A política externa é fundamental para a condução de relações internacionais e proteção dos interesses nacionais de um país. A relação entre Brasil e Estados Unidos é um exemplo disso, sendo uma das mais importantes da América Latina. Juntos, os dois países trabalham em questões como o comércio, meio ambiente e segurança global.
Dessa forma, a política externa permite que o Brasil negocie acordos comerciais, estabeleça posições em questões globais e crie alianças estratégicas. Mas você sabe o que é política externa? Afinal, Brasil e EUA são aliados? Nesse texto, a Politize! responde essas e outras questões.
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O que é a política externa brasileira?
A política externa é o conjunto de ações, decisões e atitudes tomadas por um país ou governo no âmbito internacional, visando proteger e promover os interesses nacionais e estabelecer relações com outros países e organizações internacionais.
Isso inclui questões como relações diplomáticas, comércio internacional, cooperação em áreas como saúde, educação e meio ambiente, defesa dos direitos humanos e da paz, além da promoção do desenvolvimento econômico.
No Brasil, o órgão responsável pelo assessoramento do presidente da República na formulação, desempenho e acompanhamento das relações entre Brasil e outros países é o Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty.
A política externa brasileira é caracterizada historicamente pela sua busca por autonomia e independência, bem como pelo seu compromisso com a paz, a democracia e os direitos humanos. Outro aspecto que se destaca é o seu papel como mediador em conflitos regionais e internacionais, buscando soluções pacíficas e democráticas para questões políticas e humanitárias.
Nas últimas décadas, o Brasil tem buscado fortalecer sua presença no cenário internacional como uma potência global, tendo aprimorado sua participação em organizações como a Organização das Nações Unidas (ONU).
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Histórico da relação entre Brasil e Estados Unidos
A relação entre o Brasil e os Estados Unidos é historicamente complexa e tem sido influenciada por uma série de fatores políticos, econômicos e culturais.
Desde a independência do Brasil, no início do século XIX, os dois países têm mantido relações diplomáticas, embora tenham experimentado períodos de tensão devido a questões comerciais e de direitos humanos. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil e os EUA trabalharam juntos como aliados, o que ajudou a fortalecer a relação entre os dois países.
Nos anos 1960 e 1970, o Brasil experimentou uma série de mudanças políticas e sociais, incluindo a abertura de sua economia e a consolidação de uma democracia representativa. Durante este período, a relação entre Brasil e Estados Unidos foi afetada pela Guerra Fria e pelas políticas de segurança nacional estadunidense, incluindo a ditadura militar brasileira.
Nos últimos anos, essa relação tem sido caracterizada por colaboração econômica e diplomática, incluindo a participação em organismos internacionais como a ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, ainda existem desafios, como as preocupações comerciais e divergências com relação às questões ambientais.
Relação econômica: o Brasil depende dos Estados Unidos?
A relação econômica entre Brasil e Estados Unidos é complexa e não se pode dizer que existe uma dependência. Ambas as nações mantêm relações comerciais: o Brasil exporta produtos agrícolas, minerais e manufaturados, enquanto importa tecnologia e produtos industriais.
No entanto, os Estados Unidos não são o principal parceiro comercial do Brasil, que possui mais intercâmbios com outros países da América Latina, como a Argentina, e sobretudo com a China.
Além disso, a economia brasileira é diversificada e tem um mercado interno significativo, o que significa que sua economia não é altamente dependente de qualquer país específico. Entretanto, como as economias dos dois países estão interligadas, eventos econômicos nos Estados Unidos podem ter um impacto no Brasil e vice-versa.
Como é a relação comercial do Brasil com os Estados Unidos?
Apesar da relação histórica, o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos não é tão grande quanto a parceria comercial entre Brasil e China — país que tem tido ascensão como potência econômica e que atualmente é caracterizado como o maior concorrente da economia estadunidense.
Ainda assim, o comércio entre os dois países tem sido crescente nos últimos anos, e as empresas de ambos os países mantêm parcerias estreitas e colaborações em setores como energia, tecnologia da informação e agronegócio.
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Ademais, os Estados Unidos são um importante investidor no Brasil, com muitas empresas americanas investindo em setores como infraestrutura, mineração e tecnologia. Esses investimentos contribuem para o crescimento econômico do Brasil e para a criação de empregos no país.
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O que o Brasil exporta para os EUA, o que os EUA importa do Brasil
O Brasil é um importante exportador para os Estados Unidos e as principais exportações para o país norte-americano, incluem:
- Produtos agrícolas: como soja, açúcar, café, carne bovina, frutas e verduras;
- Produtos minerais: como minério de ferro e petróleo;
- Produtos manufaturados: como máquinas e equipamentos de transporte.
