Correntes de pensamento político: uma introdução

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Este é o primeiro texto de uma trilha sobre correntes de pensamento político. Ao terminar de ler este conteúdo você terá concluído 11% desta trilha. Veja os demais textos desta trilha: 

  1. Social-democracia explicada em quatro pontos 
  2. O que é socialismo? 
  3. Conservadorismo: entenda o conceito em 4 pontos 
  4. Liberalismo: entenda essa corrente política 
  5. Libertarianismo: entenda essa corrente de pensamento! 
  6. Comunismo: 4 pontos para entender este conceito 
  7. Anarquismo: você conhece essa ideologia? 
  8. Progressismo: o que é?

“As ideias moldam o curso da história.” John Maynard Keynes (1883 – 1946), economista britânico.

O que esperar dessa trilha sobre as correntes de pensamento político?

O século XX pode ser considerado o século das ideologias. Por quase todo esse período, ideologias travaram embates no campo político e agitaram toda a sociedade, em especial após o vácuo político deixado ao término da Primeira Guerra Mundial

Em conjunto com diversos outros fatores, esses embates culminaram na Segunda Guerra Mundial que colocou em confronto regimes fascistas e socialistas – ambos totalitários e coletivistas – e as democracias liberais – individualistas.

Ao final do conflito, os regimes fascistas desapareceram e iniciou-se a Guerra Fria, que polarizou o mundo entre nações comunistas, politicamente autoritárias e com economias planificadas, e nações capitalistas, a maioria com democracias liberais e algum grau de livre mercado. 

Entretanto, antes do final do século, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) sucumbiu e seu bloco político desintegrou-se, um evento marcado simbolicamente pela queda do muro de Berlim. Desde então as democracias liberais ganharam força no mundo, substituindo regimes comunistas e ditaduras militares em muitos países, incluindo o Brasil.

O objetivo desta trilha é analisar as principais correntes de pensamento político existentes. 

Entre elas estão as correntes mais aderentes à democracia liberal, que tem como base a garantia dos direitos individuais (políticos, civis e econômicos) defendida pelo liberalismo político. Essas correntes são: a social-democracia, o conservadorismo e o libertarianismo

Além delas, também abordaremos correntes menos presentes no mundo, apesar de muito influentes na história, como socialismo, comunismo, fascismo e anarquismo. Além disso, será apresentado o progressismo, doutrina muito influente nas outras correntes de pensamento apresentadas e protagonista debate político moderno.

A proposta é abordar essas correntes de pensamentos políticos da maneira mais objetiva possível, apresentando pontos positivos e negativos e analisando-os com a  mesma profundidade, permitindo ao leitor formar suas próprias opiniões.

Imagem: Wikimedia Commons.

O conflito entre individualismo e coletivismo nas correntes de pensamento político

“A menor minoria na Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem clamar serem defensores das minorias.” Ayn Rand (1905 – 1982), escritora e filósofa libertária russa-americana, criadora do objetivismo.

Leia mais: Esquerda e direita: valores individuais e coletivos

Como introdução a esta trilha de conteúdos sobre correntes de pensamento político, é importante entender a importância da dicotomia indivíduo-coletividade. Boa parte das diferenças de opinião entre os pensamentos políticos se dá pelo conflito entre individualismo e coletivismo em diversos aspectos da vida em sociedade, especialmente nas questões econômicas, morais e sociais. Esses pensamentos políticos podem ser classificados como individualistas e coletivistas, como na tabela a seguir:

Exemplos de correntes de pensamento político e suas posições sobre individualismo e coletivismo para os aspectos econômicos, sociais e morais. Imagem: elaboração do autor.

É importante entender que esta tabela não apresenta todos os pensamentos políticos existentes, mas apenas um exemplo de pensamento político para cada combinação possível de ideias individualistas e coletivistas.

Nota do autor: 

E onde estão os liberais? Como o termo é entendido no Brasil, eles têm um pensamento semelhante aos libertários, mas menos radical. Os liberais rejeitam o intervencionismo estatal na economia e são contra o uso do Estado para a imposição de padrões morais e de hierarquia social. Embora muitos deles adotem valores morais conservadores, entendem que esta deve ser uma decisão individual e não uma imposição da sociedade. No entanto, é importante entender que o termo “liberal” pode ser confuso, pois nos Estados Unidos se referem a posições políticas mais à esquerda, enquanto que na América Latina e na Europa se referem a posições de direita.

O individualismo é uma ideia ou visão que enfatiza o valor moral do indivíduo e entende que os objetivos e interesses de cada um devem prevalecer sobre os interesses dos grupos e do Estado. O individualismo valoriza a independência, a autonomia, a responsabilidade sobre si mesmo e a tolerância aos outros indivíduos. Neste contexto, cada um deve se responsabilizar por suas ações e colher o sucesso ou o fracasso de suas decisões.

Já o coletivismo enfatiza o valor dos grupos e entende que seus objetivos e interesses devem prevalecer sobre os interesses dos indivíduos. O coletivismo valoriza a coesão dos grupos, a obediência, o altruísmo e o respeito à hierarquia. Nesse contexto, o grupo oferece segurança aos indivíduos em troca de lealdade.

Os motivos desses individualismos e coletivismos em cada pensamento político serão esclarecidos nos próximos posts. Por enquanto, é importante entender que esse debate sobre individualismo e coletivismo envolve uma das questões fundamentais da política: qual é o papel do Estado na sociedade? 

Desde que existe política e governo – da antiguidade aos dias de hoje –, essa é uma das questões políticas fundamentais e origem das desavenças mais infindáveis da história. Os pensamentos políticos mudam de nome, mas as questões fundamentais mantêm a sua essência.

Afinal, qual o papel do Estado na sociedade? Qual deve ser seu tamanho? Quais devem ser os limites do poder estatal? Quais são seus deveres? Quais valores devem promover? Quem deve dirigi-lo? As principais discussões políticas têm em sua essência essas questões, que, no fundo é o discutido quando nos perguntamos: quanto de imposto deve-se cobrar? Quantos funcionários públicos deve haver? Quais serviços públicos devem ser oferecidos? Quais ações o Estado pode obrigar um cidadão a realizar?

As respostas a essas questões serão diferentes se elaboradas de um ponto de vista individualista ou coletivista, e cada pensamento político sugere um conjunto de respostas. Veremos algumas delas nos próximos posts desta trilha!

O que achou da nossa introdução sobre as correntes de pensamento político?

Nota: este post foi adaptado de trecho de “O Livro Urgente da Política Brasileira“, de Alessandro Nicoli Mattos. Baixe agora mesmo para aprender ainda mais sobre a política!

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1 comentário em “Correntes de pensamento político: uma introdução”

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Conteúdo escrito por:
Engenheiro em Elétrica, trabalha na área de exatas mas gosta de estudar História, Economia e Política no seu tempo livre. Dos três ebooks gratuitos que já publicou, “O Livro Urgente da Política Brasileira” é o último e busca explicar a política e o Estado brasileiros da forma mais objetiva e visual possível, como gostam os engenheiros. Acredita que na democracia é necessário participar, mas sempre com conhecimento de causa, e, assim, educar os conterrâneos sobre política também é exercer a cidadania.
Mattos, Alessandro. Correntes de pensamento político: uma introdução. Politize!, 26 de dezembro, 2016
Disponível em: https://www.politize.com.br/correntes-de-pensamento-politico/.
Acesso em: 20 de nov, 2024.

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