Maoismo: a ideologia que mudou para sempre a China

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Mao Tsé-Tung. Imagem:  unknown/Domínio Público.

Maoismo é o nome dado ao regime implementado por Mao Tsé- Tung na República Popular da China. Você nunca ouviu falar sobre Maoismo? Não? Sem problemas! Neste texto, iremos descobrir o que foi este regime e sua importância para a China. Na primeira parte, estudaremos o que veio antes, a fim de que seja possível entender a linha temporal até o Maoísmo, passando pelo período das guerras e ocupações no território chinês.

Em seguida, discutiremos a Revolução Chinesa de 1949 e as mudanças trazidas pela mesma em relação à produção agrícola e vida dos camponeses, além da ideologia que Mao implanta a respeito de igualdade e a repressão aqueles que ameaçam seu governo.

Vamos lá?

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O passado está sempre presente

Antes do maoismo, a China foi liderada pelo partido nacionalista Kuomintang entre os anos de 1912 a 1949. Este foi responsável por derrubar a monarquia chinesa através de um processo com um forte sentimento de nacionalismo devido aos intensos conflitos marcados pela ingerência estrangeira, como a Guerra do Ópio de 1840 a 1860, entre China e Inglaterra, conflito o qual força a abertura dos portos chineses ao comércio britânico e cedeu a ilha de Hong Kong aos mesmos.

Já o conflito sino-japonês entre 1937 e 1945 deixou um sentimento de humilhação no povo chinês que viu, mais uma vez, seu território ser ocupado por estrangeiros.

Todo este cenário conturbado agravou a situação econômica instável do país que tinha, na época, uma estrutura produtiva praticamente agrária e pequenas indústrias próximas à costa. A maior parcela da população vivia no campo e lidava com o fato de que não havia muita terra onde o plantio garantiria frutos. O território era formado por regiões áridas, e do pouco que produziam, metade era entregue aos proprietários da terra.

Impulsionado por um sentimento de humilhação e revolta com a situação local, crescia no país o comunismo, tendo como principal figura Mao Tsé-Tung, um dos fundadores do PCC – Partido Comunista Chinês, e que viria a ser a principal figura do maoísmo.

No princípio, as relações entre o PCC e o Kuomintang foram amistosas, porém quando o líder Sun Yat-sen faleceu e Chiang Kai-shek assumiu o partido, iniciou-se um período de repressão ao PCC, devido à expansão de sua ideologia atrativa especialmente nos quesitos de igualdade e valorização do campesinato.

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Nacionalistas e comunistas entraram em conflito, e o segundo grupo passou a ser perseguido pelo primeiro, culminando em uma guerra civil, que foi interrompida apenas para combater a invasão japonesa em 1945.

Em 1949, o PCC venceu o nacionalista Kuomintang; seus membros refugiaram-se na ilha de Formosa que mais tarde seria chamada de Taiwan. A partir de então, a China começa a mudar através de uma série de reformas que a transformaria numa nação comunista, onde se prega a igualdade, porém este será mais um exemplo de que não se pode alcançá-la por meio do autoritarismo.

Maoismo: O “Salto” adiante?

O Grande Salto Adiante", o programa de Mao Tsé-Tung, na China
“O Grande Salto Adiante”, o programa de Mao Tsé-Tung, na China.

Mao Tse-Tung dá continuidade a um processo de reforma agrária, por meio do qual são eliminadas as antigas classes de proprietários da terra e criada a produção familiar em pequena escala, remanejando forçadamente pessoas de áreas menos para mais produtivas a fim de despertar o desenvolvimento rural e econômico.

Esta estratégia não funcionou tão bem quanto se esperava, pois o controle autoritário do Estado separou o produtor de sua produção ao fazer com que o povo obedecesse a metas estabelecidas pelo governo relacionadas a quantidade de produção e dependência de fornecimento de bens e insumos. Para mais, os trabalhadores não escolhiam o que plantavam e nem a quantidade.

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A terra não foi dividida igualmente, o que não alterou muito a situação de pobreza da população, mesmo que os índices de bem-estar social tenham melhorado em relação ao período anterior, e o investimento industrial em lugares remotos tenha sido intensivo, a produção agrícola não acompanhou esses indicadores.

