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A palavra universidade – em latim, universitas – diz respeito à universalidade e remete a conjunto, coletivo. O termo universidade abrange e incentiva a produção de conhecimento, porém, boa parte das pessoas ainda não tem acesso a ela como estudante e não consegue usufruir do seu potencial máximo. Mesmo assim, esse não deve ser um universo restrito.
A universidade é estruturada no chamado tripé universitário, que deve abrigar o ensino, a pesquisa e a extensão, para que o conhecimento seja aperfeiçoado e repassado ao público interno e externo a esse universo acadêmico. Vamos focar em uma parte desse tripé: a extensão universitária, talvez o menos abordado e conhecido deles.
O que é extensão universitária?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o ensino superior deve desenvolver, além do ensino e da pesquisa, atividades de extensão respeitando os requisitos estabelecidos por cada instituição.
Para entendermos melhor, vamos colocar da seguinte forma: além dos muros universitários, existem comunidades e pessoas que na grande maioria das vezes não estão mergulhadas diretamente em todas as possibilidades e desafios que a universidade proporciona. Mas, em razão disso, elas devem ficar excluídas desse meio? A resposta, enfaticamente, é não. Isso porque todos têm direito de frequentar a universidade, não necessariamente para sair com um diploma, mas para adquirir e/ou compartilhar e repassar seu conhecimento adquirido ao longo da vida.
Contribuição x acesso à universidade
Podemos pensar também a partir de outro ponto: no caso das Instituições de Ensino Superior Públicas, sejam municipais, estaduais ou federais, é o Poder Público o financiador. E de onde vem este orçamento? A principal fonte de recursos são os governos e os impostos que custeiam a educação pública. Contribuições, operações de crédito (empréstimos, financiamentos e emissão de títulos públicos) transferências entre governos (repasse de verbas federais aos estados e municípios), entre outros, são maneiras dos recursos chegarem às universidades. Segundo o Art. 212 da Constituição Federal de 1988: “A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.”
A partir disso podemos observar o peso que impostos ocupam nesse processo incluindo aquelas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de cursar o ensino superior. Todas as pessoas que pagam impostos indiretamente mantêm a estrutura do ensino superior público. A partir daí seria possível deduzir que todas as pessoas poderiam usufruir da universidade de alguma forma, mas o que acontece na prática são construções de barreiras que ultrapassam os muros físicos, barreiras essas advindas de desigualdades socioeconômicas que restringem o acesso ao conhecimento, a uma educação de qualidade e a trocas culturais. Nesse sentido, os projetos de extensão vêm exatamente para incluir e acolher a comunidade dentro da universidade.
Como funciona a extensão universitária?
A extensão universitária acontece na formato de cursos, eventos, oficinas, prestação de serviços e diversas outras atividades, que podem acontecer dentro da universidade ou deslocados para outros lugares à procura de um público ou de um lugar específico. A maioria dos projetos de extensão são gratuitos, mas pode haver exigência de taxas de inscrição, dependendo do custo para a sua oferta, como, por exemplo, de material utilizado. Tudo isso varia de acordo com os objetivos de cada projeto. Os projetos de extensão acontecem nas mais diversas áreas ou de forma interdisciplinar, como cursos educativos, culturais, tecnológicos, ações relacionadas à saúde, ao meio ambiente, etc.
Os Hospitais Universitários Federais (HUFs) são exemplos de prestação de serviços na área da saúde vinculados ao tripé universitário, pois atendem à comunidade em geral e os alunos da área da saúde colocam em prática seu conhecimento teórico. A Universidade de Brasília (UnB) tem um projeto chamado Projeto Com-Vivência, que realiza atendimento psicossocial e assistencial para pacientes portadores do vírus HIV em tratamento no Hospital Universitário de Brasília e em outros hospitais do Distrito Federal.
Outro exemplo de projeto de extensão universitária, é o Cine Campus, realizado na Faculdade de Ciência e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP) no campus de Araraquara-SP. Este é um projeto contínuo e gratuito em que há exibição de filmes que normalmente se encontram fora do circuito comercial, seguido de debates e cursos para aprofundar o conteúdo, além da relação entre cinema e literatura. Como os filmes são exibidos num auditório dentro da universidade, é uma oportunidade de conectar o público externo com a cultura do teatro e com o próprio campus.
Existem também grupos que impulsionam o tripé universitário e sua indissociabilidade (isto é, não devem ser separados) da experiência universitária, como é o caso do Programa de Educação Tutorial (PET). Criado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), PET é um programa guiado por um professor-tutor, em que participam alunos com ótimos rendimentos acadêmicos custeados pelo MEC (por meio de bolsas) a fim de desenvolver atividades extracurriculares unindo ensino, pesquisa e extensão.
A extensão faz parte desse processo e precisa ser realizada por todos os grupos das áreas de humanas, exatas biológicas… Como o PET é institucionalizado, se configura como uma forma de manter constante o número de variados projetos de extensão em universidades espalhadas por todo o Brasil.
Vamos mencionar dois exemplos de projetos de extensão desenvolvidos pelo PET. Um deles é realizado pelo PET-Matemática da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Chamado Gauss Pré-Vestibular, é um projeto voluntário que oferece aos alunos da rede pública de ensino uma oportunidade para vestibulandos se prepararem para as provas gratuitamente. Além disso, os voluntários da graduação e da pós-graduação aprendem na prática sobre a docência.
Outro exemplo é o “Projeto Estiva” desenvolvido pelo PET Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Neste projeto, por meio de uma parceria com a prefeitura local, o principal objetivo é incentivar a população situada em comunidades de baixa renda a compreender a importância da destinação apropriada dos resíduos sólidos e a participar da coleta seletiva desses resíduos.
Como posso participar da extensão universitária?
Normalmente os sites das instituições de ensino superior disponibilizam informações sobre os projetos de extensão que desenvolvem, informando o público-alvo, a duração, os pré-requisitos e as vagas. Assim, se encontrar algum que esteja dentro do seu perfil ou de alguém que conheça, não hesite em participar ou passar a informação adiante.
Qual a importância dos projetos de extensão?
Embora algumas atividades de extensão universitária tenham caráter pontual, é importante que estejam envolvidas em projetos contínuos, para que a relação comunidade-universidade se fortaleça.
Os projetos de extensão universitária são também uma forma de professores e alunos vivenciarem na prática elementos de suas áreas de atuação. A extensão universitária deve ser formada por professores, alunos e comunidade externa. O importante é sempre ressaltar que a extensão universitária não é um “assistencialismo” à sociedade, mas uma forma de integrar, de ampliar visões, de trocas de experiência; e, assim, forma o tripé universitário juntamente com o ensino e a pesquisa.
E você? Conhece projetos de extensão na sua universidade? Já participou ou organizou algum deles? Se você tem alguma ideia interessante, que tal propor à universidade mais próxima a você?
Aviso: mande um e-mail para contato@politize.com.br se os anúncios do portal estão te atrapalhando na experiência de educação política. 🙂