Na trilha de conteúdos da Politize! sobre os dois principais espectros políticos, você conhece a diferença entre a direita e a esquerda e, ainda, fica por dentro da história, suas bandeiras e valores.
Cada corrente ideológica possui diferentes visões e crenças políticas. É importante saber que, além da direita e da esquerda, também existem os pensamentos extremos em relação às duas correntes de pensamento, o que chamamos de extrema direita e extrema esquerda.
O termo extrema esquerda é comumente relacionado ao socialismo e ao comunismo, embora a percepção e o entendimento desses termos possam variar conforme o contexto cultural e político de cada país.
Quer entender melhor o que significa ser de extrema esquerda e o que este posicionamento político defende? Acompanhe o texto!
Como assim, extrema esquerda?
A extrema esquerda é o posicionamento extremo da esquerda do espectro político, ou seja, mais à esquerda possível. Existem diversas definições deste posicionamento, assim, enquanto alguns intelectuais dizem ser uma esquerda mais radical da social-democracia, outros irão dizer que, na verdade, são representados pelos partidos comunistas.
Em outros argumentos, também, o termo extrema esquerda é associado ao anarquismo, marxismo, comunismo e algumas formas de autorismo. Em outros momentos, associam até mesmo a grupos que defendem o socialismo revolucionário e a antiglobalização.
De modo geral, os grupos que surgem em prol da extrema esquerda, defendem que, através da violência, o capitalismo pode ser derrubado. O que traria mudanças positivas na estrutura socioeconômica da sociedade.
Está em dúvida sobre como se posicionar? Leia este texto: Como saber se sou de direita ou de esquerda?
O que a extrema esquerda defende?
De acordo com a professora Flavia Loss, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FEPESP), a Ciência Política define que o entendimento sobre as desigualdades sociais (compreendem-se as desigualdades sociais, econômica, racial e cultural) é a principal diferença entre a extrema esquerda e a extrema direita.
Para a extrema esquerda, estas desigualdades são criadas pelo sistema capitalista e são negativas para os cidadãos, portanto, devem ser superadas. Entretanto, diferente da esquerda eleitoral, que acredita que o Estado deve ter uma participação maior na economia a fim de tornar a sociedade mais justa e igualitária, a extrema esquerda é contrária a algumas instituições e defende mudanças radicais para organização do Estado, da economia e da Justiça.
Além disso, no debate contemporâneo, de acordo com o professor Glauco Peres, da Universidade de São Paulo (USP), questões relacionadas à pauta moral são os principais pontos de divergência entre os dois polos políticos. Agendas de costumes, como aborto e identidade de gênero, assim como redução de desigualdades, são pautas mais ligadas à esquerda.
De forma resumida, a extrema esquerda propõe formas radicais de administração do Estado (em algumas correntes de pensamento, propõem o fim do Estado, como no anarquismo) e, por fim, a abolição do capitalismo.
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Em resumo, pode-se concluir que a extrema esquerda possui base nas conclusões da esquerda, como:
- Redistribuição de renda;
- Interferência do Estado na atividade econômica;
- Discurso contra a propriedade privada.
Para saber o que pensa a extrema direita, leia este texto: O que é extrema direita?
Extrema esquerda hoje
A extrema-esquerda no século XXI, tem focado em organizar uma oposição, de caráter internacionalista, às políticas de globalização financeira e ideológica.
Para você entender melhor esse fenômeno, a Politize! selecionou alguns exemplos de movimentos frequentemente associados à extrema esquerda em diferentes lugares do mundo.
Lembre-se de que não há consenso entre os pesquisadores sobre a classificação desses movimentos como extrema esquerda e que este entendimento poderá variar a depender do país.
Escolhemos os exemplos que têm como fundamento os principais ideais desse espectro – combate às desigualdades, forte presença do Estado e defesa pelo fim do capitalismo. Como você verá, existem semelhanças entre eles, mas há variações conforme o contexto político e histórico de cada país.
América Latina: Venezuela e Cuba
A Venezuela é um país da América do Sul e vive uma política socialista e centralizadora, do qual Hugo Chávez chama de socialismo do século XXI. Desde 2013, Nicolás Maduro segue como presidente do país, sucedendo o mandato de Hugo Chávez.
Cuba, localizado na América Central, é um país socialista organizado pelo modelo marxistas-leninista. O país vive sob o que chamam de ditadura do proletariado, sob a liderança do Partido Comunista de Cuba, tendo Fidel Castro e Che Guevara como principais lideranças da Revolução Comunista Cubana (1953-1959).
As principais críticas ao governo cubano são referentes à ausência de liberdade política e um quadro de escassez econômica, devido à falta de medicamentos ou alto custo de alimentos. Já o governo venezuelano, enfrenta críticas devido à crise socioeconômica e política, pela sua hiperinflação, escassez de produtos básicos e autoritarismo, por exemplo.
Ásia: China
A República Popular da China é um dos países que se declaram socialistas. Apesar disso, não há consenso quanto a esta denominação por especialistas. Na prática, o governo chinês é descrito como socialista com características chinesas.
A China é uma República socialista unipartidária, portanto, apesar da atuação de outros partidos menores no país, o Partido Comunista da China (PCCh) tem o poder consagrado na Constituição.
O país se apoia no princípio leninista de centralismo democrático e, em sua Carta Magna, afirma ser uma ditadura democrática popular liderada pela classe trabalhadora, empenhando a aliança entre trabalhadores e camponeses.
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As principais críticas ao governo chinês envolvem temas referentes à censura e forte controle estatal sobre a internet.
Por que surgem esses movimentos?
Estes grupos possuem o objetivo comum de abolir o capitalismo e combater a desigualdade socioeconômica. Por isso, surgem para defender uma opção mais radical para promover mudanças na estrutura social de forma mais profunda.
Apesar disso, os movimentos de extrema-esquerda enfrentam críticas e resistências, sobretudo de setores da direita, pois veem suas propostas como utópicas ou inviáveis economicamente.
A extrema esquerda e a democracia
Tanto na esquerda, quanto na direita, os posicionamentos políticos dos extremos construíram algum tipo de governo totalitário ou ditatorial. Por isso, persiste um receio da população ao observar o crescimento desses movimentos, pelo medo de que haja ações antidemocráticas, que possam ferir os direitos humanos e ferir direitos dos cidadãos.
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Esperamos que você tenha entendido o que é a extrema esquerda, os posicionamentos que defende e a origem desses grupos políticos. É importante conhecer as mais diversas necessidades de uma sociedade e, a partir de então, compreender a complexidade das dinâmicas políticas e sociais do país em que vivemos.
E aí, conseguiu entender o que a extrema esquerda defende? Deixe sua opinião nos comentários!
Referências:
- Direita ou extrema direita; esquerda ou extrema esquerda: entenda as diferenças entre correntes políticas
- National People’s Congress – Constitution of the people’s republic of China
- André Lopes Ferreira – A Extrema Esquerda brasileira e a Revolução Cubana (1959-1974).
- Brasil Escola – A (falta de) liberdade de expressão na China
- Andrés Felipe Bolaños González – A Revolução Cubana através da caricatura política nos jornais El País e El Tiempo da Colômbia 1958-1959
- El País – Criticar o regime de Cuba ainda é um tabu entre a esquerda no Brasil
- Mundo Educação – Crise na Venezuela
- Lucidarium – A ascensão dos movimentos de extrema-esquerda no mundo
1 comentário em “O que é extrema esquerda?”
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