O que são bandeiras políticas?

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A política é feita por pessoas, mas mais do que isso, é feita de ideias. Pessoas vêm e vão, afinal nossa vida é finita e muito curta, mas as ideias podem persistir por gerações. É por isso que é importante que, além de conhecer a história, a personalidade e o caráter dos nossos políticos, você descubra quais são os posicionamentos do seu político e quais as bases desses posicionamentos.

Chamamos de bandeiras políticas os grandes objetivos ou causas traçados e anunciados pelos partidos políticos e seus membros, que surgem a partir de suas visões de mundo e de como os problemas existentes devem ser atacados. Cada partido e representante deveria ter suas próprias bandeiras bem definidas, que devem estar acima de qualquer interesse particular.

Vamos conhecer algumas das principais bandeiras políticas da atualidade? Antes de apresentarmos, é preciso entender que as pessoas se dividem em diversos grupos políticos, cujas ideias se diferem bastante. Muitas vezes, essas ideias são diametralmente opostas. É bastante comum dividir essa diversidade de ideias entre ideias de esquerda e direita – apesar de que temos que lembrar que o mundo não se resume a preto e branco. De todo modo, você sabe o que significam esses termos?

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O que é esquerda?

Na política, entende-se por esquerda os grupos que defendem ideias que, via de regra, visam minar as relações de poder presentes, de forma a criar uma sociedade mais igualitária. As grandes bandeiras de grupos de esquerda na política são voltadas à superação de todas as formas de relação social desigual. Igualdade é o maior de todos os valores proclamados por esses grupos. Veja abaixo alguns exemplos de bandeiras de esquerda, tendo ciência que nem todas as pessoas e partidos de esquerda defendem todas essas bandeiras:

  • Defesa dos direitos de grupos minoritários e vulneráveis: mulheres, negros, homossexuais, transexuais, trabalhadores e camadas de baixa renda.
  • Políticas afirmativas: cotas sociais e raciais em universidades públicas e concursos públicos; cotas para mulheres no Congresso e no corpo de direção de grandes empresas; financiamento de bolsas em escolas e universidades particulares para estudantes de baixa renda; entre outros.
  • Formação de um Estado de bem estar social: rede de proteção de pessoas vulneráveis (benefícios como seguro-desemprego, salário mínimo e outros benefícios trabalhistas, programas de financiamento de despesas com moradia e educação superior).
  • Em grupos mais radicais de esquerda, estatização da economia e composição de uma economia socialista (controlada pelo Estado, com pouca influência das forças de mercado).

O que é direita?

A direita política é composta por grupos que possuem preocupações bastante diferentes da esquerda. Em muitos casos, a direita identifica-se com o conservadorismo social e econômico. Defende valores tradicionais, como família e direitos de propriedade. Ao contrário da esquerda, a direita costuma fazer uma defesa mais contundente dos direitos individuais. O maior valor defendido pela direita é a liberdade individual.

Vamos conhecer as principais bandeiras da direita políticas? Mais uma vez, vale a ressalva: nem todos os grupos de direita são favoráveis a todas as bandeiras que vamos elencar:

  • Liberalização e privatização da economia: a economia deve ser livremente determinada pelas forças de mercado, com a mínima intervenção possível do Estado, visto na maior parte das vezes como danoso. Assim, uma bandeira comum da direita é a redução ou simplificação de impostos, ou ainda maior transparência sobre a cobrança de impostos.
  • Defesa do mérito: cada cidadão deve ser recompensado pela sua contribuição pessoal ao bem estar da sociedade. É por isso que existem patrimônios e remunerações desiguais: cada um tem méritos diferentes perante a sociedade. Por isso, é necessário que os salários sejam determinados com liberdade (no máximo sendo aceito o salário mínimo).
  • Manutenção de valores tradicionais ou conservadores: o casamento é entendido como uma união heterossexual e a família como uma unidade social composta por homem, mulher e seus descendentes; oposição à prática do aborto, com poucas exceções; oposição à legalização de drogas como maconha, cocaína, etc.
  • O Estado deve ser limitado a atuar apenas nas áreas em que sua presença é considerada necessária: segurança, saúde, educação e assistência social.
  • Liberdade individual como regra: medidas que limitam a capacidade de escolha dos indivíduos devem ser a exceção.

Críticas

A divisão esquerda-direita é bastante criticada, não é incomum que pessoas e grupos políticos conciliem ideias que supostamente seriam de lados opostos do jogo. Como dissemos, há mais do que só preto e branco no mundo. É justamente por isso que existe uma grande dificuldade de se rotular os chamados “liberais” dentro do espectro político, por exemplo. O liberalismo é uma corrente de pensamento que cria um pouco de confusão em pelo menos dois temas.

Em temas sociais, os liberais são defensores de que cada pessoa faça o que bem entender com sua vida, desde que não fira a liberdade de outras pessoas. Ideias assim são defendidas tanto por grupos na esquerda, quanto por grupos da direita. Isso, porém, não impede que exista uma divergência entre esquerda e direita na questão do aborto, por exemplo: pessoas de esquerda normalmente enfatiza os direitos da mulher sobre seu próprio corpo e por determinar seu próprio destino (ou seja, ser ou não ser mãe naquele momento de sua vida); já pessoas identificadas com a direita geralmente defendem que abortar significa ferir o direito à vida de um ser humano em gestação, cuja vida seria removida indevidamente pela pessoa que faz o aborto. A esquerda costuma ser mais receptiva a ideias liberais no âmbito social, que apoiam causas como o casamento de homossexuais, a descriminalização do aborto, a liberdade de pessoas transsexuais em mudar de gênero, a eutanásia, a regulamentação das drogas, etc.

Já o liberalismo econômico é identificado com ideias como a economia de mercado, pouca intervenção do Estado na economia e a máxima de que o indivíduo deve ter a liberdade de fazer negócios e construir seu próprio patrimônio, sem maiores obstruções. Também é contra qualquer arranjo em que o Estado favoreça arbitrariamente certos grupos empresariais, criando oligopólios e afins. Essas ideias encontram mais apoio na direita, inclusive por grupos que expressam ideias conservadoras no âmbito social. Porém, na esquerda, o liberalismo econômico raramente é bem aceito.

Além da confusão que o termo liberalismo causa, vale dizer que há muitas bandeiras que são de interesse comum da esquerda e da direita, como o fim da pobreza, a defesa do meio ambiente e da sustentabilidade, a maior participação da sociedade na política, maior transparência dos gastos públicos e combate à corrupção.

Concluindo

As bandeiras políticas são as grandes causas e ideais discutidos nos meios políticos. Elas são extremamente importantes, porque podem definir os rumos que uma sociedade vai trilhar hoje e no futuro. Existem muitas discussões importantes e a política é o espaço para que cada cidadão e grupo político expresse ideias, exponha visões e dessa forma defina os objetivos a serem perseguidos.

Descubra quais bandeiras você defende e dessa forma ficará mais claro com quais partidos e políticos você mais se identifica!

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Conteúdo escrito por:
Bacharel em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Blume, Bruno. O que são bandeiras políticas?. Politize!, 3 de junho, 2016
Disponível em: https://www.politize.com.br/bandeiras-politicas-o-que-sao/.
Acesso em: 2 de dez, 2024.

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