Sociedade e Desigualdade:

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Sociedade e Desigualdades do Sul do Brasil

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Você já pensou em como a cultura do Sul do Brasil foi formada ao longo do tempo? Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm histórias ricas e diferentes, influenciadas por grupos como os açorianos, os gaúchos e imigrantes europeus, e essas influências ainda moldam a identidade da região hoje.

Neste texto do Muitos Brasis, a Politize! te mostra como cada um desses grupos contribuiu para a cultura do sul brasileiro. Você também vai entender sobre a demografia atual da região, conhecendo os desafios e as características da população sulina.

Continue a leitura do texto e embarque em uma viagem para Sul do Brasil!

História do Sul do Brasil

O Sul tem diferenças extremamente marcantes entre suas três regiões. Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul apresentam aspectos culturais muito particulares, e muito está relacionado à forma como foram colonizados.

Assim, podemos considerar três grandes grupos que fizeram parte da formação inicial do sul, sendo eles os açorianos, os gaúchos e os imigrantes europeus.

Podemos considerar também os mestiços brasileiros, descendentes de portugueses e indígenas, que junto com os portugueses e jesuítas, também tiveram participação na formação cultural e étnica do Sul brasileiro. Vamos entender agora um pouco sobre cada um deles.

Os açorianos foram os portugueses vindos da região dos Açores, um arquipélago em Portugal, que se instalaram por todo o Brasil. Já os gaúchos, que hoje conhecemos como os nascidos no Rio Grande do Sul, são na verdade descendentes de espanhóis e indígenas.

Um fato curioso é que o nome “gaúcho”, sem acento mesmo, já existia, e é uma denominação daqueles que trabalham com a pecuária na região dos Pampas. Portanto também são encontrados em outros países onde o bioma existe, como Argentina, Uruguai e Paraguai.

Um dos grupos que contribuíram com a formação do Sul foram os imigrantes. Vindos da Europa, de países como Alemanha, Polônia e Itália, tinham consigo a promessa de terras e recursos para dar início a uma nova vida no Brasil, e por isso vieram em grandes grupos.

Além dos imigrantes europeus, a presença de afrodescendentes e indígenas também influenciou a cultura local, especialmente no que se refere à música, culinária e práticas religiosas.

Diversos autores se dedicaram a estudar a influência das populações indígenas e negras na formação cultural do sul do Brasil, reconhecendo suas contribuições históricas e culturais, como Neusa Maria Mendes de Gusmão e Manuela Carneiro da Cunha.

Em seu livro A História Social dos Negros no Rio Grande do Sul, Neusa Maria destaca a participação e a relevância da população negra para a formação social, econômica e cultural do Rio Grande do Sul, por exemplo.

Ela destaca que os negros foram mão de obra indispensável nos ciclos econômicos e também responsáveis por manter vivas tradições que enriqueceram a identidade cultural gaúcha.

A antropóloga Manuela Carneiro se debruça sobre a influência indígena no sul do Brasil, e afirma que eles estavam presentes no território sulista antes da chegada dos europeus, além de terem sido atores centrais nas dinâmicas regionais.

Ela enfatiza que as populações indígenas, como os Guarani, Kaingang e Xokleng, entre outros, não desapareceram após o contato com os europeus, mas se adaptaram, mantendo tradições e modos de vida apesar das pressões externas.

Vamos contextualizar agora como o território foi formado e se integrou ao restante do Brasil Colônia!

Mesmo com o estabelecimento dos donatários para garantir que ali permaneceria uma propriedade da coroa Portuguesa, ainda assim, era incerto o futuro do sul brasileiro.

Por ser muito próximo de colônias espanholas, ainda não tinha ligação relevante com o restante do território, e o rio do Prata, interesse mútuo entre Espanha e Portugal, era alvo de constante ameaça e disputas.

Pouco antes da Independência do Brasil, José Bonifácio e Dom Pedro buscaram atrair colonos alemães para o Sul, principalmente para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, esperando que ali se formasse uma classe média rural no Brasil.

Veja também: Formação do território brasileiro: você sabe como ocorreu?

