Bandeira do Brasil

Entenda o significado das cores da bandeira do Brasil

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O significado das cores da bandeira do Brasil refletem a história, cultura e aspirações do país. A bandeira foi criada em 19 de novembro de 1889, poucos dias após a Proclamação da República e carrega consigo diversos significados.

Neste texto, vamos explorar o significado das cores da bandeira, seus elementos e história. Continue a leitura!

Quais são os significados das cores e símbolos da bandeira do Brasil?

As quatro cores da bandeiraverde, amarelo, azul e branco – possuem significados históricos. Vale lembrar que o Brasil, como colônia de Portugal, recebia influência direta do país lusitano, assim como de sua cultura e história. Por esse motivo, a bandeira do Brasil, bem como suas cores e símbolos, têm raízes portuguesas. A seguir, mostraremos a explicação para cada um desses elementos.

Verde

Historicamente, ela está associado à Casa de Bragança, dinastia de Dom Pedro I, que governou o Brasil no período colonial. Essa cor também foi usada nas bandeiras dos primeiros povos lusitanos e, ao longo do tempo, tornou-se símbolo da luta dos portugueses contra os mouros. Em Portugal, o verde passou a representar a liberdade.

Posteriormente, o verde foi ressignificado para representar as matas exuberantes do Brasil, simbolizando esperança e paz.

Mais tarde, no Brasil república, o verde também representaria a Terra, responsável por nutrir e sustentar a humanidade. Ele também foi adotado como a cor predominante na bandeira religiosa do positivismo, reforçando a ideia de símbolo de progresso. Entenderemos mais sobre o que o positivismo tem a ver com a história da bandeira do Brasil adiante.

Amarelo

O amarelo foi incorporado ao brasão de armas de Portugal após a conquista de Algarve, simbolizando os castelos tomados dos mouros. Além disso, a cor homenageia a Casa de Habsburgo, família de Dona Leopoldina, esposa de Dom Pedro I.

Mais tarde, o amarelo foi ressignificado para representar as riquezas minerais do Brasil, especialmente o ouro, que era importante na economia colonial.

Além do significado material, o amarelo está associado ao sol, astro que nutre a vida. Poeticamente, ele é descrito como a luz que ilumina o corpo e o espírito do povo brasileiro.

Azul

O azul está ligado à esfera armilar, um importante símbolo de navegação usado pelos portugueses durante o descobrimento do Brasil. Ele remete ainda ao Condado Portucale, origem de Portugal, cuja bandeira foi escolhida por D. Henrique da Borgonha.

Um de seus significados posteriores é que a esfera azul simboliza o céu do Rio de Janeiro no momento da Proclamação da República (1889).

Mais tarde, o azul também passou a representar os anseios espirituais do povo brasileiro, simbolizando que os valores morais são tão importantes quanto os materiais. Poeticamente, é descrito como o céu abençoando o país, inundado de luares mágicos e enxames de estrelas.

Branco

A faixa branca que atravessa a esfera azul simboliza a paz e a união entre os estados brasileiros.

Assim como o azul, o branco também pode ser associado ao Condado Portucale. Atualmente, sintetiza os anseios de paz e concórdia.

Estrelas e Constelações

A esfera celeste azul contém um céu estrelado que representa o hemisfério sul visível no momento da Proclamação da República. As estrelas são organizadas em constelações, cada uma delas simbolizando um estado brasileiro. Entre as constelações destacadas estão:

  • Cruzeiro do Sul: esta constelação está associada à identidade nacional brasileira. Ela aparece em várias bandeiras de países do hemisfério sul, mas no caso do Brasil, o Cruzeiro do Sul é ampliado para enfatizar seu papel como guia e símbolo de unidade;
  • Estrelas e estados: cada estrela na bandeira representa um estado da federação, além do Distrito Federal. A escolha das estrelas e sua disposição no céu refletem critérios astronômicos e políticos.

Quando a República foi proclamada, o astrônomo Manuel Pereira Reis, que trabalhou no Observatório do Rio de Janeiro, foi chamado para determinar com precisão científica a disposição das estrelas. O Brasil é o único país cujo desenho da bandeira respeita a posição astronômica das estrelas.

Atualmente, existe uma normatização da bandeira do Brasil que foi estipulada pela Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971. Essa lei dispõe sobre os símbolos nacionais, sendo a Bandeira Nacional um desses símbolos. Sua última transformação foi realizada no dia 11 de maio de 1992, quando foram adicionadas estrelas que correspondem a Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins.

Origens e evolução da Bandeira do Brasil

A atual bandeira brasileira surgiu como uma resposta ao desejo de romper com o passado monárquico e estabelecer uma nova identidade republicana. No entanto, ela não foi uma criação completamente nova.

