O Brasil é um país que tem boa parte do ano com clima quente, mas todos nós estamos percebendo o quanto a temperatura está aquecendo a cada dia que passa. Você já deve ter falado por aí que está tão quente que é “um sol para cada cabeça”, não é mesmo?
As ondas de calor podem causar sérios riscos para a saúde, mas será que você sabe quais são os riscos quando fica exposto ao calor extremo?
Neste texto, a Politize! vai te contar os impactos do calor extremo. Liga o ventilador, pega uma água gelada e vem com a gente!
O que é uma onda de calor?
A onda de calor é um fenômeno climático onde passa por mais de três dias, semanas ou até meses de temperaturas extremamente altas durante o dia e às vezes durante a noite, geralmente são acima da média esperadas para uma determinada região e época do ano.
Essas ondas de calor surgem devido a uma série de fatores, incluindo alta pressão atmosférica e bloqueio de padrões de vento, apesar de ser um fenômeno meteorológico natural, o calor tem se intensificado e se tornado mais frequentes devido às consequências das mudanças climáticas.
O relatório sobre o Estado Global do Clima 2023, divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), mostrou que o ano de 2023 foi o período mais quente da história do planeta registrado durante 10 anos.
A temperatura média global ficou próxima da superfície a 1,45°C. Com essa alta temperatura histórica, 2023 conseguiu superar os anos de 2016, com 1,29°C acima da média, e de 2020, com 1,27°C acima da média.
No Brasil, a média das temperaturas do ano ficou em 24,92º. O nosso país enfrentou nove episódios de onda de calor, por consequências do El Niño, fenômeno que provoca alterações de aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. O aumento da temperatura global e dos oceanos foram os outros fatores que contribuíram para a ocorrência do calor extremo.
E o calor intenso não parou no ano passado, fevereiro de 2024 já entrou para lista de meses mais quentes já registrados. A analise feita pelo serviço climático europeu Copernicus, apontou que o mês foi 1,77 °C mais quente do que a estimativa da média esperada. De 8 a 11 de fevereiro, a temperatura média global atingiu 2 °C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).
O calor extremo pode afetar a minha saúde?
As ondas de calor podem causar grande impacto na saúde de todos nós, por causa da mudança repentina de temperatura o nosso organismo pode não conseguir se adaptar às novas temperaturas. No primeiro momento para tentar regular a temperatura interna e esfriar, o corpo elimina o calor através do suor.
As consequências disso é que o nosso corpo pode gerar uma sobrecarga no sistema formado pelo coração e pelos vasos sanguíneos, responsável por garantir o transporte de sangue para que nossas células recebam nutrientes e oxigênio.
Os efeitos do calor extremo no organismo também podem atingir o sistema respiratório e nos órgãos responsáveis pela formação, depósito e eliminação da urina.
A exposição ao sol pode provocar insolação, desidratação, queimaduras e exaustão térmica que pode até causar a morte em casos extremos. Como ocorreu com uma fã da cantora Taylor Swift, durante show realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 2023.
Alguns sintomas da insolação são: pele quente, seca e vermelha, pulsação rápida e forte, náusea, cãibras e perda de consciência que pode levar ao coma e à morte;
Os sintomas de desidratação são: mal-estar, fraqueza, sonolência, irritabilidade, dificuldade de atenção, fome ou sede, dor de cabeça, tontura ao levantar-se ou para se deitar, se sentar ou se levantar, alteração na coloração da urina;
Já os sintomas de exaustão térmica são: transpiração, fraqueza, tonturas, desmaios, náuseas, dor de cabeça, cãibras musculares e diarreias.
De acordo com o estudo realizado por sete universidades, instituições brasileiras e portuguesas, publicado no periódico científico Plos One, aproximadamente 48 mil brasileiros morreram por consequência de ondas de calor entre 2000 e 2018.
As vítimas morreram por razões, como problemas circulatórios, doenças respiratórias e condições crônicas que foram agravadas pela alta temperatura.
Quem pode sofrer mais com o calor extremo?
