(Imagem: CEERT.ORG)
Com certeza você sabe que o Brasil é um país multicultural, certo? No entanto, a educação aplicada nas escolas não reproduz essa diversidade cultural. A cultura e identidade negra durante anos foi escondida e vista com preconceito e até hoje, não possui o mesmo espaço que as demais culturas nos espaços de educação formais.
Sabemos que a cultura e identidade negra na escola ainda enfrenta diversos empecilhos, como o preconceito e da falta de conhecimento e acesso à história do Brasil completa, contada pelos dois lados, colonizadores e colonizados. Há múltiplas histórias a serem contadas, muitas das quais a sociedade não está ciente.
Neste post o Politize! explica por que a cultura e identidade negra é um transformador social e cultural, que ajuda inserir o outro lado da história não contada nos livros e nas escolas!
Formação das identidades sociais
A cultura está entrelaçada com a formação das identidades sociais, afinal é por meio da educação formal e informal que se aprende sobre os signos das representações culturais e a formação identitária. Dessa forma, a escola é um dos espaços em que a cultura é aprendida, além de possuir o poder de valorizar ou estigmatizar determinadas formações culturais. Assim, a presença da cultura e identidade negra na escola é fundamental para garantir a sensação de representação/pertencimento àquele espaço.
Discutir a real importância da cultura e identidade negra na escola é resgatar a auto estima e criar novas perspectivas na forma do cidadão enxergar-se como igual aos demais. Dessa maneira, cria-se um âmbito escolar em que os professores atuem como agentes construtores e empoderadores das questões étnicas, no que diz respeito ao resgate da história e sua contribuição na formação do país e do cidadão.
A escola e identidade
Há faces da história brasileira que não são devidamente apresentadas para a população, especialmente em livros didáticos e também nas salas de aulas. A população negra, que por séculos foi subjugada pela colonização, sendo escravizada e desqualificada como etnia, nos dias atuais ainda é excluída por padrões exigidos pela sociedade.
No ambiente escolar público e privado dos ensinos fundamental e médio, nota-se a falta de compatibilidade que muitas vezes há do aluno, principalmente, de etnia negra a identificação de seus ancestrais, signos e referências. A parte da história negra que é contada, não relata sua essência, mas sim a visão do colonizador sobre os acontecimentos.
Porém através das lutas do movimento negro ao longo do tempo, houve o aumento da valorização e reconhecimento da participação da cultura africana na construção da sociedade, fato que pode condicionar a ampliação dos horizontes dos alunos quanto à aceitação, reconhecimento e aprendizado.
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Cultura e identidade negra como tabu!
A cultura e identidade negra na escola sempre foi um tabu a ser quebrado, algo que durante muitos anos foi escondido da sociedade, em especial nas escolas, seja nas expressões culturais ou em outras formas. Atualmente, há uma crescente valorização da cultura negra e percepção da necessidade de conceder espaço a ela nos espaços formais de educação.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o percentual de autodeclarados negros foi de 54,9%, entre pardos aumentou de 45,3% para 46,7% e, pretos de 7,4% para 8,2%, De acordo com a responsável pela pesquisa, Maria Lucia Vieira, isso está relacionado ao “reconhecimento da população negra em relação à própria cor, que faz mais pessoas se identificarem como pretas”.
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Cultura e identidade negra na escola e suas referências históricas
A desvalorização na história das pessoas negras do Brasil na escola é constante – e suas referências históricas, na maioria dos casos, estão sempre subjugadas ou conformadas com a escravização.
A narração quase sempre é de como o povo negro foi raptado de suas terras e obrigado a trabalhar sob péssimas condições. No entanto, seu trabalho não é creditado, ainda atribui-se aos colonizadores os méritos da construção do país, evidenciando o estilo cultural e étnico europeu.
Contudo, a existência do racismo na escola já é algo reconhecido por uma ampla parte da sociedade, e a luta contra o racismo institucional é uma das principais bandeiras do movimento negro.
Mesmo com o advento da lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira, muitas escolas ainda não conseguiram implementá-la, esta situação pode ser lida como resultante de um racismo estrutural ainda existente na escola, ou a falta de suporte e formação dos professores para trabalhar com as temáticas exigidas na lei apresentada.
A busca para adentrar na realidade dos adolescentes que vivem em dilemas conflitantes em seu dia a dia, por causa da questão racial, é importante porque estes em muitos casos, não se identificam como negros(as), já que a forma como a beleza e cultura negra ainda é estereotipada e inferiorizada pelas demais.
Conseguiu entender a importância da cultura e identidade negra nas escolas? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!
REFERÊNCIAS
IBGE, Diretrizes e Bases da Educação Nacional.