Duas pessoas argumentando

Como lidar com a polarização e fake news na família?

Publicado em:
Compartilhe este conteúdo!

O termo fake news ganhou bastante notoriedade e tem feito parte do nosso vocabulário de forma incontestável. A relevância do termo nos debates políticos nacionais e internacionais nos faz perceber o quão difícil os relacionamentos familiares podem se tornar!

Estamos diante de notícias com pouco (ou até nenhum) embasamento que são rapidamente propagadas nos principais veículos de comunicação. Por isso, esse texto busca explicar o que são as fake news, quais as consequências delas para a sociedade e quais os impactos nas dinâmicas familiares. Vamos lá?

Definição de fake news

As fake news são notícias que podem ser completamente ou meio falsas. Geralmente, são apelativas e destinadas a uma determinada “bolha” que quer ou teme muito ouvi-las.

A formação desse filtro-bolha deriva de um conjunto de dados produzido por mecanismos algorítmicos que formam um “universo particular on-line” de cada indivíduo.

Nesse sentido, de acordo com um estudo de pesquisadores do Conselho da Europa sobre a chamada “desordem da informação“, surgem três conceitos distintos:

Informação enganosa (mis-information): informação falsa, mas não criada com intuito de dano;

Desinformação (dis-information): informação que é falsa e deliberadamente criada para causar dano a uma pessoa, grupo social, organização ou país;

Má informação (mal-information): informação baseada na realidade, usada para causar dano a uma pessoa, organização ou país.

Desse modo, veja que há naturalmente um grande compartilhamento, especialmente em redes sociais, de notícias com narrativas falsas que determinado grupo de pessoas deseja que seja verdade.

De um jeito ou de outro, essa grande proliferação de informação (nem sempre verdadeira) gera uma comoção e muitas vezes acaba silenciando a real narrativa que deveria ser compartilhada.

Leia mais em: Redes Sociais e Fake News: como a combinação impacta a sociedade?

Imagem de um teclado com a frase fake news escrita.
Fake news. Imagem: Pixabay.

Impacto das fake news na dinâmica familiar

De acordo com um levantamento realizado pela We Are Social em conjunto com a Meltwater, o Whatsapp passou a ser a rede social mais usada em nosso país em 2023!

Ao menos 93,4% dos usuários de internet brasileiros na faixa etária de 16 a 64 anos usam o aplicativo – o que equivale a 169 milhões de usuários.

Dito isso, diante de cenários como a pandemia do COVID-19 e as eleições presidenciais no Brasil, o aumento das fake news na família atingiu seu auge, e o efeito de posições políticas opostas trouxe uma grande quantidade de notícias falsas sendo veiculadas.

Monalisa Torres, socióloga, cientista política e professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE), explica que podemos dividir a política em dois componentes:

  • Racional: está mais relacionada com análises de propostas e cálculos para a escolha do candidato que atenda aos nossos critérios e demandas;
  • Emotivo: está relacionado com a carga emocional positiva ou negativa envolvida durante o processo eleitoral, especialmente nas campanhas.

O motivo de termos um país atualmente tão polarizado politicamente, se dá por esse segundo componente. A carga emotiva e os sentimentos têm guiado os posicionamentos da população e grande parte defende posicionamentos e está ali mais por um sentimento de pertencimento a um grupo, que o conteúdo racional que envolvem as propostas na disputa.

O termo “pós-verdade” explica muito bem esse conceito. Eleita a palavra do ano em 2017, o Dicionário Oxford definiu o termo como: “um adjetivo relacionado ou evidenciado por circunstâncias em que fatos objetivos têm menos poder de influência na formação da opinião pública do que apelos a emoções ou crenças pessoais”.

Leia mais em: Notícias falsas e pós-verdade: o mundo das fake news e da (des)informação

Como consequência disso, temos um afastamento social causado por divergências políticas, tendo em vista que as pessoas estão se sentindo cada vez mais atraídas por “escolher um lado” e automaticamente condenar o outro, tornando-se difícil conciliar essas diferenças.

Estratégias para identificar fake news: verificação de fatos e fontes confiáveis

De acordo com uma pesquisa feita pelo Senado Federal, pelo menos 76% da população brasileira foi alvo de notícias falsas relacionadas à política no segundo semestre de 2022. A pesquisa, que foi realizada com uma média de 2.000 pessoas, identificou que durante o segundo semestre do ano, todos os entrevistados tiveram acesso a fake news.

Por estarmos todos os dias cercados dessas notícias falsas e sensacionalistas, separamos algumas dicas de como selecionar o que você consome e como combater essa deficiência que atinge a sociedade.

