Ao longo deste artigo, exploraremos as dinâmicas sociais, econômicas e as desigualdades que permeiam o Centro-Oeste, destacando a formação da sociedade e o impacto das disparidades na qualidade de vida de seus habitantes. Continue lendo!
Contexto histórico do Centro-Oeste
Geograficamente, o Nordeste é formado por três estados — Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás — e pelo Distrito Federal, o Centro-Oeste é a única região brasileira que não possui litoral. Ele faz fronteira internacional com a Bolívia e o Paraguai e, nacionalmente, toca em todas as outras regiões do Brasil.
Esta é a segunda maior região do país em extensão territorial, ficando atrás apenas da região Norte. Por outro lado, é a região com a menor população do país, segundo o censo do IBGE de 2022. Também é no Centro-Oeste que se encontra a maior planície alagada do mundo, o Pantanal. Além disso, é rica em recursos hídricos, sendo banhada por rios que formam três grandes bacias hidrográficas brasileiras: a Amazônica, a do Tocantins-Araguaia e a Platina.
A história da região remonta ao período anterior à ocupação colonial, quando era habitada por diversos povos indígenas, como os Kayapó e os Karajás, que viviam da agricultura, caça e pesca. Com a chegada dos bandeirantes entre os séculos XVI e XVIII, a busca por ouro e pedras preciosas resultou em conflitos com os nativos e a subsequente ocupação europeia. A partir daí, a região passou por várias transformações, incluindo a expansão de estradas e ferrovias que a conectaram ao restante do Brasil.
Em 1890, foi construída uma linha telegráfica entre Cuiabá e a região do Rio Araguaia e, posteriormente, estendida até Goiás. Em 1914, a Ferrovia Novoeste foi inaugurada, ligando Bauru – SP, a Corumbá – MS.
Com a expansão territorial, algumas cidades do Mato Grosso e de Goiás surgiram com a atividade de mineração. Já Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e Cáceres, em Mato Grosso, surgiram como fortificações militares para impedir o avanço dos espanhóis. A maioria das batalhas travadas nessas cidades foram da guerra do Paraguai.
Com o passar dos anos e para estimular o crescimento da Região, o Governo Federal criou, em 1940, duas áreas de colonização: a Colônia Dourados, ao Sul de Campo Grande, e a Colônia de Goiás, ao norte de Goiânia. Esse projeto de crescimento ficou conhecido como “Marcha para o Oeste”.
O “último passo” dado para atrair imigrantes para o Centro-Oeste ocorreu em 1960, com a inauguração de Brasília, transferindo a capital do litoral para o centro do país.
A agricultura comercial é praticada em larga escala no Centro-Oeste, destacando-se a produção de milho, arroz, feijão, café, algodão, trigo e soja. Na pecuária destaca-se a criação de gado de leite e de corte, além de equinos e suínos. A região também possui uma das maiores atividades mineradoras de ferro e manganês do mundo.
Dois fatores colaboraram para que a região fornecesse produtores para abastecer as indústrias: a construção de grandes rodovias ligando o Centro-Oeste ao restante do país, e a navegabilidade dos rios.
O Distrito Agroindustrial de Anápolis, em Goiás, atraiu vários investimentos por oferecer infraestrutura para instalação de indústrias. Na cidade estão instaladas indústrias como a farmacêutica, de fertilizantes, madeireiras, automobilísticas, de maquinário agrícolas, entre outras.
A demografia da região Centro-Oeste do Brasil: estatísticas sobre a população
Como apresentado no histórico da região, os primeiros moradores foram os indígenas. Então a população começou a crescer com a colonização e miscigenação. Aos poucos, a migração passou a ser uma das principais causas do aumento populacional.
Hoje, apenas 1,23% da população é indigena ou se declararam indígenas. O restante da população se divide em 37% de brancos, 9,1% de pretos e 0,4% de amarelos. A maior parte da população, no entanto, se declara como parda, 52,4%.
Apesar dos esforços para crescimento da região, em 1940 havia pouco mais de 1 milhão de pessoas no Centro-Oeste. Já em 1960, com a construção de Brasília, a população chegou a mais de 2 milhões e meio.
Segundo o Censo 2022 do IBGE, o Centro-Oeste teve a maior taxa de crescimento anual, 1,24%. O Norte que ocupa a segunda posição atingiu apenas 0.75%. A região com menor crescimento populacional foi o Nordeste, com 0.24%. Dentre os estados do Centro-Oeste, o Mato Grosso teve a maior taxa de crescimento da região Centro-Oeste, 1,57%.
Apesar da maior taxa de crescimento, o estado com o maior número de residentes no Centro-Oeste não é o Mato Grosso, mas sim o Goiás, com 7.056.495 de pessoas. O Mato Grosso ocupa a segunda posição com 3.658.649 de pessoas.
Curiosamente, tratando-se de área territorial, o Goiás ocupa apenas a terceira posição no Centro-Oeste, com 340.242,86 km2. O grande campeão é justamente o Mato Grosso com uma área de 903.208,36 km2.
Além da crescente migração é possível atribuir o aumento populacional às taxas de fecundidade e de natalidade. Até 2017, o Centro-Oeste apresentava a segunda maior taxa do Brasil, com pouco mais de 15%. Em contrapartida, a taxa de mortalidade no mesmo período era de apenas 5%, deixando a região em quarto lugar.