Foi nas colônias recém formadas de Florianópolis, Porto Alegre, Blumenau e Dona Francisca (atual Joinville), entre outras, que os alemães permaneceram e dedicaram a criação de animais de consumo, legumes, frutas e verduras, e estabeleceram oficinas e indústrias para produção de alimentos como banha, laticínios, conserva de carne, cerveja e outras bebidas.

Ilustração que destaca o Sul do Brasil. Imagem: Todo estudo.

Após 1870, seguidos dos alemães, vieram para o Rio Grande do Sul os italianos. Sua atividade no Brasil foi similar a dos alemães, com destaque para a criação de uvas e vinho.

Uma outra motivação para a vinda de imigrantes europeus, de acordo com Darcy Ribeiro em seu livro Povo Brasileiro, foi a tentativa de “embranquecer” o território com “bons genes”, a chamada política eugenista para europeização da população negra e indígena do Brasil.

Como exemplo, o autor explicita que a esses imigrantes europeus foram oferecidas facilidades como pagamento de transporte, instalações e concessões de terras.

Embora as políticas de imigração europeia tenham sido controversas em relação à tentativa de “embranquecer” o território, elas também contribuíram significativamente para o desenvolvimento agrícola e industrial da região, introduzindo novas técnicas de produção e impulsionando a economia local.

Rio Grande do Sul

Ponto turístico Porto Alegre. Imagem: Freepik.

Contexto histórico

Os gaúchos surgem da mistura entre espanhóis ou portugueses e indígenas Guarani. Sua área de formação, muito próxima a áreas propícias ao pasto e agropecuária, concederam a esses novos brasileiros a especialização no gado, trazidos pelos jesuítas, que se multiplicavam cada vez mais às margens do Rio do Prata. Os gaúchos tornaram-se, assim, a etnia base da formação das populações sulinas.

Sua ligação cultural estava atrelada principalmente ao chimarrão, o tabaco, a rede de dormir, uma vestimenta chamada chiripá e pelo poncho, também pelo uso de sal como tempero e consumo de aguardente.

Esses gaúchos no entanto vão de fato se incorporar ao Brasil após uma série de eventos, como da disputa dos paulistas para explorar o gado sulino, a competição entre portugueses e espanhóis pelo domínio da região cisplatina (o Rio do Prata) e o sul como fornecedor de animais para carga nas minas de ouro.

Os portugueses dos Açores juntamente com suas famílias, além de militares portugueses que já estavam em solo brasileiro, foram enviados para a região cisplatina a fim de firmar “bases de defesa” que podemos denominar as estâncias. Ali, famílias portuguesas e gaúchas viviam para fiscalizar e proteger o território dos castelhanos.

No fim do século XVIII, é iniciada a produção de charque, que seria essencial para a integração do sul com o restante do Brasil, já que esse se torna o principal artigo de exportação para outras partes do território como Minas Gerais e mais tarde para o Nordeste.

Por fim, há a presença dos chamados de população gringa brasileira, que foram os alemães, poloneses, italianos, japoneses, libaneses e tantos outros que ajudaram o Brasil e o Sul a se formar.

Sobre esse tema, o autor Demétrio Magnoli, em seu livro “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”, reconhece que a imigração europeia trouxe uma modernização e um desenvolvimento econômico fundamental para regiões do Sul do Brasil, como o Rio Grande do Sul. Ele vê a colonização como parte de um processo civilizatório e de integração econômica ao mercado internacional.

Entenda mais sobre: O que é a Semana Farroupilha?

Natalidade

A taxa de natalidade é um indicador crucial para compreender a dinâmica de uma população. Ela reflete diretamente aspectos sociais e econômicos da sociedade, fornecendo insights sobre o crescimento populacional ao longo do tempo.

Em 2021, o Rio Grande do Sul registrou menor taxa de crescimento vegetativo, isso significa dizer que houve um grande número de mortes, causado principalmente pela pandemia da Covid-19, e um baixo registro de nascimentos.

De acordo com o documento “Estimativas populacionais por idade e sexo nos municípios do RS”, a taxa de natalidade no Rio Grande do Sul está em queda desde 2015 e chegou a 1,09 nascidos vivos para cada mil habitantes em 2021.

O documento é produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). Já dados mais recentes mostram que, em 2022, o número de nascidos vivos por residência chegou a 120.942.

