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Saúde na região Sul: conquistas, desafios e caminhos futuros

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A região Sul do Brasil possui características únicas que influenciam diretamente sua estrutura de saúde. Você sabe quais são os principais desafios e avanços nessa área? Neste texto, vamos explorar como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se destacam quando o assunto é saúde pública e privada.

Apesar dos avanços significativos, a região ainda enfrenta desafios importantes, como a desigualdade no acesso a serviços especializados e o impacto de doenças emergentes. Compreender essas particularidades é essencial para fortalecer as políticas de saúde e garantir um atendimento cada vez mais eficiente.

Ao longo do texto, analisaremos os principais indicadores, as inovações na área da saúde e os desafios que precisam ser superados. Acompanhe para entender melhor como o Sul do Brasil evolui e quais estratégias podem garantir um futuro ainda mais saudável para sua população.

Contexto histórico e social da saúde no Sul

A região Sul passou por um processo de desconcentração do desenvolvimento e da oferta de serviços de saúde, acompanhando a interiorização industrial e o crescimento de cidades médias desde os anos 1980. 

O crescimento econômico, aliado a políticas regionais de fortalecimento da saúde pública, permitiu a ampliação da infraestrutura hospitalar e a expansão dos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS). No entanto, as diferenças entre os grandes centros urbanos e as cidades menores ainda são evidentes.

Além disso, a região Sul experimentou uma interiorização do desenvolvimento e dos serviços de saúde, com uma distribuição mais equilibrada de recursos entre áreas urbanas e rurais. Entre 2000 e 2016, algumas regiões migraram para grupos de maior desenvolvimento, como o caso de Santa Catarina, que passou do grupo de baixo desenvolvimento para o de alto desenvolvimento. Esse avanço foi impulsionado por políticas sociais e econômicas, como a valorização do salário mínimo e a expansão do acesso à educação, que tiveram impacto positivo na qualidade de vida e na saúde da população.

No entanto, apesar dos avanços, persistem desigualdades internas na região Sul, com áreas menos desenvolvidas e menor oferta de serviços de saúde. A cobertura de planos de saúde privados é significativa, especialmente nas regiões mais ricas, mas o acesso aos serviços públicos ainda varia entre municípios. 

A presença de hospitais e equipamentos médicos de ponta em municípios de médio porte também contribuiu para reduzir deslocamentos longos em busca de atendimento. Santa Catarina e Paraná foram os estados que mais avançaram nesse processo, enquanto algumas regiões mais afastadas do Rio Grande do Sul ainda apresentam desafios.

Apesar dos avanços, o Sul ainda mantém concentração de serviços especializados em algumas cidades-chave, obrigando moradores de áreas rurais ou menos desenvolvidas a buscar atendimento em polos regionais. Esse fenômeno é mais evidente no Rio Grande do Sul, onde a oferta de saúde de alta complexidade continua fortemente centralizada na capital e em poucos polos do interior. 

Santa Catarina e Paraná, por outro lado, conseguiram distribuir melhor seus serviços, promovendo maior interiorização da infraestrutura hospitalar. O crescimento do setor privado também impacta a distribuição de recursos, já que a presença de planos de saúde é maior nas cidades economicamente mais dinâmicas.

Ao longo das décadas, o Sul se consolidou como uma das regiões com melhores indicadores de saúde no Brasil, beneficiado por um crescimento econômico mais distribuído e investimentos contínuos no setor. 

Contudo, os desafios permanecem, principalmente no acesso equitativo aos serviços especializados e na necessidade de reduzir desigualdades entre municípios. O fortalecimento da APS e o aumento da presença de médicos em áreas menos atendidas foram passos importantes, mas a dependência de grandes centros para serviços de alta complexidade ainda precisa ser enfrentada.

Universidades e centros de pesquisa no Sul do Brasil

A região Sul do Brasil se destaca pela forte presença de universidades e centros de pesquisa que impulsionam a formação de profissionais qualificados. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantêm centros de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, incluindo saúde.

O Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe da Universidade Federal do Paraná, por exemplo, foca em doenças pediátricas. O Centro de Pesquisa Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realiza pesquisa em oncologia, doenças cardiovasculares e genética. Já o Laboratório de Neurobiologia e Comportamento, da Universidade Federal de Santa Catarina, se volta para pesquisa em transtornos neurológicos e psiquiátricos.

O ranking da Times Higher Education (THE) destaca 18 universidades da região Sul entre as melhores da América Latina, com a UFRGS liderando no Sul e ocupando a sexta posição no continente. A UFSC e a UFPR são as melhores de Santa Catarina e Paraná, respectivamente, mas o Paraná se destaca por ter o maior número de instituições na lista, com oito universidades, seguido pelo Rio Grande do Sul (seis) e Santa Catarina (quatro). 

É destaque também o Hospital Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul, reconhecido pelos prestigiados rankings da revista norte-americana Newsweek: World’s Best Specialized e Smart Hospitals 2025. Ele foi o quarto colocado no Brasil e o único de fora de São Paulo, em levantamento que elencou 350 hospitais de 28 nações do mundo. 

Imagem do hospital Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul. Texto sobre saúde no Sul.
Imagem: GEHOSP.

O critério foi o uso de novas tecnologias médicas em cada local. Atualmente, o hospital tem o parque robótico mais diversificado da América Latina, com um programa em constante evolução e cinco robôs operando em múltiplas especialidades.

É importante dar destaque para estudo iniciado pelo Hospital Moinhos de Vento em 2024, que pesquisa como o clima influencia a transmissão de vírus respiratórios. É uma análise importante em tempos de mudanças climáticas, onde países de clima temperado passarão a se comportar como as regiões de clima subtropical, o que afeta diretamente as políticas públicas voltadas para a saúde.

Ainda no Rio Grande do Sul, de acordo com a Newsweek, é destaque o Hospital Mãe de Deus. Em funcionamento desde 1979, o hospital conta com 312 leitos e é a principal unidade da Associação Educadora São Carlos, entidade de caráter beneficente e filantrópico, que atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo soluções completas em saúde, diagnóstico e tratamento, com foco em atendimento humanizado.

Perfil epidemiológico

A incidência da dengue nos estados do Sul do Brasil, embora ainda em níveis menores se comparados ao Sudeste e Centro-Oeste, têm aumentado devido ao aumento da temperatura e mudanças climáticas. 

O Paraná encerrou o período epidemiológico 2023/2024 da dengue com 595.732 casos confirmados e 610 óbitos. Os municípios com maior número de casos foram Londrina (40.552), Cascavel (32.338), Maringá (23.232), Apucarana (18.619) e Ponta Grossa (17.440). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) atribui o aumento dos casos às mudanças climáticas, especialmente ao fenômeno El Niño, que elevou a pluviosidade e as temperaturas médias, favorecendo a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Em Santa Catarina, foram registrados 354.089 casos prováveis em 285 municípios do estado em 2024, representando um aumento de 161,78% comparado com o mesmo período de 2023. Em relação aos óbitos, foram confirmadas 272 mortes por dengue.

Veja também: Como os hábitos humanos influenciam o surgimento de pandemias?

No Rio Grande do Sul, em relação à dengue, o cenário epidemiológico de 2024 superou a alta de anos anteriores. Em 2024, foram mais de 200 mil casos confirmados no Estado e 281 mortes em decorrência da doença. Na comparação, em 2023 houve 73 mil casos confirmados e 54 óbitos. Em 2022, foram 98 mil casos confirmados e 66 óbitos. 

Outro problema enfrentado pelo Rio Grande do Sul é a tuberculose. O número de casos da doença é 40% maior no estado do que a média nacional. Em 2023, o Rio Grande do Sul registrou 5.327 casos novos de tuberculose, com incidência de 46 casos a cada 100 mil habitantes.