Primeira bandeira brasileira após a Independência

A primeira bandeira do Brasil, como país independente de Portugal, foi apresentada poucos dias depois do 7 de setembro de 1822. Suas cores foram escolhidas por D. Pedro I, e a execução do desenho foi realizada pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret, que se inspirou em modelos de bandeiras das tropas militares francesas durante os anos da Revolução Francesa.

Saiba mais: Como aconteceu a colonização portuguesa na América?

Além do fundo verde e do losango amarelo, na bandeira imperial podemos observar outros elementos:

  • Galhos de plantas: representam o café e o tabaco, fundamentais para a economia brasileira;
  • Coroa: simboliza a coroa imperial utilizada pelos monarcas brasileiros;
  • Esfera armilar: importante instrumento de navegação, reflete a influência portuguesa;
  • Cruz: representa a Ordem de Cristo e a Igreja Católica, religião oficial do Império;
  • Estrelas: simbolizam as províncias do Império Brasileiro, equivalentes aos estados atuais.
Texto: Entenda o significado das cores da bandeira do Brasil
Primeira bandeira do Brasil após sua independência de Portugal. Imagem: Wikipédia.

Atual bandeira brasileira

A atual bandeira do Brasil foi apresentada no dia 19 de novembro de 1889, apenas quatro dias após o fim da monarquia. As cores verde e amarelo, herança do período imperial, foram mantidas para preservar a continuidade histórica e evitar um rompimento abrupto com as tradições nacionais, mas outros detalhes foram alterados. 

Veja também: 7 de setembro: entenda a Independência do Brasil

Essa decisão foi tomada apesar das tensões entre monarquistas e republicanos, que viam na bandeira imperial um símbolo de opressão.

Conforme conta o historiador Clóvis Ribeiro no livro Brasões e Bandeiras do Brasil (1933), o próprio marechal Deodoro da Fonseca, que proclamou a República e se tornou o primeiro presidente do Brasil, quis que a nova bandeira mantivesse referências à anterior.

A nova bandeira foi projetada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, e inspirada na Bandeira do Império Português.

Influência positivista

A influência positivista foi extremamente importante no design final da bandeira. Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, que eram positivistas, buscaram criar um símbolo que representasse o legado histórico do Brasil  e as aspirações modernas da República.

Eles também se opuseram firmemente à bandeira da República Provisória, semelhante à dos Estados Unidos, utilizada oficialmente por apenas quatro dias, de 15 a 19 de novembro de 1889. A ideia partiu de Ruy Barbosa, mas, na visão dos positivistas brasileiros, essa bandeira sugeriria uma filiação ideológica ou cultural indesejada.

Teixeira Mendes justificou o descarte desse modelo, afirmando:

“O nosso intuito era evitar que se instituísse um símbolo nacional com o duplo inconveniente de fazer crer em uma filiação que não existe entre os dois povos, e de conduzir a uma imitação servil daquela república.”

Decreto que instituiu a bandeira brasileira

Publicado em 19 de novembro de 1889, o decreto que instituiu o atual desenho da bandeira destaca a importância das cores e dos símbolos adotados. O texto cita expressamente que:

“As cores da nossa antiga bandeira recordam as lutas e as vitórias gloriosas do nosso exército e da armada na defesa da pátria.”

Além disso, reforça que:

“Essas cores, independentemente da forma de governo, simbolizam a perpetuidade e integridade da pátria entre outras nações.”

O Artigo 1º do decreto estabelece:

“A bandeira adotada pela República mantém a tradição das antigas cores nacionais – verde e amarelo – do seguinte modo: um losango amarelo em campo verde, tendo no meio a esfera celeste azul, atravessada por uma zona branca, em sentido oblíquo e decrescente da direita para a esquerda, com a legenda ‘Ordem e Progresso’ e pontuada por vinte e uma estrelas, entre as quais as da constelação do Cruzeiro, dispostas na sua situação astronômica, quanto à distância e ao tamanho relativos, representando os vinte Estados da República e o município neutro.”

O lema positivista “Ordem e Progresso” e suas críticas

A frase “Ordem e Progresso”, escrita em letras verdes na faixa branca, é uma das contribuições mais marcantes do positivismo à bandeira brasileira.

Inspirada na filosofia de Auguste Comte, ela resume os princípios fundamentais do positivismo, que são o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim.