Renda média

O rendimento nominal mensal domiciliar per capita, em 2023, foi de R$ 2.304,00, de acordo com as estatísticas do IBGE, sendo a quarta maior renda per capita do país no ano. O cálculo é feito com base na razão entre o total dos rendimentos domiciliares (nominais) e o total dos moradores.

Taxas de fecundidade ou nascidos vivos

De acordo com o documento sobre estimativas populacionais do IBGE, em 2022 a taxa de fecundidade no Rio Grande do Sul foi de aproximadamente 1,09 nascidos vivos por mulher.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida geral usada para classificar o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida dos países. O IDH varia em uma escala de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

Em 2022, o Rio Grande do Sul ficou em 5º lugar no ranking de IDH do Brasil, chegando na escala de 0,652. Comparado aos outros dois estados do Sul, Paraná e Santa Catarina, o Rio Grande do Sul é o que apresenta o desempenho mais baixo em relação ao IDH, ficando por último entre os três estados.

Empregabilidade

No 4º trimestre de 2023, 19,7% das mulheres estavam fora do mercado de trabalho. Já a porcentagem dos homens foi de 2,6%, de acordo com o Levantamento Sobre Gênero, Trabalho e Parentalidade no Rio Grande do Sul da PUCRS Data Social.

A porcentagem de mulheres fora do mercado de trabalho por motivos domésticos é de 68,3%, e a de homens 13,1%, também de acordo com o Levantamento Sobre Gênero, Trabalho e Parentalidade no Rio Grande do Sul.

O Rio Grande do Sul adquiriu para si o maior número de empregos formais dos últimos dez anos em 2022, ocupando a 5ª posição entre os estados brasileiros.

Composição da população

O Rio Grande do Sul tem o maior percentual de brancos entre os estados do Brasil, de acordo com o Censo Demográfico de 2022 do IBGE, sendo eles 78,4% da população gaúcha. O censo também indicou que 709.837 pessoas se auto identificaram pretas no RS, o equivalente a 6,5% da população gaúcha. Porto Alegre tem 12,6% da população formada por pretos ou 168.196 pessoas

Em relação ao gênero, as mulheres são a maioria. Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul tinha 5.627.214 mulheres em 2022, o equivalente a 51,71% da população gaúcha. Já a parcela masculina era de 5.255.751 ou 48,28% da população gaúcha.

Quanto a idade, o Rio Grande do Sul é um dos estados com a maior população idosa do Brasil, o total de idosos com 65 anos ou mais aumentou em 57,4%. A faixa etária de até 14 anos, por exemplo, representa 17,5% da população gaúcha. A idade mediana no estado é 38 anos, três a mais do que a idade mediana nacional.

A última taxa de urbanização do Rio Grande do Sul foi em 2010, e constatou que a população urbana equivale a 85,1%, portanto podemos entender que a população rural equivale a 14,90%.

A religião majoritária no território é a católica, de acordo com o Censo de 2010, no entanto, o Rio Grande do Sul, até a data da análise, era o estado do Brasil com maior número não só de católicos, mas de evangélicos, umbandistas, islâmicos e mórmons, além da capital mas judaica e a única cidade brasileira em que os sem religião superam os seguidores de uma crença.

Dos 50 municípios mais católicos do país, 28 são gaúchos! São cidades pequenas, formadas por imigrantes europeus de forte religiosidade.

Tendências demográficas

O Rio Grande do Sul enfrenta sérios desafios com a população mais idosa, que impacta diretamente na força de trabalho disponível. O mercado de trabalho deve se adaptar para se adequar a essa realidade, e devem treinar novas habilidades, principalmente, as tecnológicas, para a população mais velha.

O Rio Grande do Sul possui um número baixo de indivíduos entre 0 a 14 anos. No período entre 2010 e 2022, essa população declinou 14,5% (1,9 milhão ante 2,2 milhões em 2010), acima da queda nacional (-12,6%).

A consequência de haver um estado com grande número de idosos e baixa quantidade de pessoas abaixo dos 14 anos é o avanço da idade mediana da população.

