Nenhum candidato com pretensões reais de alcançar um mandato nas eleições realiza sua campanha sozinho. Isso seria humanamente impossível. Por trás daquele candidato sorridente e confiante que aparece nas mídias e nas ruas, há sempre uma equipe planejando todas as suas ações.
Montar uma boa equipe de campanha pode não vencer uma disputa eleitoral por si só, mas é claramente um ponto muito positivo para qualquer candidato. Por isso, não se pode negligenciar a seleção dessas pessoas.
O consultor político Jefferson Coronel afirma que a equipe que coordena uma campanha política é formada por uma gama de pessoas, cada uma delas responsável por questões fundamentais, que se não são devidamente tratadas, podem custar as eleições. Veja a seguir quais são essas áreas:
COORDENADORIA GERAL
Consultores políticos afirmam que não é uma boa ideia deixar a coordenação da campanha nas mãos do próprio candidato. Ele deve ser o rosto da campanha. Suas energias devem estar voltadas para a comunicação com o eleitorado, para o qual deve dedicar a maior parte de sua agenda.
Por isso, é importante que haja um coordenador-geral da campanha, encarregado de tomar as principais decisões e apontar o caminho a ser seguido. A parte estratégica da campanha está nas mãos dessa pessoa. Como veremos abaixo, a estrutura de uma equipe de campanha engloba várias áreas e todas elas são importantes para o sucesso eleitoral. O coordenador-geral deve ser alguém capaz de unir o trabalho de todos esses grupos no mesmo propósito.
Pelo tamanho da responsabilidade desse cargo, essa pessoa costuma ser de grande confiança do candidato. Conta também a experiência: esse cargo tende a ser ocupado por pessoas já testadas profissionalmente, seja em campanhas eleitorais anteriores, seja em cargos executivos em empresas ou outras organizações.
FINANCEIRO
Campanhas demandam recursos. Não há como fugir disso. Mas como conseguir dinheiro para financiar toda a estrutura de uma campanha eleitoral? E como administrar esses recursos de maneira eficiente? Esse é o desafio do coordenador financeiro e de sua equipe.
Em 2016, essa tarefa tornou-se ainda mais complexa, já que as doações de empresas estão proibidas. Além disso, foi imposto um teto de gastos aos candidatos – portanto, eles terão de gastar muito menos do que em 2014 e 2012.
O jeito será fazer campanhas mais enxutas e buscar outras fontes: recursos privados – sejam eles próprios ou de pessoas físicas – e do Fundo Partidário (que ainda assim não chega nem perto do nível de recursos antes oferecidos pelas empresas). Em suma, o responsável pela parte financeira deverá ter muita criatividade para fazer uma campanha eleitoral eficiente e a custos menores.
JURÍDICO
Já falamos sobre as regras das campanhas eleitorais deste ano. A lei trata de inúmeros assuntos, desde a quantidade de dinheiro que pode ser gasta até o tamanho dos adesivos de propaganda. Pelo nível de detalhamento das regras, é muito possível que problemas legais surjam durante e após as campanhas. Não é incomum que se instale um ambiente de guerra jurídica ao longo da corrida eleitoral.
Como prevenir pendências com a Justiça Eleitoral? Ter uma boa assessoria jurídica é indispensável. É melhor saber o que pode e não pode nas campanhas através de uma pessoa ou equipe especializada no assunto do que descobrir isso mais tarde, na Justiça. O coordenador jurídico monitora as ações da campanha e é consultado antes que novas estratégias sejam colocadas em prática.
MARKETING
Fazer um bom marketing eleitoral é um ingrediente imprescindível para qualquer político. Isso envolve um esforço de entender as preferências do eleitorado e de comunicar as propostas do candidato de maneira eficiente. Para isso, as campanhas contam com profissionais de marketing eleitoral, que definem uma estratégia clara de comunicação para a campanha.
Com uma exposição mais esparsa na televisão, marcar presença na internet também tornou-se muito importante. Por isso, profissionais de marketing digital adquirem uma relevância cada vez maior no contexto das eleições. Nós, brasileiros, somos o povo que mais passa tempo nas redes sociais. Transmitir uma boa imagem nos espaços virtuais pode fazer toda a diferença.
EQUIPE DE PESQUISA NA CAMPANHA ELEITORAL
Quais parâmetros devem orientar as estratégias de comunicação da campanha eleitoral? É preciso descobrir formas de convencer os eleitores a depositar seus votos. E para isso, é preciso coletar informações. Quem são os eleitores que o candidato busca atingir? Quantos são? O que esses eleitores pensam? Quais seus principais problemas? O que o candidato pode fazer por eles? Em quem pretendem votar? Essas são questões que devem ser respondidas por pessoas da área de pesquisa.
Os tipos mais comuns de pesquisas dentro de uma campanha são:
- pesquisa de intenção de voto;
- pesquisa estratégica;
- pesquisa de potencial de votos e imagem do candidato;
- perfil ideal de um político;
- mapeamento de lideranças do bairro ou município.
MILITÂNCIA E CABOS ELEITORAIS
Até agora, falamos das pessoas envolvidas na definição estratégica da campanha eleitoral. Mas conquistar votos também envolve ações práticas, nas ruas, para que a candidatura seja divulgada o quanto for possível. Essas ações ficam por conta de militantes e cabos eleitorais.
A militância possui um papel-chave na campanha política. Trata-se do grupo mais fiel de eleitores do candidato, aqueles que o apoiam diretamente e que se dispõem a divulgar sua candidatura para parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, entre outros. Os militantes geralmente não recebem remuneração pela sua participação na campanha.
Já os cabos eleitorais são pessoas contratadas temporariamente pelos candidatos. Trabalham para eles por um período de três meses. Costumam ser líderes comunitários e com influência em sua região. Promovem ações como passeatas, “bandeiraços” e distribuição de panfletos e santinhos.
É importante notar que o candidato não pode colocar a cidade inteira para trabalhar em sua campanha eleitoral: a lei permite a contratação de no máximo 1% do eleitorado, em municípios de até 30 mil eleitores. Em municípios maiores, vale também o limite de 1%, mas o candidato pode adicionar um cabo para cada mil habitantes que excederem 30 mil eleitores. Um município com 40 mil eleitores, por exemplo, permite 410 cabos: 400 (limite de 1%) mais 10 (por causa dos 10 mil eleitores excedentes de 30 mil). Essa é mais uma questão a ser observada pela coordenação jurídica da campanha.
Observação: é claro que a estrutura de campanha eleitoral apresentada neste texto não é fixa ou obrigatória. Ela pode variar de campanha para campanha, inclusive de acordo com a capacidade financeira de cada candidato. A divisão de tarefas também pode ser diferente. Mas em linhas gerais, pode-se dizer que são esses os aspectos mais importantes na organização de uma campanha eleitoral e que não podem ser negligenciados pelos candidatos, se estes pretendem alcançar a vitória.
3 comentários em “Como se faz uma campanha eleitoral?”
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