Cristóvão Colombo: explorador ou conquistador?

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Em 2021, a estátua de Cristóvão Colombo foi retirada da Cidade do México e substituída por um monumento à mulher indígena. Este acontecimento acendeu o debate acerca da descoberta da América e do papel de desbravador e herói que Colombo tinha na história.

Mas este questionamento já é feito a longa data por povos indígenas e ativistas, que entendem que a descoberta, na verdade, foi um genocídio dos povos nativos, através da escravidão e imposição cultural.

Para compreender a história, é importante analisar e investigar o papel de Colombo, os interesses políticos e da realeza e as motivações acerca da exploração de novas terras.

Acompanhe este texto da Politize! para entender mais sobre o tema.

Quem foi Cristóvão Colombo?

Monumento Cristóvão Colombo, na Espanha.
Monumento Cristóvão Colombo, na Espanha. Imagem: Pixabay.

Existem algumas controvérsias em relação ao seu mês exato de nascimento, mas sabe-se que Cristóvão Colombo nasceu em meados de 1451, na cidade de Gênova, na Itália. Formado em cartografia e navegação, iniciou sua carreira realizando viagens comerciais para famílias da nobreza em Génova.

Colombo em suas viagens comerciais pela família Di negro e Spinola e pela família Centurione, explorou diversas regiões e países, tendo passado pelo mar Egeu, Inglaterra, Islândia e Portugal, onde nesta última fixou residência pelos próximos anos devido a seu casamento com Felipa Moniz Perestrello.

Foi em Portugal, por volta de 1480 que Colombo iniciou seus desenhos de mapas e planejou uma viagem ao Oriente através de novas rotas. Existem registros de cartas entre Paolo Toscanelli e Cristóvão Colombo, onde através de seus estudos puderam concluir que a terra seria uma esfera e que a melhor maneira de chegar no Oriente, seria navegando a Oeste.

Embora exista um romantismo criado na história a respeito da descoberta da América, os fatos e registros históricos nos indicam que a chegada na América teve um enredo bem mais complexo, baseado em interesses políticos, na exploração de novas terras, expansão dos negócios comerciais marítimos e erros de cálculos de navegação.

Veja também nosso vídeo sobre o “descobrimento” do Brasil!

O início das viagens de Colombo

Apesar de sua forte convicção em seus estudos e teorias, e ter elaborado um projeto bem estruturado para iniciar sua exploração e navegação em novas rotas, Colombo precisava do apoio e financiamento para concretizar seus planos.

Em 1484, solicitou apoio a Dom João II, rei de Portugal que recusou fornecer apoio, por acreditar existirem grandes riscos e estar focado em navegar até à Índia na rota contrária proposta por Colombo, após assinatura do Tratado de Alcáçovas.

Após diversas tentativas junto a Portugal, em 1485 Colombo mudou se para a Espanha e buscou apoio no rei Fernando de Aragão e na rainha Isabel de Castela, tendo tomado ciência de suas grandes devoções religiosas, trouxe ao seu projeto uma perspectiva mais religiosa e apesar da atenção despertada, devido ao momento político atual da Espanha, que se encontrava em guerra com os mouros, lhe foi negado o apoio.

Desta forma, Colombo buscou apoio ainda na Inglaterra e na França, mas em 1492 foi convidado novamente pelo rei Fernando, onde os termos para seu projeto foram analisados e após longa discussão do conselho real, concordaram em apoiar a navegação em financiamento conjunto com os banqueiros.

Para esta empreitada, foi assinada as Capitulações de Santa Fé, na qual Colombo, ao ter sucesso, teria direito a se tornar vice-rei das terras descobertas, governador dos novos territórios, tomar parte de todos os lucros obtidos e obter o título de Almirante.

Colombo: As quatro viagens e a chegada à América

Em agosto de 1492, com uma tripulação de 88 homens e três embarcações: Santa Maria, e duas caravelas menores, Pinta e Nina, Colombo partiu. Após quase dois meses de viagem, com a tripulação desacreditada de encontrar novas terras, avistaram as primeiras ilhas de sua longa jornada.