O positivismo é uma doutrina filosófica originada no Iluminismo, consolidada por Augusto Comte (1798-1857). Comte, influenciado pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa, desenvolveu uma filosofia que buscava explicar os fenômenos sociais através da ciência, criando a “física social”, que mais tarde se tornou a sociologia. Ele propôs um método científico baseado na observação e na formulação de leis gerais para prever fenômenos sociais.

Comte elaborou a Teoria dos Três Estados, que descreve a evolução da humanidade através de três estágios: teológico (baseado em crenças religiosas), metafísico (baseado em abstrações filosóficas) e positivo (científico), sendo este último o ápice do desenvolvimento humano, onde a ciência domina todos os aspectos da vida. A sociedade industrial, segundo Comte, deveria ser guiada pelo conhecimento científico, descartando dogmas religiosos.

O lema o positivismo foi proposto por Benjamin Constant, um dos idealizadores da República, que afirmou na época:

“A República não podia encontrar melhores luzes do que na religião que se resume na fórmula: o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim; nem melhores guias do que nós.”

A nova bandeira brasileira, no entanto, gerou controvérsias, especialmente por conta do lema “Ordem e Progresso”.

Uma das principais objeções foi que o lema representava uma imposição positivista, ignorando símbolos históricos e religiosos, como os da Igreja Católica, que era a religião oficial de Portugal na época colonial.

Outras críticas incluem erros astronômicos na disposição das estrelas, e alegações de que a bandeira era um símbolo revolucionário, incapaz de unir todos os brasileiros.

O inventor do avião, Santos Dumont, também manifestou insatisfação com a bandeira nacional.

Durante suas experiências com a aviação, ele se recusava a usar a bandeira do Brasil, optando por uma flâmula verde e amarela.

Dumont justificava sua escolha, alegando que a bandeira brasileira era sectária e que:

“Longe de exprimir o pensamento geral da nação brasileira, é o emblema de uma seita e nada mais.”
(Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 27.11.1906).

Todas as bandeiras que o Brasil já possuiu

  • Ordem de Cristo (1319-1651): primeiro símbolo hasteado no Brasil, estampado nas velas das caravelas de Cabral;
  • Bandeira Real (1500-1521): criada por João II, tinha estandarte branco com o brasão de armas de Portugal;
  • Bandeira de Dom João III (1521-1616): usada durante o reinado de Dom João III, marcou expedições colonizadoras e criação dos Governos Gerais;
  • Bandeira do Domínio Espanhol (1616-1640): criada por Felipe II, a Bandeira do Domínio Espanhol manteve elementos portugueses e simbolizou a ocupação espanhola em Portugal. Durante o período que essa bandeira foi utilizada no Brasil, ocorreram as invasões holandesas no Nordeste e o início da expansão bandeirante;
  • Bandeira da Restauração (1640-1656): criada após a restauração portuguesa, incluía borda azul em referência à padroeira de Portugal;
  • Bandeira do Principado do Brasil (1645-1816): primeira bandeira exclusiva para o Brasil, mas sem caráter nacional;
  • Bandeira de Dom Pedro II (1683-1706): introduziu o retângulo verde, presente na atual bandeira;
  • Bandeira Real do Século XVII (1600-1700): criada por Dom Pedro II, incluiu corrente e a cruz da Ordem de Cristo;
  • Bandeira do Reino do Brasil (1815-1822): criada após a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve;
  • Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1816-1821): representou o Brasil com a esfera azul e acompanhou eventos como a Revolução Pernambucana;
  • Bandeira do Regime Constitucional (1821-1822): última bandeira portuguesa no Brasil, vigente no Grito do Ipiranga;
  • Bandeira Imperial do Brasil (1822-1889): surgiu no governo de Dom Pedro I e simboliza a independência política do Brasil. O café e o tabaco representam a riqueza do país, enquanto as 19 estrelas representam as províncias da época;
  • Bandeira Provisória da República (15-19 de novembro de 1889): instituída por quatro dias após a Proclamação da República, lembrava a bandeira dos Estados Unidos e foi rapidamente substituída;
  • Bandeira Nacional (19 de novembro de 1889 – atual): criada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, desenhada por Décio Vilares, substituiu a bandeira imperial e é utilizada até hoje.

Segue imagem das bandeiras em ordem cronológica:

Texto: Entenda o significado das cores da bandeira do Brasil

Ordem cronológica das bandeiras do Brasil, iniciando de cima para baixo, da esquerda para direita, na sequência. Imagem: Politize!.

Referências

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Conteúdo escrito por:

Júlia Christina Gírio Gonçalves

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!.
Gonçalves, Júlia. Entenda o significado das cores da bandeira do Brasil. Politize!, 12 de fevereiro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/cores-da-bandeira-do-brasil/.
Acesso em: 20 de fev, 2025.

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