A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a maior instituição industrial do Brasil. Embora seja uma entidade privada, ela realiza serviços de interesse público, pois promove a educação profissional, a pesquisa e o desenvolvimento industrial, além de administrar atividades voltadas à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores do setor.
Neste conteúdo explicaremos o que é a CNI e quais são seus modelos de atuação no país!
O que é a CNI?
A Confederação Nacional da Indústria é uma organização de caráter sindical que representa os interesses de milhares de indústrias pelo país . Segundo o seu estatuto, a entidade tem por missão “defender e representar a Indústria na promoção de um ambiente favorável aos negócios, à competitividade e ao desenvolvimento sustentável do Brasil”.
É chamada confederação pois reúne diversas federações industriais pelo país. Estas federações dão voz a diversos sindicatos patronais e representam os interesses industriais a nível estadual. Os sindicatos patronais, por sua vez, representam indústrias a nível regional. Desta forma, a CNI é a “cabeça” da representação industrial no Brasil.
Fundada em 1938, a CNI hoje representa 27 federações de indústrias e 1.250 sindicatos patronais, aos quais são filiadas quase 700 mil indústrias.
Ainda que se trate de uma entidade privada, suas atividades compreendem a defesa e promoção de políticas públicas nas áreas de empreendedorismo e desenvolvimento industrial. Além de manter diálogos com setores estratégicos do Governo, a CNI administra as atividades do SESI (Serviço Social da Indústria) e do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), ambas instituições voltadas à formação profissional e apoio ao trabalhador e suas comunidades. A CNI também é administradora do IEL (Instituto Euvaldo Lodi), instituição com foco no aperfeiçoamento empresarial.
A CNI, junto às federações e entidades de apoio e educação, formam o chamado Sistema Indústria, nome dado a essa rede que promove o desenvolvimento industrial no Brasil.
O que é indústria?
Até agora falamos muito em “indústria”, e você pode estar se perguntando: o que exatamente se quer dizer com esse termo?
Entende-se por indústria a atividade econômica que transforma matéria-prima em bens de produção ou consumo. É a indústria açucareira que transforma a cana-de-açúcar nos cristais refinados que vão à mesa do café; é a indústria petrolífera que refina o petróleo e o transforma em combustível; é a indústria algodoeira que transforma o algodoeiro na fibra que a indústria têxtil transforma em peças de vestuário.
Em alguns casos, o termo é usado para referir-se ao local físico ou à empresa que realiza essas transformações. Neste sentido, a fábrica da empresa “Roupas Ltda.” seria uma indústria e a Petrobras a maior indústria petrolífera do Brasil.
Frentes de atuação do CNI
A missão da CNI nós já conhecemos. Segundo a própria instituição, a atuação da CNI é feita em sete frentes. Essas frentes de atuação são classificações das suas atividades, isto é, onde ela atua e como ela atua. Veremos que as atividades dividem-se, basicamente, entre órgãos deliberativos e publicações de estudos.
1. Diálogo e Articulação
Nesta frente, a CNI promove a cooperação entre os industriais e a representação destes diante do Governo.
Para a cooperação interna da indústria, a CNI criou o Fórum Nacional da Indústria (FNI), formado, em sua maioria, por presidentes de mais de 50 entidades setoriais e líderes empresariais. O objetivo do Fórum é avaliar os cenários político e econômico e formular estratégias sobre temas de interesse da indústria.
Além disso, a CNI possui Conselhos Temáticos Permanentes, com a mesma natureza deliberativa, porém voltados a assuntos específicos de cada indústria (como construção civil, têxtil etc.)
A representação oficial diante do Governo é feita em órgãos deliberativos do próprio Estado. Assim, por exemplo, o Conama (Conselho Nacional do Meio-Ambiente), tem uma das cadeiras reservadas para o setor industrial, e esta é ocupada pela CNI.
2. Desenvolvimento e competitividade
A principal contribuição do CNI nesta frente é a elaboração do Mapa Estratégico da Indústria, documento elaborado pela entidade com a colaboração de líderes da indústria brasileira. O documento apresenta perspectivas para os anos seguintes e propõe diretrizes para a superação de desafios e crescimento da atividade industrial. A última publicação ocorreu em 2018.
3. Inovação
Aqui, a frente concretiza-se em um movimento chamado Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Trata-se de uma organização coordenada pela CNI para favorecer a integração de diversos setores industriais. Com reuniões periódicas, o objetivo é impulsionar o diálogo e o debate entre as lideranças empresariais.
