Certamente você já ouviu falar nos termos deepfake e fake news. Diferentemente das notícias falsas que podem ser imagens ou textos, as deepfakes são vídeos reais manipulados, de modo que faça parecer que alguém disse ou fez algo que não disse ou não fez.
Em seu significado mais amplo, é uma tecnologia que se utiliza de inteligência artificial para produzir vídeos de conteúdo enganoso, prejudicando assim a pessoa, seja ela uma pessoa pública ou não.
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Veja também: Por que caímos em fake news?
O que é preciso para criar deepfakes?
Basicamente, para a criação de uma deepfake é necessária uma combinação de técnicas de redes neurais com técnicas de computação. Devido à grande quantidade de dados espalhados na rede, essa técnica consegue sintetizar imagens e vídeos de modo bem realista e ainda criar uma reprodução perfeita da voz.
Atualmente, existe uma série de ferramentas móveis que podem realizar deepfake. Essa facilidade é preocupante, pois a maioria das produções são destinadas à satirização e à disseminação de notícias falsas.
Veja também nosso vídeo sobre fake news!
Como são criadas as deepfakes?
Para a criação de uma deepfake, o programador utiliza uma software de código aberto. São fornecidos a ele vídeos da pessoa que será o alvo de conteúdo enganoso. A inteligência artificial processa os dados criando os vídeos e as falas de modo sincronizado, imitando movimentos e sonoridade da voz.
Para muitos, os avanços trazidos pela criação dessa técnica é exponencial e, sem dúvida, os maiores beneficiados foram as industrias de entreteinimento, adquirindo a capacidade de produzir cenas de filmes e séries com maior qualidade.
Contudo, a facilidade e disponibilidade de aplicativos livres que permitem a criação de deepfakes é ainda mais alarmante porque a maioria das deepfakes produzidas são usadas para divulgar fake news, principalmente sobre figuras públicas. Como por exemplo aconteceu nas eleições americanas, onde temos o ex-presidente Obama chamando Trump de um “completo merda”.
Segue um trecho da notícia:
Alguns vídeos falsos ganharam notoriedade, como o que mostra o ex-presidente Obama chamando o ex-presidente Donald Trump de “um completo merda”. Na metade do vídeo, revela-se que Obama não pronunciou tais palavras, as quais foram ditas, na verdade, pelo diretor e escritor Jordan Peele, cuja voz e boca haviam sido inseridos em um vídeo original do ex-presidente.
No Brasil, um dos exemplos de deepfake foi um vídeo da apresentadora Renata Vasconselos no Jornal Nacional quando mostrava dados da pesquisa de intenções de voto realizada pelo IPEC. No vídeo adulterado, o então presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro aparecia com 44% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente Lula surgia em segundo lugar com 32%. Assista ao vídeo!
Na fala original, quem estava à frente nas pesquisas era o ex-presidente Lula, e em segundo lugar, com 32% das intenções de voto Jair Bolsonaro.
Veja também nosso vídeo sobre a polarização entre Lula e Bolsonaro!
Dessa forma, podemos considerar toda e qualquer forma de divulgação de notícias falsas como um ataque à democracia, pois, baseando-se em informações incertas, muitos dos eleitores não sabem distinguir fake news, e acabam influenciados pela informação falsa.
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Qual o impacto das deepfakes nas eleições?
Partindo de um ponto de vista mais pessimista, é posssível dizer que as deepfakes impactam diretamente a sociedade, principalmente durante o período eleitoral.
Imagine que um candidato à presidência da República muito aceito pela população seja vítima de uma deepfake. Digamos que, no vídeo falso, ele diz não gostar de gente de pele escura, o que seria configurada como uma fala racista.
Ao ver o vídeo, os eleitores irão julgá-lo e, de imediato, mudar sua mentalidade a respeito do candidato. Isso acontece porque a maioria das pessoas não checam a veracidade da informação. Além disso, há um alto índice de compartilhamento de informações falsas, o que afetará diretamente os resultados das votações.
É importante lembrar que práticas assim nem sempre são realizadas por eleitores ou cidadãos comuns, mas podem ser realizadas também por partidos contra candidatos riviais, na tentativa de obter vantagem sobre eles.
O que pode ser feito para combater as deepfakes?
Diante da grande quantidade de notícias falsas, algumas medidas foram tomadas para tentar amenizar os impactos causados. Empresas como Facebook e Microsoft criaram um mecanismo que busca identificar notícias falsas.
Veja também: Lei das Fake News: o que é?
O Facebook foi ainda mais longe, retirando do ar vídeos identificados como notícias falsas, exceto aquelas que têm a função de causar humor. É um meio, também, de educar os eleitores diante dessa nova ameaça.
Para identificar uma deepfake o primeiro passo a que devemos nos atentar é observar se o contorno do rosto está realmente ajustado em 100%, se há desvios nos olhos ou separação entre os dentes e se as cores estão diferentes, ou se acontece variação das cores quando houver movimentos no vídeo.
Para melhor analisar as informações contamos também com o trabalho realizado por uma série de agências checadoras de informações, cujo objetivo é identificar notícias falsas, ou notícias alteradas. Dentre elas podemos destacar:
- Agência Lupa;
- Aos Fatos;
- Fato ou Fake;
- Comprova;
Diante disso, todos os jornalistas devem estar comprometidos com a checagem de notícias falsas, e os eleitores podem checar as notícias sobre seus respectivos candidatos buscando em um desses sites acima.
Conseguiu entender o que é uma deepfake? O que achou do tema? Conte-nos nos comentários!