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Sociedade e Desigualdades no Sudeste: um raio-X da região mais populosa do Brasil

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De acordo com o censo de 2022 do IBGE, a região Sudeste do Brasil foi a que mais ganhou população entre os anos de 2010 e 2022,  com um aumento de mais de 4,4 milhões de habitantes, passando de 80,3 milhões para 84,8 milhões de pessoas.

Os dados do censo indicam que cerca de 41,8% da população do Brasil está concentrada nos estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A região tem mais habitantes do que muitos países como: Argentina, Canadá, Austrália, Alemanha, França e Reino Unido.

Crescimento populacional na região Sudeste de 1872 a 2022 – Fonte: IBGE 2022 [Gráfico demonstrando o crescimento da população na região Sudeste com menos de 10 milhões de habitantes em 1872 e com mais de 80 milhões em 2022]

Venha conferir os detalhes e indicadores sociais da região Sudeste do Brasil!

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O desenvolvimento da região Sudeste

Você sabia que a capital do Brasil já foi um dos estados da região Sudeste?

A história do Brasil se passa pela história do Rio de Janeiro. Em 1763, a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1808, a cidade abrigou a Corte Portuguesa, quando a família real se instalou no Brasil, distanciando-se de Portugal devido à invasão de Napoleão, trazendo consigo mudanças econômicas e sociais.

Após a Proclamação da República, em 1889, o Rio de Janeiro se manteve como sede política e administrativa e era, à época, a maior cidade do país.

Ocupação e desenvolvimento histórico da região Sudeste:

A exploração de ouro, no fim do século XVII, foi a primeira atividade econômica que atraiu um grande número de pessoas para a região Sudeste. Além disso, várias expedições foram organizadas para percorrer o interior à procura de mão de obra indígenas e riquezas minerais.

Veja também: Brasil Colônia: início, política, economia, sociedade e fim

A história da região Sudeste teve início com Martim Afonso de Souza quando fundou São Vicente (SP), em 1532. A região serviu de base para a colonização portuguesa. Porém, foi apenas com o início da mineração que o local atraiu diversas pessoas em busca de melhores condições de vida.

Minas Gerais se tornou uma importante região econômica no século seguinte. A motivação da transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro também foi devido ao principal porto de escoamento de produção mineral, por exemplo, em Paraty. Ouro Preto foi a principal cidade brasileira da época do ouro.

Durante a colonização portuguesa, a descoberta de ouro desempenhou um papel fundamental na expansão para o interior do Brasil. Em São Paulo, motivados pela busca das minas de ouro e diamantes, os bandeirantes fundaram grande parte dos povoados que dariam origem às cidades históricas.

Em relação a outro artigo econômico, o café chegou ao Brasil no ano de 1727, primeiramente no estado do Pará. Foi trazido da Guiana Francesa pelo oficial português Francisco Melo Palheta.

Após o fim da exploração das minas de ouro, a produção de café se expandiu e se tornou o principal produto agrícola do Brasil na segunda metade do século XIX, e essa história também perpassa pela região Sudeste.

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A expansão da cultura do café ocorreu no interior de São Paulo e foi criada e desenvolvido mecanismos para escoá-lo com maior facilidade para o Porto de Santos. O café também era levado para cidades portuárias como: São Sebastião (SP) e Ubatuba (SP).

No século XIX, o Brasil já era o maior produtor de café do mundo. Os cafezais eram cultivados no interior de São Paulo e, no século XX, chegaram ao oeste paulista e norte do Paraná.

No Vale do Paraíba, a mão de obra era predominantemente escrava. O café emergia como o principal produto da economia brasileira, enquanto a Lei Eusébio de Queirós e a Lei Áurea aboliram a escravidão no país. Em 1850, o Brasil começou a incentivar a imigração para suprir a demanda de trabalhadores nos cafezais.

A partir de 1888, – com a abolição da escravidão – os cafezais começaram a empregar trabalhadores livres. Assim, cidadãos italianos, portugueses e espanhóis começaram a desembarcar no Brasil em busca de emprego nas fazendas. Muitos imigrantes japoneses também chegaram no Brasil e, principalmente, na região Sudeste.

Com a Proclamação da República, que extinguiu a monarquia no Brasil, políticos de São Paulo e Minas Gerais passaram a dominar o poder no país se revezando. Este período da administração nacional ficou conhecida como “Política do café com leite”.

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Na década de 1950, o crescimento econômico do Sudeste do Brasil atraiu um grande fluxo de novos migrantes. Além disso, ao longo do século XX, especialmente durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), houve significativos investimentos em infraestrutura, especialmente em energia e transporte.

