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O que são as “ilhas de calor”?

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O fenômeno conhecido como ilhas de calor tem sido frequentemente observado na realidade das cidades, seja por sua relação com o aumento da temperatura urbana ou pelas diversas inovações criadas para tentar amenizá-lo.

Devido à sua relevância como questão ambiental urbana, as ilhas de calor são objeto de estudo interdisciplinar, afetando tanto comunidades científicas quanto a população global.

Vamos entender, neste texto, o que é uma ilha de calor e quais as suas consequências para a vida na terra. Continue lendo para descobrir mais sobre esse fenômeno e como ele afeta o nosso planeta!

O que são as ilhas de calor?

Ilhas de calor são fenômenos climáticos caracterizados por altas temperaturas urbanas que ocorrem principalmente em cidades altamente urbanizadas. Sua ocorrência é evidenciada por diferenças significativas de temperatura média entre regiões vizinhas, onde a zona urbana apresenta temperaturas consideravelmente mais altas do que áreas rurais próximas.

Imagem de um nascer do sol com muitos focos de fumação ao fundo, indicando grande concentração de indústrias e das ilhas de calor.
Nascer do sol em região industrializada. Imagem: Pixabay

No Brasil, São Paulo é um exemplo notável, devido à elevada concentração de superfícies impermeáveis (asfalto e concreto), que aumentam a absorção de calor.

Além disso, a combinação de baixa umidade relativa, falta de áreas verdes e alta poluição atmosférica impede uma distribuição equilibrada do calor solar. Isso gera um aquecimento urbano exacerbado, com concentração de alta temperatura nas áreas urbanas.

Como é criada uma ilha de calor?

As principais causas desse fenômeno podem ser entendidas pela diminuição da vegetação e aumento da absorção de calor, em razão da redução de áreas verdes e construção urbana intensiva. Outro fator relevante é a impermeabilização do solo, causadora de redução da evapotranspiração, levando a um acúmulo de calor na superfície terrestre.

Materiais como asfalto e concreto, ao absorverem elevadas quantidades de calor, aumentam naturalmente a temperatura média de uma região.

Com o avanço da urbanização, o número de regiões arborizadas diminuiu consideravelmente, em razão do aumento da devastação vegetal e do desmatamento para ceder lugar à estrutura urbana. Assim, enquanto a poluição se intensifica, existem menos meios naturais para auxiliar na captação de dióxido de carbono e outros componentes químicos poluentes.

O aumento da poluição forma uma camada de inversão térmica no ar, impedindo que o calor não absorvido pelo solo esvair-se na atmosfera, causando elevada retenção de radiação térmica.

Ilustração de edifícios formando um infinito, dando a entender que a cidade retroalimenta as ilhas de calor, como explicado no texto.
Edifícios em torno do infinito. Imagem: Pixabay

A influência da urbanização

A transformação do espaço geográfico realizada pela urbanização privilegia um fenômeno conhecido como verticalização urbana, ou seja, o aumento de construções verticais como prédios residenciais e comerciais de muitos metros de altura.

Desse modo, a grande quantidade dessas construções elevadas altera a circulação do ar, criando corredores de vento urbanos que impedem que o ar circule de maneira equilibrada. Além disso, há também a geração de sombras em determinados espaços, e a ausência de insolação em outros.

Outro fator que acompanha a urbanização é o aumento da concentração de veículos em um mesmo espaço, causando um aumento, também, da poluição. Como esses meios de transporte utilizam a técnica da combustão de combustíveis fósseis para funcionar, emitem muitos gases de efeito estufa e poluentes na atmosfera.

Quais são os efeitos das ilhas de calor no clima urbano?

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 55% da população global vive em áreas urbanas. No Brasil, essa proporção é ainda maior, com aproximadamente 88% da população habitando regiões urbanizadas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como um fenômeno urbano, as ilhas de calor afetam grande parte da população de diversas maneiras.

Quando o tema da qualidade de vida da população é tratado, as ilhas de calor assumem parte da discussão, pois seus efeitos sobre o clima urbano são notórios e facilmente percebidos pelos seres humanos.

O aumento da temperatura média, ao criar bolsões de ar quente, contribui negativamente para a vida dos sujeitos, principalmente idosos e indivíduos em situação de vulnerabilidade.

O aumento da poluição gera complicações para a saúde de todas as pessoas, como doenças respiratórias leves e graves.

Além disso, o aumento da sensação de calor impulsiona o consumo de energia, principalmente através do uso de ventiladores e aparelhos de ar condicionado. Isso gera uma relação entre o estilo de vida urbano e as ilhas de calor, em que se influenciam mutuamente.

Entenda aqui: O que é Economia Verde? Entenda esse conceito e as criticas a ele!

