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Dia do cinema brasileiro: história, marcos e filmes marcantes

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Você sabia que o mês de junho tem uma data dedicada a comemorar o dia do cinema brasileiro?

Você já deve ter assistido a um filme e ficou admirado vendo a magia acontecer. Nos envolvemos em histórias que fazem sentir alegria, tristeza, medo e outras emoções. O cinema não é apenas uma expressão artística cultural, mas também uma forma de representar cada um de nós, permitindo que a gente possa se identificar com alguma cena.

As produções nacionais vêm ganhando cada vez mais espaço no audiovisual, e, no dia do cinema brasileiro, é importante lembrar o papel significativo que o cinema desempenha na representação dos aspectos sociais do nosso país.

Venha embarcar conosco na história do cinema nacional!

História do cinema brasileiro

O cinema no Brasil iniciou em 1896 com a primeira sessão de exibição no Rio de Janeiro, pouco tempo após a primeira exibição pública dos irmãos Lumière, Louis e Auguste, que projetaram um filme através do cinematógrafo, máquina que criaram, em Paris.

Em 1908, surgiu o filme “Os Estranguladores” de Francisco Marzullo, considerado um dos primeiros filmes de ficção brasileiros. Já em 1914, foi realizado o primeiro longa-metragem no Brasil, “O Crime dos Banhados”, dirigido por Francisco Santos.

Na década de 1920, o cinema passou a ser realizado em diversas partes do país, como Recife (PE), Cataguases (MG), Belo Horizonte (MG), Taubaté (SP), Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS). Além disso, surgiram os primeiros cineastas independentes, como Humberto Mauro.

No Rio de Janeiro, em 1930, foi fundada a Cinédia, uma das primeiras grandes produtoras de cinema do Brasil. Um dos filmes produzidos no estúdio foi “Ganga Bruta” (1933) de Humberto Mauro. No mesmo ano, foi lançado “Coisas Nossas”, o primeiro longa-metragem brasileiro a conter não apenas música, mas também vozes e ruídos. Um ano antes, havia se propagado o cinema sonoro, e o pioneiro desse grupo foi a comédia “Acabaram-se os Otários” (1929), de Luiz de Barros.

Ainda em 1930, um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos permitia que filmes americanos viessem para o nosso país sem precisar pagar taxa de produto importado. Isso fortaleceu o cinema de Hollywood, mas enfraqueceu o cinema brasileiro por falta de investimento.

Com a popularização das chanchadas, gênero das comédias musicais, a Cinédia trouxe a dupla de humoristas Oscarito e Grande Otelo, grandes nomes da década de 40 e 50. Os atores estrearam no cinema em 1935 com “Noites Cariocas” e conquistou o público com a paródia de “Romeu e Julieta” no filme “Carnaval no Fogo” (1949).

Imagem de um homem branco ou pardo, em pé, rodeado de materiais antigos de filmagem. Está de chapéu simples, usa um colete preto e calça clara, tem bigode e está sério. Texto: Dia do cinema brasileiro: história, marcos e filmes marcantes
Affonso Segretto, 1909. Imagem: Arquivo Nacional, fundo Família Ferrez.

Cinema Novo (1960-1970)

O período foi marcado por uma quebra de várias regras cinematográficas. O movimento, influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, inspirou os cineastas brasileiros a unirem essas ideias para criarem seus próprios filmes. Nomes como, Glauber Rocha (1939-1981) e Nelson Pereira dos Santos (1928 – 2018) produziram obras que incorporavam a estética da fome.

O Cinema Novo tinha uma temática de denúncia, buscando retratar a realidade social e política do Brasil. Um dos filmes mais famosos dessa época é “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964).

Embora reconhecido por sua relevância artística, o Cinema Novo também foi criticado por sua desconexão com o público geral, sendo muitas vezes considerado de compreensão difícil.

Seus filmes, com uma linguagem cinematográfica mais experimental, repleta de metáforas, simbolismos e uma narrativa mais lenta, eram bastante diferentes das produções convencionais, o que dificultava a compreensão e o apelo para uma audiência mais ampla.

No cinema marginal, o objetivo era fazer filmes de baixo custo e experimentais, testando novas narrativas. Nesse período, foi criada a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), uma instituição que apoiava a produção cinematográfica no país.

