É muito provável que você já tenha acompanhado a cobertura de terremotos no noticiário – prédios desabam, a terra se move e pessoas procuram, apressadas, por abrigo. Esse fenômeno geológico é um acontecimento comum ao redor do mundo e acontece por conta da movimentação das placas tectônicas.
Aprenda, com a Politize!, o que é um terremoto, por que ele acontece e quais as principais características desse fenômeno.
Terremotos: o que são e por que ocorrem?
Os terremotos são causados pelo movimento das placas tectônicas na Terra. Mas como isso ocorre, de fato?
Nosso planeta é formado por três camadas principais: a crosta, o manto e o núcleo. Como camada mais superficial, a crosta é constituída por placas tectônicas que se movem de acordo com as forças internas das mais internas.
Existem 52 placas tectônicas na crosta – 14 delas de grande extensão e 38 de pequena extensão. As principais placas são a Africana, a Australiana, a Eurasiática, a do Pacífico, a Norte-Americana, a Sul-Americana e a de Nazca, que cobrem territórios extensos ao redor do globo.
As placas têm diferentes movimentos, classificados como:
- Divergentes: quando as placas se afastam uma da outra;
- Convergentes: quando as placas se movimentam em direção uma à outra;
- Transformante: quando as placas deslizam ao do lado da outra, lateralmente.
Quando essas placas se movem de forma lateral, elas produzem falhas geológicas, como a de San Andreas, nos Estados Unidos. Quando se afastam, elas produzem vulcões, como o Vesúvio, na Itália, ou o Monte Fuji, no Japão.
E é justamente nas fronteiras de placas, formadas por vulcões, falhas e encontros, que surgem os locais mais propícios para o surgimento dos sismos.
Os terremotos ocorrem quando a tensão entre as placas se acumula – essa tensão é liberada em forma de energia, que se propaga em tremores terrestres. Esses tremores são sentidos pelas pessoas em terra e podem causar danos materiais e humanos para a população.
Os terremotos, além de afetarem a terra firme, também podem afetar os mares: é o caso dos tsunamis, ondas gigantes originadas da movimentação das placas ou de vulcanismo dentro do mar. Elas podem atingir até 800 quilômetros por hora e medir até 500 quilômetros de comprimento.
Existem dois parâmetros que categorizam um tremor:
- O hipocentro, que é o local, na crosta, que se origina o abalo;
- O epicentro, localizado na superfície do hipocentro, onde o abalo é sentido.
Como um terremoto é medido?
Você, sem dúvidas, já ouviu falar, na televisão ou na internet, sobre uma medida que quantifica um terremoto. Esse valor é chamado de magnitude e é medido pela Escala Richter.
A escala Richter foi criada em 1935 pelo sismólogo Charles F. Richter. Ela tem como objetivo quantificar e medir a magnitude de um abalo sísmico – o grau da escala representa, em números, quantidade de energia liberada durante o terremoto.
O terremoto de Fukushima, no Japão, por exemplo, registrou 9.1 graus na Escala Richter, valor mais alto da história geológica do país.
Os graus são quantificados em escala logarítmica, ou seja, a diferença na amplitude das vibrações entre um grau e o próximo é dez vezes maior – um terremoto de grau 3 é dez vezes maior do que um de grau 2. A escala é tecnicamente infinita, mas nunca foi registrado um terremoto acima dos dez graus.
Mas como essas vibrações são calculadas e se transformam em números? No Brasil e em muitos países do mundo, os geólogos usam o sismógrafo, aparelho que compara a movimentação do solo e gera sismogramas, que são gráficos utilizados na comparação.
Também é possível avaliar um terremoto pelo nível de intensidade do abalo – a Escala Mercalli Modificada. Essa escala é formada por doze níveis de mensuração, que vão desde tremores imperceptíveis (nível I) até a destruição total (nível XII). O terremoto de Fukushima, por exemplo, foi de nível VII (muito forte).
O maior terremoto já registrado ocorreu em Valdivia, no Chile. Em 22 de maio de 1960, o país registrou um terremoto de magnitude 9,5, maior valor em toda a história mundial. O tremor causou 1.665 mortes, além de 3 mil feridos e mais de 2 milhões de desabrigados em toda a América Latina.