O censo de 2022 do IBGE também aponta que a maioria dos residentes no Centro-Oeste tem entre 20 e 44 anos. Pouco mais de 50% da população é de mulheres, os homens ocupam 49%. O panorama indica que existem 96 homens para cada 100 mulheres.
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População residente na data de referência, por grupo de idade e sexo. Imagem: Censo 2022.
Dinâmicas sociais e desigualdades da região
A região centro-oeste tem uma característica mais horizontal em se tratando de moradias. Pouco mais de 85% da população reside em casas, dessas apenas 2,8% ficam em condomínios. A população em apartamentos ocupa apenas 12,83%.
Quanto às condições básicas de saúde, apenas 54,27% das moradias têm rede de esgoto nas casas, no entanto a coleta de lixo abrange 93,22% das moradias. O número aumenta para 85,65% para residências com abastecimento de água e 99,47% das moradias têm banheiro de uso exclusivo.
Quando comparamos os estados da região, percebemos uma grande desigualdade. No Distrito Federal mais de 86% dos domicílios possuem conexão com o esgoto e abastecimento de água. O número de banheiros exclusivos ainda é mais impressionante, 99,88%. Os demais estados também possuem dados altos quanto ao abastecimento de água e a existência de banheiros coletivos. No entanto, o Mato Grosso tem a menor taxa de conexão à rede de esgoto, 33,98% das residências.
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Em relação a educação, 94,94% da população é alfabetizada, colocando a região em terceiro lugar no ranking nacional de alfabetização, ficando atrás do Sul e do Sudeste. A população branca e amarela lidera o ranking com mais de 95% de alfabetizados de ambos os sexos. Entre as pessoas pardas o índice é de 94% e de 91% entre as pessoas pretas.
De forma geral, as mulheres ocupam uma porcentagem um pouco maior, sendo mais alfabetizadas que os homens. Isso muda apenas entre os indígenas, pois apenas 83,98% das mulheres e 89,17% dos homens são alfabetizados.
PIB e a economia do Centro-Oeste
A economia da região Centro-Oeste é principalmente do setor primário, como a agricultura e pecuária, além da extração de minérios. A agricultura é especialmente forte com a produção de grãos como o arroz, a soja, o feijão e o milho. Também está presente na região o plantio de algodão, cana de açúcar, mandioca e abóbora.
A pecuária também domina parte da região, principalmente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o Goiás atua principalmente no setor secundário, através das indústrias. Já o Distrito Federal não apresenta uma grande produção agropecuária. Segundo o IBGE, 91% da economia do DF é baseada em prestação de serviços.
O Distrito Federal tem o maior PIB da região, também segundo o IBGE, alcançando R$286,994 bilhões. Segundo outro levantamento do IBGE, Brasília tem a maior renda mensal do Brasil. A renda per capita é 232% maior do que a renda do Maranhão, considerado o estado mais pobre do país. Se comparado a São Paulo, que é o estado mais produtivo do país, a renda de Brasília é 33% maior, deixando o estado na segunda colocação.
O economista Ecio Costa, economista e professor da UFPE, afirma que isso ocorre devido ao grande número de funcionários públicos com elevada escolaridade e altos salários. O Distrito Federal também teve a maior renda média entre trabalhadores formais em 2022. Ao todo, o PIB da região Centro-Oeste é de R$ 603,78 bilhões segundo o Censo IBGE de 2022.
Perspectivas para o futuro
Gabriel Visconti destaca que a região Centro-Oeste enfrenta desafios significativos devido à desordem na exploração de recursos naturais e à desflorestação desenfreada. Mas argumenta também que é possível alcançar um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental através de práticas de desenvolvimento sustentável.
Segundo um artigo do Estadão, no futuro o Centro-Oeste pode ter a menor desigualdade social do país, impulsionado pelo sucesso do agronegócio. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul lideram o aumento do PIB, e há impactos positivos em indicadores sociais, como o índice de Gini. No entanto, desafios como a falta de mão de obra qualificada, problemas de infraestrutura e resistência institucional são obstáculos persistentes. Além disso, o acirramento de condições climáticas extremas representa um risco para a continuidade desse crescimento baseado em agricultura e pecuária.
Por outro lado, uma matéria da Agência Brasil relata que as “capitais do agronegócio” no Centro-Oeste possuem muitos problemas sociais, e que a desigualdade ainda se contrasta com o crescimento econômico. Cidades como Campo Grande, Cuiabá e Goiânia ainda possuem problemas como baixos índices de escolarização, esgotamento sanitário insuficiente e alta mortalidade infantil.
Além disso, há disparidades raciais e de gênero, com altas taxas de homicídios entre jovens negros e indígenas, e uma significativa diferença salarial entre homens e mulheres. A falta de políticas públicas eficientes é apontada como um desafio para a região.
Ainda há muitas informações sobre o Centro-Oeste que podem ser exploradas e aprendidas. Compartilhe suas visões nos comentários!
Referências:
- Agência de Notícias: Rendimento domiciliar per capita
- Brasil Escola: Os bandeirantes
- Fapespa: Taxa de fecundidade
- Fapespa: Taxa de mortalidade
- Fapespa: Taxa de Natalidade
- IBGE: Panorama do Censo 2022
- Poder 360: Renda mensal de Brasília
- Povos Indígenas no Brasil: Karajás
- Promilitares: Região Centro-Oeste aspectos econômicos
- Toda Matéria: História do Centro Oeste