essas substâncias.
O seu uso, consequentemente, reflete em diversos aspectos e problemáticas, tanto para o meio ambiente como para o âmbito social. No ano de 2020, por exemplo, o Greenpeace descreveu uma ação do governo como resultado de “Chuvas de agrotóxicos na cabeça da população”, visto que o governo reduziu de 500 metros para 250 metros a distância mínima entre povoados e as áreas que iriam sofrer a ação da pulverização.
Dessa forma, há um grande risco de contaminação para pessoas que moram nas localidades, o que pode agravar os problemas de saúde local e prejudicar o bem-estar da população.
No que se diz respeito às consequências do uso de agrotóxicos, entre os anos de 2007 e 2014, por exemplo, foram registradas 34147 notificações de intoxicação por agrotóxico, de acordo com o Dossiê ABRASCO.
Necessidade de uso dos agrotóxicos
Bom, em relação ao uso de tais substâncias e seus danos, já possuímos um cenário construído. Mas ainda assim, é importante se questionar: os agrotóxicos são necessários?
Por mais que essa substância seja o agente de tais problemáticas, o seu uso carrega um papel para os meios produtivos.
Com a ascensão da Revolução Verde, o uso de defensivos agrícolas ganhou um espaço importante para as práticas agropecuárias, pois contribui para deter prejuízos causados por pragas e ervas daninhas nas próprias plantações.
Dessa forma, foi possível propiciar um aumento na produtividade de alimentos e na redução de preços para o consumidor.
Porém, outro ponto a se analisar e que interfere no seu beneficiamento apresentado são as questões em relação ao manejo de tais substâncias. Para o uso do insumo é necessário realizar o manejo adequado a fim de evitar certos problemas, tanto para o produtor, quanto para o consumidor, e também para o meio ambiente.
Mas, de acordo com o Censo do IBGE, em 2017 somente 37% dos estabelecimentos agropecuários que utilizam agrotóxicos confirmaram terem recebido instruções necessárias e adequadas para a sua utilização, o que pode interferir na sua capacidade de uso e seus benefícios agregados.
Leia também nossos textos: Agrotóxicos: 13 perguntas para esclarecer o debate & Brasil, campeão mundial em consumo de agrotóxicos.
Impactos do Agronegócio: Desmatamento
Além do tópico apresentado anteriormente, existe outra questão que deve ser analisada para se compreender a os impactos do agronegócio no Brasil, o desmatamento.
Vamos iniciar com um conceito que diz respeito ao atual cenário nacional: a fronteira agrícola. A fronteira agrícola é definida como a ocupação de terras por parte dos produtores com o objetivo de realizar práticas agropecuárias.
Você pode se questionar: Como isso acontece? Visto que a expansão do agronegócio se encontra em áreas florestais, é preciso realizar a desocupação de tais espaços, o que interfere na derrubada da vegetação nativa do local.
Essa matéria orgânica derrubada fica exposta ao meio ambiente e, após ser vendida ilegalmente, é queimada para usufruir do espaço.
Desmatamento e meio ambiente
Por esse aspecto, é preciso destacar dois pontos que repercutem na emissão de gases na atmosfera:
- O carbono, que é armazenado pelas plantações no processo de fotossíntese, é liberado pelo espaço em decorrência da destruição da principal fonte de armazenamento – as florestas;
- Os dois principais gases do efeito estufa (metano e dióxido de carbono), são produzidos também pelo processo digestório dos animais que compõem os grupos da pastagem.
Nesse aspecto, o cenário construído se limita ao desmatamento e as diversas problemáticas que carregam consigo. Ainda, destaca-se que mais de 80% do desmatamento, no Brasil, está ligado com a conversão de terras para a prática agropecuária, de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Ademais, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC – principal órgão global responsável por organizar as informações acerca das mudanças climáticas – afirma:
“No Brasil, a produção de carne é um dos principais fatores por trás do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Pois, a vegetação nativa é derrubada para dar lugar à pastagem e a plantação de ração do rebanho. “
Desmatamento: motor e problema econômico
Um dos pontos de discussão recorrente a esse assunto se encontra no impasse entre os benefícios e os efeitos do processo. Ao mesmo tempo em que o desmatamento gera a atividade econômica, é ele que causa prejuízo ao próprio setor.
A ação de retirada da cobertura vegetal, a qual é um agente importante para os ciclos de chuva da região, pode alterar neste mesmo ciclo. Dessa forma, sem a proteção natural do meio ambiente atuando nas áreas, a plantação e a criação de gados ficam comprometidas.
Leia também nossos textos: Desmatamento no Brasil: qual a situação? & O que são commodities agrícolas?.
O contexto atual se encontra cheio de opiniões e debates acerca dos fatos apresentados. É possível concluir que o agronegócio possui um papel importante para os meios de produção e a economia nacional, mas não podemos entrar nessa discussão sem colocar em pauta os impactos do agronegócio para o meio ambiente e suas respectivas ações.
Aqui vimos os feitios dos agrotóxicos e o contexto atual do desmatamento, como também a precisão de tais atos para o desenvolvimento econômico, mas com seus poréns.
Mas e para você? Qual a sua opinião acerca do assunto? Conseguiu entender um pouco mais sobre os impactos do agronegócio para o meio ambiente? Conta pra gente nos comentários!
Referências:
- Abrasco – Dossiê Abrasco – Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde
- AGROPOS – A importância do Agronegócio para o Brasil
- BBC Brasil – Os 15 países que emitiram mais CO2 nos últimos 20 anos (e em que posição está o Brasil)
- CNN Brasil – Desmatamento pode causar prejuízo bilionário à atividade econômica no Brasil
- De olho nos ruralistas – “Populações receberão chuva de agrotóxicos em suas cabeças”, diz Greenpeace sobre novos limites na pulverização de bananas
- IPAM – Área desmatada a ser queimada em 2020 pode superar os 4,5 mil km2
- O Agronegócio pode ser Sustentável? – Bem Vivendo
- Prepara ENEM – Fronteira Agrícola no Brasil. Expansão da Fronteira Agrícola
- Politize! – Commodities agrícolas: o que são?
1 comentário em “Impactos do Agronegócio na Economia e no Meio Ambiente”
Basta de crônicas parciais, alinhadas com ideologias.
Isso se chama VIÉS DA CONFIRMAÇÃO, segue tendências, achismos, narrativas.
O Brasil é maior que isso, o agro é maior que isso.
Pesquisem em dados sérios, no banco de dados do IBAMA por exemplo. Busquem saber o que é manejo sustentável, o número de leis, taxas e obrigações que os agricultores tem que cumprir antes de iniciar um plantio.
Pesquise sobre a legislação e suas regulações, pontos de queimadas, os agricultores são responsabilizados pelas APPs e UCs que estão em suas posses, ao contrário de movimentos de desocupados que nada produzem mas que tem a prerrogativa de invadir, destruir e saquear.
Pesquisem sobre ONGs que se beneficiam com recursos públicos em nome do desenvolvimento sustentável, do comércio que este belo conceito se tornou, a quem interessa essa narrativa negativa, que não pode parar, nem que para isso os próprios defensores de araque tenham que atear fogo.
Comparem dados com outros países, pesquisem o que é visão totalitária de uso, pesquisem o trabalho da Embrapa, os sistemas de produção integrada.