Em relação à Covid, a região Sul do Brasil se destacou pela rápida readequação dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) durante a pandemia. A infraestrutura avançada das Unidades Básicas de Saúde (UBS) permitiu a adaptação eficiente dos serviços, garantindo atendimento contínuo e minimizando os impactos da crise sanitária. Investimentos estratégicos possibilitaram a implementação de protocolos específicos e a capacitação dos profissionais de saúde.

Além das adequações físicas, a região também se destacou pelo uso avançado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS). A digitalização dos serviços e a implementação de teleatendimentos facilitaram o acompanhamento dos pacientes, reduzindo a sobrecarga nos postos de saúde. A experiência prévia com essas tecnologias contribuiu para uma resposta mais ágil às novas demandas da pandemia.

Saiba mais: Desigualdade vacinal: entenda a urgência da temática

Acesso aos serviços de saúde

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada do SUS, garantindo acesso fácil, atendimento integral e acompanhamento contínuo. Ela inclui as Unidades Básicas de Saúde (UBS), que oferecem consultas médicas, vacinação, pré-natal e controle de doenças crônicas. Além disso, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) realiza visitas domiciliares e monitoramento da população, priorizando a prevenção e o cuidado humanizado.

A região Sul do Brasil possui a maior taxa de leitos hospitalares do país (193,3 por 100 mil habitantes) e a maior disponibilidade de leitos de UTI pelo SUS (11 por 100 mil habitantes). Além disso, apresenta o maior número de municípios por região e macrorregião de saúde. A estrutura da APS no Sul também se destaca pelo maior número de municípios organizados em redes regionais, facilitando a coordenação do cuidado e a integração com serviços de média e alta complexidade

O Paraná tem se destacado na APS, com investimentos em infraestrutura, capacitação profissional e ampliação do acesso. Em 2024, o estado repassou R$ 406,39 milhões aos municípios para compra de equipamentos, transporte sanitário e custeio de serviços, garantindo 91,95% de cobertura e 2.096 unidades de saúde. O programa PlanificaSUS tem sido essencial para reorganizar o trabalho das equipes e melhorar o atendimento.

Além disso, o Paraná lidera no atendimento pré-natal, com 87,4% das gestantes realizando sete consultas ou mais no SUS. A cobertura vacinal foi ampliada com uma força-tarefa que aplicou mais de 270 mil doses em escolas estaduais e municipais. O estado também investiu no telessaúde e no App Saúde Já, que facilita o agendamento de consultas e exames preventivos, além de auxiliar na busca ativa de pacientes para ampliar a cobertura vacinal.

Entenda mais: Saúde Pública no Brasil e o SUS: práticas e desafios

Santa Catarina tem fortalecido a Atenção Primária à Saúde (APS) com investimentos em infraestrutura, capacitação profissional e descentralização do atendimento, garantindo acesso a 13 hospitais próprios e 123 conveniados pelo SUS. O estado destinou recursos históricos para modernizar unidades de saúde e construir novas estruturas, como o Instituto de Cardiologia em Joinville e novas UBS nos municípios Araquari e Imaruí. 

Além disso, o estado busca promover a formação continuada de profissionais, oferecendo especializações em saúde comunitária e transplantes de órgãos, consolidando-se como referência nacional na doação de órgãos. A prevenção também é prioridade, com campanhas de vacinação, combate ao tabagismo, alimentação saudável e saúde mental, o que contribui para manter SC entre os estados com menor mortalidade infantil e maior expectativa de vida do Brasil

Na integração entre saúde e educação, 100% dos municípios aderiram ao Programa Saúde na Escola (PSE), promovendo prevenção de doenças, incentivo à atividade física e atualização da vacinação dos estudantes da rede pública.