Em 2021, o rendimento do trabalho entre os homens era 37,2% maior do que entre as mulheres. A renda média obtida por elas chegava a R$2.380, enquanto a dos homens era de  R$3.267. Entre mulheres e homens com a mesma qualificação, a desigualdade se mantinha, para os homens com ensino superior completo a renda média era de R$6.589, entre as mulheres caía para R$3.888.

No quesito da desigualdade racial, um estudo da PUCRS mostra que na pirâmide social do estado os negros estão em uma quantidade maior na base, e em quantidade menor no topo. Evidências mostram que a educação ainda é uma forte barreira para a mobilidade entre os negros.

Apesar de representarem 18% da população gaúcha, os negros são quase 30% entre os mais pobres, e menos de 10% entre os mais ricos. A renda do trabalho dos negros é consistentemente inferior à dos brancos, e em 2021 era 31% menor.

A desigualdade educacional entre negros e brancos vem se mantendo estável, em torno de 1,5 anos de escolaridade a menos para os negros. Entre os que possuem Ensino Superior completo, a renda dos brancos é 15,7% maior que a dos negros.

Você sabe o que é e como é realizado o Censo Demográfico?

Paraná

Contexto histórico

A ocupação do Paraná pelos bandeirantes só teve início quando foi descoberto ouro na região, para assim garantir a posse das minas. Os primeiros registros ocorreram próximo ao ano de 1570, e apontam a região de Paranaguá, Guaraqueçaba e Cananéia, na Capitania de São Vicente, como as primeiras minas de ouro mapeadas no novo território português.

Até a descoberta dos garimpos de Vila Rica em Minas Gerais, em torno de 1680, a produção de ouro, que nunca chegou a ser grande, foi totalmente concentrada na Capitania de São Vicente, no território que hoje é o Paraná.

Em 1640, foi fundada a vila de Paranaguá por Gabriel de Lara, e a partir de então a região foi desenvolvida graças a um grande fluxo de pessoas que estavam em busca de grandes fortunas através das minas de ouro, foi dessa maneira que se formaram as primeiras vilas no Paraná.

De Paranaguá, Gabriel de Lara subiu ao planalto em direção ao chamado Arraial de Cima para procurar ouro, por volta de 1648, e lá fundou a Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que veio a ser Curitiba, em 1654.

Curiosidade: o nome Curitiba teve origem na expressão guarani “Cury”, que significa pinheiro, e “tyba”, que quer dizer abundante. O maior símbolo que temos hoje em dia na cidade, na verdade foi um marco desde o início, os pinheiros!

Natalidade

O número de nascimentos caiu pelo quinto ano seguido no Paraná em 2022, e essa é uma tendência nacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 142.488 crianças foram registradas no Estado naquele ano, 1.228 a menos do que no ano anterior

Renda média

A renda média mensal domiciliar per capita no Paraná, em 2022, era de aproximadamente R$ 1.804,00, segundo dados do IBGE.

Taxas de fecundidade ou nascidos vivos

Até o presente ano de 2024, o Paraná possuía o número de 61.887 nascidos vivos e um total de 358 número de óbitos de nascidos com menos de 7 dias.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná, segundo dados de 2021, é de 0,740, classificado como alto.

Empregabilidade

O Paraná registrou, de janeiro a abril de 2024, um saldo de 47.386 novos empregos para trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos, assim, o estado liderou o ranking de empregabilidade nesta faixa etária nos quatro primeiros meses do ano de 2024.

Em março de 2024, o Paraná registrou saldo de 17,8 mil empregos com carteira assinada. O destaque foi a área de serviços, com um saldo de 8.405 postos. A área da Indústria também teve resultado positivo de 4.818 novas vagas. Na sequência aparecem comércio com um saldo positivo de 2.454 vagas, construção com 1.796, e agropecuária com um saldo positivo de 385.

Composição da população

A proporção de pardos e negros cresceu no Paraná em 2022, de acordo com o IBGE, com 3,44 milhões pardos, 485 mil pessoas pretas, além de 100 mil amarelas e 28 mil indígenas. Trazendo porcentagens, o estado tem 64,6% de brancos, 30,1% pardos, 4,2% pretos, 0,9% de amarelos e 0,2% indígenas.

