Europa Ocidental e Oriental: uma perspectiva geopolítica

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A ideia de que “a Europa é o berço civilizacional do ocidente” é mencionada quando se trata da explicação da história humana da perspectiva ocidental do mundo. Mas, e o oriente? Saiba aqui sobre a divisão da Europa Ocidental e Oriental!

Assim como a classificação dos países europeus entre o ocidente e oriente, essa divisão ultrapassa critérios geográficos e pode ser compreendida sobre fatores históricos, sociais, religiosos, culturais e a Guerra Fria possui grande influência nesse contexto. Confira abaixo!

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Qual a origem da divisão entre Europa ocidental e oriental?

A princípio, a caracterização entre Europa ocidental e oriental remete primeiramente a um aspecto geográfico. A porção de território a oeste do meridiano de Greenwich categorizada como ocidente e a porção leste do meridiano classificada como oriente.

Entretanto, esta classificação “ocidente-oriente” não se explica somente através da perspectiva geográfica, mas tem relação direta com: política, ideologia, cultura, modelo econômico e a qual esfera de poder os países estavam sendo influenciados durante a segunda metade do século XX.

Pano de fundo: a Guerra Fria

A Guerra Fria tem início em 1947 e ocorre logo depois da Segunda Guerra Mundial. Países do mundo inteiro estavam polarizados entre dois blocos de poder: capitalista– com influência dos EUA – e o bloco socialista– influenciado pela União Soviética (URSS). Na Europa, a mesma divisão ocorreu.

Representação da Guerra Fria – URSS x EUA. Fonte: Canal Futura

Na Europa ocidental, os países adotaram uma aliança ao bloco capitalista, alinhando seu modelo político e econômico aos Estados Unidos.

Na Europa oriental, os países optaram pelo modelo socialista soviético. Para além do regime político e econômico, alguns países – hoje independentes – fizeram parte da URSS, como: Bielorrússia, Ucrânia, Geórgia, Moldávia e, também, os países bálticos, como Estônia, Letônia e Lituânia.

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Aspectos marcantes que influenciaram a divisão “ocidente-oriente”

Cortina de ferro

Em especial na Europa ocidental e oriental, houve o termo “Cortina de Ferro”, que foi cunhado para o contexto específico no continente.

A expressão foi criada pelo escritor russo Vasili Rozanov, em 1918, com relação ao contexto da revolução bolchevique. Em 1946, a sentença foi popularizada com Winston Churchill (primeiro-ministro britânico) durante o seu discurso nos Estados Unidos:

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Cortina de Ferro. Países a oeste, influenciados pelo EUA (modelo capitalista), países a leste influenciados pelo URSS (modelo comunista) – Fonte: Guia do Estudante

A União Soviética tinha pretensão de expandir o regime comunista, a começar pelo Leste europeu. O ocidente, por sua vez, resolveu criar estratégias para conter esse avanço e, após a 2ª Guerra e com o fim dos Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e EUA), a divisão de esfera de poder na Europa se iniciou.

A Cortina de Ferro foi uma metáfora política e ideológica da divisão entre Europa ocidental e oriental. O modelo capitalista e democracia prevalecia no ocidente. No bloco oriental, era a influência soviética que projetava o regime comunista.

Muro de Berlim

Em 1945, durante a Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida em 4 zonas e a administração dos territórios ficaram a cargo dos EUA, URSS, Inglaterra e França. Uma cerca foi suspensa na Alemanha e a União Soviética acabou ficando com a maior parte (leste), inclusive metade de Berlim.

Esse fracionamento foi a representação física da separação entre Europa ocidental e oriental. A época ficou marcada por investimentos econômicos tanto dos EUA como da URSS que realizavam nos países europeus destruídos pela guerra com objetivo de ampliar sua projeção de poder.

O Muro de Berlim – Fonte: G1 Mundo

Em 1949, houve a divisão da Alemanha em dois Estados: República Federal da Alemanha (ocidente-capitalista) e a República Democrática Alemã (oriente-comunista).

