O Nordeste do Brasil foi a primeira região invadida pelos portugueses, por volta de 1500. Ao longo dos anos, o seu território foi lar para uma população com uma ancestralidade mista e singular, descendendo dos povos indígenas, europeus e africanos.
Nesse texto, você vai conhecer mais sobre a história do Nordeste, e entender melhor sua cultura e economia. Como ela foi dividida? O que aconteceu no seu território ao longo dos anos? Qual a história do povo nordestino? Então continue a leitura que a Politize! irá te contar.
A História do Nordeste pré-colonial: o início
Antes da chegada dos europeus, o Nordeste brasileiro era lar para várias nações indígenas diferentes, com destaque para os povos Tupi, no litoral, e os Tapuia, no interior. Havia também grupos como os Potiguara, Tupinambá, Tabajara, Caeté e muitos outros. E, como ocupavam diferentes ecossistemas, desde o litoral até o sertão, adaptando-se às condições ambientais específicas de cada área.
Os Tupi, que viviam principalmente no litoral, eram habilidosos na pesca marítima e na construção de canoas utilizadas para navegação costeira. Eles praticavam a agricultura de mandioca, milho, feijão e abóbora, e a coleta de frutos nativos. Suas aldeias, compostas por malocas (habitações comunitárias), abrigavam várias famílias e eram centros de atividades comunitárias e rituais.
Os Tapuia—termo usado pelos Tupi para se referir a povos que não compartilhavam sua língua— eram várias nações com línguas e costumes distintos. Entre elas, por exemplo, estavam os Kariri, bastante adaptados ao clima semiárido longe do litoral.
As relações entre os diferentes povos indígenas eram complexas, envolvendo alianças, trocas comerciais e conflitos. Eles mantinham extensas redes de comunicação, utilizando trilhas terrestres e vias fluviais que facilitavam o intercâmbio de produtos como cerâmica, ferramentas de pedra, ornamentos e alimentos. Essas trocas não eram apenas econômicas, mas também culturais, permitindo a disseminação de ideias, práticas religiosas e artísticas.
Culturalmente, esses povos possuíam ricas tradições orais que transmitiam mitos, lendas e conhecimentos ancestrais. As manifestações artísticas incluíam pinturas corporais elaboradas, produção de artefatos cerâmicos com desenhos simbólicos e a realização de cerimônias e danças ritualísticas que celebravam ciclos naturais, eventos comunitários e cultos aos antepassados.
Já politicamente, a organização social variava entre os grupos. Em geral, as aldeias eram lideradas por caciques que acumulavam funções políticas, militares e religiosas. Além disso, conselhos de anciãos e pajés (líderes espirituais) desempenhavam papéis fundamentais na tomada de decisões, preservação das tradições e na transmissão de conhecimentos sobre a flora e fauna locais.
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A História do Nordeste colonial: a invasão
Tudo começou na Bahia! Foi o primeiro estado a ser invadido pelos portugueses e batizado, inicialmente, de Vera Cruz, e em 1534 começou o povoamento da região.
Os portugueses iniciaram o cultivo de cana-de-açúcar em território nordestino, onde foi muito bem sucedido, principalmente no estado de Pernambuco. Atualmente, a região de Alagoas tem a sua economia voltada para esse cultivo.
Pernambuco também foi uma das primeiras regiões a serem colonizadas. Foi onde os portugueses tiveram o seu primeiro contato com os indígenas através do escambo (troca de mercadorias).
Os indígenas extraíam a árvore de pau-brasil e recebiam espelhos, facas, tudo que não tinha valor para os portugueses. A partir da escravização desses povos, deu início ao período colonial no Brasil.
Em Fernando de Noronha, os portugueses começaram as exportações do Pau-Brasil. Fernão de Loronha (Noronha), que deu origem ao nome do lugar, foi a primeira pessoa a receber a permissão de explorar essa madeira, em 1501.
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Nesse período, o território de Alagoas foi invadido não só pelos portugueses, como também pelos franceses. Um século mais tarde, em 1630, os holandeses também desembarcaram por lá e tiveram vários conflitos diretos, até serem expulsos em 1645.
O estado do Maranhão foi alvo muito disputado por diversos povos europeus, incluindo portugueses, espanhóis e holandeses. Sua primeira ocupação, foi marcada após a chegada dos espanhóis. Somente em 1612, o primeiro núcleo urbano foi consolidado pela ocupação dos franceses no estado, que foram os responsáveis pela criação da atual capital do estado, São Luís.
