O que é antifascismo? O que significa ser antifascista?

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Foto de ato antifascismo na Itália.
Manifestação antifascista na Itália, no pós-guerra. Foto: Wikimedia.

Recentemente, com as revoltas sociais que ocorreram nos Estados Unidos e sucederam-se em vários países, o movimento antifascismo chamou a atenção de inúmeras pessoas em razão do seu envolvimento nas manifestações. Entretanto, a história do antifascismo começou há aproximadamente 100 anos, com o surgimento de regimes fascistas ao redor do mundo. A seguir, vamos trazer mais informações sobre o desenvolvimento do movimento Antifa ao longo da história!

O que é o movimento ANTIFA?

Em primeiro lugar, para entender o que é o movimento ANTIFA – como ficou conhecido o movimento antifascista – é necessário compreender o que é o fascismo. O fascismo é um movimento político, econômico e social que se desenvolveu no continente europeu entre 1919 e 1945, cujos principais pilares são: o totalitarismo, o nacionalismo, o uso da violência para fortalecimento nacional, o imperialismo, o militarismo e o desprezo por valores liberais e coletivistas. Se você quiser entender um pouco mais sobre o fascismo, leia o artigo que preparamos aqui no Politize!

Dessa forma, com o surgimento do fascismo, surgiu o movimento de oposição: o antifascismo. Esse movimento caracteriza-se como um método político, que engloba toda filosofia, teoria ou ação ativista realizada por grupos de pessoas contra o fascismo. Incluindo, assim, o combate às práticas de extrema-direita, de xenofobia, de discriminação e de supremacistas brancos.

Como surgiu o antifascismo?

Dentro do contexto histórico, o movimento surgiu no século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, representando a oposição organizada contra os movimentos autocratas.

Além disso, durante o regime fascista de Benito Mussolini, que governou a Itália fascista entre 1922 e 1943, o termo “antifascista” era utilizado para se referir aos adversários do governo. Inclusive, a primeira organização antifascista militante a resistir ao fascismo de Benito Mussolini foi o grupo Arditi del Popolo.

Porém, apesar do fascismo ter surgido na Itália, foi na Alemanha, com a ascensão do nazismo de Adolf Hitler, que surgiu o primeiro grupo que realmente se denominava como antifascista, o Antifaschistische Aktion, grupo de oposição à extrema-direita. O grupo foi criado por uma iniciativa do Partido Comunista Alemão com o objetivo de formar uma aliança entre as “esquerdas” – chamada Frente Única – e conter o avanço do nazismo, considerado uma forma de fascismo que incorporou o racismo e o antissemitismo. Assim, o movimento ANTIFA ganhou mais uma vertente: o antinazismo.

Por conseguinte, com o movimento punk, entre 1970 e 1980, o grupo ressurgiu com novas características e mais força. A contracultura do movimento punk impulsionou o pensamento antifascista com suas músicas que pregavam a libertação feminina, a libertação negra e a liberdade da comunidade LGBTQ+. Além do mais, nessa época, o objetivo da contracultura era erradicar a lógica capitalista.

Como consequência do movimento, europeus se manifestaram contra a política liberal e inflexível de Margaret Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido, conhecida como “dama de ferro”. Da mesma forma, a população proveniente das periferias começou a se unir em prol da libertação conjunta e os norte-americanos se manifestaram contra Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA.

O antifascismo e outras bandeiras

Ainda que o antifascismo seja caracterizado como um movimento de oposição ao fascismo e tenha raízes marxista e anarquista, ele é disperso. Ao longo da história, diversas bandeiras se relacionaram com o movimento, apesar de nem todas terem correspondência exata com as causas do antifascismo.

  • Socialismo: o socialismo surgiu no contexto da Primeira Revolução Industrial, com o propósito de repensar o sistema capitalista em vigor. O socialismo é uma corrente política e econômica baseada na igualdade. Essa corrente objetiva uma sociedade sem classes sociais, em que a propriedade privada é extinta e os bens e as propriedades pertencem a todos. Para entender mais sobre o socialismo e suas diversas formas, veja o conteúdo que preparamos aqui!
  • Comunismo: o comunismo está relacionado à teoria dos pensadores Friedrich Engels e Karl Marx, sendo considerado uma doutrina política e socioeconômica, que assim como o socialismo objetiva uma sociedade mais igualitária. Em contrapartida, os objetivos dessa corrente são a extinção da propriedade privada, das classes sociais e do Estado. Dessa maneira, com a extinção do Estado, os poderes estariam nas mãos do povo. Para entender mais sobre o comunismo, veja o conteúdo que preparamos aqui!
  • Anarquismo: o anarquismo é uma teoria política que objetiva, sobretudo, a extinção total do Estado e do sistema capitalista. Segundo o político francês, Pierre-Joseph Proudhon, precursor da teoria anarquista, a propriedade privada, símbolo do sistema capitalista, é a principal responsável pela degradação humana, enquanto o Estado atua controlando as pessoas e perpetuando o capitalismo. Desse modo, o anarquismo prega a cultura da autogestão e da coletividade, com a ausência do controle estatal.
  • Social-democracia: a social-democracia corresponde a um modelo econômico e político que diferentemente das outras correntes citadas, aceita o capitalismo. No entanto, seu objetivo é reduzir os efeitos adversos do modelo capitalista. Seus principais valores estão atrelados à igualdade e liberdade. Para entender mais sobre a social-democracia, veja o conteúdo que preparamos aqui!

