Para que a economia mundial funcione, vários serviços prestados internacionalmente são essenciais. Um deles será nosso objeto de estudo hoje: o canal do Panamá. Analisaremos sua história e qual papel exerce atualmente no comércio global. Também veremos que, em um contexto de globalização pelo qual passamos, ele é de grande valia para permitir que o trânsito de cargas e mercadorias seja realizado de forma eficiente.
Por que o Canal do Panamá foi construído?
Inaugurado em 1914 e reformado em 2016, o Canal do Panamá é uma das construções mais importantes da história. Ele, que permite a interligação entre os Oceanos Atlântico e Pacífico, possibilita aos navios percorrerem em questão de horas um caminho que levaria semanas, o que gera uma grande economia não só de tempo, mas também financeira.
A propósito, além de servir como fonte valiosa para geração de empregos e proporcionar uma visibilidade internacional à nação panamenha, ele rende ao governo mais de 1,7 bilhão de dólares por ano, aproximadamente 3% do PIB do país.
Localizado em um ponto estratégico da América Central, sua serventia é tão grande que empresas do mundo todo optam por utilizá-lo, mediante pagamento de taxa. Isso faz com que, de fato, ele possua uma importância a nível internacional, de forma a representar mais de 6% do comércio global, ou seja, um impacto econômico altamente relevante.
Esses números, aliás, aumentaram significativamente com a atualização da estrutura, que, a partir de um novo sistema de eclusas, passou a permitir navios maiores – mas bordaremos mais sobre isso no decorrer do texto!
E como foi a construção do Canal?
Mas, antes de prosseguirmos, precisamos conhecer alguns conceitos iniciais básicos. Um canal pode ser definido como uma passagem aberta em um istmo (uma “faixa estreita de terra”).
Trata-se de um atalho que pode existir de forma natural ou ser elaborado artificialmente. No que tange ao nosso objeto de estudo, por exemplo, se uma embarcação precisa sair de Miami, leste dos Estados Unidos, e chegar a Los Angeles, oeste do país, ao invés de percorrer todo o continente americano, passar pelo sul da Argentina e retornar ao hemisfério norte, ela pode simplesmente utilizar o Canal do Panamá e reduzir imensamente o trajeto.
Até por conta disso, sua construção despertou interesses em vários países na época. Em 1881 a França, que tinha recém-terminado o Canal de Suez, Egito, foi a responsável por iniciar as obras. Entretanto os franceses desistiram do projeto por conta de várias adversidades e imprevistos. Dentre eles, destacam-se as doenças típicas da região, principalmente a malária e a febre amarela, que atingiram fortemente os trabalhadores e causaram mais de 20 mil mortes; além de terremotos e deslizamentos.
Dessa forma, os Estados Unidos assumiram tal responsabilidade em 1903 e entregaram a passagem em 1914. Houve um acordo contratual que duraria até o fim de 1999 com o Panamá, segundo o qual os estadunidenses iriam construir, utilizar e administrar o canal em troca de uma indenização financeira anual. Após esse período, sua gestão transferiu-se aos panamenhos, que inauguraram uma estrutura atualizada em 2016. Houve uma ampliação em seu porte, que passou a permitir mais e maiores navios, de modo a aumentar os lucros da região e investir no comércio marítimo.
Como funciona o canal do Panamá?
Além desse contexto histórico, para entender qual a importância do Canal do Panamá, também é necessário saber como ele funciona. E seu funcionamento ocorre da seguinte forma: primeiro o navio chega ao canal e espera em um local determinado; depois as águas do lago artificial Gatún e de grandes piscinas são drenadas para o canal, de forma que seu volume de água aumente e permita ao navio flutuar em um ponto mais alto; por fim, a embarcação consegue subir de nível e percorrer o resto da passagem, que possui 82 km de cumprimento. Em suma, trata-se de um sistema mecânico que utiliza a gravidade para escoar a água e controlar o fluxo do trânsito.