A primeira ilha avistada faz parte atualmente das Bahamas, a qual foi batizada por ele como San Salvador, apesar de ser nomeada pelos nativos locais como Guanahani, em seguida desembarcou no Haiti e República Dominicana que a batizou de Hispanola.

Tendo acreditado ter chegado na Ásia, Colombo se referiu aos nativos como índios e registros históricos de sua excursão, apontam seu interesse em escravizá-los, tendo ainda segundo estes registros, sequestrados alguns nativos a fim de demonstrá-los aos reis espanhóis.

Após retornar da primeira viagem, Colombo recebeu então a concessão de seus direitos e foi incumbido de retornar às novas terras para sua colonização e seguir explorando novas terras. Partindo com religiosos, fidalgos e servidores reais chegaram nas Antilhas, Porto Rico e Jamaica, fundando posteriormente após colonização a primeira povoação europeia na atual República Dominicana.

Sua terceira e quarta viagem marcam o fim da trajetória, onde após muita intriga política, descontentamento por colonizadores que não conseguiram obter fortunas e indignação da realeza com a baixa conversão dos nativos ao cristianismo e com a quantidade de nativos escravizados, foi destituído de seus cargos, tendo recebido terras e patrimônio considerável para seguir com sua vida, entretanto, sem mais apoio para suas navegações e explorações.

Mas a América foi descoberta?

Quem eram os Taínos e qual relação eles têm com a descoberta da América? Esta é uma das reflexões na discussão sobre a descoberta da América. Afinal, segundo registros e pesquisas históricas, os Taínos seriam um dos povos nativos da região do Caribe.

Ao desembarcarem no Caribe, os espanhóis esperavam encontrar ouro e especiarias, mas se depararam com a escassez de riquezas de seus interesses e focaram em utilizar os nativos locais como seus recursos, segundo mostram registros iniciais de Colombo, o tráfico de escravos seria oportuno para aquele local.

Os Taínos foram considerados extintos, pois seu povo após colonização dos espanhóis foi submetido a trabalhos pesados, na exploração de ouro, canaviais e abatidos pelas doenças desconhecidas trazidas pelos estrangeiros tendo sofrido então com sua suposta extinção.

Entretanto, ao que tudo indica, alguns nativos conseguiram se refugiar nas montanhas e hoje seus descendentes consideram que a descoberta da América foi, na verdade, um genocídio, considerando que além de escravizados e levados a morte, foram apagados da história e de registros históricos. Por isso, lutam, para que a história seja contada em outra perspectiva.

Debates históricos

A chegada de Colombo ao “Novo Mundo” marcou o início de uma era de explorações e descobertas que expandiu horizontes geográficos da Europa, tendo avanços significativos nos conhecimentos e estudos da navegação. Mas apesar de ser considerado um desbravador e herói em algumas nuances da história, por outro lado, também é apontado como um conquistador implacável.

Por um lado, se tem a visão da descoberta da América, como um feito de Colombo que contribuiu para a navegação e geografia, se salienta sua resiliência e coragem, em explorar novas terras e contribuir para expansão dos povos.

Por outro lado, muitas comunidades indígenas e ativistas pedem que Cristóvão Colombo seja lembrado também pelo sofrimento que trouxe através da escravidão, das mortes intencionais ou não intencionais devidos as doenças trazidas pelos espanhóis, não tendo os nativos o tratamento adequado para tais e a destruição cultural causada através da imposição da cultura e da religião europeia sobre os povos indígenas.

E para você, após analisar os fatos e debates sobre o tema, qual foi o papel e a contribuição de Cristóvão Colombo para a história? Deixe a sua opinião nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Professora e Palestrante, uma curiosa por novos aprendizados e experiências. Pedagoga e especialista em Diversidade e Gestão de Pessoas, apaixonada em produzir conteúdos relevantes para as pessoas.

Cristóvão Colombo: explorador ou conquistador?

15 set. 2024

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