Esses investimentos por parte do governo atraíram empresas estrangeiras para o Brasil, especialmente para empresas automobilísticas no ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul).

A demografia da região Sudeste do Brasil: estatísticas sobre a população

Apesar de ser a região com maior número de habitantes do país, a taxa média de crescimento da população do Sudeste caiu de 1,05% (2010) para 0,45% (2022). Isso quer dizer que a população vem aumentando, porém em um ritmo menor.

Fatores como migração – devido ao alto custo de vida em grandes metrópoles -, envelhecimento da população e, até mesmo, pandemia de COVID19, explicam o fenômeno da queda da taxa da população na região, assim como em outras regiões do Brasil.

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Proporção mulheres (51,84%) e homens (48,16%) na população da região Sudeste. Fonte: Censo 2022 – IBGE [Proporção mulheres e homens na região Sudeste em 2022, respectivamente 51,84% e 48,16%].
Proporção de pessoas brancas (49,88%), pretas (10,61%), amarelas (0,67%), pardas (38,70%) e indígenas (0,13%) na região Sudeste. Fonte: Censo 2022 – IBGE [Representação visual demonstrando a proporção de pessoas brancas (49,88%), pretas (10,61%), amarelas (0,67%), pardas (38,70%) e indígenas (0,13%) na região Sudeste, de acordo com o Censo 2022].
Proporção de alfabetizados e não alfabetizados na região Sudeste. Fonte: Censo 2022 – IBGE [Gráfico de pizza apontando a proporção de alfabetizados (96,1% – 66.834.250 pessoas) e não alfabetizados (3,9% – 2.725.139) na região Sudeste, de acordo com o Censo 2022].

O maior crescimento (2010 – 2022) proporcional de habitantes ocorreu no Centro-Oeste, alta de 15,86% em sua população. O Norte teve um avanço de 9,36%; em seguida, o Sul, com crescimento de 9,29%; o Sudeste teve um aumento de 5,57% e o Nordeste teve alta de 2,94%.

No levantamento de 2019, o Brasil tinha 45.945 km² de áreas urbanizadas. Mais de um terço dessas áreas se concentrou na região Sudeste: São Paulo obteve 18,39% das áreas urbanizadas, Minas Gerais 10,53%, Rio de Janeiro 5,98% e Espírito Santo 1,55%.

Em relação a religião no Sudeste, na pesquisa do Datafolha em 2020, dentre as duas maiores religiões do Brasil, 45% da população era católica e 32% evangélica.

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Dinâmicas Socioeconômicas da região

O Sudeste ocupa 10,8% do território brasileiro. No entanto, em 2022, de acordo com o IBGE, a região gerou mais de 52% da atividade econômica do país, em termos de PIB. O estado de São Paulo foi responsável por 30,2% da produção, Rio de Janeiro (10,5%) e Minas Gerais (9,5%).

Esse dado evidencia a disparidade entre as diferentes regiões do Brasil. Embora o Sudeste represente 10% do território nacional, abriga 40% da população e gera mais de 50% da atividade econômica do país. Isso pode indicar significativas desigualdades socioeconômicas em outras partes do Brasil.

Veja também: Desafios para combater a desigualdade social no Brasil: dados pandêmicos #3

Em relação à Taxa de Desocupação da população economicamente ativa, temos que, para a Região Sudeste, o percentual é de 12,4%. Já em relação à dependência de Programas de Transferência de Renda, como o Bolsa Família, na Região Sudeste, o repasse beneficiou 1,4 milhão de famílias.

Se analisarmos o mercado de trabalho por regiões, temos: a taxa de desocupação da região Nordeste do Brasil, é de 15,6%, na região Norte 11,9%, no Sudeste 12,4%, no Centro Oeste 10,6% e na Região Sul, com 7,5%.

Em 2023, segundo a pesquisa PNAD, o rendimento domiciliar per capita do Brasil era de R$ 1.893. De acordo com a mesma pesquisa, os quatro estados da região Sudeste superaram o valor da média brasileira: Espírito Santos – R$ 1.915; Minas Gerais – R$ 1.918; Rio de Janeiro – R$ 2.367; e São Paulo – R$ 2.492.

No que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH – composição: saúde, educação e renda), a região Sudeste apresentou, em 2019, o segundo melhor resultado, 0,753. Ganhou destaque no IDH as cidades de Caetano do Sul (SP), Vitória (ES), São Paulo (SP), Águas de São Pedro (SP), Niterói (RJ).

