Este é o sétimo texto de uma trilha de conteúdos sobre grupos terroristas. Confira os demais posts da trilha: 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9
Ao terminar de ler este conteúdo, você terá concluído 77% desta trilha
O Boko Haram é uma organização terrorista atuante na Nigéria, fortemente militarizada e com o objetivo de erradicar a ocidentalização no país. Desde sua criação, o grupo ficou conhecido por diversos ataques a igrejas, bares e escolas. Neste post, você confere o que é essencial para entender o Boko Haram.
Mas antes de entender as características do grupo, é fundamental compreendermos seu principal local de atuação: a Nigéria.
TRILHA: conheça os principais grupos terroristas.
A POBREZA CRÔNICA NA NIGÉRIA
A Nigéria é o país mais populoso da África – cerca de 186 milhões de habitantes – e também o maior produtor de petróleo do continente. Pode até parecer que essa riqueza favorece a população de alguma forma, mas na prática está muito longe disso. O país é uma das nações com maior grau de corrupção no mundo, segundo a ONG Transparência Internacional, e por isso o dinheiro vindo do petróleo muitas vezes tem destinos ilícitos, não chegando à população.
Os habitantes nigerianos enfrentam inúmeros problemas sociais, com a ausência de serviços públicos como moradia, alimentação, saúde, educação, entre outros. Essas dificuldades colocam a população muito atrás no que diz respeito à expectativa de vida, que é de 53 anos.
Além de ser um dos países campeões em níveis de pobreza, com uma população que cresce cada vez mais, a Nigéria é também caracterizada por duas religiões predominantes: a parte norte do país é habitada por cidadãos muçulmanos, enquanto no restante do território a maioria é cristã.
Todo esse cenário crítico é o palco de atuação do Boko Haram, que tem como principal vítima a população cristã do país. Vamos conhecer mais sobre essa organização terrorista?
Os grupos terroristas são sempre muçulmanos? Entenda!
COMO SURGIU O GRUPO?
O Boko Haram surgiu na Nigéria em 2002 e hoje atua também em outros países, como Chade, Níger e Camarões, com o objetivo de implementar a Xaria, a lei islâmica. Por isso, o grupo é classificado como “radical islâmico”, já que apresenta ações características do fundamentalismo religioso.
O grupo surgiu como uma seita fundada por Mohammed Yusuf, que acreditava na cultura ocidental como a principal razão para os males da Nigéria, sendo assim necessária sua erradicação. Além disso, assim que foi criado, a atuação do grupo era dedicada à assistência social e a oposição contra o governo central, marcado por casos de corrupção. Por isso, contava com o apoio de muitas pessoas na Nigéria.
Ao longo do tempo, o Boko Haram foi passando por diversas formações, se tornando cada vez mais militarizado e perdendo apoio no país. Em 2013, foi declarado como grupo terrorista pelo departamento de Estado norte-americano.
Desde a morte de Yusuf em um confronto armado, o Boko Haram é liderado por Abubakar Shekau, considerado muito mais radical do que seu antecessor. Foi com a mudança de líder que o grupo se tornou uma organização militar totalmente radical.
Além de combater a cultura ocidental deixada no país como herança da colonização britânica, o grupo busca também a construção de uma república islâmica. Para isso, utilizam métodos radicais como atentados e sequestros. O grupo possui ainda relação com outras organizações terroristas, como o Estado Islâmico, ao qual declarou lealdade em 2015, e a Al-Qaeda.
É difícil definir o impacto que o Boko Haram teve sobre a Nigéria até então, mas estimativas apontam que pelo menos três mil pessoas já foram mortas pelo grupo e quase 1 milhão já deixaram seus lares por medo da organização, números que crescem a cada dia. Boa parte do território nigeriano já foi dominado pelo grupo, levando algumas cidades a declarar estado de emergência desde 2013.
A versão do islã seguida pelos membros do grupo proíbe que os muçulmanos participem da vida social e política, por isso o grupo impede a participação em eleições e já executou alguns líderes políticos. Além disso, impede que a população receba uma educação secular, livre de qualquer religião. Esse fator é determinante para entendermos, a seguir, o ataque mais famoso do Boko Haram.
Veja mais: como os grupos terroristas se financiam?
MENINAS FORA DA ESCOLA
O nome Boko Haram vem da língua hausa – um idioma falado no norte na Nigéria – e significa “a educação não islâmica é pecado”. Esse aspecto explica uma bem conhecida ação do grupo: o sequestro das estudantes de Chibok.
Em abril de 2014, o grupo invadiu uma escola na cidade nigeriana de Chibok, sequestrando 276 meninas entre 16 e 18 anos. Embora algumas das estudantes já tenham sido liberadas, o destino da grande maioria delas continua incerto. Teme-se que elas tenham sido vendidas como escravas aos membros do Boko Haram ou utilizadas em diversos ataques.
Aos poucos, as negociações com o grupo levam a libertação de várias meninas, mas são insuficientes para recuperar as 10 mil mulheres e meninas sequestradas pelo grupo desde o início dos conflitos, segundo o governo local.
Em função dos avanços do grupo, hoje os governos da Nigéria, Chade e Camarões tentam combater a organização, contando com apoio técnico e financeiro dos Estados Unidos. Até então, o grupo tem se mostrado ser uma ameaça concentrada apenas na África Ocidental.
Qual a sua opinião sobre este grupo terrorista? Comente!
Fontes: Brasil Escola – El País – BBC – Uol Notícias – G1