Por outro lado, os Estados Unidos também são importantes exportadores para o Brasil e as principais importações brasileiras dos EUA incluem:
- Petrolíferos refinados, óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos;
- Tecnologia: como equipamentos de informática, equipamentos de telecomunicações, sistemas de energia e maquinário industrial;
- Produtos industriais: equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e medicamentos.
Em geral, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é mutuamente benéfica, e ambos os países se beneficiam como parceiros comerciais importantes.
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Quem são os outros parceiros do Brasil?
Além dos Estados Unidos, o Brasil tem relações comerciais significativas com outros países ao redor do mundo. Alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil ao longo dos anos têm sido:
- China: é o principal parceiro comercial do Brasil, e o comércio bilateral entre os dois países tem crescido rapidamente nos últimos anos. O Brasil exporta principalmente produtos agrícolas, minerais e manufaturados para a China, enquanto importa bens de capital, tecnologia e produtos industriais.
- União Europeia: é um importante parceiro comercial do Brasil, e a relação entre as duas regiões é historicamente forte. O Brasil exporta principalmente produtos agrícolas e minerais para a União Europeia, enquanto importa bens de capital, tecnologia e produtos industriais.
- Argentina: principal parceiro comercial na América do Sul e as duas nações compartilham uma fronteira comum. O comércio bilateral entre Brasil e Argentina é baseado em produtos agrícolas, minerais e manufaturados.
- México: é um importante parceiro comercial do Brasil, e o comércio bilateral entre os dois países tem sido crescente nos últimos anos. O Brasil exporta principalmente produtos manufaturados para o México, enquanto importa bens de capital, tecnologia e produtos industriais.
Países com maiores participações nas exportações e importações brasileiras
O Boletim Trimestral da Balança Comercial Brasileira, elaborado pelo Ministério da Economia, é responsável por contextualizar e apresentar as dinâmicas mais recentes do comércio exterior brasileiro de bens.
Na edição publicada no terceiro trimestre de 2022, o boletim aponta que os países e blocos com maiores participações nas exportações brasileiras, em termos de valor, foram:
- China (US$ 22,7 bilhões);
- União Europeia (US$ 13,7 bilhões);
- Estados Unidos (US$ 10,3 bilhões);
- Argentina (US$ 4,4 bilhões).
Já no que diz respeito às importações, o cenário apresentado no boletim seguiu quase o mesmo padrão, exceto pela alteração de posições entre Estados Unidos e União Europeia, veja:
- China (US$ 17,5 bilhões);
- Estados Unidos (US$ 14,3 bilhões);
- União Europeia (US$ 12,1 bilhões);
- Argentina (US$ 3,5 bilhões).
Para conferir dados anteriores e atuais, acesse: Boletim Trimestral Atual e Boletins Trimestrais Anteriores
Política externa brasileira nos últimos anos
O historiador e analista de política externa brasileira, Amado Cervo, destaca em suas obras que a tradição diplomática do Brasil tem como base o pragmatismo, a busca pela autonomia e a defesa dos interesses nacionais.
Nesse sentido, segundo o historiador, a política exterior historicamente tem sido guiada por princípios de juridicismo, pacifismo e pragmatismo. Para Cervo, embora a importância de cada uma dessas tradições possa variar de acordo com o contexto doméstico e internacional, elas são constantes na política externa do Brasil.
Apesar dessa continuidade no modo de conduzir a política externa, ainda assim é possível apontar divergências na política externa adotada pelos últimos governos.
- Governo Lula (2003-2010): caracterizado por uma política externa ativa e pragmática, que buscava expandir a presença do Brasil no cenário internacional e promover a integração regional na América Latina. Além da ênfase na cooperação Sul-Sul, se destacou também pela promoção dos interesses do país em fóruns multilaterais, como a ONU e o Grupo dos 20 (G20). Por outro lado, o Governo Lula foi bastante criticado por sua aproximação com Cuba, sendo acusado de querer instaurar o socialismo no Brasil.
- Governo Dilma (2011-2016): manteve muitas das linhas gerais da política externa de Lula, mas com uma ênfase mais forte em questões sociais e ambientais. O Governo Dilma buscou fortalecer as relações Sul-Sul, mas também destinou mais atenção aos países da África e do Oriente Médio. Em contrapartida, sofreu críticas quanto à baixa atuação em assuntos internacionais, especialmente em relação à crise na Venezuela.