O movimento ANTIFA no Brasil

No Brasil, o primeiro indício do movimento antifascista surgiu na cidade de São Paulo, no ano de 1933. O grupo, denominado Frente Única Antifascista (FUA), era formado por sindicalistas, anarquistas e comunistas que eram contra o movimento Integralista que nascia no país. O movimento Integralista, fundado por Plínio Salgado, possuía viés ultranacionalista, corporativista, conservador e tradicionalista católico de extrema-direita.

E se ainda vivêssemos em uma ditadura?

Na contemporaneidade, manifestações do movimento ANTIFA vêm ganhando notoriedade no país. Isso ocorre, sobretudo, em razão da associação, por parte dos participantes desse movimento, das ações do Presidente Bolsonaro e seus apoiadores – como os pedidos de intervenção militar e queda do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso (organizações fundamentais para ordem democrática) – com o fascismo.

Somado a isso, as manifestações também fazem alusão aos protestos que aconteceram nos Estados Unidos contra à morte de George Floyd, expondo posicionamentos contra o racismo e o fascismo.

Por que o movimento está em evidência?

Com a morte de George Floyd, um afro-americano que morreu asfixiado sob custódia policial em maio de 2020, eclodiram manifestações nos Estados Unidos, Brasil, Paris, Argentina, Austrália e muitos outros países, para exigir justiça. Como consequência do ocorrido, inúmeras pessoas resolveram levantar bandeiras antifascistas e se posicionarem contra os atos de racismo que ocorrem todos os dias ao redor do mundo.

Uma das reações observadas foi a ameaça do Presidente Donald Trump, por meio da sua conta no Twitter, afirmando que classificaria o ANTIFA como uma organização terrorista nos Estados Unidos.

Contudo, apesar do movimento estar presente em diversos países, não se trata de uma organização centralizada. Pelo contrário, é um movimento difuso, sem uma estrutura formal e que é composto por indivíduos que compartilham causas e utilizam a bandeira do movimento para se posicionarem contra ideais supremacistas, neonazistas, xenófobos e autoritários. Ao contrário de um grupo terrorista, o movimento ANTIFA não é coordenado e não possui um líder.

Pode-se dizer que a morte de George Floyd serviu como o catalisador para as manifestações antifascistas. Isso aconteceu pois não é um caso isolado, o assassinato de mais um homem negro nas mãos da polícia evidencia a exacerbada violência policial direcionada à comunidade negra, consequência do racismo estrutural presente na sociedade.

Leia também: como o racismo é uma prática estruturada no Brasil

Em vista disso, o movimento ANTIFA ganhou grande visibilidade nas mídias, principalmente, nas redes sociais. O símbolo do movimento foi adaptado para diversas profissões e segmentos sociais, em que as pessoas aplicam o conceito da luta antifascista nas suas realidades. Então, o ANTIFA ganhou destaque em razão da insatisfação compartilhada entre pessoas que resolveram se unir contra práticas de fascismo, de racismo e em defesa da democracia.

É fundamental ressaltar que, embora o antifascismo historicamente esteja associado ao enfrentamento do regime fascista e do neonazismo, ele não se restringe a essas esferas. O movimento ANTIFA está vinculado ao enfrentamento da ascensão da extrema-direita, levando-se em consideração as distintas formas de violência. Por isso, o antifascismo abrange também as causas feministas, antirracistas e da comunidade LGBTQ+.

Assista também ao nosso vídeo sobre o Fascismo no Brasil

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Acredita que o conhecimento é o principal pilar para mudar o mundo e idealiza um país mais inclusivo e consciente politicamente. Quer ajudar a difundir a educação política na sociedade e incentivar o exercício da cidadania
Bessa, Liz. O que é antifascismo? O que significa ser antifascista?. Politize!, 20 de agosto, 2020
Disponível em: https://www.politize.com.br/antifascismo/.
Acesso em: 21 de nov, 2024.

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