Então, quando receber notícias, tome alguns cuidados, como:

  • Não acredite ou compartilhe o texto de imediato;
  • Desconfie se a notícia lhe causou uma reação emocional muito grande como surpresa ou repulsa;
  • A notícia confirma uma ideologia sua? Também pode ser uma técnica. É importante desenvolver o hábito de questionar e pesquisar;
  • Desconfie de notícias rápidas e no calor do momento. Uma reportagem de confiança sobre eventos de qualquer natureza exige tempo e profissionais qualificados.

Outro modo de sempre estar alerta é saber o que fazer na prática, quando se deparar com uma notícia sobre a qual você ou a pessoa que compartilhou não sabe a veracidade. É importante sempre ler a notícia inteira e não somente o título, averiguar a fonte, pesquisar os fatos citados na notícia isoladamente e verificar o contexto, assim como a data da publicação.

Aprenda a identificar as técnicas das fake news através do jogo IAgora? Clique aqui e descubra mais!

Redes sociais e fake news.
Redes sociais e fake news. Imagem: Pixabay.

Dicas para lidar com conflitos gerados por desinformação em ambientes familiares

Um impasse bem comum quando falamos sobre relações familiares é a diferença de idade, cultura e crenças que as pessoas estão submetidas.

É ideal que se use uma comunicação sem agressividade ou julgamento, não violenta, talvez até mesmo passando uma mensagem privadamente, para evitar a exposição e constrangimento do parente, em caso de discussões em grupos do whatsapp.

Leia mais: Comunicação Não Violenta (CNV): o que é?

O médico e psicólogo Roberto Debski explica que “abordar o assunto de maneira adequada evita conflitos e preserva as relações, além de assegurar o objetivo da comunicação inicial, que era a segurança e cuidado com a verdade”.

Isso porque muitas pessoas tem resistência em respeitar opiniões contrárias, tomando como ataque pessoal quando há a tentativa de conversa e explicações sobre possíveis fake news na família. O pensamento basicamente funciona como um “se você não concorda comigo, automaticamente está contra mim e somos inimigos”.

Nessas situações, é essencial que não se fale de partidos, mas sim de ideias e ideais pertinentes, evitando rótulos e pressuposições. Assim, fomenta-se a empatia, entendendo o que a pessoa viveu para pensar como pensa. Escute ativamente, verifique fatos juntos e eduque de forma construtiva, usando exemplos práticos.

Crie um ambiente de diálogo, reconheça seus próprios vieses e, se necessário, envolva mediadores. Seja paciente e persistente, promovendo sempre um espaço onde todos possam expressar suas opiniões, mas claro, respeitando sempre seus limites.

Confira esse vídeo da Politize! que explica o que é polarização política!

Além disso, é importante lembrar que você não é responsável por mudar a opinião de todos. Nesse ponto, aceitar que a mudança é um processo interno e que cada indivíduo é responsável pelo seu próprio aprendizado pode aliviar a pressão de tentar corrigir a desinformação sozinho.

Dito isto, os diálogos construtivos sobre política em família requerem uma combinação de respeito e habilidades de comunicação. Estabelecer um ambiente seguro e aberto para discussão é fundamental para que todos se sintam ouvidos e respeitados.

Mas claro, é sempre bom lembrar que quando um ambiente de diálogo se torna tóxico ou insustentável, é importante reconhecer quando recuar. Isso inclui limitar a frequência e a duração das discussões sobre tópicos sensíveis, ou até mesmo evitar completamente certos assuntos.

Ao seguir essas recomendações, será possível transformar debates potencialmente conflitantes em oportunidades para crescimento e entendimento mútuo.

Conclusão

Diante de tudo que vimos, as fake news são informações falsas, que têm relevância e impacto sobre certos temas e são projetadas para apelar emocionalmente para o público que as consome.

A disseminação dessas notícias falsas interfere na formação de opiniões e decisões informadas, afetando negativamente a convivência familiar e o entendimento da realidade social e política do país.

Conseguiu entender melhor a importância de falarmos sobre a polarização política e seu impacto nas famílias brasileiras? Deixe suas dúvidas ou comentários abaixo!

Referências

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe este conteúdo!

ASSINE NOSSO BOLETIM SEMANAL

Seus dados estão protegidos de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)

FORTALEÇA A DEMOCRACIA E FIQUE POR DENTRO DE TODOS OS ASSUNTOS SOBRE POLÍTICA!

Conteúdo escrito por:
Cearense, 21 anos, graduanda em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará. Participei do English Immersion Program em 2019, me tornando Young Leader pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil e sou ganhadora do 1° lugar do concurso nacional de redação do Museu da Imprensa Nacional em 2018. Sou apaixonada por educação, idiomas, gatinhos e BTS.

Como lidar com a polarização e fake news na família?

02 out. 2024

A Politize! precisa de você. Sua doação será convertida em ações de impacto social positivo para fortalecer a nossa democracia. Seja parte da solução!

Pular para o conteúdo