- Governo Temer (2016-2018): embora também tenha se caracterizado por uma política externa mais pragmática e de continuidade em relação aos governos anteriores, o Governo Temer teve críticas quanto a uma atuação pouco assertiva e acusações de subserviência aos interesses estadunidenses. Ainda assim, especialistas destacaram o diálogo com importantes parceiros comerciais e a ênfase em temas econômicos e de comércio internacional.
- Governo Bolsonaro (2019-2022): política externa de caráter mais ideológico e nacionalista, com ênfase em fortalecer a relação do Brasil com os Estados Unidos. Esse governo foi mais crítico a organizações internacionais, como a ONU. Se por um lado, este governo conquistou apoio ao fortalecer a parceria com os EUA, por outro lado, também foi acusado de enfraquecer a posição do país em fóruns internacionais.
Veja também nosso vídeo sobre o socialismo cubano!
Retomada da política externa
Diante da aproximação do Governo Bolsonaro com os Estados Unidos, mais especificamente no mandato do ex-presidente estadunidense Donald Trump, e o enfraquecimento da cooperação Sul-Sul, muito se questionou a inserção internacional do Brasil.
Essa foi uma das questões em pauta nas Eleições Gerais de 2022 e tem sido tema recorrente também após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente da República.
Em discurso no Congresso Nacional, o então presidente reservou um tempo de sua mensagem para tratar do tema e destacou a importância da retomada do Brasil como “protagonista nas relações internacionais”, enfatizando a atuação do país em questões de política ambiental global e também na integração com os demais países da América do Sul.
Isso não implica, no entanto, um automático afastamento dos Estados Unidos. Ainda em fevereiro de 2023, Lula encontrou-se com o então presidente estadunidense, Joe Biden, para discutir importantes questões da agenda bilateral e global.
No encontro realizado na Casa Branca, sede do governo dos EUA, entre outros temas, estiveram em pauta: a necessidade de fortalecimento da democracia em ambos países e o estabelecimento de parcerias ambientais para enfrentamento à crise climática. Além disso, o petista trouxe à tona novamente a ideia de o Brasil ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a pesquisadora Isabelle C. Somma de Castro, em entrevista ao Portal Uol, essa relação bilateral no Governo Lula “será mais previsível e estável”, visto a “natureza muito pragmática e conciliadora” do então presidente.
E aí, você conseguiu entender o que é a política externa brasileira e como a relação entre Brasil e Estados Unidos tem sido estabelecida historicamente? Deixe sua dúvida ou opinião nos comentários!
Referências:
- Amcham – Brasil e Estados Unidos: tudo o que você precisa saber ao estabelecer relações comerciais com os EUA
- Ayllón, B. (2006). Aspectos conceituais da diplomacia universalista do Brasil: as relações bilaterais e a integração regional (1945-2000). Carta Internacional, 1(3), 15–25. Recuperado de https://cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/398.
- Brasil de Fato – Temer foi ainda mais subserviente para com o vice norte-americano
- CERVO, Amado Luiz. Apresentação: A Política Exterior do Brasil. Austral: Revista Brasileira de Estratégia e Relações Internacionais | e-ISSN 2238-6912 | ISSN 2238-6262| v.1, n.2, Jul-Dez 2012 | p.9-14.
- DORATIOTO, Francisco & VIDIGAL, Carlos Eduardo. História das Relações Internacionais do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014: Capítulo 6.
- DW – Altos e baixos nas relações entre Brasil e EUA – DW
- Época Negócios – O que o Brasil compra e o que vende para os EUA – e o que daria para fazer mais?
- Estadão – Lula usou encontro com Biden para se jogar na agenda global e disputar protagonismo
- Faz Comex – Principais Produtos Exportados para Estados Unidos
- Faz Comex – Principais Produtos Importados de Estados Unidos
- Gov.br – Boletim Trimestral
- G1 – Lula embarca para o Brasil após encontro com Joe Biden nos Estados Unidos
- MARIANO, MP. A diplomacia e a continuidade na política externa brasileira. In: A política externa brasileira e a integração regional: uma análise a partir do Mercosul [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2015, pp. 15-36. ISBN 978-85-68334-63-8. Available from SciELO Books.
- TAC – Conheça os maiores parceiros comerciais do Brasil
- Uninter Notícias – Política externa brasileira volta ao protagonismo
- UOL Notícias – A relação entre Brasil e EUA no caminho do pragmatismo após vitória de Lula – 31/10/2022