O cenário econômico brasileiro no decorrer do ano de 2021, foi marcado pela alta de preços não apenas nos produtos alimentícios, mas também, no crescimento do valor de combustíveis, taxas Selic, encargos de financiamentos e dentre outros. Diante desta situação, surgiu a discussão de uma “Estagflação“.
Mas afinal, o que isto significa? Neste conteúdo, o Politize! aborda alguns tópicos que podem esclarecer mais sobre o que é estagflação e seus impactos na economia brasileira.
O QUE É ESTAGFLAÇÃO?
Na prática, o termo do ramo econômico Estagflação trata-se da união das palavras ‘Estagnação‘ e ‘Inflação‘.
A estagflação acontece quando os preços estão em alta constantemente, aliada ao aumento do desemprego, e não há um progresso do Produto Interno Bruto (PIB), que são os conjuntos de bens e serviços produzidos pelo país.
Aprenda mais em nosso texto sobre o que é inflação!
COMO SURGE A ESTAGFLAÇÃO?
Na prática, esta circunstância econômica onde os produtos ficam cada vez mais caros e há um corte nas vagas de emprego é o resultado de decisões equivocadas de política monetária e fiscal expansionista. E ainda, pode ser manifestada também perante acontecimentos externos inesperados ou imprevisíveis.
EXEMPLOS DE ESTAGFLAÇÃO NA HISTÓRIA MUNDIAL
1. Alemanha no pós Primeira Guerra Mundial
Em 1918, a Alemanha além de ser vencida na Primeira Guerra Mundial passou por uma forte onda de estagflação.
No início de e durante este conflito, todos os investimentos públicos foram direcionados para armamento bélico e treinamento militar, e ainda, financiou a infraestrutura das tropas por intermédio de empréstimos.
Com a derrota da batalha armada, o país alemão decidiu imprimir dinheiro em massa para cumprir com as dívidas geradas pela Guerra, resultando em um processo de hiperinflação. Desta forma, estas atitudes ocasionaram um cenário de pobreza extrema e desemprego generalizado.
2. A gestão Barber Boom no Reino Unido
Entre os anos de 1971 e 1973, o Reino Unido foi administrado pelo Secretário do Tesouro Anthony Barber, popularmente conhecido como “Barber Boom”. No decorrer de sua gerência, houve a implementação de uma política de estímulos fiscais e monetários na economia britânica com o objetivo de aumentar a quantidade de dinheiro em circulação e impulsionar o mercado financeiro.
Porém, a crise do petróleo em 1973 atrapalhou os planos políticos e monetários e resultou em um encarecimento inusitado deste combustível fóssil. Assim, o Reino Unido viveu um período de crescimento negativo do PIB, e um acréscimo nos números da inflação e desemprego.
3. O Choque do Petróleo nos Estados Unidos
No período da administração Nixon, o preço do barril de petróleo aumentou exponencialmente. Nesta época, o Banco Central daquela nação alternou diversas vezes as taxas de juros com a intenção de combater a inflação sem inviabilizar os empréstimos e investimentos.
Infelizmente, este comportamento gerou um clima de incerteza no mercado econômico que acabou por agravar a estagflação, desestimulando empresas a contratar trabalhadores e abaixar os preços.
ATUAÇÃO DAS AUTORIDADES BRASILEIRAS PERANTE O ATUAL CENÁRIO ECONÔMICO
Algumas medidas já estão sendo praticadas diante da possibilidade de estagflação no Brasil.
Uma das primeiras ações foi a elevação da taxa básica de juros em 0,75% pelo Banco Central do Brasil – BCB. A decisão foi tomada por unanimidade entre o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, e os oito diretores que integram o Comitê de política Monetária. Esta atitude possui o objetivo de evitar um quadro de descontrole da inflação. Além disso, frequentemente, o Banco Central vem realizando leilões de câmbio como tentativa de limitar a alta do dólar e dificultar o encarecimento dos produtos.
Já o Governo Federal Brasileiro investiu no avanço do plano de vacinação contra a Covid-19 como principal medida para evitar a estagflação. Na prática, com o avanço da imunização, é possível o retorno gradual das atividades cotidianas fomentando os ramos comerciais.
Entretanto, Antônio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon) afirma que:
o novo ciclo de altas dos juros, promovidos pelo Banco Central, além de não resolver o problema, terá efeitos colaterais adversos.
Ele ainda complementa em relação à alta dos preços:
Mais do que um problema social, o que por si só já justificaria uma política pública anticíclica, é também uma questão econômica. Afinal, um desempregado a mais é um consumidor a menos.
Isto porque o primeiro reflexo de estagflação é a diminuição dos empregos, ao mesmo passo em que a economia entra em recessão ou há redução no crescimento.
Outro reflexo é que, diante dos preços elevados, há menor poder aquisitivo das pessoas. Desta forma, os cidadãos passam a gastar uma parcela maior da renda para bens essenciais. Por outro lado, os gastos tendem a ser menores para outros itens, como lazer e entretenimento.
Por fim, com a chegada de um ano novo, é importante acompanhar não apenas as medidas políticas para conter a estagflação, mas também, observar como o comércio e as indústrias estão reagindo perante este cenário econômico.
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Referências:
- Diário do Nordeste – Estagflação: o que é e por que o Brasil entrou neste cenário econômico?
- G1 – Selic em alta: qual o impacto da taxa de juros na economia?
- IG Economia – Crise econômica do Brasil se enquadra em ‘estagflação’? Entenda o fenômeno
- Rede Brasil Atual – Perspectivas para a economia em 2022 são ‘limitadas’ e apontam estagflação
- Warren Magazine – Estagflação: o que é, quando ela surge e por que o mercado financeiro tem medo
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