No Rio Grande do Sul, os investimentos em APS aumentaram 25,7% em 2024, totalizando R$ 1,5 bilhão. O Ministério da Saúde prevê a criação de equipes de saúde da família, bucal e multiprofissionais, visando 80% de cobertura até 2026

O Mais Médicos cresceu 85% desde 2022, e o programa Brasil Sorridente ampliou suas equipes para 2,7 mil ao ano, contribuindo para o aumento de 16% nas consultas médicas e 29% nos procedimentos realizados.

Em 2024, o Rio Grande do Sul ampliou a Rede Bem Cuidar (RBC/RS) com a implantação de uma segunda Equipe de Saúde da Família (eSF) em 110 municípios, fortalecendo a APS. A RBC agora, foca no cuidado materno-infantil, em que priorizou em 2024 o pré-natal de risco habitual e o Pré-Natal do Parceiro.

Desafios e avanços na saúde

A característica dos três estados é de uma expectativa de vida mais alta do que a média nacional. Santa Catarina está em segundo lugar no ranking de longevidade brasileiro, com uma expectativa de vida de 84 anos. Em seguida, vem o Rio Grande do Sul, com 83 anos, e logo atrás o Paraná, com média que já ultrapassa 79 anos

Quadro que representa o ranking de longevidade no Brasil no ano de 2024. Texto: Saúde na região Sul: conquistas, desafios e caminhos futuros.
Imagem: G1.

Essa maior longevidade está associada a uma prevalência mais elevada de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial, diabete, doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Em 2019, as doenças crônicas foram responsáveis por 54,7% dos óbitos no Brasil, com destaque para as doenças cardiovasculares, que representaram 41,8% dessas mortes. 

Com isso, a necessidade de atendimentos especializados para idosos aumenta, como é o caso do Paraná e do Rio Grande do Sul, e onde novas medidas são exigidas, com destaque para Santa Catarina

Dada a situação de necessidade de atendimento, principalmente pela população mais velha, segundo levantamento baseado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Ministério da Saúde revelou que 1.150.258 habitantes no sul do Brasil dependem integralmente do SUS. Ficando, portanto, em 4º lugar, atrás do Nordeste, Norte e Sudeste.

Confira esse texto do projeto Equidade em parceria com o Instituto Mattos Filho: O que são os direitos dos idosos?

O SUS apresenta uma forte presença no Sul, como observamos, mas ainda assim, a região se destaca no setor de saúde pelo alto índice de cobertura de planos médico-hospitalares, com 26,4% da população coberta em 2022, atrás apenas da região Sudeste​, de acordo com estudo realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (2023).

Na infraestrutura hospitalar, também de acordo com a Anahp (2023), região Sul possui uma das maiores concentrações de hospitais privados sem fins lucrativos, com 63% do total​, e abriga um grande número de leitos privados, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná​.

Outra situação de saúde que merece atenção é relativa ao alto índice de mortalidade por suicídios na região Sul. Foram 28.468 casos de suicídio entre 2010 e 2020, sendo que:

  • Rio Grande do Sul teve o maior número de mortes (13.250 casos, 46,54%) e a maior taxa de mortalidade (15,40/100.000 habitantes);
  • Paraná teve 8.107 casos (28,48%), com a menor taxa (8,31/100.000 habitantes);
  • Santa Catarina registrou 7.111 casos (24,98%), com taxa de 11,90/100.000 habitantes.

Sobre o perfil das vítimas:

  • 79,10% dos casos foram em homens;
  • 87,20% eram pessoas brancas.

Essa média é 50% maior que a média nacional, e é importante destacar que aspectos sociodemográficos, transtornos psiquiátricos, histórico familiar, e fatores econômicos como desemprego e desigualdade influenciam os números.

O estudo “Mortalidade por suicídio na região sul do brasil: um estudo ecológico” destaca a importância de políticas públicas intersetoriais na prevenção do suicídio na região Sul, integrando saúde, educação e assistência social. Apesar de programas nacionais, há desafios na implementação regional, exigindo ações direcionadas a grupos vulneráveis, como agricultores, idosos e indígenas. A pesquisa sugere maior capacitação de profissionais de saúde para identificação precoce e encaminhamento adequado.

