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O perfil político do Sul do Brasil: uma região influente na política brasileira

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Terra de Anita Garibaldi, Getúlio Vargas e da criação do Dia Nacional da Consciência Negra: você conhece a história política do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, os três estados que compõem a região Sul do Brasil?  

Acompanhe este texto para saber!

Contextualização histórico-social do Sul do Brasil

Por não haver recursos que pudessem interessar os colonizadores portugueses (como o Pau-Brasil e a cana-de-açúcar), a região Sul foi explorada somente no século XVII pelos jesuítas espanhóis, cujo objetivo era catequizar os indígenas.

A ampliação e o estabelecimento da população sulista iniciou-se, de fato, a partir do século XIX com as políticas de imigração implantadas e estimuladas durante o regime imperial brasileiro.

Para garantir o desenvolvimento econômico do país e assegurar os territórios ao sul como pertencentes à Coroa Portuguesa, foram criados assentamentos para acomodar as populações italianas e alemãs vindas do continente europeu. Dessa forma, ao mesmo tempo em que povoavam a região, também protegiam e determinavam o domínio sobre aquele território. 

As condições climáticas subtropicais, semelhantes ao clima europeu, permitiram uma maior adaptação dessas populações, facilitando, assim, o desenvolvimento de suas culturas, como a agricultura e a pecuária. Atualmente, a economia do Sul ainda se sustenta nesses dois pilares, mas também na indústria, no comércio e no turismo. 

Com uma população de aproximadamente 30 milhões de habitantes, segundo o IBGE, a região Sul é a terceira maior região demográfica do país e a menor em área territorial. Apresenta um dos melhores indicadores de qualidade de vida do Brasil, e os três estados estão entre as sete primeiras posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), de acordo com dados do Atlas de 2021. 

Ainda segundo o IBGE, Santa Catarina é o estado com a menor taxa de analfabetismo do Brasil, registrando apenas 2,2%. Conforme a pesquisa Alfabetiza Brasil, do Ministério da Educação (MEC), somente o estado registrou 751,74 pontos, um resultado acima da média estabelecida pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que era de 743 pontos. A região Sul obteve a maior pontuação, alcançando 735,48 pontos. Vale ressaltar que, apesar disso, ainda não atingiu a média estabelecida pelo Saeb.

História política do Sul

A história política do Sul pode ser divida em quatro épocas marcantes que constituem sua política atual: Guerra dos Farrapos, Revolução Federalista, Era Vargas e Ditadura Militar.

Guerra dos Farrapos

Em 20 de setembro de 1835, iniciava uma das guerras mais marcantes da história do regime imperial brasileiro: a Guerra dos Farrapos. Essa foi também a guerra mais duradoura, tendo seu fim somente 10 anos depois, em primeiro de março de 1845. 

A disputa, ocorrida, primeiramente, em solo riograndense, teve seu estopim devido à insatisfação da elite gaúcha com as cobranças de impostos do governo sobre a importação do sal, principal item para a produção de charque (carne salgada). 

Além disso, não se sentiam devidamente representados politicamente pelo presidente da província, nomeado pelo Governo Central, no Rio de Janeiro. 

Os farroupilhas eram pessoas da elite consideradas radicais em seus ideais políticos. No entanto, seu radicalismo não compreendia, nem envolvia a abolição de pessoas negras escravizadas na época. Inclusive o militar Bento Gonçalves – uma das principais figuras e lideranças da guerra – era proprietário de escravos.

A revolta dos farroupilhas ultrapassou fronteiras e alcançou terras catarinenses, na cidade de Laguna. A conquista da cidade só foi possível graças a um ataque liderado pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, marido de Anita Garibaldi.

  1. Anita Garibaldi 

Nascida em 1821 na cidade de Laguna, em Santa Catarina, Anita foi uma revolucionária que lutou ao lado de Giuseppe na Guerra dos Farrapos. Em 1840, participou da Batalha de Curitibanos e acabou sendo presa pelos soldados do império brasileiro, porém conseguiu fugir em seguida. 

Anos depois, lutou, também ao lado do marido, em batalhas no Uruguai, França e Itália, este último sendo o país onde estava ocorrendo o processo de unificação dos reinos italianos

Anita faleceu em 1849, aos 27 anos, em Mandriole, na Itália, e foi reconhecida como uma revolucionária tanto no Brasil, como na Itália.

  1. Massacre dos Porongos

Ainda durante a guerra, por não haver homens o suficiente para fazer frente às tropas do Império, os farroupilhas republicanos capturavam negros escravizados dos seus adversários para lutarem com a falsa promessa de liberdade. Para revidar a participação gradativa dos negros, os imperiais decretaram a “Lei da Chibata”, direcionada àqueles que eram pegos servindo ao exército dos farroupilhas. 