Em agosto de 1961, o Muro de Berlim foi erguido, na tentativa de conter os deslocamentos, a Alemanha Oriental (com aprovação de Moscou) deu início ao bloqueio a fim de isolar o trecho ocidental.

O muro de Berlim foi derrubado em 1989, simbolizando a reunificação da Alemanha a partir daquele momento. A reunificação da Alemanha foi formalizada em 1990 e no ano seguinte houve a abertura total das fronteiras, encerrando a mais evidente separação política na Europa ocidental e oriental.

Doutrina Truman

Em linhas gerais, segundo a teoria de Truman, o mundo estava dividido entre os governos livres democráticos e os totalitários comunistas.

Em março de 1947, Harry Truman – presidente dos Estados Unidos – apresentou ao Congresso as diretrizes de sua política externa, a qual colocava em prática esforços para combater a expansão dos soviéticos no mundo.

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Basicamente, uma concepção própria de política de segurança, que também continha a intenção de contenção através de meios militares e financeiros para garantir a segurança nacional dos EUA e seus aliados, fortalecendo o caráter da Europa ocidental e oriental.

Plano Marshall

Em abril de 1948, o presidente americano Harry Truman assinou o plano de ajuda econômica para a Europa, que entrou para a História com o nome de Plano Marshall.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, os norte-americanos decidiram por auxiliar financeiramente à Europa para evitar o avanço soviético.

A implantação do plano ocorreu entre 1948 e 1951. Os Estados Unidos elaboraram um plano econômico que previa a concessão de empréstimos aos europeus a juros baixos, para que adquirissem mercadorias dos próprios Estados Unidos, o que ocorreu, e as exportações dos EUA aumentaram.

Veja também: A origem do sistema capitalista

Os norte-americanos pretendiam mostrar que a sociedade orientada pelos princípios da democracia e do livre mercado era a melhor opção a ser aderida, isto, sem precisar criar um instrumento contra a URSS, mas como forma de ajuda aos europeus. Os EUA ampliaram a área de influência na Europa, atraindo estes países para a esfera capitalista.

OTAN e o Pacto de Varsóvia

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em abril de 1949, como uma aliança voltada a defesa mútua por meios militares e políticos. A organização vai ao encontro do interesse norte americano de desenvolver uma estratégia para combater a expansão soviética na Europa durante a Guerra Fria.

O próprio nome carrega o recorte pretendido, a estrutura se dá a partir do Atlântico Norte. O propósito pragmático é demonstrar uma política “de portas abertas”: “A adesão à OTAN está aberta a “qualquer outro Estado europeu em posição de promover os princípios deste Tratado e contribuir para a segurança da área do Atlântico Norte”.

A partir da independência dos países da antiga URSS, alguns deles se tornaram membros da OTAN. Por exemplo, Hungria, Polônia e República Checa aderiram em 1999. Posteriormente, em 2004, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia também se juntaram, seguidos por Albânia e Croácia em 2009.

Países estes que estão mais distantes geograficamente do Atlântico Norte, que, no entanto, deixaram o Pacto de Varsóvia e se vincularam à OTAN.

Criada em 1955, o Pacto de Varsóvia foi também uma aliança militar. Foi capitaneada pela União Soviética, formando um bloco entre os países de regime comunista. A projeção de poder era devido ao fortalecimento e controle soviético na Europa Oriental em resposta a OTAN. Foi encerrada em 1991, após o colapso da União Soviética.

Quais países compõem a Europa ocidental e oriental?

Europa Ocidental: – Portugal – Espanha – Itália – Alemanha – Áustria – França – Países Baixos – Bélgica – Noruega – Finlândia – Islândia – Suécia – Dinamarca – Grécia – Reino Unido – Irlanda – Liechtenstein – Luxemburgo – Malta – Mônaco – San Marino – Suíça – Vaticano – Andorra

Europa Oriental: – República Tcheca – Hungria – Romênia – Eslováquia – Bulgária – Eslovênia – Croácia – Montenegro – Sérvia – Albânia – Bósnia-Herzegovina – Macedônia do Norte – Chipre – Armênia (país transcontinental) – Bielorússia – Azerbaijão – Ucrânia – Geórgia – Rússia (região oeste) – Turquia (país transcontinental) – Moldávia – Estônia – Letônia – Lituânia – Polônia – Cazaquistão (porção territorial a oeste dos Montes Urais).

