Origem, história e desfecho da Ku Klux Klan

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Reunião da Ku Klux Klan. Imagem: The Plain Dealer.

Você já deve ter ouvido falar na Ku Klux Klan, talvez tenha sido retratada em um filme ou livro ou citado em alguma reportagem na TV ou outro veículo da mídia, mas você sabe o que ela é? Conhece sua história e o que esse grupo significa?

A Ku Klux Klan (por vezes chamada de KKK) foi um grupo terrorista fundado em uma pequena cidade no estado do Tennessee, Estados Unidos, entre os anos de 1865 e 1866, após a Guerra Civil Americana, por ex-soldados confederados.

Enquanto esteve em atividade, o grupo protagonizou diversos episódios de perseguição contra pessoas negras. A Politize! traz para você um pouco sobre a história desse grupo e o que ele significou para a história.

Vem com a gente!

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Ku Klux Klan: O Contexto Histórico

Antes de entendermos o que era a Ku Klux Klan, vamos falar um pouco sobre a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra da Secessão ou Guerra Civil dos Estados Unidos. Ela ocorreu entre 1861 a 1865, motivada por diferenças entre o norte e o sul dos Estados Unidos. O país estava em processo de marcha para oeste, iniciando assim a ocupação do oeste do país.

Em linhas gerais, norte e sul divergiam de opinião sobre três temas principais, sendo que um deles era a questão escravagista. O norte possuía um desenvolvimento manufatureiro, com pequenas propriedades agrícolas e predominância do trabalho livre e assalariado. Já os estados do Sul dependiam do cultivo agrícola, possuía grandes propriedades de terra baseados na monocultura (em geral, algodão) e era totalmente dependente do trabalho escravo.

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Economicamente falando, os dois modelos antagônicos se complementavam, mas politicamente, cada lado defendia interesses diferentes. Esse conflito de interesses políticos contribui para o desgaste na relação entre as duas regiões do país.

Mas, no que essas divergências impactavam na “Marcha para o Oeste“? Com o início da ocupação do oeste americano, norte e sul entraram em conflito sobre o modelo de sociedade que seria adotado pelo novo território. Enquanto o sul defendia a extensão do trabalho escravo, os nortistas defendiam a proibição da escravidão.

Com as eleições de 1860 e a vitória do republicano Abraham Lincoln, considerado pelos sulistas um abolicionista convicto, os sulistas iniciaram um movimentação de secessão, ou seja, separação do território. Ao todo 11 estados aderiram ao movimento separatista, que iniciou conflitos contra a união em 1861.

A Guerra Civil destacou-se por um grande número de mortos e terminou com a rendição dos sulistas em 1865 e a consolidação da abolição da escravidão em todo o país.

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Origem da Klan

Após a derrota do sul e o fim do conflito, os Estados Unidos aprovou, em 6 de dezembro de 1865, a 13ª Constituição Americana, que trazia em seu texto a abolição da escrividão. Com a derrota e a recente abolição, ex-membros do Exercito dos Confederados – as tropas que lutaram pelos estados sulistas – fundaram a organização terrorista nomeada de Ku Klux Klan na cidade de Pulaski, no Tennessee, ao sul dos Estados Unidos.

A organização possuía ideais supremacistas (a ideia de que um grupo é superior a outro) e promovia atentados contra negros, judeus e também contra brancos que apoiassem a abolição e defendessem os direitos dos negros.

Inicialmente as ações do grupo envolviam cavalgadas noturnas brandindo tochas e gritando palavras de ódio para amedrontar os negros, mais tarde suas ações ficaram mais violentas, passando a atacar escolas e igrejas frequentadas por negros.

As vítimas dos atentados eram espancadas até a morte ou mesmo enforcadas em vias públicas, as motivações eram sempre acusações vagas e falsas, muitas delas fazendo com que os negros parecessem criaturas selvagens.