Em 14 de novembro de 1844, as tropas imperiais armaram uma emboscada contra os soldados negros, assassinando mais de cem homens, que ficou conhecida como o Massacre dos Porongos. Recebeu este nome, pois ocorreu no alto da coxilha Cerro dos Porongos, localizado no atual município de Pinheiro Machado, no Rio Grande do Sul.

Revolução Federalista

Após a Proclamação da República no Brasil, a estrutura de governo estabelecida por militares ficou conhecida como “República da Espada” e tinha como representante o militar Marechal Floriano Peixoto

Entre os anos de 1893 e 1895, instituiu-se uma guerra civil no Sul do país, iniciada no Rio Grande do Sul pelos opositores ao governo, os Federalistas (também denominados maragatos¹), que faziam parte do Partido Federalista do Rio Grande do Sul (PF). Defendiam uma maior autonomia dos estados, a descentralização do poder e eram desfavoráveis ao sistema de governo presidencialista. Tinham como líder o político Gaspar da Silveira Martins.

Contrários a eles nessa batalha, estavam os Republicanos (ou chimangos²), apoiadores de Floriano Peixoto que concordavam com a consolidação do sistema republicano, assim como na centralização do poder. Faziam parte do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), e seu líder era o jornalista e político positivista Júlio de Castilhos, o então presidente do Estado. 

O estopim ocorreu após Castilhos elaborar um documento institucional para o Rio Grande do Sul, o qual determinava que o Poder Executivo do Estado fosse fortalecido e centralizado. Essa ação recebeu apoio do presidente da República, e enfureceu os federalistas.

Os maragatos visavam chegar até o Rio de Janeiro, sede do governo, para destituir Floriano Peixoto e, para isso, avançaram guerrilhando em solos catarinenses e paranaenses.

1. Refere-se aos espanhóis naturais de Maragataría, na Espanha.

2. Ave de rapina muito comum na campanha rio-grandense.

  1. Cerco da Lapa

Em 1894, a cidade da Lapa, no Paraná, também tornou-se palco de guerra para a Revolução Federalista. Para chegarem até o Rio de Janeiro, os maragatos traçaram rotas terrestres pela região Sul, e a principal rota era através da cidade de Curitiba. 

Outra circunstância que motivou a invasão dos maragatos ao estado paranaense, foi devido ao apoio histórico dessas cidades ao governo federal. Com isso, tanto Curitiba, como a Lapa, foram locais de resistência contra os federalistas. 

Graças a negociação de algumas figuras e lideranças locais, Curitiba não foi completamente destruída. Na Lapa, tropas republicanas tentavam conter o avanço dos federalistas, pois cercaram a cidade durante 26 dias e só foram derrotados após ficarem sem mantimentos. 

Era Vargas 

Após o país viver em duas organizações políticas (a República da Espada e a República Oligárquica), denominadas de República Velha, uma nova era política se instaurou no Brasil: a Era Vargas.

Durante anos, a presidência do Brasil foi dominada pela aliança política entre São Paulo e Minas Gerais, intitulada de República Café com Leite. Essa aliança instituiu um sistema de alternância de poder na presidência entre representantes de ambos estados. 

Entretanto, essa ordem foi rompida em 1930 pelo então presidente paulista Washington Luís, através da nomeação do paulista Julio Prestes como sucessor do cargo. 

Para impedir essa ação e derrubar o governo de Washington Luís, o governador do estado de Minas Gerais convocou os governadores da Paraíba (com o acordo do próximo vice-presidente ser paraibano, ou seja, João Pessoa) e do Rio Grande do Sul (com o acordo do futuro presidente ser gaúcho) para formarem a Aliança Libertadora (AL). 

Através desse golpe de Estado, intitulado Revolução de 30, o gaúcho Getúlio Vargas assumiu provisoriamente a presidência do país.

Vargas trilhou um longo caminho na política até se tornar presidente. Natural de São Borja, no Rio Grande do Sul, iniciou sua carreira política em 1909, quando foi eleito deputado estadual. Anos mais tarde elegeu-se deputado federal e foi líder da bancada gaúcha na Câmara. 

Em 1928, tornou-se governador do estado pelo Partido Republicano, formando uma aliança com todas as forças políticas do Rio Grande do Sul. 

