Imagem de um prato de comida

Alimentos com imposto zero de importação: entenda a medida e impactos

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Em março de 2025, o governo federal anunciou a medida de imposto zero para importação de alimentos considerados essenciais. O objetivo era reduzir os preços dos alimentos para o consumidor.

Mas o que isso significa na prática? Como o consumidor sentirá a mudança? Quais alimentos terão imposto zero? E o que os especialistas acham sobre essa medida?

Neste texto, a Politize! te conta tudo sobre esse tema. Acompanhe!

Como assim, imposto zero para importação de alimentos?

Para controlar a inflação dos alimentos, o governo federal decidiu zerar o imposto de importação em nove tipos de produtos para, enfim, aliviar o bolso dos consumidores. Além disso, outras medidas entram neste pacote, como o estímulo à produção de alimentos de cesta básica no Plano Safra e o fortalecimento de estoques reguladores. 

Essa medida alternativa também incluiu a colaboração dos governos dos estados, pois o governo federal solicitou a redução do ICMS para a cesta básica. 

Com isso, o objetivo é a reduzir os preços para a população.

Confira o conjunto de medidas anunciadas:

  • Alíquota zero de imposto de importação: conjunto de alimentos considerados essenciais para alimentação;
  • Flexibilização da fiscalização sanitária por um ano: descentralizar as inspeções sanitárias, expandindo a fiscalização municipal, Serviço de Inspeção Municipal (SIM), para ter o mesmo valor do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SiSB), que vale no país inteiro;
  • Fortalecimento dos estoques reguladores: estes são uma reserva de alimentos comprados pelo governo quando os preços estão baixos, liberados no mercado quando os preços sobem;
  • Incentivo à publicidade dos melhores preços: parceria com os supermercados para selecionar uma lista de produtos em promoção e divulgar aos consumidores;
  • Estímulo à produção de alimentos da cesta básica no Plano Safra: ampliar os subsídios à contratação de empréstimos com juros mais baratos para produtos de cesta básica para estimular produtores rurais a produzirem para o mercado interno;
  • Parceria com governos estaduais para redução do ICMS em produtos da cesta básica: apesar do imposto zerado, alguns produtos têm incidência de ICMS, por isso, foi proposto a participação dos governadores.
Imagem de vários alimentos que compõem uma dieta balanceada. Texto: Alimentos com imposto zero de importação: entenda a medida e impactos
Alimentos diversos. Imagem: Natalia Klenova.

Quais alimentos terão imposto zero?

Os alimentos com tributos zerados são:

  • Azeite: alíquota atual 9%;
  • Milho: alíquota atual 7,2%;
  • Óleo de girassol: alíquota atual 9%;
  • Sardinha: alíquota atual 32%;
  • Biscoitos: alíquota atual 16,2%;
  • Massas e macarrão: alíquota atual 14,4%;
  • Café: alíquota atual 19%;
  • Carnes: alíquota atual 10,8%;
  • Açúcar: alíquota atual 14%.

Veja também: O que influencia o aumento no preço dos alimentos?

Por que foi zerado o imposto da importação de alimentos?

Segundo o governo federal, a medida foi implementada para combater a inflação dos produtos alimentícios. Nesse sentido, como solução para os preços, foi avaliada a possibilidade do imposto zero para a importação de alimentos básicos.

A função do Imposto de Importação é regulatória e extrafiscal, o que significa que o objetivo é regular a atividade econômica. Esse tributo não visa somente a arrecadação de recursos, ele foca na proteção da indústria nacional, na regulação do mercado e no controle de fluxo de mercadorias.

Por essa natureza regulatória, o governo pode ajustar conforme a necessidade para responder a mudanças econômicas e comerciais.

Por fim, ao abdicar da arrecadação desse imposto, essa medida busca ampliar a oferta no mercado interno para, consequentemente, reduzir os preços ao consumidor.

Saiba mais: Entenda os conceitos de importação e exportação

Opinião de especialistas

Após o anúncio das medidas, a proposta dividiu opiniões entre aqueles que acreditam ser a melhor solução e aqueles que pensam que essa não seja a melhor saída. 

O vice-presidente Geraldo Alckmin, ao anunciar a medida, afirmou que as medidas irão favorecer ao cidadão para ele manter seu poder de compra, além de estimular o setor produtivo e o comércio

“É difícil você, matematicamente para cada item, você explicitar. Agora, são todas medidas para reduzir preço. Todas medidas para favorecer o cidadão, a cidadã, para que ele possa manter o seu poder de compra, para que ele possa ter sua cesta básica com preço melhor. E isso também acaba estimulando o setor produtivo e o comércio.”

No mesmo sentido, afirmou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açucar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi, afirmou que a proposta foi bem estudada com foco no setor público e privado para diminuir os preços para o consumidor:

Foram analisados produtos em que o Brasil pode ser tão ou mais competitivo do que é. E produtos, sobretudo, que a gente não produz aqui e importa de outros lugares, e mesmo assim eles vêm com tarifa. Ou seja, nesse primeiro caso é óbvio que esses produtos vão ficar mais baratos imediatamente, os outros que a gente não tem fluxo comercial a gente vai ter que analisar o comportamento. Mas é uma tentativa honesta, séria, e bem estudada, em uma reunião de mais de três horas, com objetividade, com foco entre o setor público e o privado, buscar a baixa dos alimentos para o consumidor.

Além disso, Gussi avaliou que a isenção de produtos que já são importados terá efeitos imediatos, a curto prazo, embora seja preciso aguardar para ver os efeitos dos produtos que ainda não possuem fluxo de importação: 

A expectativa é de queda dos preços. Foram analisados produtos em que o Brasil é tão ou mais competitivo do que ja é, e produtos que não produzimos aqui, importamos, e mesmo assim vem com tarifa. Neste caso, é óbvio que os produtos ficarão mais baratos. O outros, que ainda não temos fluxo comercial (de importação), vamos ter que analisar o comportamento. Como ainda não temos séries históricas desses produtos, não conseguimos dizer, mas é uma tentativa séria e estudada. É momento de união, para termos mais competitividade, para benefício do consumidor.

Por outro lado, nem todos os especialistas acreditam que essa seja a melhor saída. 

A economista e professora do Insper, Juliana Inhasz, explica que essas medidas não analisam a estrutura do mercado agropecuário e demais fatores macroeconômicos:

São medidas que podem ser efetivas no curto prazo, trazem um alívio pequeno. Mas não resolvem o problema em si, que são de taxa de câmbio mais alta, pressões que vêm de oferta menor aqui e lá fora. Ou seja, não são medidas que perdurarão muito tempo se não atacarem os problemas em si.

Além disso, Inhasz teme que o imposto zero seja um “tiro pela culatra”, pois um risco é que a redução da alíquota diminua a produção para os próximos períodos ou, em um quadro extremo, haja descontinuidade da produção.

O analista de CNPI da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, enfatiza a real necessidade em investimentos em tecnologia e infraestrutura agrícola para que, assim, se reduza os efeitos das mudanças climáticas sobre as safras, um dos causadores do aumento dos preços dos alimentos:

Governo deveria adotar políticas mais robustas de suporte direto aos produtores nacionais para garantir uma produção consistente, independentemente das flutuações externas.

E aí, o que você acha da medida de imposto zero para alimentos? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

Referências

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Alimentos com imposto zero de importação: entenda a medida e impactos. Politize!, 12 de março, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/alimentos-com-imposto-zero-de-importacao/.
Acesso em: 12 de mar, 2025.

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