No Rio Grande do Norte não foi diferente. Posicionado no litoral nordestino, também foi alvo de diversas expedições por conta do seu fácil acesso. O domínio começou a partir do Cabo de São Roque, em 1501, atualmente chamado de Maxanguarape. Lá, a cidade de Mossoró foi a primeira do Brasil a decretar o fim da escravidão, em 1883, antes mesmo do decreto da Lei Áurea, de 1888. O território potiguar ganhou o status de estado da federação no ano de 1889.
Já o estado do Piauí teve um começo diferente dos demais estados, pois sua ocupação que se deu pelo interior, em decorrência da expansão da criação de gado.
O Nordeste pós-colonial
Após o fim da colonização, a região não foi poupada dos desafios herdados do seu passado colonial. A concentração de terras nas mãos de poucos perpetuou desigualdades sociais e econômicas profundas. Além disso, a falta de investimentos em infraestrutura e educação contribuiu para o atraso no desenvolvimento do nordeste em relação ao eixo sul-sudeste.
Durante o século XIX, a região Nordeste passou por crises econômicas devido à concorrência internacional (principalmente do Caribe) em seu principal produto: o açúcar. O alívio veio com a introdução e expansão da cultura do algodão, especialmente para os estados do Maranhão e do Ceará. A demanda internacional por algodão aumentou principalmente durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), quando a produção nos Estados Unidos foi interrompida.
Já no século XX, muitas revoltas e movimentos sociais aconteceram em busca de melhores condições de vida. A Revolta de Canudos (1896-1897) e a Revolta do Contestado (1912-1916), foram algumas delas.
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Além disso, um cenário que muitos nordestinos enfrentam é a seca. Ela é caracterizada por longos períodos de escassez de chuvas, afetando de forma severa a agricultura, pecuária e o abastecimento de água. Esse é um problema histórico, mas que persiste até hoje, sendo responsável por migrações forçadas e perenidade a pobreza, especialmente em áreas onde muitas famílias ainda dependem da agricultura de subsistência.
E hoje em dia?
Algumas políticas públicas tentaram (e tentam) solucionar esses males. É o caso da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), de 1959, que tinha o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e reduzir as desigualdades regionais; e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), uma das instituições que ajudam no enfrentamento das secas.
Outra iniciativa de destaque é a transposição do Rio São Francisco. Iniciada no governo Lula em 2007, seu objetivo foi redirecionar as águas do rio para canais que abastecem açudes e rios nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. O projeto trouxe alívio para milhões de pessoas, mas a seca continua a ser um problema até hoje.
Por outro lado, o nordeste se destaca quando o assunto é energia renovável. A região tem recebido grandes investimentos para criação de parques eólicos e solares, e pode até se tornar exportadora de hidrogênio verde.
Além disso, o turismo mantém-se como uma importante fonte de renda, com cidades como Salvador, Recife, Fortaleza e Natal atraindo visitantes do Brasil e do mundo, em busca de suas belezas naturais e riqueza cultural. Programas governamentais como o Bolsa Família, também surtiram efeitos em aliviar problemas socioeconômicos, embora desafios permaneçam na efetividade e alcance dessas iniciativas.
E aí? Você conhecia a História da Região Nordeste? Deixe um comentário!
Referências:
- Período Pré-Colonial: início, características, fim
- Capitanias Hereditárias: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/capitanias-hereditarias.htm
- Pau-Brasil: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/pau-brasil.htm
- Região Nordeste: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regiao-nordeste.htm
- Alagoas: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/alagoas.htm#Hist%C3%B3ria+de+Alagoas
- Bahia: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/bahia.htm
- Pernambuco: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/pernambuco.htm
- Piauí: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/piaui.htm#Hist%C3%B3ria+do+Piau%C3%AD
- Ceará: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/ceara.htm#Hist%C3%B3ria+do+Cear%C3%A1
- Maranhão: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/maranhao.htm#Hist%C3%B3ria+do+Maranh%C3%A3o
- Paraíba: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/paraiba.htm#Hist%C3%B3ria+da+Para%C3%ADba
- Rio Grande do Norte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/rio-grande-norte.htm#Hist%C3%B3ria+do+Rio+Grande+do+Norte
- SUDENE: https://www.gov.br/sudene/pt-br/acesso-a-informacao/institucional#:~:text=Seja%20bem%2Dvindo%20(a),nas%20economias%20nacional%20e%20internacional.