Após assumir a presidência, Vargas rompeu os vínculos entre o Estado e as elites que o governavam, adotando políticas de centralização do poder para reestruturar o país, como o fechamento do Congresso

Como recompensa àqueles que participaram da revolução ao seu lado, Vargas substituiu os antigos representantes de cada estado (vinculados às elites tradicionais) e nomeou seus aliados aos cargos. Criou, também nesse período, dois ministérios importantes: do Trabalho, Comércio e Indústria e da Educação e Saúde.

Descontente, a oposição paulista liderou um movimento que desencadeou na Revolução Constitucionalista, cujo principal objetivo era reivindicar a realização de eleições presidenciais (diferentemente de como o então presidente fora nomeado).

Vargas suspendeu a Constituição de 1891 e promulgou uma nova, a Constituição de 1934, a qual aprovou importantes direitos trabalhistas, como a jornada de trabalho de 8 horas diárias, a proibição do trabalho infantil, férias anuais e a previdência social. Essa trajetória é reconhecida como o Governo Constitucional.

  1.  Estado Novo 

Sob a justificativa de uma ameaça comunista ao país, a eleição presidencial de 1937 foi anulada, assim como a Constituição de 1934. Esse episódio dá início ao período ditatorial da Era Vargas: o Estado Novo

Para controlar e moldar a imagem do governo diante da população, assim como censurar a imprensa, foi estabelecido o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1939. A ideologia da ditadura do Estado Novo era promovida e difundida através do DIP, tendo como uma de suas criações o programa de rádio “Hora do Brasil”. 

Em 01 de maio de 1943, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou os demais direitos trabalhistas com os atuais, como o salário mínimo e o descanso semanal remunerado. Tais implementações beneficiaram especificamente a classe trabalhadora, concedendo a Vargas o apelido de “pai dos pobres”.

Em 1945, após 15 anos consecutivos, Vargas foi exonerado do poder pelos militares por meio de um golpe de Estado, pois havia contradições em seu governo ao enviar homens para lutar contra o autoritarismo fascista e nazista na Europa na Segunda Guerra Mundial, enquanto o autoritarismo também era uma realidade nacional.

  1. Governo Democrático de Getúlio Vargas

Eleito democraticamente através do voto popular, Getúlio Vargas retornou à presidência em 1951 pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Por ser nacionalista, Vargas prezava o desenvolvimento industrial brasileiro, e defendia os recursos naturais do país, como o petróleo. Portanto, em 1953 criou a estatal Petrobras para impulsionar a indústria.

Ainda no mesmo ano nomeou o político gaúcho João Goulart, popularmente conhecido como Jango, como ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, que propôs aumentar 100% o salário dos trabalhadores. 

Este fato, somado ao ultranacionalismo de Vargas, aterrorizou alguns setores da sociedade comprometidos com o capital estrangeiro. A situação se agravou ainda mais após o atentado da rua Tonelero, que matou um dos principais opositores do governo, o jornalista e membro do partido União Democrática Nacional (UDN) Carlos Lacerda. 

Cercado de muita pressão para renunciar à presidência, em 24 de agosto de 1954, aos 72 anos, Getúlio Vargas se suicidou com um tiro no peito, e “saiu da vida para entrar na história” como afirmou em sua Carta-testamento. 

Ditadura Militar 

O regime ditatorial sucedeu-se após o golpe civil-militar, instaurado em 31 de março de 1964. Esse período foi marcado por muita repressão, violência extrema e uma forte censura à imprensa, à arte e à liberdade de expressão, perdurando 21 anos e chegando ao fim somente em 1985, com a redemocratização do Brasil

  1. Pré-ditadura

Naquela época, o governante do país era Jango, representante trabalhista do antigo governo de Getúlio Vargas. Suas principais propostas de governo estruturavam-se em reformas de base, que modificavam as seguintes áreas: agrária, tributária, educacional, urbana, eleitoral e primária. 

Tais propostas, especialmente a reforma agrária, obtiveram apoio da esquerda brasileira, e uma forte repulsa das elites e da direita, a qual era representada pela UDN

Outro fato crucial que influenciou diretamente as tomadas de decisões na eclosão do golpe foi a Guerra Fria, disputa entre dois blocos econômicos liderados pelos Estados Unidos (EUA) e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a qual polarizou o mundo entre capitalistas e socialistas

O Brasil situava-se no bloco capitalista, ou seja, ao lado dos EUA, portanto, sofreu fortes pressões do país para impedir os avanços do comunismo no território brasileiro – especialmente quando Cuba se declarou socialista no início da década de 1960, após a Revolução Cubana –, participando ativamente da implantação do golpe. 

