Ecoansiedade é termo que designa o ‘medo crônico da catástrofe ambiental’, como definido pelo Associação Americana de Psicologia (APA, sigla em inglês), ou seja, a sensação de ansiedade, frustação e pessimismo com o futuro em relação as consequências das mudanças climáticas.
O termo em inglês ‘eco-anxiety’ foi adicionado ao dicionário referência Oxford em 2021. Este é um fenômeno mundial que afeta principalmente os jovens e tem ganhado, gradativamente, mais presença na mídia. Continue lendo e entenda com a Ecoansiedade se manifesta, o contexto do seu surgimento, seus efeitos e como abrandar os sintomas.
Ecoansiedade é termo que designa o ‘medo crônico da catástrofe ambiental’, como definido pelo Associação Americana de Psicologia (APA, sigla em inglês), ou seja, a sensação de ansiedade, frustação e pessimismo com o futuro em relação as consequências das mudanças climáticas.
O termo em inglês ‘eco-anxiety’ foi adicionado ao dicionário referência Oxford em 2021. Este é um fenômeno mundial que afeta principalmente os jovens e tem ganhado, gradativamente, mais presença na mídia. Continue lendo e entenda com a Ecoansiedade se manifesta, o contexto do seu surgimento, seus efeitos e como abrandar os sintomas.
Contextualização histórica
O termo Ecoansiedade é relativamente novo e, apenas nos últimos anos, tem ganhado tração na mídia. Porém, há um ramo da psicologia que trata diretamente da relação do ser humano com a natureza, é a ecopsicologia, cujo objetivo é entender o ser humano e natureza como um continuum e não entes separado.
Veja também nosso vídeo sobre ecoansiedade!
A palavra Ecoansiedade foi criado por um grupo da Universidade de Berkeley, nos Estado Unidos, em 1989; seus membros eram Robert Greenway, Elan Shapiro, Alan Kanner, Mary Gomes e Theodore Roszak. Esse último lançou, em 1992, o livro “The Voice of The Earth: An Exploration of Ecopsychology”, três anos depois, em 1995, Gomes e Kanner lançaram o livro “Restoring the Earth, Healing the Mind”.
Os dois livros são o alicerce fundador da Ecopsicologia e os responsáveis por difundir o movimento mundialmente, eles esquematizam uma abordagem une psicologia e ecologia, propondo que entender o ser humano e o mundo natural como uma unidade e não seres independentes.
Assim, ao compreender melhor a conexão psíquica entre nós e a natureza, busca-se restabelecer a responsabilidade ética do ser humano com o planeta e com outras pessoas, pois, o desequilíbrio e perda de vínculo com a natureza causa o desequilíbrio psíquico individual.
Desde o fim da década de 80, quando o termo ecopsicologia foi criado, os indicadores da mudança climática pioraram gradualmente, e as ações para mitigar o aquecimento da temperatura média do planeta se provavam ineficazes, seja pela falta de suas implementações, seja pela não mudança de hábitos das pessoas a nível global.
Na última década, eventos climáticos extremos e tornaram cada vez mais comuns, gerando o sentimento de pessimismo quanto ao futuro e ressentimento da geração Z, nascidos entre 1997 e 2010, com as gerações anteriores pela sua falta de ação, assim, para descrever esse fenômeno surge o termo Ecoansiedade.
Ecoansiedade: causas e os mais afetados
A Ecoansiedade não é considerada uma condição diagnosticável, porém, o “medo crônico do colapso ambiental” tem consequências reais e afeta a população em diferentes graus, a depender do acesso à informação, status socioeconômico e lugar onde vive, aqueles afetados diretamente pelas mudanças climáticas.
Um estudo publicado no respeitado portal The Lancet dá números a Ecoansiedade, foram entrevistados dez mil crianças e jovens, com idades entre 16 e 25 anos, de 10 países diferentes (Austrália, Brasil, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino e Estados Unidos), mil entrevistados por país.
