6 mitos sobre o Bolsa Família

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Em outro texto, mostramos alguns detalhes sobre como funciona o Bolsa Família (BF) e como o governo Temer tem se pronunciado em relação a ele. Neste texto vamos trazer algumas ideias correntes sobre o Bolsa Família que ou são imprecisas, ou não encontram respaldo na realidade. O programa não é imune a críticas, mas muitas delas de fato são infundadas. Vamos ver:

Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado.

1) “Custa muito caro”

Na realidade, o Bolsa Família tem um custo relativamente baixo para o governo. O orçamento anual é equivalente a 0,6% do PIB. Em 2016, a previsão é de um gasto de cerca de R$ 28 bilhões, enquanto a estrutura dos ministérios sai pelo dobro disso. Além disso, o programa tem um impacto positivo na economia: a cada real investido no benefício, o PIB brasileiro cresce R$ 1,78.

2) “Quem recebe o Bolsa Família não trabalha, nem quer trabalhar”

Um dado surpreendente sobre o perfil dos beneficiários do BF é que 75,4% deles estão trabalhando, segundo informações do Censo 2010. As taxas de procura de emprego entre beneficiários são semelhantes aos de um não beneficiário – ou seja, existe a preocupação em arranjar emprego. Evidentemente, muitos deles encontram apenas ocupações muito precárias, informais e sem os direitos garantidos em lei, como salário mínimo, décimo terceiro, entre outros.

Você conhece os outros programas de transferência de renda no Brasil? Confira no nosso vídeo

3) “O Bolsa Família estimula mulheres pobres a ter mais filhos”

Pesquisa de 2013 revelou que a taxa de fecundidade entre as beneficiárias do BF caiu em um ritmo mais acelerado do que o do resto da população, entre 2003 e 2013. Enquanto a fecundidade geral caiu 20%, entre as que recebem a bolsa houve uma queda de 30%. Para cada filho da família beneficiada, o programa garante uma renda extra de R$ 35 mensais, um valor que dificilmente compensa a geração de mais filhos.

4) “Foi criado por Lula”

O debate sobre quem realmente criou o Bolsa Família é controverso. De fato, o governo Lula teve o mérito de criar o desenho institucional do atual programa e aprimorá-lo ao longo dos anos. Mas também é verdade que o BF foi resultado de uma unificação, realizada em 2003, de vários benefícios que haviam sido criados pelo governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Essa unificação feita por Lula foi considerada uma grande evolução, pois desburocratizou o programa (o benefício passou a ser coordenado por apenas um ministério, o do Desenvolvimento Social). Também é notório que o orçamento destinado ao Bolsa Família tornou-se muito maior do que os valores concedidos na era de FHC. De todo modo, pode-se dizer que o programa é a síntese de esforços de governos de partidos adversários.

5) “É um programa de esquerda”

É fato que o Bolsa Família foi planejado e colocado em prática por um governo de esquerda e está alinhado com a ideia de um Estado de Bem Estar Social (o Estado visto como provedor de uma rede de proteção social), da social democracia. Mas o Bolsa Família possui defensores de outras escolas de pensamento econômico. Na verdade, um economista liberal esteve intensamente envolvido na formulação do programa: Ricardo Paes de Barros, servidor do IPEA e professor do Insper.

O fato de o benefício ser concedido em dinheiro, e não em cestas básicas, por exemplo, é elogiado, pois dá ao cidadão liberdade para escolher como vai gastar o recurso. Isso dá poder de escolha ao beneficiário, que se torna relativamente independente do governo. Os governantes, por sua vez, perdem poderes como o de determinar quem serão as empresas que produzirão e distribuirão as cestas básicas.

Veja também nosso vídeo sobre o Bolsa Família!

6) “Não existe porta de saída”

Desde 2011, o governo mantém o programa Brasil Sem Miséria, que tem o objetivo de oferecer oportunidades de qualificação profissional dos beneficiários. O maior destaque é o Pronatec, curso de qualificação profissional, que recebeu mais de 1,5 milhão de inscrições de beneficiários do Bolsa Família entre 2011 e 2014.

Além disso, não são poucas as famílias que voluntariamente se desligam do programa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, até 2013, dez anos após a criação do Bolsa Família, mais de 1,6 milhão de famílias que antes eram beneficiárias resolveram abrir mão do recurso. Isso seria equivalente a 12% do total de famílias já inscritas no programa.

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Conteúdo escrito por:
Estudante de Relações Internacionais no Ibmec-RJ.
Saioron, Matheus. 6 mitos sobre o Bolsa Família. Politize!, 7 de junho, 2016
Disponível em: https://www.politize.com.br/bolsa-familia-mitos/.
Acesso em: 22 de nov, 2024.

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