Em comparação com outros estados do Sul do Brasil, o Paraná é o que tem a maior proporção de pardos e de amarelos.

Na questão de gênero, o Paraná possui 11.444.380 habitantes, sendo que 5.867.030 são mulheres e 5.577.350 são homens.

A religião predominante entre os paranaenses é a católica apostólica romana, com 7.268.935 praticantes, seguida pela evangélica com 2.316.213 adeptos, e a espírita com 108.805 pessoas.

Tendências demográficas

O Paraná enfrenta o mesmo problema que o Rio Grande do Sul em relação aos índices de população idosa, que quase dobrou nos últimos 22 anos. O estado possui 1,9 milhão de pessoas com 60 anos ou mais, representados pela porcentagem de 16% entre todos os seus residentes.

Atualmente, o Paraná conta com uma população urbana de aproximadamente 4.506.168 indivíduos, enquanto 801.661 residentes em áreas rurais.

Hoje, o Paraná possui a quarta menor desigualdade de renda do Brasil, segundo dados do IBGE de 2024, com índice Gini em 0,463. Esse índice varia de 0 a 1. No entanto, sua capital Curitiba foi apontada em 2023 como a mais desigual da região metropolitana, a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

O índice Gini é usado para apontar a desigualdade de um país ou estado. Também é importante destacar que de acordo com o professor da UFPR, Júnior Garcia, Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária são os três municípios que apresentam uma grande desigualdade quando comparados os rendimentos das mulheres, em relação ao dos homens, por exemplo, e o das pessoas pretas ou pardas, em relação ao das pessoas brancas.

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Santa Catarina

Florianópolis (SC).

Contexto histórico

Santa Catarina era habitada pelos indígenas Carijós quando os portugueses chegaram ao Brasil, sendo o primeiro a chegar ali o navegador Juan Dias Solis, em 1515. Em 1526, chega ao serviço da Espanha Sebastião Caboto, e alguns dizem que o nome do local se deu graças a ele em homenagem à sua esposa Catarina, mas há quem defenda que o nome foi por conta de  Santa Catarina de Alexandria, festejada pela igreja católica em 25 de novembro.

Em 1637, com a chegada dos bandeirantes, a ocupação do território realmente teve início. Em 1660, foi fundada a vila de Nossa Senhora da Graça, hoje São Francisco do Sul. Em 1714, era criado o segundo município de Santa Catarina, chamado de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, conhecido hoje como Laguna.

Em 1777, os espanhóis invadem a ilha de Santa Catarina e expulsam tropas e autoridades portuguesas que ali estavam para o continente. Mais tarde, naquele mesmo ano, foi devolvida a Portugal através do Tratado de Santo Idelfonso.

Saiba mais em: Marinha do Brasil: história e organização

Os imigrantes alemães chegaram na região em 1829 e os italianos em 1877, onde instalaram diversas colônias. A primeira colônia européia em Santa Catarina foi instalada em São Pedro de Alcântara em 1829.

Foram em média 523 colonos católicos vindos de Bremem, na Alemanha. A colônia de Blumenau, no Vale do Itajaí, foi fundada em 1850 por Hermann Blumenau.

Em 1839, aconteceu a Revolução Farroupilha, que tinha como principal objetivo transformar Santa Catarina em uma República, separada do restante do país. Os farrapos tomaram a cidade de Laguna nomeando-a cidade Juliana de Laguna, onde foi instalado o Governo da República Farroupilha. Em 1845, os farrapos foram derrotados. O Estado também esteve envolvido na Guerra do Contestado, que aconteceu no ano de 1912 e durou até 1916.

Renda média

Atualmente, Santa Catarina se destaca no cenário nacional por sua distribuição equilibrada de população e atividade econômica, uma característica única em comparação com outras regiões do país. De acordo com os dados mais recentes do IBGE, o estado possui o maior PIB per capita da região Sul e o quarto maior do Brasil.

Apesar de ocupar apenas 1,2% do território nacional e ter uma população de cerca de 6 milhões de habitantes, Santa Catarina alcançou um PIB superior a R$ 120 bilhões em 2008, classificando-se como o 6º maior entre os estados brasileiros, conforme relatado pelo IBGE em 2010, e uma renda domiciliar per capita de R$ 2.224,00 registrada em 2023 pelo IBGE.