Saúde e qualidade de vida

O Sul do Brasil se destaca no Índice de Progresso Social (IPS) Brasil, com Santa Catarina e Paraná entre os estados com melhor qualidade de vida, ficando atrás apenas de São Paulo. 

O ranking considera fatores como saúde, educação, segurança e meio ambiente. Curitiba e Florianópolis aparecem entre as capitais mais bem avaliadas, enquanto cidades menores também demonstram bons índices. 

A região se beneficia de infraestrutura sólida, políticas públicas voltadas ao bem-estar e gestão eficiente dos serviços essenciais, tornando-se um dos melhores lugares para se viver no país.

A região Sul do Brasil apresenta um dos melhores índices de saneamento do país, com 86,7% da população atendida por rede de água, chegando a 98,2% nas áreas urbanas. Apesar do avanço na distribuição de água potável, a coleta de esgoto ainda é um desafio, com cobertura de apenas 32,4% da população total e 38,3% nas áreas urbanas.

A região destaca-se por ter a menor taxa de perda de faturamento no setor de saneamento, estimada em 28%, o que indica maior eficiência na gestão dos serviços. Além disso, Porto Alegre foi pioneira na implantação de um sistema de abastecimento de água encanada, desde 1861, evidenciando uma longa tradição de investimentos em infraestrutura sanitária. 

Esses fatores colocam a Região Sul entre as mais desenvolvidas no setor de saneamento, embora ainda haja desafios na ampliação do tratamento de esgoto, como a poluição hídrica, a universalização dos serviços em áreas rurais e a modernização da infraestrutura para reduzir perdas de água.

Impactos ambientais e saúde

O Sul do Brasil tem um impacto ambiental significativo devido à agropecuária e ao desmatamento, responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa. O extremo sul do Rio Grande do Sul, com a criação de gado e cultivo de arroz, é uma das áreas que mais emite CO₂ na região. 

O centro-sul do Paraná também aparece entre os locais com maior emissão, principalmente devido ao desmatamento. A proximidade geográfica entre esses municípios revela padrões locais de degradação ambiental, ligados à produção de alimentos e uso da terra.

Gráfico que demonstra municípios do sul e sudeste que mais emitiram gás de efeito estufa em 2019. Texto: Saúde na região Sul: conquistas, desafios e caminhos futuros.
Imagem: Sustentarea.
Gráfico que representa os muncípios da região sul e sudeste que mais emitiram gases de efeito estufa em 2019. Texto: Saúde na região Sul: conquistas, desafios e caminhos futuros.
Imagem: Sustentarea.

A catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul em maio de 2024, pode ter a ver com o desmatamento. O Rio Grande do Sul perdeu aproximadamente 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2022, segundo dados da ONG MapBiomas, agravando sua vulnerabilidade a eventos climáticos extremos. 

A destruição do bioma Campos Sulinos, que cobre grande parte do estado, tem impactos severos na capacidade do solo de reter água, aumentando o risco de enchentes, erosão e perda de biodiversidade. 

Entenda mais: O que é educação ambiental?

Esse cenário agravou problemas de saúde pública, intensificando enchentes, contaminando a água e aumentando surtos de doenças como leptospirose e hepatite A. Nesse sentido, o deslocamento forçado de populações impactadas trouxe efeitos psicológicos, como depressão e ansiedade, fatores que reforçam a necessidade de políticas ambientais mais rigorosas para preservar a saúde da população.

A região Sul do Brasil apresenta características climáticas e ambientais que influenciam diretamente a qualidade de vida e a saúde da população. O frio intenso, resultado da atuação frequente de massas de ar polar, pode causar impactos significativos na saúde pública, especialmente em populações vulneráveis, como idosos e crianças. Estudos apontam que as baixas temperaturas agravam doenças respiratórias e circulatórias, além de aumentar a taxa de afastamento do trabalho por problemas de saúde​.

Durante as baixas temperaturas, as pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados, facilitando a transmissão de vírus e aumentando casos de gripe e pneumonia, especialmente entre crianças e idosos, que têm mais dificuldade para buscar ajuda médica. 

Além disso, o corpo reage ao frio contraindo os vasos sanguíneos para conservar calor, o que pode dificultar a circulação do sangue e elevar o risco de infarto e AVC, principalmente em quem já tem problemas cardiovasculares, além da condição de hipotermia, que também é preocupante no Sul. 

Caracterizada pela redução da temperatura corporal abaixo dos 35°C, a hipotermia pode ocorrer rapidamente em condições de frio intenso, sobretudo quando acompanhadas de ventos fortes e umidade elevada. Os sintomas incluem palidez, tremores intensos e extremidades geladas.

Alguns cuidados importantes são:

  • Se hidratar: embora menos perceptível no frio, a desidratação ainda pode ocorrer durante o período de baixas temperaturas. É aconselhável beber bastante água e evitar bebidas alcoólicas, que podem aumentar a perda de calor corporal;
  • Se agasalhar: para reter o calor corporal, é recomendável se vestir em camadas para se proteger das baixas temperaturas. Use roupas térmicas, casacos, luvas, gorros e cachecóis para resguardar as extremidades, que perdem calor mais rapidamente;
  • Cuidados com a pele: o forte frio pode causar ressecamento da pele. É recomendável utilizar hidratantes para evitar rachaduras e irritações;
  • Cuidados com aquecedores: ao utilizar esse tipo de equipamento, certifique-se de que estejam em boas condições e mantenha uma ventilação adequada para evitar intoxicação por monóxido de carbono;
  • Proteção dos pés e extremidades: use calçados impermeáveis e meias de lã para manter os pés secos e quentes, prevenindo frieiras e hipotermia;
  • Faça atividades físicas em casa: se possível, faça exercícios leves em casa para manter a circulação e a temperatura corporal;
  • Evite sair de casa sem necessidade: limite as atividades ao ar livre durante os períodos mais frios, especialmente para grupos mais vulneráveis.

Considerações finais

A evolução da saúde na região Sul do Brasil reflete um processo de desenvolvimento marcado pela modernização das infraestruturas, ampliação da Atenção Primária à Saúde e avanços na distribuição de serviços especializados. O crescimento econômico e a descentralização da oferta de atendimento fortaleceram o setor, reduzindo desigualdades históricas. 

No entanto, a dependência de grandes centros urbanos para serviços de alta complexidade ainda persiste, especialmente no Rio Grande do Sul. Santa Catarina e Paraná apresentaram maior interiorização, ampliando o acesso regionalizado à saúde. O fortalecimento das redes de atenção e investimentos contínuos são fundamentais para manter esse avanço.

Apesar dos progressos, desafios estruturais permanecem, como a necessidade de maior equidade no acesso a serviços especializados e a adequação dos sistemas de saúde às novas demandas epidemiológicas. 

O impacto das mudanças climáticas sobre a saúde também se torna cada vez mais evidente, com eventos extremos intensificando epidemias, doenças respiratórias e desastres ambientais. O aumento dos casos de dengue e a crise climática no Rio Grande do Sul demonstram a urgência de integrar estratégias de saúde pública à gestão ambiental. 

O futuro da saúde na Região Sul dependerá do equilíbrio entre inovação tecnológica, políticas públicas eficazes e fortalecimento das redes de atenção à saúde. O investimento na formação de profissionais, a ampliação da cobertura da Atenção Primária e a regionalização do atendimento especializado são caminhos essenciais para garantir um sistema de saúde eficiente e acessível. 

Essas informações sobre a saúde na região Sul do Brasil foram úteis para você? Conta para gente nos comentários!

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