Este texto foi atualizado em 01 de abril de 2024.
Muita gente pensa, erroneamente, que a inflação é apenas o aumento dos preços dos produtos e serviços de uma economia. Na verdade, o aumento de preços pode ser apenas uma das consequências da inflação, mas não é a única e não está necessariamente vinculado a ela.
O aumento de preços, de maneira isolada, pode ser decorrência de uma série de fatores, incluindo problemas restritos a um produto (ou setor) específico. Por exemplo, quando a safra de um gênero agrícola é prejudicada pelo clima ou por pragas, sua oferta é reduzida, levando a um aumento nos preços.
O aumento pode ser também decorrente do excesso de procura ao bem ou serviço, fazendo com que a oferta fique sobrecarregada e então seu preço suba. Por exemplo: quando o tempo está muito quente, aumenta o consumo de gelo; sem aumento da sua produção, o preço aumenta.
Numa economia de mercado, como a nossa, os preços estão em constante mudança devido às leis de oferta e demanda. Por isso, não podemos utilizar apenas aumento ou diminuição de preços para medir os índices de inflação.
A inflação, na verdade, tem mais relação com a quantidade de dinheiro que está circulando em uma economia, com o aumento anormal e descontrolado do acesso ao crédito ou crescimento desordenado dos meios de pagamento.
Veja também nosso vídeo sobre inflação!
Afinal, o que é inflação?
Existem diversos tipos de inflação, mas de maneira bem resumida é quando há muito dinheiro circulando na economia e seu valor começa a se deteriorar, fazendo com que a mesma quantidade de dinheiro compre cada vez menos mercadorias.
A inflação também agrava alguns problemas sociais, como a distribuição de renda, uma vez que os trabalhadores em geral não têm seu salário aumentado na mesma velocidade que o aumento dos preços, fazendo com que seu poder de compra diminua.
Outra consequência negativa é a deterioração dos preços das exportações brasileiras, visto que as nossas mercadorias ficam mais caras que as de outros países. Existem também alguns contratos, de aluguel por exemplo, que são reajustados de acordo com os índices de inflação, ficando mais caros à medida que a inflação sobe.
O poder de compra da população e, consequentemente, seu bem-estar são diretamente afetados quando a inflação sai de controle. Por isso, é muito importante para a saúde econômica do país que o governo controle a inflação para que isso não resulte em uma crise econômica.
Saiba mais: O que influencia o aumento no preço dos alimentos? Entenda!
Mas por que há o aumento do dinheiro na economia?
Isso pode acontecer basicamente de duas formas: o governo (representado pelo Banco Central) pode emitir mais papel moeda para cumprir suas obrigações financeiras, ou facilitar o acesso ao crédito e financiamentos para a população em geral e para empresas através de empréstimos nos bancos comerciais e instituições financeiras, que possuem permissão para multiplicar a base monetária que circula na economia.
Os bancos, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo governo, conseguem “criar dinheiro” de maneira virtual, fazendo com que mais dinheiro circule. Quanto mais dinheiro circulando, mais ele perde seu poder de compra, sendo necessário cada vez mais dinheiro para comprar o mesmo bem ou serviço.
O que é o regime de metas de inflação brasileiro?
O Brasil tem um histórico traumático com relação à inflação, que já bateu 764% entre os anos de 1990 e 1994. Por isso, em 1999 foi criado o regime de metas de inflação, com objetivo de estabelecer um limite para a inflação anual, chamado de teto da meta inflacionária.
Leia também: Tripé macroeconômico: o que é?
Para 2024 , a meta de inflação foi fixada em 3%. É importante lembrar que embora a meta de inflação seja determinada pelo Conselho Monetário Nacional, quem deve trabalhar para cumpri-la é o Banco Central.
Principais índices de inflação:
Para medir a inflação, existem diferentes índices de preços, medidos por instituições como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Universidade de São Paulo (USP). Segue abaixo os principais índices utilizados hoje:
- IPA – Índice de preços no atacado;
- INPC – Índice nacional de preços ao consumidor;
- IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo;
- INCC – Índice nacional do custo da construção;
- CUB – Custo unitário básico;
- IPC – Índice de preços ao consumidor.
IPCA: o principal índice de inflação no Brasil
O principal índice de inflação no Brasil é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele é amplamente utilizado como referência para a inflação no país por duas razões principais.
A primeira delas é a sua abrangência geográfica e de produtos. O IPCA mede as mudanças nos preços de um grupo de bens e serviços consumidos por famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. Por isso, ele reflete mais precisamente o custo de vida de uma grande parcela da população brasileira. A segunda razão pela qual o IPCA é o índice mais relevante no país é que ele é o principal indicador para o Banco Central definir a política monetária e estabelecer metas de inflação.
O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através de pesquisas de preços realizadas em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios, e concessionárias de serviços públicos. O índice é divulgado mensalmente e seu cálculo leva em consideração os preços coletados do primeiro ao último dia do mês de referência.
Se o IPCA estiver muito alto, isso pode indicar superaquecimento da economia, perda do poder de compra, e necessidade de ajustes na política monetária, como aumento das taxas de juros para conter a demanda. Por outro lado, uma inflação muito baixa pode indicar demanda fraca e riscos de deflação, levando a possíveis cortes nas taxas de juros, em especial, a Taxa Selic.
Por sua vez, investidores estão sempre atentos ao aumento ou à redução da Selic. Isso porque, quando ela sobe, os retornos dos títulos públicos ficam mais atrativos. E, como esses títulos são garantidos pelo governo, eles são os os investimentos mais seguros encontrados na economia brasileira, o que leva os investidores a manterem seu capital parado, rendendo juros.
Por outro lado, quando a Selic cai, os retornos diminuem. Isso leva os investidores a aceitarem um risco maior por um retorno maior, ficando mais dispostos a investir em atividades produtivas e reaquecendo a economia. Todos esses fatores estão interligados, e, por isso, diversos atores econômicos estão sempre de olho na inflação, medida pelo IPCA.
E aí, conseguiu entender o que é inflação? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!