Os resultados mostram que 59% se dizem muito preocupados com as mudanças climáticas, 75% acham que o futuro é assustador e 83% veem que os governos falharam em mitigar o problema do aquecimento global. O estudo também confirma como a Ecoansiedade afeta diferentemente por região geográfica, 92% dos jovens filipinos se sentem alarmados com o futuro em comparação a 56% dos finlandeses.
E como diminuir os efeitos da Ecoansiedade?
A Ecoansiedade é uma resposta racional a uma condição real, é a mente acendendo um alerta com a possibilidade de um evento com potencial de ser a sexta extinção em massa. Assim, apesar da Ecoansiedade não ser uma condição patológica, pode desencadear sérias respostas psicológicas.
O tratamento, principalmente para aqueles que buscam ajuda profissional, deve ser de, por parte do psicólogo, confirmar ao paciente que a causa de seu medo é real e, assim, demonstrar como se posicionar dentro da crise ambiental, dando a pessoa o sentimento de participação ativa na resposta ao aquecimento global.
Deste modo, a pessoa transforma o desconforto em ação, como mudanças de hábitos diários, envolvendo-se com uma organização que trabalha para mitigar as mudanças climáticas, buscando informações de ações que combatem a mudança climática, e até se inspirar em ativistas jovens, como Greta Thunberg.
Ecoansiedade transformada em ação judicial
O exemplo mais chamativo das consequências da Ecoansiedade e da preocupação dos jovens com o futuro vem, atualmente, da Europa. Após os incêndios monumentais em Portugal em 2017, os quais consumiram mais de 20 mil hectares de floresta, seis jovens portugueses, com idade entre 11 e 24 anos, entraram com uma ação no Tribunal Europeu de Direitos Humanos contra 32 países.
Os jovens acusam os países processados, todos os membros da União Europeia mais Reino Unido, Noruega, Suíça, Rússia e Turquia, de não tomaram as medidas necessárias para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, número estipulado no Acordo de Paris.
Ao contrário, com as políticas atuais dos Estados envolvidos, a temperatura média global subirá em 3ºC até o final do século, causando mudanças drásticas e irreversíveis para o meio-ambiente e, assim, ferindo os Direitos Humanos dos jovens, como o direito à vida devido, por exemplo, a problemas de saúde de tais mudanças.
As audiências começaram no dia 27 de setembro de 2023 e, na data da escrita desse artigo, ainda estão em andamento. Um veredito em favor dos jovens pleiteantes seria histórico, os governos envolvidos seriam legalmente obrigados a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, além de implementar medidas mitigadoras para garantir o aquecimento de máximo 1,5ºC até o fim do século.
Lembre-se, o texto dá algumas dicas de como enfrentar seus sintomas, envolva-se em uma organização e mude alguns hábitos diários, mas não esqueça, em caso de necessidade, procure um profissional qualificado.
E você, leitor, compreendeu o que é Ecoansiedade, suas causas e consequências? Sofre também com ela? Conte para gente nos coomentários.
Referências:
- BBC News Brasil – O que é ‘ecoansiedade’, angústia pelo planeta que atinge mais crianças e adolescentes
- BBC News – Climate change: Six young people take 32 countries to court
- Independent – ‘Global heating’ and ‘eco-anxiety’ among new terms added to Oxford English Dictionary
- Instituto Brasileiro de Ecopsicologia
- Natural History Museum – Eco-anxiety: how to cope at a time of climate crisis
- Natural History Museum – What is mass extinction and are we facing a sixth one?
- The Guardian – ‘Eco-anxiety’: fear of environmental doom weighs on young people
- The Lancet – Climate anxiety in children and young people and their beliefs about government responses to climate change: a global survey
1 comentário em “Ecoansiedade: o que é, como surgiu e como nos afeta?”
minha filha tá sofrendo com isso, ela tenta não procurar sobre o assunto, mas ao mesmo tempo acha que estará sendo negacionista se não se preocupar. está frustrada, ela faz a parte dela e os outros não fazem, é muito desmotivador. é como um beija flor tentando apagar um incêndio. mesmo fazendo a parte dela, parece ser inútil.