  1. Ditadura Militar no Rio Grande do Sul

Após a renúncia de cargo do antigo presidente Jânio Quadros, fomentou-se uma tentativa de golpe para impedir a posse do então vice-presidente João Goulart. Assim, para defender a ordem democrática e o respeito à Constituição, o governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango, Leonel Brizola, liderou, em 1961, a Campanha da Legalidade, convocando apoiadores às ruas de Porto Alegre para resistirem ao golpe.

Contudo, tal luta não foi suficiente para conter o desenvolvimento de um novo golpe. Muitos que apoiaram a Campanha da Legalidade haviam mudado de lado, sustentando-se na crença de que este seria o único caminho para defender a Constituição.

O golpe de 1964 foi apoiado pelo governador do Estado Ildo Meneghetti e pelo III Exército, com sua sede em Porto Alegre. Temendo uma possível invasão de manifestantes ao Palácio Piratini (sede do governo estadual em Porto Alegre) pôs-se em prática a Operação Farroupilha, cujo objetivo era transferi-la para a cidade de Passo Fundo, abrigando os poderes por tempo indeterminado. 

Essa ação pretendia impedir qualquer manifestação de Jango a fim de permanecer no poder, tendo em vista a proximidade do presidente com seu estado natal, além do apoio recebido por Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul. Em Passo Fundo, havia capacidade ofensiva para combater qualquer manifestação contrária ao governo colaboracionista.

Militares não adeptos à ditadura militar, assim como sindicalistas e partidos apoiadores do governo deposto, foram demitidos, perseguidos, presos, torturados e, muitas vezes, mortos.

De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade, o estado gaúcho concentrou 39 locais de detenção e tortura, a maior estrutura montada no país. Quartéis do Exército, assim como as delegacias de Polícia Civil, foram adaptados para receber presos políticos em 16 cidades. O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) onde hoje funciona o Palácio da Polícia, em Porto Alegre, foi o centro de tortura mais intenso.

A posição geográfica do estado, com fronteiras para a Argentina e Uruguai, foi um determinante para o elevado número de locais de detenção, pois eram rotas de fuga para perseguidos políticos.

O Brasil teve três representantes gaúchos durante a ditadura, sendo eles:

  • Artur da Costa e Silva (1967-1969), de Taquari;
  • Emílio Médici (1969-1974), de Bagé;
  • Ernesto Geisel (1974-1979), de Bento Gonçalves.
  1. Ditadura Militar em Santa Catarina

Assim como no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina houve uma forte e intensa repressão contra àqueles que se opunham ao regime ditatorial. Iniciada em 1975, a Operação Barriga Verde foi a principal intervenção militar durante o período, e tinha como objetivo sequestrar, interrogar e torturar pessoas consideradas uma ameaça à estabilidade do governo. Durante a operação, foram sequestradas 42 pessoas em todo estado

Até aquele momento, não havia relatos de torturas sofridas em território catarinense. Os presos eram, geralmente, levados para a 5ª Região militar, em Curitiba, que era responsável pelas forças armadas de Santa Catarina, mas com o início das atividades da Barriga Verde, que tinha como objetivo desarticular e eliminar os comunistas no estado, dezenas de presos foram torturados física e psicologicamente.” – Alesc, Memória Política de Santa Catarina

Partidos políticos criados no Sul

Alguns partidos políticos surgiram no Sul do Brasil e se estabeleceram como forças importantes da política nacional, como o caso do Partido Verde (PV), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Além destes, dois partidos já extintos, como Partido Libertador (PL) e Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), também foram fundados nesta região.

O Partido Verde, fundado oficialmente em 1986, surgiu em um contexto global de crescente conscientização ambiental, sendo fruto de movimentos ecologistas que também influenciaram a política brasileira. 

A primeira menção ao PV no Brasil ocorreu no estado do Paraná, em 1982, quando uma manifestação política fez alusão à agenda ambiental do partido. Esta primeira tentativa, no entanto, foi isolada, e o partido só seria formalmente criado anos depois, no Rio de Janeiro.

O partido encontrou, no Sul, um território fértil para disseminar suas ideias, em especial em estados como Paraná e Rio Grande do Sul, onde questões ambientais e desenvolvimento sustentável têm sido frequentemente debatidos. Além disso, o Sul do Brasil se destacou por eleger prefeitos e vereadores ligados ao PV nas décadas de 1990 e 2000, consolidando a relevância do partido na região.

O PSOL foi fundado em 2005, como resultado de uma dissidência do Partido dos Trabalhadores (PT), em razão de divergências internas sobre a reforma da previdência. Uma de suas fundadoras foi a gaúcha Luciana Genro.

