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Entenda o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)

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O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) integra uma das medidas voltadas para a merenda escolar. Ele é uma política pública que contribui financeiramente para que todos os estudantes brasileiros recebam alimentação nas escolas. E não é qualquer alimentação, não! O programa é pensado desde a origem dos alimentos utilizados até o impacto que uma alimentação saudável pode ter no desevolvimento dos estudantes.

Acompanhe o texto da Politize! pra entender um pouquinho mais sobre esse programa gigantesco!

A história do Pnae

A história do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) começa durante a década de 1930, quando o Brasil tinha altos índices de fome, além de alta incidência de doenças ligadas à subnutrição. Foi nesse contexto que políticas assistenciais sobre a alimentação começaram a ser construídas.

Para combater a subnutrição de forma mais efetiva, é importante que a atenção ao problema comece pela infância. Por isso, após ações sociais ganharem força, e na década de 1940, foi organizado um programa conhecido como “caixas escolares”. Seu objetivo era reunir aporte financeiro que garantisse a compra de alimentos para merendas escolares.

Como os resultados apareceram rápido, o governo passou a dar mais atenção ao programa. Afinal, as patologias estavam mais controladas e a permanência dos estudantes na escola se tornou uma realidade.

Mais ou menos 15 anos depois, o então presidente Juscelino Kubitschek criou o Programa Campanha Nacional de Merenda Escolar (CNME). E em 1979, após várias reformulações, o programa passou a ser intitulado como Pnae.

A constituição da cidadania a partir da dignidade nutricional

A promulgação da Constituição Federal, em 1988, foi de suma importância para diversos direitos que temos hoje. Com ela, houve um reforço da necessidade de garantir merendas escolares a todos os estudantes brasileiros.

Por conta disso, o Pnae passou a ser responsável não apenas pela fomentação de caixas escolares. A elaboração da merenda escolar ultrapassa questões econômicas e, para efetivamente combater a subnutrição, não é qualquer alimento que deve ser consumido. As cores, as texturas e os sabores dos alimentos também importam, além, claro, de seu aspecto nutricional.

Imagem de uma criança branca, com uma blusa de manga longa amarela, de cabelo castanho, com a boca aberta colocando uma colher na boca, com o slogan "PNAE" disposto abaixo, na imagem
Imagem: Prefeitura CIANORTE.

Na década de 1990, mais mudanças sobre o Pnae foram realizadas. A gestão do programa foi descentralizada. Assim, o governo federal passou a não ser mais o único responsável por ele. A partir de então, estados e municípios passaram a agir sobre a administração financeira do programa. Isso também possibilitou que diversas características socioculturais fossem levadas em consideração na construção de cardápios para as merendas.

Além disso, o programa não deixou de visar a promoção de hábitos saudáveis. Por isso, foi decretado que há uma variação nutritiva no cardápio. Pelo menos 70% dele deve ser composto por produtos básicos, como legumes e grãos. Já os outros 30% podem ser de produtos ultraprocessados.

Já na década seguinte, em 2007, 30% dos recursos do programa passaram a ser destinados para a aquisição de alimentos produzidos pela agricultura familiar. Assim, comunidades rurais poderiam atingir melhor desenvolvimento econômico.

A consistência do programa

O Pnae foi, assim, se tornando um programa cada vez mais robusto e fundamental para a nutrição e a educação da população brasileira. Não à toa, mesmo durante a pandemia de Covid-19, com todas as escolas fechadas por medidas sanitárias, o programa se manteve ativo.

A estratégia adotada nessa ocasião foi a distribuição de alimentos. Pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas tiveram direito a receber alimentos enquanto as aulas estivessem suspensas.

Fluxograma das 6 diretrizes do PNAE.
Imagem/Reprodução: CI Orgânicos.

Por esses e outros feitos, como o constante controle de patologias ligadas à alimentação e a permanência estudantil, é um consenso entre pesquisadores da área que o Pnae veio para ficar. Alguns chegam a inclusive defender que o programa deveria ser enquadrado como uma PPS. Mas o que seria isso?