Ainda existem outros detalhes que também merecem atenção. A estrutura conta com manobristas e barcos rebocadores próprios que guiam os navios durante o trajeto. Como o número de funcionários é limitado, há uma ordem preferencial que precisa ser seguida. Logo, primeiramente são conduzidos aqueles que agendaram a travessia. Quem não realizou o agendamento tem que esperar em uma fila, que pode durar por dias.
A intenção é permitir que apenas pessoas tecnicamente capacitadas e conhecedoras do caminho possam realizar esse serviço, com o intuito de evitar acidentes. Para termos uma noção, o Canal de Suez ficou fechado por apenas alguns dias em 2021 por conta de uma embarcação que encalhou e impediu o trânsito no local, mas os prejuízos foram estimados em mais de US $38,4 bilhões. Esse é o tamanho da responsabilidade que um canal possui.
Do mais, a taxa de travessia varia de acordo com a embarcação, a carga, o momento em que a passagem foi comprada (quem compra com antecedência tem um preço menor, normalmente) e o nível de água no sistema. Em média, é possível calcular o valor de US $8,73 por tonelada de carga movimentada ou US $143 mil por embarcação. A caráter de curiosidade, o menor valor já pago para atravessá-lo foi de US $0,36 pelo escritor americano Richard Halliburton que percorreu o caminho a nado em 1928.
A importância do Canal do Panamá e a globalização
Pois bem, com o conhecimento adquirido até o momento, já podemos ampliar nossa visão sobre o assunto. Logo, vivemos na era da globalização, tema já abordado pelo Politize! neste link, na era da Revolução Tecnológica e Digital. Nunca foi tão fácil, por exemplo, comprar bens de outros países, pois a internet proporciona isso. Acontece que muitos dos produtos comprados chegam até nós por conta do comércio marítimo. Este, por sua vez, depende muito dos canais para existir de forma rentável.
Em outras palavras, os canais ao redor do globo são atalhos que permitem encurtar as distâncias e reduzir os gastos. Com um trajeto menor a se fazer, o produto pode ser entregue em um prazo razoável e a um custo justo. Assim, há o incentivo a esse tipo de comércio, que instiga o consumidor a continuar comprando, uma vez que o preço a se pagar é acessível. Como resultado, a economia circula e mantém sua força.
O Canal do Panamá é fundamental para que isso aconteça, de modo a exercer uma função valiosa para comércio global. Além do que já foi apresentado, o Canal também “conecta mais de 140 rotas marítimas e 1.700 portos em 160 países”. Conforme dito no parágrafo acima, em tempos de globalização, qualquer mecanismo que facilite a interligação entre países é bem-vindo. E o canal panamenho realiza esse trabalho há mais de um século.
Rumo ao fim do trabalho, precisamos ainda fazer algumas considerações a respeito da reforma estrutural realizada em 2016, considerada uma das maiores obras de engenharia do século XXI, com o objetivo de analisar alguns aspectos políticos e sociais. Afinal, ela também teve o papel de reafirmar a independência da nação e mostrar seu poder perante os Estados Unidos, que por muito tempo administraram o local. A atualização foi construída por funcionários majoritariamente panamenhos, diferente da construção original de 1914, o que garantiu um patriotismo maior à população.
Com isso podemos concluir que o Canal do Panamá possui uma importância magnânima para o comércio global. Ele atrai embarcações do mundo todo com sua serventia e capacidade de diminuição de percurso, que produz uma redução enorme de tempo, combustível e outros gastos. Como contrapartida, cobra-se uma taxa para cada caso que permite manter e melhorar os serviços ofertados. Trata-se de uma relação benéfica para ambos: tanto empresas, quanto governo panamenho. Como consequência, toda economia mundial se fortalece.
Fontes
Dicionário Michaelis/ Definição de “istmo”.
Rafael Battaglia/ Super Interessante: Infográfico: como funciona o Canal do Panamá?
Leandro Sprenger/ Fazcomex: Canal do Panamá: O que é e como funciona.
Karina Lopes; João Gonçalves/ Politize!: O que é globalização?
BBC News Brasil: Quanto ganha o Panamá com seu famoso canal (e quem se beneficia desse lucro).
Ramón Muñoz/ El País: Panamá inaugura seu novo Canal como um ato de reivindicação patriótica.