Representação continente europeu – Fonte: Pixabay

Povos e construção social

Os povos que se instalaram nas regiões da Europa ocidental e oriental possuem diferentes origens, culturas, religiões etc. Apesar de terem habitado uma região próxima uns dos outros, a origem destes povos é distinta.

Na Europa oriental, os povos indo-europeus são os eslavos (o qual descendem os poloneses, russos, tchecos, sérvios, croatas, búlgaros, etc), os vikings (civilização de origem germânica que habitavam da Escandinávia – Noruega, Suécia e Dinamarca), os bizantinos (descendentes de romanos orientais, localizado principalmente em Constantinopla).

São também indo-europeus o povo magiar (atualmente húngaros) e o povo báltico (que atualmente compõe os países Estônia, Letônia e Lituânia).

No século XX, a Primeira Guerra Mundial resultou na reconfiguração da Europa, levando à formação de novos países. Grandes impérios como o Otomano, o Russo e o Austro-Húngaro se fragmentaram, dando origem a várias nações com semelhanças históricas.

No final do século passado, após o colapso da URSS, várias nações declararam sua independência e soberania. Diversos grupos étnicos do Leste Europeu, como armênios, azerbaijanos, bielorrussos, georgianos, cazaques etc, buscaram o reconhecimento de seus territórios. No total, são 14 repúblicas independentes, além da Rússia.

Na Europa ocidental, os povos indo-europeus são os celtas (que se espalharam para a atual região da França, Irlanda, Espanha, por exemplo) e gauleses (França, Bélgica, norte da Itália, Suíça, etc), os germanos (Alemanha, Escandinávia, Países Baixos e Bélgica), os ibéricos (atual Portugal e Espanha) e os britânicos.

No ocidente europeu, o feudalismo foi um sistema político, econômico e social típico da Idade Média. O auge ocorreu durante os séculos XI e XIII, tendo seu processo de formação iniciado após o declínio do Império Romano.

Veja também: Império Romano e sua influência na sociedade atual

Esse sistema foi marcado por uma sociedade estamental que se organizava com base em classes sociais, como o clero, a nobreza e os servos. A economia girava em torno do feudo e da exploração da terra.

A Europa medieval foi marcada pela pulverização do poder político entre muitos principados. No final da Idade Média (século XV), novas comunidades nacionais começaram a aparecer na Europa e o Estado, naquela época absolutista, caracterizou essas transformações.

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A Europa ocidental é frequentemente chamada de “berço da civilização” devido à sua influência na história da política, filosofia, arte, arquitetura e em movimentos culturais e sociais como o Renascimento e o Iluminismo, além do desenvolvimento do Estado moderno, junto com o conceito de unidade política.

E aí, ficou alguma dúvida sobre a Europa ocidental e oriental e o desenvolvimento dessa divisão? Fique à vontade para compartilhar com a gente! Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Olá, prazer! Sou graduado em Relações Internacionais e atualmente curso a pós graduação em Ciência Política pela FESPSP. Lembro que desde o início da minha graduação me senti atraído por todos os aspectos teóricos discutidos em sala de aula, me encontrei fazendo parte do debate político e, particularmente, me interessei pelo desenvolvimento da agenda ambiental internacional. A curiosidade de entender o mundo e os movimentos sociais – até mesmo indagando os clássicos teóricos – me servem de combustível para compreender um pouquinho mais os vínculos entre as relações econômicas, as dinâmicas de Estado, a história, o direito legal, enfim, esse universo de coisas que se apresentam no campo político, fruto de processos que foram construídos socialmente.
Souza, Gustavo. Europa Ocidental e Oriental: uma perspectiva geopolítica. Politize!, 28 de maio, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/europa-ocidental-e-oriental-uma-perspectiva-geopolitica/.
Acesso em: 22 de nov, 2024.

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