Como solucionar a questão das ilhas de calor?

Durante os anos de estudo do fenômeno, cientistas e estudiosos da questão ambiental e climática pensaram em diferentes formas de mitigar e combater a ocorrência das ilhas de calor. Partindo diretamente da redução de seus fatores e do uso eficiente de tecnologia, existem algumas formas já comprovadamente eficazes para diminuir os efeitos negativos do chamado estresse térmico urbano e suas implicações na saúde pública.

Medidas como a arborização e reflorestamento urbanos podem auxiliar na diminuição da poluição e, assim, na redução do calor nas camadas da atmosfera. Práticas como o plantio contínuo de mais árvores no espaço urbano e a preservação de áreas verdes existentes são exemplos desse tipo de ação.

Nesse sentido, é possível encontrar em algumas cidades tipos de construção chamadas green roof/wall (telhados ou paredes verdes), onde através da estrutura urbana são construídos grandes jardins e zonas arborizadas para que o efeito das ilhas de calor seja relativizado.

Outro tipo de ideia colocada em prática é a troca de materiais utilizados nas construções urbanas. Ao invés de optar por materiais que absorvem mais calor, é incentivado o uso de materiais que aumentem a reflexividade solar e o albedo, ou seja, o poder de reflexão do calor da superfície, como pinturas termorrefletivas, materiais leves e claros e revestimentos de alta reflexividade.

Outro tipo de ideia colocada em prática é a troca de materiais utilizados nas construções urbanas. Ao invés de optar por materiais que absorvem mais calor, é incentivado o uso de materiais que aumentem a reflexividade solar e o albedo, ou seja, o poder de reflexão do calor da superfície, como pinturas termorrefletivas, materiais leves e claros e revestimentos de alta reflexividade.

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Imagem de uma rua com carros estacionados e elevada presença de árvores.
Espaço urbano arborizado. Imagem: Pexels

A importância das políticas públicas

A questão das ilhas de calor pode, também, ser atenuada com auxílio do Estado, através da criação de medidas públicas que concentrem atenção nas causas e efeitos desse fenômeno, como iniciativas de educação ambiental e programas de planejamento urbano sustentável.

Por meio de ações de planejamento urbano, por exemplo, é possível equilibrar a distribuição de calor ao longo da superfície urbana, impedindo a concentração excessiva de edifícios e aumentando o número de espaços com arborização adequada.

Esse tipo de política é capaz de pensar medidas que atinjam o aumento das áreas vegetadas, o incentivo à trocas dos materiais urbanos, a logística do posicionamento urbano e o monitoramento da meteorologia.

Há, ainda, o auxílio possível a pessoas afetadas pelas mudanças climáticas causadas pelo aumento da temperatura média, como as pessoas em situação de rua, que enfrentam condições precárias de habitação e falta de acesso a recursos básicos, e os cidadãos em situação de vulnerabilidade, incluindo idosos, crianças, pessoas com deficiência e comunidades de baixa renda.

Qual a relação entre as ilhas de calor e as mudanças climáticas?

O fenômeno das ilhas de calor possui relação direta com as mudanças climáticas antropogênicas do tempo presente, especificamente com os fenômenos do aquecimento global e do efeito estufa, que são agravados pelas atividades humanas.

Por apresentar em seu panorama o aumento da poluição atmosférica nas áreas urbanas e a elevação das temperaturas médias globais, a ilha de calor é um sinal alarmante e indicador do aquecimento global e da degradação ambiental do planeta.

Levando em consideração o estilo de vida das áreas urbanas, é possível compreender que todos esses acontecimentos estão relacionados a partir da perpetuação de ações industriais, econômicas e sociais que seguem emitindo gases de efeito estufa e demandando altas quantidades de energia não renovável, principalmente.

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Através do avanço tecnológico, é possível perceber por meio de imagens de satélite de alta resolução e da técnica de sensoriamento remoto por satélite a propagação desses fenômenos, inclusive em áreas mais remotas e rurais, distantes das grandes cidades.

Espaços mais afastados do litoral, utilizados para extensas áreas de plantações e monoculturas acabam por contribuir com o aumento médio da temperatura local. O desmatamento provocado nesses espaços gera chamadas cúpulas de ar quente que, assim como nas regiões urbanizadas, concentram uma grande quantidade de calor que não se dissipa tão facilmente.

As ilhas de calor compõem um amplo espectro de temas relacionados ao meio ambiente e à qualidade de vida que não param por aqui. Pensar em formas de atenuar esse fenômeno e outros que o acompanham ainda exigem muita pesquisa, iniciativas governamentais e participação popular.

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. O que são as “ilhas de calor”?. Politize!, 5 de fevereiro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/ilhas-de-calor/.
Acesso em: 5 de fev, 2025.

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