Em consequência, a discrepância era considerável entre as zonas rurais e urbanas, principalmente no quesito produtividade e em condições de subsistência, já que o transporte, moradia e trabalho no meio urbano eram superiores aos do rural. No fim, o que se viu foi a sustentação do custo da produção industrial através da agrícola.

A ideologia de Mao

A ideologia maoísta, inspirada no socialismo soviético, baseava-se na concepção de que as pessoas deveriam ter papel ativo na criação do bem-estar social e priorizar o interesse coletivo em detrimento do individual.

O igualitarismo, uma das bases do regime, possuía a finalidade de diminuir as desigualdades entre as classes com o objetivo de culminar numa maior igualdade com o passar do tempo.

Para atingir seus objetivos, de acordo com Mao, seria necessário derrotar o inimigo, o qual é visto como resistência ao processo de desenvolvimento maoísta. Isto demonstra o caráter militarista e a importância da estratégia militar para Mao deste a guerra civil, quando o Kuomintang foi derrotado, e também objetificando o domínio da situação; além disso, a guerra é o meio pelo qual Mao entende a luta de classes.

O maoísmo inspirou-se principalmente em Lênin e Stálin, o que significa que Mao leu muito pouco sobre as ideias socialistas e guiava-se mais pelo exemplo dessas duas figuras e na sua paixão militarista. Uma diferença entre ele e seus inspiradores, é o valor dado ao indivíduo e as relações entre os mesmos, além da valorização do campesinato, o qual foi usado como instrumento de guerra pelo regime estatal, através do voluntarismo.

Com essa mesma intenção, inicia-se um projeto de educação política cuja principal figura vista como exemplo a seguir era Mao. Aqueles que discordavam de seu governo eram perseguidos e tidos como traidores, o que gerou milhares de mortes e repressão estatal.

Pilares do Maoismo

Se quisermos definir os pilares do Maoismo, encontraremos o doutrinarismo, dogmatismo e voluntarismo. Os três explicam bem a ideia de atração de uma população enfraquecida pela pobreza e baixo pensamento complexo e recrutamento dos jovens à ideologia através da promessa de mudança e melhores condições sociais.

Neste contexto, o maoísmo é apoiado e visto, de certa forma, como uma divindade e exemplo que atrai muitos líderes com pouco conhecimento científico, que anseiam tornar-se populares.

Imprensa chinesa critica Revolução Cultural – Observador
Revolução Cultural Chinesa.

Nos anos de 1966 a 1976, Mao instaura uma campanha política, a qual ficou conhecida como Revolução Cultural. Este movimento gerou uma onda de perseguições àqueles que foram considerados culpados pelo fracasso do Salto Adiante e os que representavam algum tipo de risco à revolução.

O movimento mobilizou principalmente os jovens e atacou muitos intelectuais chineses. A estimativa é de que milhões de pessoas tenham sido mortas, o que se encerrou apenas com a morte de Mao Tsé-Tung em 1976.

Por fim, o maoismo é mais um regime autoritário, dadas as devidas particularidades, semelhante a tantos outros do século XX e aos que até os dias atuais persistem. Uma coisa é certa, ele e a figura de Mao Tsé-Tung mudaram para sempre a República Popular da China.

E aí, gostou de se aprofundar nos conhecimentos sobre o maoismo? Deixe sua contribuição nos comentários!

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Sou formada em Relações Internacionais, tenho 25 anos e moro em São Paulo. Sempre gostei de escrever, então a possibilidade e unir este hobbie a uma tarefa importante como falar de política, me interessou bastante. Desde cedo, quando consegui bolsa integral em um escola particular, pude perceber a importância na formulação de uma política pública de qualidade a fim de a discrepância entre as oportunidades de estudo não fosse tão grande. Desde então, me interessei por política e continuo aprendendo e estudando sobre o tema.
Silva, Debora. Maoismo: a ideologia que mudou para sempre a China. Politize!, 9 de novembro, 2022
Disponível em: https://www.politize.com.br/maoismo/.
Acesso em: 23 de nov, 2024.

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