União Ibérica: a convergência das Coroas e seu impacto na história

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O que foi a União Ibérica?

A União Ibérica foi a unificação dos reinos de Espanha e Portugal entre os anos de 1580 e 1640, quando Portugal esteve sob domínio da Espanha devido ao desaparecimento de Dom Sebastião no Marrocos, na batalha de Alcácer-Quibir. Recebeu este nome porque os dois países pertencem à Península Ibérica, na Europa ocidental.

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Bandeira de Portugal à esquerda e bandeira da Espanha à direita.
União Ibérica. Imagem: Freepik.

Contexto Histórico

Antes do nascimento de Dom Sebastião, havia o medo de Portugal ficar sem herdeiro. Por esta razão, o nascimento de Dom Sebastião foi muito esperado e celebrado pelos portugueses. Filho de Joana da Áustria e de João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal, Dom Sebastião não conheceu o pai, que morreu antes de seu nascimento.

Nascido em 1554, se tornou rei com 14 anos em 1568. Dom Sebastião era muito católico e desapareceu lutando contra os mouros, em nome de Cristo, em agosto de 1578 no Marrocos, na batalha de Alcácer-Quibir. A suposição da morte de Dom Sebastião rompeu o fio hereditário, causando uma grande perda aos portugueses.

O rei português era solteiro e não tinha herdeiros diretos, por este motivo, foi sucedido por Dom Henrique, seu tio-avô. Dom Henrique morreu dois anos depois e também não tinha herdeiros diretos, o que deu início a uma crise na Dinastia Avis.

Sem herdeiro português, o rei espanhol Dom Filipe II, reivindicou a Coroa alegando parentesco com Dom Sebastião. Com o Tratado de Tomar, em 1580, a Espanha anexou o território português a seu território, formando a União Ibérica.

Veja também nosso vídeo sobre a história sobre o “descobrimento” do Brasil!

O sebastianismo

Na época, devido à grande comoção com o desaparecimento de seu rei e pelo trono ficar vago, deixando Portugal à mercê dos espanhóis, muitos portugueses acreditavam que Dom Sebastião não havia morrido, visto que ninguém tinha visto o rei morto. O corpo dele nunca foi encontrado.

Surgiu a forte crença de que Dom Sebastião não havia morrido e que ressurgiria para salvar o povo português do domínio espanhol, como uma espécie de messias.

Imagem de Dom Sebastião.
Dom Sebastião. Imagem: Ascendens.

Segundo o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Severino Vicente da Silva:

Durante algum tempo apareceram vários ‘Sebastiãos’, em Portugal, na Espanha e na Itália havia o Encoberto (o Sebastião italiano não falava português, e dizia que não o fazia para não ser assassinado). Todos esses foram presos e perderam-se nas galés e na história.

Por ser colônia portuguesa, o sebastianismo também teve influências no Brasil.

Saiba mais: Dom Sebastião: o rei morto no século 16

Consequências da União Ibérica para o Brasil

A União Ibérica trouxe grandes consequências para as colônias nas Américas. No Brasil, os holandeses que aqui estavam eram inimigos dos espanhóis e aproveitaram essa unificação para invadir e dominar as técnicas de produção dos engenhos de açúcar no nordeste.

Até 1581, o que conhecemos hoje como Holanda, era parte do território espanhol e os holandeses travaram uma guerra pela sua independência, conhecida como “A guerra dos 80 anos” ou “Revolta Holandesa”.

Por serem inimigos dos espanhóis, apesar de manterem boa relação com os portugueses, vários conflitos foram formados em território brasileiro com a união dos reinos ibéricos.

Devido à inimizade com a Espanha, os holandeses queriam o controle da produção açucareira e do tráfico de escravos. Todo o conflito entre espanhóis e holandeses, culminou no domínio holandês em Recife e Olinda de 1630 a 1654.

Leia mais: Como era a economia colonial?

Durante o período de dominação holandesa em Pernambuco, houve um renascimento na produção de açúcar. A garantia de liberdade religiosa atraiu judeus para o Brasil e pontes e canais, inspirados na cidade de Amsterdã, capital da Holanda, foram construídos na cidade de Recife. Além disso, durante esse período, muitos artistas escolheram o Brasil como seu novo lar.

Neste período, o Tratado de Tordesilhas também teve fim e tanto espanhóis passaram a explorar as “terras portuguesas”, como os portugueses passaram a explorar as “terras espanholas”.

Guerra de Restauração e o fim da União Ibérica

Durante o seu reinado, os monarcas espanhóis, Felipe II e Felipe III criaram alguns impostos e mantinham uma boa relação com os portugueses, o que os ajudou a manterem-se no trono. A população portuguesa, sobretudo a nobreza, estava satisfeita com o domínio espanhol em terras portuguesas.