A respeito do Índice de Gini (instrumento para medir o grau de concentração de renda), que varia de zero a um, sendo o valor “zero” a situação de maior igualdade e “um” a maior desigualdade de renda. Em 2023, o Nordeste deteve o índice de Gini em 0,509, o Sudeste 0,508, o Norte 0,500, o Centro-Oeste 0,498 e o Sul em 0,454.

Segundo o Banco Mundial, o rendimento per capita que define a linha de pobreza é de R$ 486 mensais, enquanto para a linha de extrema pobreza é de R$ 168 mensais. No Brasil, em 2021, a proporção de pretos e pardos vivendo abaixo da linha de pobreza (37,7%) é quase o dobro da proporção de brancos (18,6%).

Veja também: O que caracteriza a pobreza? Entenda o conceito

Analisando por região, o Nordeste (48,7%) e o Norte (44,9%) apresentavam as maiores proporções de pessoas vivendo na pobreza. No Sudeste e no Centro-Oeste, a proporção era de 20,6%. Já no Sul, o menor percentual foi registrado, com 14,2% da população abaixo da linha de pobreza.

Setores da economia da região Sudeste

Setor Primário

A agricultura assume um papel de destaque, caracterizada pela moderna mecanização. A região é responsável por metade da produção nacional de cana-de-açúcar, e lidera também na produção de amendoim, algodão, arroz, café, feijão, laranja, mandioca, soja e limão.

Veja também: Qual a situação da agricultura familiar no Brasil?

O Sudeste destaca-se na pecuária, especialmente na produção de carne bovina e suína, com uma indústria frigorífica de destaque no mercado exportador. Em MG, concentra-se a maior produção nacional de leite bovino e a região também se distingue no extrativismo mineral especialmente no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

O Espírito Santo se destaca como o maior produtor de mármore e granito do país, e o porto de Vitória é crucial para a exportação de minério de ferro.

Além disso, o litoral do Sudeste apresenta reservas significativas de petróleo e gás natural. O principal campo de exploração de petróleo da região está localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Os estados do Sudeste também estão situados na área do pré-sal da região do Atlântico Sul.

Setor Secundário

A região Sudeste do Brasil é um importante polo industrial, abrigando indústrias de médio e grande porte em diversos setores. A industrialização no país teve início na região, que, hoje em dia, abriga o parque industrial mais diversificado.

Com uma demanda significativa de energia para sustentar suas indústrias, a região conta com importantes usinas hidrelétricas, como a da Ilha Solteira, Três Marias, Furnas, entre outras.

No estado de São Paulo, estão localizadas montadoras de automóveis, veículos de carga, máquinas agrícolas e até mesmo fabricantes de aviões. Além disso, a região abriga indústrias metalúrgicas, petroquímicas, siderúrgicas, alimentícias, automobilísticas, calçadistas e farmacêuticas.

Veja também: Neoindustrialização: entenda o novo plano do governo

Setor terciário

Há grande concentração de centros empresariais e comerciais, que contribuem para a dinâmica econômica da região. Além disso, existe uma ampla gama de serviços disponíveis para a população, abrangendo desde serviços básicos até segmentos mais especializados.

Como a região Sudeste é altamente urbanizada, possui uma infraestrutura de transportes mais desenvolvida. Impulsionada pela expansão da cafeicultura, a rede ferroviária se desenvolveu. Além disso, a região conta com cerca de 35% das rodovias do país. Os portos mais movimentados do Brasil estão localizados em Santos (SP) e no Rio de Janeiro (RJ).

Veja também: Marco legal das ferrovias

O turismo desempenha um papel crucial no setor terciário do Sudeste, sendo um dos mais rentáveis e geradores de empregos na região. Tanto nas cidades urbanas, quanto nas áreas costeiras e nas reservas ecológicas, o turismo é bem desenvolvido.

Além disso, a região possui uma ampla rede de hotéis e serviços de entretenimento, que atendem tanto aos turistas, quanto à população local, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.

Há muitas informações sobre a região Sudeste! E aí, ficou alguma dúvida sobre o assunto? Fique à vontade para compartilhar com a gente! Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Olá, prazer! Sou graduado em Relações Internacionais e atualmente curso a pós graduação em Ciência Política pela FESPSP. Lembro que desde o início da minha graduação me senti atraído por todos os aspectos teóricos discutidos em sala de aula, me encontrei fazendo parte do debate político e, particularmente, me interessei pelo desenvolvimento da agenda ambiental internacional. A curiosidade de entender o mundo e os movimentos sociais – até mesmo indagando os clássicos teóricos – me servem de combustível para compreender um pouquinho mais os vínculos entre as relações econômicas, as dinâmicas de Estado, a história, o direito legal, enfim, esse universo de coisas que se apresentam no campo político, fruto de processos que foram construídos socialmente.

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