Como nos explicam os pesquisadores Darlan Kroth, Daniela Geremia e Bruna Mussio (2020), uma Política Pública Saudável é uma política pública “interdisciplinar” ou “multidimensional”. Eles afirmam que:

“As PPS se configuram por um amplo rol de instrumentos, como mudanças na legislação, medidas tributárias, regulação de setores, campanhas de conscientização, mudanças organizacionais dentro do setor de saúde e do setor público como um todo e por ações coordenadas que apontam para a equidade em saúde, distribuição mais justa da renda e políticas educacionais e sociais.” (KROTH; GEREMIA; MUSSIO, 2020, p. 4067)

Dentre os grandes feitos do programa, podemos destacar: o fomento a uma alimentação saudável, a preocupação com a ingestão de alimentos nutritivos que possam contribuir para o aprendizado de crianças e jovens, a promoção da agricultura familiar e o respeito a cardápios que levam em consideração as especificidades regionais.

Uma política pública em constante aprimoramento

Apesar de seus grandes feitos, o Pnae não deve ser descuidado. Junto de suas qualidades, defeitos também aparecem. Ainda nos deparamos com escolas com pouca infraestrutura e isso inviabiliza a adequada preparação de merendas escolares. Além disso, questões econômicas e climáticas também intervêm. Por vezes a produção local não está alinhada com os cardápios pré-estabelecidos; sem contar a falta de mais profissionais capacitados para estarem envolvidos em todas as instâncias do programa.

Por esses e outros motivos, devemos nos manter atentos à fiscalização realizada em torno dele. A merenda escolar importa, contribui para o desenvolvimento dos estudantes e tem potencial de promover hábitos saudáveis.

Desde 2023, a distribuição financeira do programa é feita dessa forma:

“a) R$ 0,41 (quarenta e um centavos de Real) para os estudantes matriculados na Educação de Jovens e Adultos – EJA;

b) R$ 0,50 (cinquenta centavos de Real) para os estudantes matriculados no ensino fundamental e no ensino médio;

c) R$ 0,72 (setenta e dois centavos de Real) para estudantes matriculados na pré-escola, exceto para aqueles matriculados em escolas localizadas em áreas indígenas e remanescentes de quilombos;

d) R$ 0,86 (oitenta e seis centavos de Real) para os estudantes matriculados em escolas de educação básica localizadas em áreas indígenas e remanescentes de quilombos;

e) R$ 1,37 (um Real e trinta e sete centavos de Real) para os estudantes matriculados em escolas de tempo integral com permanência mínima de 7h (sete horas) na escola ou em atividades escolares, de acordo com o Censo Escolar do INEP;

f) R$ 1,37 (um Real e trinta e sete centavos de Real) para os estudantes matriculados em creches, inclusive as localizadas em áreas indígenas e remanescentes de quilombos;

IV – para os estudantes contemplados no Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, haverá complementação financeira de forma a totalizar o valor per capita de R$ 2,56 (dois Reais e cinquenta e seis centavos);

V – para os estudantes que frequentam, no contraturno, o AEE, o valor per capita será de R$ 0,68 (sessenta e seis centavos de Real);

Independente da etapa e da modalidade de ensino, se o estudante estiver em carga horária integral, o valor per capita considerado é de R$ 1,37.

Em carga horária parcial, independente da etapa e da modalidade, o valor per capita considerado é de R$ 0,86 no caso de estudantes matriculados em escolas localizadas em terras indígenas e remanescentes de quilombos, exceto creche, quando o valor per capita permanece em R$ 1,37.” (PNAE, 2024)

Para que o programa continue contribuindo para a complementação da merenda escolar, esses valores não podem ficar congelados e muito menos serem diminuídos. Por isso é importante que todos nós estejamos atentos às políticas públicas construídas no país e à fiscalização realizada sobre elas.

Agora que você conheceu um pouquinho do Pnae, conta pra gente: você imaginava toda essa gama complexa por trás da merenda escolar? Deixe suas impressões nos comentários!

Referências

  • KROTH, Darlan; GEREMIA, Daniela; MUSSIO, Bruna. Programa Nacional de Alimentação Escolar: uma política pública saudável. Ciência & Saúde Coletiva, 25 (10): pp. 4065-4076, 2020.
  • NERO, Dario; GARCIA, Rosineide; JUNIOR, Alexandre. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) a partir da sua gestão de descentralização. Ensaio: aval. pol. públ. Educa., Rio de Janeiro, v. 31, n. 118, pp. 01-23, jan/mar. 2023.
  • PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

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Conteúdo escrito por:

Rafael Henrique Ferreira Damico

Licenciado em ciências sociais, constantemente intrigado com questões subjetivas e estruturais. Apaixonado por música pop e entusiasta do amor. Professor preocupado com uma educação para além da sala de aula.
Damico, Rafael. Entenda o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Politize!, 11 de fevereiro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/pnae/.
Acesso em: 21 de fev, 2025.

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