As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) têm se mostrado como um dos maiores desafios para a saúde global. Essas condições, que costumam durar por toda a vida, continuam sendo as principais causas de morte no mundo.
Além disso, ao contrário das doenças infecciosas, as DCNTs não são transmitidas de pessoa para pessoa. Elas, por outro lado, estão frequentemente relacionadas a fatores como estilo de vida, predisposição genética e condições ambientais.
Neste texto, vamos explorar o que são as DCNTs, quais são seus fatores de risco, os principais exemplos dessas condições, o impacto na sociedade e algumas das políticas públicas criadas para enfrentá-las.
O que são as doenças crônicas não transmissíveis?
As doenças crônicas não transmissíveis se caracterizam por suas várias causas e fatores de risco. Elas podem levar anos para se manifestar e não têm origem infecciosa, ou seja, não são causadas por vírus ou bactérias.
Muitas vezes, essas doenças aparecem em idades mais jovens e, por durarem muito tempo, oferecem várias oportunidades de prevenção, mas que precisam de uma resposta conjunta dos serviços de saúde para garantir o melhor cuidado.
Fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis
Os fatores de risco ligados às DCNTs podem ser divididos em dois tipos: fatores comportamentais e fatores não modificáveis. Entender a diferença é essencial para planejar cuidados adaptados às necessidades de cada pessoa.
Fatores de risco comportamentais ou modificáveis
São aqueles ligados às escolhas e hábitos do dia a dia, que, embora possam ser modificados por esforço individual, também exigem suporte social e educacional. Entre os principais, destacam-se:
- Alimentação desequilibrada;
- Falta de atividade física regular;
- Hábito de fumar;
- Consumo excessivo de álcool.
Assim, ao adotar hábitos saudáveis, como ter uma alimentação equilibrada, fazer exercícios regularmente e não usar substâncias prejudiciais, pode contribuir para diminuir o risco dessas doenças.
Fatores de risco não modificáveis
São fatores sobre os quais não temos controle, mas que também podem aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas. Entre eles:
- Idade;
- Sexo;
- Histórico familiar/genética;
- Fatores socioeconômicos;
Saber sobre esses fatores, mesmo que não possam ser mudados, é importante para ajudar na hora de tomar decisões sobre a saúde.
A relação entre diferentes fatores
Esses tipos de fatores de risco abordados anteriormente, apesar de diferentes, influenciam a saúde de maneira conjunta.
- Fator não modificável: indivíduos que têm tendência genética para diabetes;
- Fatores comportamentais: maior chance de desenvolver uma doença como diabetes ao não cuidar da alimentação ou não praticar exercícios físicos regulares;
- Fator não modificável: envelhecimento;
- Fatores comportamentais: dietas saudáveis e práticas regulares de exercício, que auxiliam na prevenção de doenças cardíacas ao envelhecer.
Tais exemplos destacam como os fatores não modificáveis e os comportamentais podem interagir, seja para aumentar ou diminuir o risco de doenças crônicas.
Principais doenças crônicas não transmissíveis
As DCNTs abrangem um amplo grupo de doenças, que possuem diferentes características e afetam diversos aspectos da saúde. Alguns exemplos dessas condições são:
Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são um termo geral para se referir a grupo de doenças que afetam o coração ou os vasos sanguíneos, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão e insuficiência cardíaca.
Nas últimas décadas, essas condições se tornaram a principal causa de mortes no Brasil e ao redor do globo, com seus principais fatores de risco ainda sendo associados aos hábitos de vida.
Câncer
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos.
Ele pode afetar qualquer parte do corpo e compromete a saúde de forma significativa. No Brasil, o tipo mais comum é o de pele não melanoma, seguido pelos de mama feminina e próstata.
Doenças respiratórias crônicas
São doenças de natureza crônica que afetam as vias aéreas e outras estruturas ligadas à respiração. As mais comuns incluem asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a fibrose cística.
Essas doenças podem causar dificuldades respiratórias graves e impactar a qualidade de vida, limitando as atividades diárias e aumentando a dependência de medicamentos.
Diabetes
O diabetes é uma condição metabólica que ocorre quando o corpo não consegue produzir insulina ou a produz em quantidade insuficiente para atender às suas necessidades.
Isso resulta em níveis elevados de glicose no sangue, o que pode levar a complicações graves, como doenças cardíacas, problemas renais, cegueira e amputações.
