Origem e evolução do conceito de sustentabilidade

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Sustentabilidade e o cuidado com a Terra. Imagem: Freepik.
Sustentabilidade e o cuidado com a Terra. Imagem: Freepik.

De onde veio essa tal de sustentabilidade que todo mundo fala?

Sustentabilidade é um assunto muito atual e exaustivamente repetido em tempos de crise climática, não é mesmo? O que poucos sabem é que o seu conceito foi construído por um grande movimento de união internacional, pactos globais e cooperação, visando a busca de um futuro promissor para a humanidade.

Mas quando e onde começou essa conversa? Por que ganhou tanta notoriedade? Essa palavra hoje está associada apenas ao meio ambiente ou também a outros temas?

Como surgiu o termo “Sustentabilidade”

Toda economia é baseada na “administração X escassez” de recursos e como distribuí-los à população de forma organizada. Mas e se a população cresce e devasta numa velocidade muito maior do que a natureza pode se regenerar, o que fazer?

Essa problemática já foi constatada há muito tempo. Inclusive, no primeiro Tratado sobre Silvicultura, escrito por Carl von Carlowitz, por volta dos anos 1700, a necessidade de pensar em uma solução para a rápida degradação ambiental foi levantada com preocupação. Afinal, o estudioso percebeu que a velocidade com que a humanidade cortava árvores era muito maior do que o tempo que levaria para que fossem replantadas e crescessem novamente.

Apesar dessas antigas considerações, apenas em 1972 o assunto foi tratado como uma preocupação global graças à ONU, que convocou representantes de várias nações para discutir a relação do Homem com o Meio Ambiente na Conferência de Estocolmo (Suécia), intitulada de Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente.

Imagina só chegar com notícias e dados inconvenientes de que o consumo desenfreado e a exploração ambiental estavam prejudicando a saúde e o equilíbrio sistêmico do planeta! Reduzir a industrialização e a poluição não pareceram ser boas alternativas para muitas nações, principalmente para os países em desenvolvimento.

Veja também nosso vídeo sobre queimadas no Pantanal e na Amazônia!

Apesar de tudo, os dados acerca do secamento de rios, lagos, ilhas de calor, efeito de inversão térmica e outros serviram de alerta mundial. A busca pelo equilíbrio entre o social, ambiental e econômico deram origem ao que posteriormente passou a ser chamado de Desenvolvimento Sustentável.

E essa expressão passou a ser usada quando?

Na década de 1980, o documento mais conhecido e difundido com esse termo foi o Relatório Brundtland (1987), intitulado de Nosso Futuro Comum.

A carta conceitua o Desenvolvimento Sustentável como o “desenvolvimento que atende às necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.

Leia também: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: o que são?

O direito ao maio ambiente equilibrado na lei brasileira

No ano seguinte, a Constituição Federal Brasileira de 1988 reservou uma sessão para a temática e considerou o meio ambiente equilibrado um direito fundamental reconhecido, sendo classificado como de terceira dimensão (ligado ao valor de fraternidade e solidariedade), com caráter intergeracional e coletivo. Portanto, é dever da República Federativa do Brasil zelar pelo meio ambiente equilibrado conforme o artigo 225 e incisos, vamos analisar o caput?

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Vale destacar que este é um direito indisponível, ou seja, você não pode abdicar, nem escolher se isso é importante ou não para você, pois envolve muito mais do que só a sua individualidade, mas um coletivo abstrato, de atuais e futuras gerações.

Após esse respaldo legal, o IBAMA – órgão fiscalizador federal – foi fundado no ano seguinte e várias outras normas regulamentadoras, programas de governo e compromissos internacionais surgiram e se mantêm até os dias atuais.

Economia e sustentabilidade são felizes juntas, mas muita gente quer separar

Ninguém falaria de sustentabilidade se não fosse a Economia. Essa frase parece estranha? Talvez no discurso popular seja comum ouvir que a conservação do meio ambiente atrasa o desenvolvimento econômico, mas a verdade é que um conceito está intimamente ligado ao outro.

Alguns pontos em comum dos dois conceitos é que ambos lidam com o problema da gestão de recursos, das decisões humanas, dos imprevistos ambientais e do mercado global.

Para entender melhor o que é economia, vale acessar este artigo completo da Politize sobre o tema!

A sustentabilidade na prática é um comportamento moldável e não fixo, pois busca a melhor solução para situações atuais, emergenciais, futuras, sejam elas concretas ou abstratas. O que norteia as decisões neste âmbito são os princípios, valores, necessidade, adequação, oportunidade e, principalmente, a razoabilidade.

Em síntese, se, para conservar o meio ambiente em determinado aspecto, a solução mais rápida demandar um grande retrocesso social, ela não será interessante.

Mesmo diante de uma situação emergencial, em que seja imprescindível melhorar a economia e o meio ambiente, se a resolução mais efetiva incluir que a sociedade deve parar de consumir um bem essencial à sobrevivência, isso não será cogitado antes de acionar várias outras medidas que podem até envolver tecnologias complexas a serem desenvolvidas em prazos curtos.

Logo, qualquer decisão pautada na sustentabilidade tem que atender satisfatoriamente os seus três pilares: ambiental, econômico e social.