As condições da onda de calor podem impactar a saúde de toda a população, mas alguns grupos de pessoas são mais vulneráveis, como:
- Idosos: por possuírem capacidade reduzida de regular a temperatura corporal, além das condições de saúde que podem torná-los vulneráveis ao calor;
- Crianças: são mais sensíveis às temperaturas altas devido ao seu sistema de regulação térmica ainda em desenvolvimento, também por ficarem expostas durantes as atividades ao ar livre;
- Pessoas com problemas renais, cardíacos, respiratórios ou de circulação;
- Diabéticos;
- Gestantes: devido às mudanças fisiológicas normais que ocorrem durante a gravidez e após o parto podem ser prejudicadas ao calor intenso;
- Pessoas em situação de rua.
Além disso, os eventos climáticos atingem muito mais as pessoas com condições socioeconômicas precárias do que a camada social mais rica, quando o dia está quente a sensação térmica é maior em regiões mais pobres das cidades, por questões de moradia, a falta de acesso aos meios de saúde e prevenção.
Vale destacar que assim como os humanos, os animais também sofrem com o calor extremo. É necessário que os tutores estejam atentos a quantidade de água que deixam para o seu pet, assim como sair para passear em horários que o sol não esteja tão forte para que as patas não sejam atingidas com o asfalto quente.
Clima intenso e os impactos ambientais
As temperaturas extremas também podem impactar negativamente a produção agrícola reduzindo os rendimentos da soja, milho, algodão e a qualidade de hortaliças. Na soja, por exemplo, a onda de calor atinge o solo afetando a germinação e o desenvolvimento das sementes. Essa situação acaba causando danos à economia do país.
O calor intenso e a redução de chuvas, provocadas pela ocorrência do El Niño, também causaram queimadas em diversas regiões do Brasil. Segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, o número de queimadas na caatinga em 2023 foi o mais alto desde 2010, sendo registrados mais de 21,5 mil focos de calor.
O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também divulgou que na Amazônia foram 10.049 focos de calor, os dados são emitidos através de monitoramento via satélite identificando áreas de possível risco de ocorrência de incêndios.
Os estados com mais focos de calor registrados foram: Mato Grosso (50.2%), depois o Pará (21.2%) e Roraima (12.7%).
Além do Brasil, o calor extremo intensificou os incêndios florestais no continente europeu, países como Grécia, Itália e Turquia tiveram incêndios em grande escala representando uma ameaça para o meio ambiente e para a população.
Como posso me proteger do calor?
Agora que você já sabe as consequências que o calor extremo pode causar na saúde, é fundamental se preparar pesquisando sobre como será a temperatura hoje, durante a semana ou no mês para que possa planejar suas atividades diárias.
Para que você enfrente os dias de temperaturas muito quentes, nós iremos te ajudar listando algumas recomendações, continue lendo abaixo as sugestões.
Se estiver dentro de casa:
- Abra janelas e persianas durante a noite (se possível) para que o ar frio entre e resfrie o ambiente;
- Se estiver usando o fogão abra as janelas;
- Tente não deixar a casa abafada, prefira fechar as cortinas quando estiver batendo sol na janela;
- Use ventilador ou ar condicionado, se tiver disponível;
- Tome banho frio ou compressas com água gelada para reduzir a temperatura corporal.
Quando estiver fora de casa:
- Use protetor solar;
- Leve uma garrafa com água;
- Evite sair de casa em horários de temperaturas altas;
- Faça exercícios físicos em horários mais frescos, se possível após as 17 horas;
- Dê preferência para lugares arejados ou climatizados;
- Evite locais com aglomeração de pessoas;
- Use roupas leves; óculos de sol, chapéu ou boné;
- Se possível reduza o consumo de bebidas alcoólicas para não causar desidratação.
Agora que você já sabe das informações sobre o calor extremo, quando alguém falar que o dia está quente envia esse texto para que outras pessoas possam saber sobre o tema!
Referências:
CPTEC – Condições atuais do Enos: caracterização do El Niño
Gov – NOTA TÉCNICA Nº 18/2023-SVSA/MS
Greenpeace – Amazônia bate recorde e atinge mais de 10 mil focos de calor em 2023
INMET – Ano de 2023 é o mais quente da história, confirma relatório da OMM
(o)eco – Fevereiro de 24 entra na lista de meses recordistas em calor
Politize! – Efeito estufa, aquecimento global e crise climática: qual a relação? Politize! – A história da saúde pública no Brasil e a evolução do direito à saúde