O Sul do Brasil foi um dos palcos principais para o crescimento da base política do partido. A região ofereceu um ambiente propício para que o partido encontrasse apoio entre trabalhadores e militantes progressistas, devido sua narrativa de oposição à extrema-direita, atraindo eleitores que se sentiam desencantados com os rumos da política tradicional. Em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o PSOL ampliou sua base, conquistando cadeiras legislativas e se estabelecendo como uma alternativa à esquerda.

O Partido Democrático Trabalhista (PDT) foi fundado em 1979 por Leonel Brizola, no contexto da redemocratização do Brasil e do fim da Ditadura Militar. Brizola, um dos grandes líderes trabalhistas da história brasileira, idealizou o partido para dar continuidade ao legado de Getúlio Vargas e João Goulart, ambos defensores de políticas voltadas ao desenvolvimento nacional e à proteção dos trabalhadores. 

O PDT nasceu do movimento que buscava recriar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), extinto em 1965 pelo Ato Institucional n.º 2 (AI-2), porém seguiu um caminho distinto, centrado no trabalhismo e na social-democracia.

O Partido Libertador (PL) — extinto com outros partidos políticos em 1937, após a implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas —, foi fundado em 3 de março de 1928 em Bagé, no Rio Grande do Sul, sucedendo o Partido Federalista. 

Ele surgiu como um movimento de oposição ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e teve como principais lideranças Joaquim Francisco de Assis Brasil e Raul Pilla. O PL tinha como princípios a representação proporcional, o voto secreto e a justiça social. Suas bases ideológicas também incluíam o fortalecimento do Judiciário e a ampliação dos direitos dos trabalhadores.

O partido manteve uma posição de oposição ao governo central e aos republicanos até a década de 1930, quando se uniu à Aliança Liberal e apoiou a candidatura de Getúlio Vargas​.

Por sua vez, o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) foi fundado em 1882 por Júlio de Castilhos, inspirando-se no positivismo e no federalismo. O PRR dominou a política do Rio Grande do Sul até 1937, defendendo um governo republicano e federalista com forte ênfase na ordem social e na centralização do poder estadual. 

Seus principais líderes, como Borges de Medeiros e Carlos Barbosa, conduziram o partido em meio a diversas revoluções e conflitos políticos, destacando-se a Revolução Federalista e a Revolução de 1923. O PRR exerceu grande influência sobre a política gaúcha, e seus membros, como Getúlio Vargas, desempenharam papéis decisivos na história política do Brasil​.

Criação do Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra foi idealizado no início da década de 1970, em Porto Alegre, por um grupo de jovens universitários negros que formavam o Grupo Palmares, associação responsável por difundir estudos sobre a história e cultura negras. Entre os fundadores dessa iniciativa estavam Oliveira Silveira, Antônio Carlos Côrtes, Ilmo da Silva e Vilmar Nunes, Jorge Antônio dos Santos (Jorge Xangô) e Luiz Paulo Assis Santos.

Eles decidiram que o 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, seria um marco mais representativo para o movimento negro do que o 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea. A narrativa de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, simboliza a luta ativa dos negros pela liberdade, o que contrasta com a ideia de liberdade “concedida” pela princesa Isabel. 

A escolha da data foi motivada pela insatisfação com a narrativa de uma abolição “incompleta”, que não garantiu direitos básicos, como acesso a terras, educação e trabalho, aos ex-escravizados. 

O Grupo Palmares buscava um símbolo de resistência e autonomia, que pudesse fomentar a reflexão sobre as questões raciais e promover a valorização da cultura afro-brasileira. O 20 de novembro foi, então, estabelecido como o Dia da Consciência Negra, sendo comemorado pela primeira vez em um evento no clube Marcílio Dias, em Porto Alegre, em 1971.

Ao longo dos anos, a data foi ganhando força em outras regiões do país, especialmente após a adoção da proposta pelo Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978. Com o apoio do MNU, o 20 de novembro se consolidou como um marco nacional da luta antirracista e pela igualdade de direitos. 

A partir da sanção da Lei 10.639, em 2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, a data passou a integrar o calendário escolar​. Além disso, após a sanção da Lei 14.759/2023, a data foi oficialmente incorporada ao calendário de feriados em todo o território nacional, pois antes disso, era celebrado como feriado apenas em algumas cidades e estados por meio de leis locais.

E aí, gostou de aprender mais sobre a história política do Sul do Brasil? Continue acompanhando a história de outras regiões do país com os textos do Muitos Brasis.

Referências:

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