Além disso, a liberalização da economia e a iniciativa privada têm sido motores para o desenvolvimento econômico contínuo do Sul, especialmente em estados como Santa Catarina, onde o empreendedorismo e a indústria têm se destacado como pilares da economia moderna.

Natalidade

Em Santa Catarina, um estado que tem experimentado um notável crescimento econômico e ocupa uma posição destacada no país, observou-se um aumento significativo no número de nascimentos ao longo da última década, totalizando quase um milhão de novos catarinenses. Essa tendência sugere um crescimento leve, porém constante, na taxa de natalidade nos últimos anos.

A taxa de natalidade do estado diminuiu durante a pandemia da Covid-19, onde se registrou uma retração de 5,2% no número de nascidos vivos, uma porcentagem significativa que não era vista desde 2001, de acordo com o Observatório FIESC.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Sua qualidade de vida é considerada elevada: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade é de 0,810. Em março de 2024, a indústria de Santa Catarina gerou o 2º maior saldo de empregos no país, com expansão de 26,2 mil postos de trabalhos formais na economia.

Empregabilidade

A indústria foi a principal responsável pelo resultado positivo, com a criação de 18,1 mil vagas, seguida dos serviços e agropecuária com 6,8 mil e 2,2 mil postos. Em 2023, Santa Catarina teve um total de 96.666 nascidos vivos contabilizados. Já a renda média foi apontada pelo Observatório FIESC na 4ª posição em relação ao país em 2022, com um rendimento médio de R$ 2.018.

Taxas de fecundidade ou nascidos vivos

No ano de 2019, dentre as 27 Unidades da Federação, o estado de Santa Catarina, ocupou a 19ª posição em relação a taxa bruta de natalidade, com 13,7 nascidos vivos a cada mil habitantes.

Composição da população

Em Santa Catarina, brancos são 3 de cada 4 habitantes, no entanto, houve alta de 88,6% entre residentes pardos e 68,6% dos negros. Isso se soma ao fato de o estado ter crescido nos últimos 12 anos, onde atraiu migrantes de outras regiões do país, principalmente Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Dados recentes demonstram que 50,7% da população é composta por mulheres e 49,3% por homens. Em números absolutos, o Estado registrou 3,8 milhões de mulheres e 3,7 milhões de homens, em que os dois gêneros tiveram crescimento de mais de 20% em relação ao Censo do IBGE de 2010.

O estado possui 55 idosos para cada 100 crianças, seguinda a tendência de envelhecimento não só do sul, mas de todo o país. Santa Catarina tem uma população de 7,6 milhões de pessoas, e é o sétimo estado do país com o maior índice de envelhecimento.

A religião predominante entre os catarinenses é a católica apostólica romana, com 4.565.793 praticantes, seguida pela evangélica com 1.252.495 adeptos, e a espírita com 98.973 pessoas.

Tendências demográficas

Em 2023, Santa Catarina foi o segundo estado brasileiro que mais cresceu, em uma porcentagem de 21,8%. Isso se deve a uma alta geração de empregos e qualidade de vida. A Secretaria do Planejamento acompanha de perto tal crescimento, a fim de assegurar um crescimento econômico seguro.

Na contramão dos pontos positivos, Santa Catarina é recordista quando o tema é injúria racial, já que o estado teve o maior registro de casos no Brasil em 2021, com 2.865 violências que equivale a uma média de 7,8 registros diários.

Em 2023, seis pessoas procuraram a polícia por dia, em média, para denunciar casos de injúria racial. Já em 2022, 2.280 pessoas sofreram ofensas por conta da raça, cor, etnia, religião ou origem, o que colocou o estado como primeiro do país no ranking da violência em números absolutos.

A Presidente da Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em SC (OAB/SC), Márcia Lamego defende a necessidade de letramento racial para combater o crime.

Já o Presidente da Comissão de Segurança da OAB/SC, Guilherme Stinghen Gottardi, afirmou que “para combater tal odiosa prática, é necessária maior divulgação de campanhas de conscientização sobre os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor, bem como o Estado deve aperfeiçoar ainda mais os mecanismos para combater a ocorrências desses crimes”.

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