4. Agendas das Indústrias para o Brasil
A CNI elabora anualmente três documentos que reúnem informações de interesse da indústria e da sociedade: a Agenda Legislativa da Indústria, a Agenda Jurídica da Indústria e a Agenda Internacional da Indústria.
A Agenda Legislativa reúne as principais proposições legislativas relacionadas à indústria em tramitação no Congresso Nacional. A Agenda Jurídica reúne as ações em tramitação no STF que estão a discutir questões estratégicas para a indústria brasileira. A Agenda Internacional, por fim, apresenta as prioridades para a atuação da CNI na inserção internacional das empresas brasileiras, funcionando também como um documento de apoio para as empresas que desejam introduzir-se no mercado internacional.
5. Diagnósticos e Cenários da Indústria
Nesta frente, a CNI publica pesquisas e estudos sobre o panorama industrial. Os documentos não só apresentam índices e indicadores do cenário atual e expectativas futuras, mas também as percepções de empresários e da sociedade brasileira sobre temas relevantes para o país.
6. Internacionalização e Comércio Exterior
A CNI coordena o escritório brasileiro da International Chamber of Commerce (ICC), a maior organização empresarial do mundo, criada para promover o comércio internacional. No Brasil, é coordenadora do Fórum das Empresas Transnacionais (FET), órgão colegiado que reúne as grandes transnacionais brasileiras para debater medidas que aumentem a sua competitividade no exterior.
7. Relações do Trabalho
Nesta frente, a CNI atua como parte do Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e ocupa a vice-presidência para a América Latina da Organização Internacional dos Empregadores (OIE).
SESI e SENAI
O SESI (Serviço Social da Indústria) e o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) são instituições de educação e apoio social aos trabalhadores vinculados à Indústria. Junto às Federações industriais e ao IEL (Instituto Euvaldo Lodi), compõem o Sistema Indústria, administrado pela CNI.
Tanto o SESI quanto o SENAI foram criados na década de 1940 em uma iniciativa de empresários de educadores, dentre os quais Euvaldo Lodi, co-fundador da CNI, e Roberto Simonsen, que já ocupou a presidência da Confederação.
SESI
Criada em 1946, a instituição surgiu depois de se notar que somente industrialização do país era insuficiente para assegurar o avanço da nação. O SESI foi criado com o objetivo de humanizar as relações trabalhistas através da “melhoria individual e da qualidade de vida do trabalhador, […] de incentivos à boa alimentação, à alfabetização, aos cuidados com a saúde e higiene, à cultura, ao lazer e esporte”.
Hoje, o SESI executa serviços de assistência social, cultura, educação, lazer e saúde voltados ao trabalhador industrial, sua família e sua comunidade. A instituição também administra escolas de ensino básico e médio, enquanto o SENAI é voltado a educação profissional.
SENAI
O SENAI foi criado em 1942 e é considerado uma das maiores escolas de educação profissional do mundo, oferecendo cursos técnicos, de graduação e pós-graduação a preços acessíveis, uma vez que, embora seja uma instituição privada, realiza serviço de interesse público.
Segundo dados da CNI, o SENAI já formou mais de 73 milhões de trabalhadores em 28 áreas da indústria.
Relevância da Indústria para o Brasil
Classicamente a economia de um país é dividida em três setores: primário, secundário e terciário. O primeiro refere-se à extração de matérias-primas e a atividades realmente primárias, como agricultura e agropecuária. No terceiro setor estão compreendidas as atividades de compra e venda e realização de serviços: é o comércio do cotidiano, das relações interpessoais. O segundo setor é representado pela Indústria.
Conforme o último relatório da CNI, “para cada R$ 1,00 produzido na Indústria, são gerados R$ 2,43 na economia como um todo.” Segundo o mesmo relatório, o valor gerado nos outros grandes setores é menor: R$ 1,75 na agropecuária e R$ 1,49 no setor de comércio e serviços.
A Indústria é responsável por 20,4% do PIB brasileiro. Representa 69,2% das exportações de bens e serviços, 69,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e 33% da arrecadação de tributos federais (exceto receitas previdenciárias).
Atualmente, a Indústria brasileira emprega 9,7 milhões de trabalhadores formais, ou seja, 20,4% de todos os vínculos celetistas (contratos formais de trabalho, regidos pela CLT) vigentes no país.
REFERÊNCIAS
Institucional – Site da CNI.
Relatório “Importância da Indústria para o Brasil” – Site da CNI.
Sistema Indústria – Site da CNI.
Página “História do SESI – Site do SESIPR.