Onde acontecem terremotos?
Um terremoto pode acontecer em qualquer lugar do mundo, mas existem zonas mais propícias aos sismos na Terra: segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, países como China, Irã e Turquia são países comumente sujeitos a terremotos.
A maioria dos terremotos ocorre ao longo dos limites das placas, mas também podem ocorrer no meio das placas ao longo das zonas de falha intraplaca, que é o caso do Brasil.
Existem terremotos no Brasil?
O Brasil é comumente associado a um país livre de terremotos e desastres geológicos. No entanto, nosso país também é palco de diversos abalos sísmicos.
O que difere o Brasil de outros países é que ele se encontra em uma parte privilegiada da litosfera. Diferente de outras regiões da América Latina, como Peru e Argentina, nosso país se localiza no meio da placa Sul-americana, não sofrendo com fenômenos divergentes ou convergentes.
O estudo da sismologia brasileira ainda é recente: poucas universidades estudam essa área da geologia com profundidade. No Brasil, destacam-se o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo e o Laboratório Sismológico da Universidade do Rio Grande do Norte.
O governo brasileiro também fundou, em conjunto com tais universidades e a Petrobras, a Rede Sismográfica Brasileira, que monitora o território em busca de tremores.
O que acontece depois de um terremoto?
“Eu estava dormindo e a cama, o quarto, tudo começou a tremer. Fomos acordados pelos objetos tremendo. Eu estou em Beirute, que é longe do epicentro e, mesmo assim, eu senti. Todos sentiram. Não se falava de outra coisa. Estávamos muito assustados com o desabamento de edifícios. Logo depois teve uma réplica, um segundo tremor, um pouco mais fraco.”
O relato acima, dado por um morador brasileiro na Síria ao portal G1, ilustra muito bem como terremotos podem causar danos na superfície terrestre.
Veja também: guerra civil na Síria
Os sismos mais leves podem causar pequenos danos em prédios, construções e estradas. Mas, quando os terremotos atingem altos graus na Escala Richter, eles podem causar colapso de edifícios e estruturas, rompimento de represas, incêndios, inundações e milhares de mortes.
Países mais desenvolvidos, como o Japão, estão mais preparados para os danos causados pelos abalos sísmicos. Os edifícios japoneses são construídos para serem resistentes a fenômenos geológicos, e a população é treinada regularmente com simulados de evacuação e primeiros socorros para esses momentos.
Essa não é a realidade de todos os países do planeta. Um levantamento produzido pela Cruz Vermelha revelou que, entre 1996 e 2015, pelo menos 1,35 milhão de pessoas morreram por catástrofes do tipo, e 90% delas ocorreram em países pobres ou de renda média.
A desigualdade social e econômica afeta, de forma significativa, a capacidade de alguns países de se preparar e responder a terremotos e outros desastres naturais, como foi o caso da Síria, que sofreu um terremoto de magnitude de 7,8 no mês de Março.
Veja também nosso vídeo sobre desigualdade!
Com intensos investimentos no setor da sismologia, a construção de edifícios resistentes, o treinamento da população e o desenvolvimento de planos de resposta à catástrofes, países ao redor do mundo tentam enfrentar o impacto dos terremotos.
E aí, você conseguiu compreender o que são terremotos e como eles afetam diferentes países em todo o planeta? Deixe sua opinião ou dúvidas nos comentários!
Referências:
- Canal Tech – Falhas geológicas
- Brasil Escola – Placas tectônicas
- InfoEscola – Escola logarítmica
- National Geographic – O que é um tsunami
- Rede Sismográfica Brasileira
- G1 – Professor da USP diz que sentiu tremor do terremoto na Turquia em Beirute, no Líbano
- EXTRA – 90% das mortes em catástrofes ocorrem nos países mais pobres, diz ONU
1 comentário em “Terremotos: entenda mais sobre esse fenômeno geológico”
Excelente matéria que agregou muito conhecimento sobre o tema muito bem abordado.