Veja também nosso vídeo sobre economia e sustentabilidade!

O conceito de sustentabilidade não se limita a questões ambientais

Apesar do emprego exagerado da palavra para temas atrelados ao meio ambiente, o termo ‘sustentabilidade’, segundo o dicionário online Priberam, possui duas conceituações:

  1. Qualidade ou condição do que é sustentável.
  2. Modelo de sistema que tem condições para se manter ou conservar.

Não há nada demais e até é correto relacionar o termo ao ambiente, afinal ele está sempre na equação, mas não se restringe aos recursos e sim à forma como podem ser utilizados. Na economia e na sociologia a palavra é constantemente falada no sentido de duração e continuidade de políticas e métodos, por exemplo.

Os três pilares da sustentabilidade

A sustentabilidade enquanto solução para as mudanças climáticas defendida no Relatório de Brundtland possui três dimensões, que juntos compõem um macroconceito sistemático.

  • A sustentabilidade ambiental engloba a preservação/conservação do meio ambiente de maneira que a sociedade encontre o equilíbrio entre o suprimento de suas necessidades e o uso racional dos recursos naturais, sem prejudicar a natureza.
  • A sustentabilidade social, por sua vez, está atrelada à participação ativa da população no desenvolvimento social por meio da elaboração de propostas que visem o bem-estar e a isonomia de todos em consonância com a preservação do meio ambiente.
  • Já a sustentabilidade econômica refere-se ao modelo de desenvolvimento econômico que visa a exploração e disposição dos recursos naturais, sem prejudicar o suprimento das necessidades das gerações futuras.

Claro que em situações distintas como dentro de uma empresa, na gestão pública ou na engenharia, esses três pilares serão vistos sob a ótica de cada campo de pesquisa.

Com a evolução do estudo e sucessivas tentativas de implementação, algumas bem sucedidas, outras não, interseções nas dimensões da sustentabilidade foram descobertas e exploradas em distintos ramos de estudo, como no de energias:

Sobreposição das dimensões da Sustentabilidade. Fonte: Adaptado do Manual de Boas Práticas para Eficiência Energética (2005). Imagem: DICKIE, I. B. Gestão de Design Aplicada: Estratégias de comunicação no contexto do desenvolvimento sustentável. Dissertação de Mestrado do Departamento de Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, 2010
Sobreposição das dimensões da Sustentabilidade. Fonte: Adaptado do Manual de Boas Práticas para Eficiência Energética (2005). Imagem: DICKIE, I. B. Gestão de Design Aplicada: Estratégias de comunicação no contexto do desenvolvimento sustentável. Dissertação de Mestrado do Departamento de Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, 2010.

A sustentabilidade e o futuro do homem na Terra

Bem, depois de algumas décadas do alerta, é natural querer entender como a comunidade internacional vê a crise climática e o meio ambiente hoje em dia.

Para quem não acompanha muito o assunto, é importante dizer que a situação do meio ambiente não anda tão animadora. Os problemas persistem, mas estão sendo controlados numa velocidade menor do que a pretendida.

Metas estipuladas em convenções globais não conseguiram ser cumpridas, porém algumas conquistas marcantes foram alcançadas, como a redução do buraco da camada de ozônio em 2019, atingindo o menor nível desde 1982, conforme dados da Nasa.

Além disso, os 193 Estados-Membros da Organização das Nações Unidas comprometeram-se a adotar a Agenda Pós-2015, considerada uma das mais ambiciosas da história da diplomacia internacional. A partir dela as nações trabalharão para cumprir 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com metas nada fáceis para 2030, a exemplo da erradicação da pobreza.

Leia também: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: quais são as iniciativas brasileiras?

O ponto mais promissor é que tanto no desenvolvimento tecnológico quanto no próprio mercado, a sustentabilidade passou a ser uma preocupação constante e um atributo de valor. Isso, por si só, reflete uma mudança de cultura e uma ampliação no senso de coletividade.

Tal evolução de comportamento pode ser a chave para intervir nas mudanças climáticas, repensar o manejo de recursos e evitar diversas catástrofes naturais que surgem a partir de um desequilíbrio ocasionado pela degradação ambiental. Só assim será possível pensar em um futuro na Terra digno para seres humanos habitarem e coexistirem em harmonia.

E aí, você conseguiu compreender melhor o conceito de sustentabilidade? Conta nos comentários!

Referências:
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1 comentário em “Origem e evolução do conceito de sustentabilidade”

  1. Marcelo Gil Design Ceramista

    Gostei, sou Ceramista e o assunto Sustentabilidade deve ser pensado e repensado em cada peça criada e colocada no mercado no sentido de uso e descarte!!

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Conteúdo escrito por:
Natural de Recife, jurista, especialista em Auditoria Ambiental e Direito Público, faz hoje 2ª graduação em Marketing. É apaixonada por escrever e pesquisar desde muito cedo, acredita que, através da comunicação adequada, qualquer interesse e empatia podem ser despertados se a ideia for bem direcionada.
Pontes, Christina. Origem e evolução do conceito de sustentabilidade. Politize!, 5 de agosto, 2022
Disponível em: https://www.politize.com.br/origem-e-evolucao-do-conceito-de-sustentabilidade/.
Acesso em: 22 de nov, 2024.

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