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Nome e Símbolo

“O nome é um jogo de palavras a partir da expressão em grego kyklos – círculo. A palavra “klan” foi acrescentada por aliteração e para caracterizar o movimento como uma instituição constituída somente para alguns privilegiados” – Juliana Bezerra (Site Toda Matéria).

Os membros da Klan usavam como uma espécie de uniforme um capuz cônico e uma vestimenta que usualmente cobria todo o corpo, ambos na cor branca. A roupa escondia a identidade dos membros envolvidos nas ações violentas e também tinha como objetivo amedrontar suas vítimas. Na segunda fase da organização foi acrescentado um novo símbolo, a cruz em chamas, que se tornou emblema oficial da Klan.

As Fases da Ku Klux Klan

A história do grupo terrorista é dividida em três fases:

Fase 1 – Entre 1865 e 1871. O grupo foi responsável por disseminar a violência no sul dos Estados Unidos. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham sido vítimas do grupo apenas nessa fase. Após a repercussão dos seus crimes o governo tomou providências para combater a organização, promulgando leis e detendo vários membros em 1871. A organização foi considerada de carácter terrorista e seus membros se dispersaram.

Fase 2 – Em 1915 o grupo ressurgiu na Geórgia, estado também ao sul dos Estados Unidos e promoveu centenas de ações violentas. Eles ampliaram seu leque de inimigos e vítimas, incluindo assim católicos e judeus. Foi nessa fase que a cruz em chamas foi incorporada como símbolo e a organização também abriu uma seção feminina para seus membros.

Nessa fase o grupo teria alcançado seu auge com quatro milhões de membros e conquistado até mesmo a influência no meio político. Foi nessa época que foi publicado o livro “The Clansman”, de Thomas Dixon, que exaltava as atividades da organização. Acredita-se que a publicação do livro tenha colaborado para o ressurgimento do grupo. Nessa fase as atividades foram suspensas devida a Grande Depressão.

Fase 3 – A Klan retorna na década de 60, em uma reação contra as manifestações e ações da população negra que lutava por direitos civis americanos, atacando líderes que pregavam resistência pacífica como Martin Luther King. Nessa época ainda existiam as leis de segregação racial, que separava escolas, bibliotecas, bebedouros, banheiros e outros espaços com placas informando se era destinado a população branca ou “pessoas de cor”. A medida que essas leis eram abolidas a Klan ficava mais violenta, chegando a explodir uma igreja batista em Birmingham, Alabama onde quatro meninas morreram.

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A Klan nos dias de hoje

Por volta de 1970, a Klan começou a enfraquecer e perder membros, fato que é atribuído a conflitos internos entre membros e às investigações e punições dos envolvidos.

No entanto a KKK permanece em atividade, através de grupos menores que se originaram do movimento. Estima-se que hoje ela ainda possua cerca de 8 mil membros vinculados a 72 células, grupos que possuem os mesmos princípios, espalhadas por diversos estados dos Estados Unidos.

A atuação do grupo atualmente está bem enfraquecida, já que muitas células se ramificaram e deram origem a outros grupos supremacistas. Atualmente a Klan está ligada a ideais supremacistas, anticatólicos, antissemitas, antiliberais, anticomunistas, além de promoverem discurso de ódio contra muçulmanos e LGBTs e terem envolvimento com movimentos de neonazistas.

E aí, você já conhecia a história da Ku Klux Klan? Sabe de algum detalhe sobre este movimento e quer contar para gente? Só deixar nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Brasiliense que ama viajar e conhecer novos lugares. Me formei em Tecnologia da Informação e tenho paixão especial por livros, músicas e escrita. Adoro conhecer um pouco sobre tudo e estou sempre pesquisando e querendo aprender cada vez mais. Jogo e mestro RPG, escrevo fanfics e um dia pretendo escrever um livro.
Costa, Jessy. Origem, história e desfecho da Ku Klux Klan. Politize!, 31 de outubro, 2022
Disponível em: https://www.politize.com.br/ku-klux-klan/.
Acesso em: 20 de nov, 2024.

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