Crise e retomada (1980-2000)

Nos anos 1980, devido à crise da dívida externa, o Brasil produziu poucos filmes, e o cinema brasileiro enfrentou uma grande crise. Em 1990, durante o governo Collor, a situação se agravou com a extinção da Embrafilme, do Conselho Nacional de Cinema (CONCINE), da Fundação do Cinema e até do Ministério da Cultura. A crise foi tão severa que, em 1992, apenas um filme foi lançado: “A Grande Arte”, dirigido por Walter Salles.

No entanto, após esse período, surgiram leis de incentivo que ajudaram a revitalizar o cinema brasileiro. A Lei do Audiovisual (nº 8.685), de 1993, e a criação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 2001, foram marcos importantes dessa retomada. Um dos primeiros filmes a simbolizar essa nova fase foi “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” (1995), de Carla Camurati.

Outro marco importante da retomada foi “Central do Brasil” (1998), dirigido por Walter Salles. O filme se tornou um clássico e acumulou 17 prêmios em 16 eventos internacionais. No Oscar, foi indicado nas categorias de “Melhor Filme Estrangeiro” e “Melhor Atriz” para Fernanda Montenegro.

No Globo de Ouro, venceu como “Melhor Filme Estrangeiro”, e Fernanda Montenegro foi indicada como “Melhor Atriz em Filme Dramático”. No Festival de Berlim, a atriz ganhou o “Urso de Prata”. Além disso, o filme foi reconhecido no BAFTA (British Academy Film Awards) como “Melhor Filme Estrangeiro”.

Vale ressaltar que nesse período foi criada a Globo Filmes, uma divisão da empresa Globo dedicada à produção e coprodução de filmes brasileiros. A empresa investiu significativamente no audiovisual e produziu diversos filmes que alcançaram grande sucesso de bilheteria, como a comédia de Paulo Gustavo, “Minha Mãe é uma Peça 3” (2019), que atraiu mais de 11 milhões de espectadores aos cinemas.

Cinema contemporâneo (2000-presente)

A pós-retomada do cinema brasileiro trouxe uma variedade de produções, abordando diferentes gêneros e temas, com sucesso tanto de público quanto de crítica. O longa Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, é um exemplo marcante, recebendo quatro Oscars: melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor direção de fotografia e melhor edição. Também recebeu o Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro.

Outros filmes que obtiveram sucesso e abordaram questões sociais e políticas incluem Carandiru” (2003), de Hector Babenco, “Tropa de Elite” (2007) de José Padilha, “Que Horas Ela Volta?” (2015), de Anna Muylaert. O cinema brasileiro também conquistou o público com produções voltadas para o entretenimento, como as comédias de Paulo Gustavo e os romances que exploram aspectos culturais de forma leve, sem um tom de crítica social direta. Um exemplo disso é o filme “Se Eu Fosse Você” (2006), estrelado por Tony Ramos e Glória Pires, que combina humor e reflexão sobre as relações humanas. Produções como “O Tempo e o Vento” (2013), baseadas na obra de Érico Veríssimo, exploram a história e os valores tradicionais do Brasil, oferecendo uma visão distinta das narrativas de denúncia.

Em 2013, o cinema brasileiro bateu recordes de lançamento de longas-metragens e bilheterias, com 127 filmes lançados, dos quais nove ultrapassaram a marca de um milhão de espectadores. Apesar dos avanços, a pós-retomada ainda enfrenta desafios, como a necessidade de diversificar os gêneros cinematográficos além da comédia e do drama.

E o dia do cinema brasileiro?

Em 19 de junho de 1898, foram feitas as primeiras imagens em movimento no Brasil, filmadas por Alfonso Segreto (1875-1919), considerado o primeiro cinegrafista brasileiro. A obra intitulada “Uma vista da Baía de Guanabara”, de menos de um minuto, com imagens da entrada da baía, quando estava a bordo do navio francês Brésil.

Esse dia foi um marco no audiovisual e, por isso, foi escolhido para ser comemorado como o Dia do Cinema Brasileiro.

Atualmente, não há registro do filme porque o material produzido era muito frágil e se perdeu com o tempo. No entanto, recortes de jornais da época informando sobre o acontecimento servem como testemunho. Além disso, o Arquivo Nacional possui 24 fotogramas da filmagem de Segreto.