Cenário atual das doenças crônicas não transmissíveis no mundo e no Brasil
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são responsáveis pela morte de cerca de 41 milhões de pessoas anualmente, o que equivale a 74% de todas as mortes no mundo.
No Brasil, a situação não é tão diferente. Em 2019, mais de 730 mil pessoas morreram em decorrência dessas doenças e, desses óbitos, 41,8% foram de mortes prematuras, ou seja, ocorreram em pessoas com idades entre 30 e 69 anos.
Além disso, sua falta de tratamento tem um impacto significativo na economia, pois pode causar incapacidade de trabalhar e aumentar os custos nos já subfinanciados sistemas de saúde pública de alguns países.
Prova disso é que, segundo um relatório da OMS, para cada US$ 1 investido em ações contra as DCNTs em países de baixa e média renda, a sociedade pode receber um retorno de pelo menos US$ 7, com mais empregos, maior produtividade e uma vida mais longa.
Estratégias e políticas de combate às DCNTs no Brasil
Com o envelhecimento rápido da população brasileira, a pergunta não é se teremos doenças crônicas, mas quando isso vai acontecer.
Logo, as estratégias e políticas públicas aparecem como meios fundamentais no combate às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs).
Abaixo, destacamos algumas das principais delas já adotadas no Brasil para lidar com esse desafio cada vez maior.
Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant)
Este plano, lançado em 2021 pelo Ministério da Saúde, é um dos principais documentos do Brasil para lidar com as DCNTs, com orientações voltadas para a prevenção dos fatores de risco e a promoção da saúde da população brasileira.
Ele traz, entre outras análises, um balanço do plano anterior (2011-2022), a situação atual dessas doenças no país, indicadores e metas, além de ações que envolvem várias áreas e setores para alcançar os objetivos estipulados.
Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)
Realizado desde 2006 em todas as capitais, também pelo Ministério da Saúde, essa pesquisa é uma das formas de monitorar, todo ano, os fatores de risco e proteção para as DCNT na população, por meio de entrevistas por telefone.
Seus resultados ajudam a definir as metas do Plano de Dant, além das metas relacionadas às DCNTs na Agenda 2030. Ele investiga temas como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, alimentação, entre outros.
Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
Os agentes comunitários de saúde (ACS), reconhecidos em 2023 como profissionais de saúde, são uma parte importante no acompanhamento de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, o que contribui para enfrentá-las.
Eles atuam diretamente nas comunidades por meio de visitas domiciliares, que além de realizar a busca ativa de pessoas com possíveis DCNTs, também oferecem orientações sobre prevenção, tratamentos e cuidados necessários.
Conclusão
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas, representam uma preocupação crescente para a saúde pública, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Assim, o acesso a informações confiáveis e a implementação de políticas públicas são essenciais para que a prevenção e o tratamento dessas condições se tornem possíveis, objetivando uma melhora na qualidade de vida da população.
Além disso, ações integradas entre governos, profissionais de saúde e a sociedade são fundamentais para promover hábitos saudáveis, ampliar o diagnóstico precoce e assegurar o acesso universal aos cuidados necessários.
E aí, o que achou de aprender mais sobre as doenças crônicas não transmissíveis? Deixe nos comentários! Agora que você também entende os seus principais fatores de risco, divulgue a amigos/as e familiares.
Referências:
- Noncommunicable diseases – World Health Organization (WHO)
- Portaria nº 483/2014 – Ministério da Saúde – Ministério da Saúde
- Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant) – Ministério da Saúde
- Doenças crônicas não transmissíveis – Nexo Políticas Públicas
- Políticas de combate às doenças crônicas não transmissíveis no Brasil – Nexo Políticas Públicas
- Ministério da Saúde apresenta cenário das doenças não transmissíveis no Brasil – Bio-Manguinhos/Fiocruz
- INCA estima 704 mil casos de câncer por ano no Brasil até 2025 – gov.br
- SANCHES GIACOMETTI KOWALSKI, I.; MARIA MALUF FERRARI, C. .; BERNADETE DOS SANTOS PITO ALEXANDRE, L.; CALABUIG CHAPINA OHARA, E. .; INÊS NUNES, M. Fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em usuários de duas Unidades Básicas de Saúde no município de São Paulo, Brasil: DOI: 10.15343/0104-7809.202044076083. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 44, p. 76–83, 2020. Disponível em: https://revistamundodasaude.emnuvens.com.br/mundodasaude/article/view/936. Acesso em: 01 dec. 2024.