Quando Felipe IV subiu ao trono, ele aumentou os impostos e fez algumas alterações importantes, como colocar espanhóis em cargos que antes eram ocupados por portugueses. Nesta época, a Espanha era a maior potência mundial, o que fez com que muitos de seus territórios fossem invadidos, inclusive os territórios que antes pertenciam a Portugal.

Devido a este contexto, os portugueses deixaram de ver vantagens na União com a Espanha e iniciaram a Guerra de Restauração. A União Ibérica teve fim em 1640 com a Restauração Portuguesa e o início da Dinastia dos Bragança. Portugal rompeu com a Espanha e Dom João IV foi coroado rei de Portugal.

Consequências do fim da União Ibérica para o Brasil

O fim da União Ibérica teve grande impacto em território brasileiro:

  • A expulsão dos holandeses: com a reconquista portuguesa, iniciaram-se as Guerras Brasílicas, na qual os portugueses lutaram para a expulsão dos holandeses do Brasil;
  • A crise açucareira: a expulsão dos holandeses não foi feita sem conflitos. Muitos engenhos foram destruídos nos confrontos, além da maior consequência, como expulsão do território brasileiro e, já dominando as técnicas da cana-de-açúcar, os holandeses passaram a plantar cana nas Antilhas (América Central), tornando-se concorrentes do Brasil, pois vendiam o açúcar na Europa por um preço mais barato que os portugueses. Isso fez com que a economia brasileira entrasse em crise, já que Portugal não tinha condições financeiras de vencer os holandeses no cultivo de cana-de-açúcar. Por causa disso, os portugueses passaram a explorar o território em busca de outro produto que trouxesse lucro para eles;

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  • A formação de expedições exploratórias: com a crise econômica, iniciou-se as bandeiras, quando os colonos deixaram o litoral para adentrar em outros territórios em busca de outros produtos valiosos para o mercado europeu. Portugal, novamente, estava em busca de metais preciosos para enriquecer a Coroa.

Afinal, qual foi o verdadeiro motivo dos espanhóis terem dominado Portugal?

Será que realmente os portugueses não tinham ninguém para assumir o trono? De onde surgiu este D. João IV que foi coroado, colocando fim na União Ibérica? Se não havia herdeiros, de onde ele veio? Vamos te explicar!

Após a morte de Dom Henrique, o seu sobrinho-neto, Dom João II, assumiu o trono, governando Portugal de 1481 a 1495. Como ele não tinha filhos, o trono português passou a ser disputado. O rei espanhol Filipe II era bisneto de Dom Manuel I e parente distante de Dom Sebastião. Por este motivo, ele reivindicou o trono. Muitos grupos políticos e militares, apoiaram Filipe II.

A Dinastia de Bragança teve origem com a nobreza medieval portuguesa e se tornou uma das dinastias mais importantes na história de Portugal. Eles já existiam antes da União Ibérica e aumentaram sua influência ao longo do tempo, o que os levou ao poder em 1640.

Durante a Guerra de Sucessão Portuguesa, os Braganças não reivindicaram a Coroa por fatores políticos e circunstanciais:

  • Dom Antônio, Prior do Crato e membro da Dinastia de Avis, reivindicava o trono e também tinha mais influência que os Braganças, porém, menos influência e poder político que Filipe II;
  • Filipe II era rei espanhol, tinha fortes conexões políticas e militares, apoio da nobreza portuguesa e pertencia à Casa dos Habsburgos, também conhecida como Casa da Áustria, uma das dinastias mais poderosas e influentes da época;
  • Os Braganças não tinham influência suficiente para entrar em conflito com o rei espanhol.

Ao ser coroado como rei de Portugal, Filipe II passou a ser conhecido como Filipe II na Espanha e Filipe I em Portugal. Filipe I optou por confiar, aos próprios portugueses, a administração dos assuntos de Portugal, visando evitar descontentamentos e possíveis revoltas.

E aí, você entendeu sobre a União Ibérica? Deixe sua opinião sobre este período de nossa história nos comentários!

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Muito prazer: paulistana e criadora do Blog da Talima, Ekoar Ambiental e Fui, Chao, Bye Bye. Online desde 2014, produtora de conteúdos digitais, formada em Letras, viajando pelo Brasil, aprendendo lettering, descobrindo mais sobre mim e me preparando para um possível mestrado, quem sabe! Atualmente, curtindo o momento e querendo aproveitar cada segundo de vida para fazer coisas diferentes. Batalhando, diariamente, para alcançar meus objetivos e deixar um pedaço de mim no mundo. Aprendendo a respeitar as diferenças e o tempo de cada um. Filha de baiana e mineiro. Diretamente do Capão Redondo para o resto do Brasil. É nóis!
Silva, Tatiane. União Ibérica: a convergência das Coroas e seu impacto na história. Politize!, 8 de janeiro, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/uniao-iberica/.
Acesso em: 22 de nov, 2024.

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