Cinema Negro

A história do cinema nacional tem muito a contar sobre o cinema negro. Cineastas e artistas negros têm desempenhado uma luta pela representação em um cenário historicamente dominado por narrativas brancas.

Desde o início do cinema brasileiro, os papéis destinados a atores negros eram limitados e, muitas vezes, reduzidos a personagens secundários ou estereotipados.

Zózimo Bulbul (1937-2013) é considerado um dos pioneiros do movimento de cineastas negros no Brasil. Ele se destacou com obras como “Alma no Olho” (1973), um filme que não apenas refletia questões raciais, mas também questionava as estruturas de poder no país.

Outro nome fundamental é Adélia Sampaio, que se tornou a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, com “Amor Maldito” (1984). Inspirado em fatos reais, o filme provoca reflexões ao abordar o tema LGBTQIA+ em uma época em que esse debate era ainda mais marginalizado.

A partir dos anos 2000, o cinema negro começou a ganhar mais visibilidade. Um exemplo recente é o filme “Medida Provisória” (2022), dirigido por Lázaro Ramos, que alcançou a segunda maior bilheteria do ano, com 408 mil espectadores, evidenciando o interesse do público por narrativas negras.

O cinema negro brasileiro continua lutando por espaço e enfrentando desafios, tanto na frente quanto atrás das câmeras. Um exemplo dessa luta é o curta-metragem “SANKOFA: o filme”, com direção de Deivison Chioke. A obra de ficção se passa em Porto Seguro e acompanha Aqualtune, uma escritora afrodescendente que enfrenta seus conflitos internos em busca de respostas sobre seu passado ancestral.

Jovens cineastas negros, como Deivison Chioke, estão cada vez mais comprometidos com a produção audiovisual como uma forma de reconhecimento da herança africana no Brasil. Segundo Chioke,

“Se pensarmos o cinema como registro e uma ferramenta cultural de como um povo se vê, o Brasil está muito atrás quando pensamos em cinema negro. ‘SANKOFA’ é um projeto que agrega em si a formação educacional audiovisual, visando produção, distribuição e poder de criação de profissionais pretos”.

Esses esforços demonstram que, apesar dos obstáculos, o cinema negro no Brasil segue em frente, construindo narrativas que desafiam estereótipos e ampliam a representatividade.

Filmes que contam a história política do Brasil

O cinema brasileiro também têm sido uma ferramenta para reflexão, destacando momentos importantes sobre a história política do nosso país. Abaixo, você vai conhecer alguns filmes que marcaram o cinema nacional.

Terra em Transe (1967)

Dirigido por Glauber Rocha (1939-1981), este filme é um dos maiores clássicos do Cinema Novo. “Terra em Transe” explora como um líder conservador, religioso e autoritário chega ao poder em Eldorado, um país fictício, por meio de um golpe de Estado. A obra é uma crítica ao autoritarismo e às elites políticas da época.

O que é isso, companheiro? (1997)

Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, o filme é dirigido por Bruno Barreto e narra a história do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick (Alan Arkin).

O sequestro é realizado por um grupo de guerrilheiros que lutavam contra a ditadura militar na década de 1960. O elenco conta com os atores Pedro Cardoso, Selton Mello e Fernanda Torres. A produção oferece uma visão crítica sobre o regime militar.

Getúlio (2014)

A obra retrata os últimos dias do ex-presidente Getúlio Vargas, resultando em seu suicídio em 1954.

Dirigido por João Jardim, o filme propõe uma análise sobre a pressão política e as intrigas dos últimos dias de vida de Vargas, oferecendo uma visão detalhada dos bastidores do poder e dos desafios enfrentados por ele ao tentar manter-se no poder e provar sua inocência no atentado sofrido pelo jornalista de oposição ao governo, Carlos Lacerda.

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Conteúdo escrito por:
Baiana, jornalista em formação pela UFSB, apaixonada por filmes e séries.
Valiense, Karina. Dia do cinema brasileiro: história, marcos e filmes marcantes. Politize!, 16 de dezembro, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/dia-do-cinema-brasileiro/.
Acesso em: 17 de dez, 2024.

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