Economia é um assunto que nos preocupa sempre, especialmente os brasileiros, já que sempre acontece uma reviravolta, turbulência política ou mudança na lei que afeta a economia e faz a vida virar do avesso.
Em meio a tantas medidas governamentais, você deve ao menos uma vez ter se perguntado: será que esse é o melhor caminho? Se tem a ver com o interesse social, o bolso do brasileiro e o futuro do país, tem a ver com as decisões dos governantes.
Nesse sentido, vamos abordar os tópicos econômicos que mais têm preocupado o brasileiro e exigirão atenção dos candidatos nas eleições deste ano.
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Preços dos alimentos
Segundo a Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o Índice Global de Preços dos Alimentos , realizado mensalmente, apontou aumento de 12,6% entre fevereiro e março deste ano, chegando ao maior nível desde o início da avaliação, em 1990.
Muitos são os fatores externos que contribuem para esse aumento, a guerra Rússia x Ucrânia é o principal deles, pois bloqueou as exportações na região do mar negro fazendo aumentar o preço de comodities como o óleo de girassol, milho e trigo.
Mas se o aumento é global, como o problema chega aos candidatos?
Apesar de fatores externos serem os principais responsáveis, a política interna de um país pode amenizar os efeitos (insegurança alimentar e fome) da crise de alimentos global.
As proporções nacionais do problema o tornam uma preocupação comum a todas as regiões e estados, e, por consequência, levam perguntas sobre este tema aos candidatos à presidência: no seu plano de governo, existem medidas contra a crise de alimentos, quais? Este candidato pensa em tornar os alimentos mais acessíveis para os mais pobres? A fome será uma preocupação da sua gestão?
Para se ter noção do alcance do problema, do total de 211,7 milhões de pessoas, 116,8 milhões conviviam com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave). Tiveram que conviver e enfrentar a fome, 19 milhões de brasileiros(as). Os dados são de dezembro de 2020 e foram obtidos através do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VigiSAN.
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Ainda segundo o Inquérito, as regiões Norte e Nordeste são as que possuem maior parcela de pessoas em situação de insegurança alimentar grave. O que sugere mais ênfase sobre este tema, no contexto dos debates eleitorais para os cargos de governadores dos estados destas regiões.
Preços dos Combustíveis
O preço dos combustíveis no Brasil, em especial a gasolina, é tema frequente. A pandemia de covid-19 fez diminuir a demanda por combustível, mas agora que chega ao fim dispara a demanda sem que a oferta acompanhe o mesmo passo, fazendo os preços subirem.
Além disso, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços subiram ainda mais, pois a oferta de petróleo no mercado internacional reduziu. A Rússia é a segunda maior exportadora de petróleo no mundo e sofreu grandes sanções relacionadas à commodity.
São vários os componentes do preço da gasolina, mas o que mais pode provocar debates entre os candidatos é a política de preços a ser adotada pela Petrobras. Afinal, ela é a ação mais próxima do poder de decisão presidencial, uma vez que seu presidente é escolhido pelo presidente da república.
A política adotada atualmente pela empresa é a de paridade internacional, que considera o preço do petróleo no mercado internacional e despesas de importação, isso significa que o preço do combustível no Brasil sofre as oscilações do dólar.
Por outro lado, a política adotada anteriormente, sofria mais interferências estatais. Congelavam-se os preços ou permitia-se a liberdade do mercado de acordo com o interesse e necessidade enxergados pelo governo.
Veja também nosso vídeo sobre o preço da gasolina!
Privatizações
Não se fala em preço dos combustíveis sem falar de privatização ou permanência da influência estatal na Petrobras.
Mas se o assunto são as privatizações porque só falamos em Petrobras?
O que ocorre é que seja para quem é favorável às privatizações em massa, seja para quem é resistente ao assunto, a Petrobras é o ponto de maior relevância. É ela a gigante do Estado, a que tem maior visibilidade do público em geral e que por isso teria os impactos de uma privatização mais facilmente percebidos pela população. Em função disso, a usaremos como guia para entender o assunto, cientes de que outras estatais, como Eletrobras e Correios, também estão no cabo de guerra “privatizar x permanecer”.
No contexto das eleições presidenciais a Petrobras segue com protagonismo. Ao se falar em privatizações hoje, os candidatos a escolhem como pano de fundo. Dependendo das intenções que têm para o futuro da empresa, conseguimos ter uma noção de seus planos econômicos de governo, bem como vemos seus ideais político-partidários refletidos em suas intenções para a petrolífera.
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Como isso mexe com o jogo político das eleições?
Vale lembrar, que a insatisfação com a política de preços da empresa é presente em setores de apoio do atual governo, como a classe dos caminhoneiros, e de oposição. Isto significa, que direita e esquerda se incomodam com o problema mas apresentam diferentes soluções. É esse interesse político geral que justifica a entrada da Petrobras no Programa Nacional de Desestatização (PND) em 2022, uma atitude do governo que demonstra sua disposição em tirar do papel uma de suas propostas mais populares.
Esta vantagem do governo Bolsonaro, de abordar o tema com pioneirismo e demonstrar o potencial de colocar em prática a privatização, torna o tema, já previsto para as eleições, inevitável. A medida não só atende o eleitorado que é a favor da privatização das gigantes estatais, como serve de estratégia política, colocando Bolsonaro na frente da pauta em relação a outros candidatos. Estes, por sua vez, precisarão de argumentos robustos para, ou convencer o eleitorado da estatização, ou provar que terão ações tão efetivas quanto às do atual governo em relação ao tema.
Pequenos empresários: apoiados, priorizados ou esquecidos?
Com a pandemia, a economia retraiu e as micro e pequenas empresas foram as mais impactadas. Este importante setor da economia brasileira é a chave para uma reação em cadeia de crescimento do PIB e das oportunidades de emprego.
Sabendo disso, candidatos ao Congresso, aos cargos de governadores e presidente possivelmente estarão atentos às propostas para este público. Ainda que o tópico “empresariado” não seja inserido diretamente nos futuros debates eleitorais, ao tratar de “retomada da economia” essa engrenagem do crescimento virá à tona.
Como o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, destacou em entrevista ao programa Canal Livre no início de junho de 2022, o governo dava crédito aos pequenos empresários, dentre outras medidas de apoio por enxergar o reflexo positivo desse investimento no PIB
Bem como a privatização da Petrobras, este é um passo político dado por Bolsonaro que leva o tema para o debate, em razão da natural crítica e contraproposta presente em todas as eleições, ou seja, aquele que tenta a eleição usa as ações do governo vigente para demonstrar o que e como pode fazer melhor.
E aí, você acha que esse texto te ajudou a avaliar melhor as propostas econômicas dos candidatos? Você acha que existem outros tópicos da parte econômica que vão roubar a cena nos debates eleitorais? Deixe nos comentários.
Referências:
- BBC NEWS Brasil: Aumento no preço dos combustíveis: 5 perguntas para entender o cenário no Brasil
- Canal Livre – Gustavo Montezano
- CNN Brasil: Índice Global de Preços de Alimentos sobe 12,6% em março e bate recorde
- Correio Braziliense: Governo usa debate sobre privatização da Petrobras como plano eleitoral
- FAO Food Price Index
- InfoMoney: “Política de preços da Petrobras: entenda como funciona”
- Politize!: Ucrânia e Rússia: 3 pontos para entender a crise
- Politize!: “Gasolina & Diesel: 4 fatores explicam porque os preços sobem”
- Politize!: Política de preços da Petrobras: entenda o que é
- Politize!: Privatizações: entenda o debate!
- VIGISAN: Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil