Imagem de um homem se refrescando com garrafa de água

Ondas de calor: causas, impactos e medidas do governo

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As ondas de calor intenso tem se tornado cada vez mais frequentes na vida dos brasileiros. Esse fenômeno está causando temperaturas recordes, sobrecargas nos sistemas de energia e impactos na saúde pública.

Mas o que caracteriza exatamente uma onda de calor? Quais são suas causas e como podemos nos proteger? 

Neste texto, explicaremos o que são ondas de calor, como se proteger, o que os governos podem fazer diante da situação e outros pontos sobre o tema. Acompanhe!

O que são ondas de calor?

Uma onda de calor é um período prolongado de temperaturas extremamente altas, superiores à média histórica de determinada região. Esses eventos podem durar dias ou até semanas, sendo caracterizados pelo bloqueio de frentes frias.

O resultado disso é um calor intenso e baixa umidade do ar. Nesse sentido, a sensação térmica pode ser ainda mais elevada devido à umidade e à falta de vento, dificultando a dissipação do calor pelo corpo humano.

Por isso, o calor extremo é tudo, menos diversão sob o sol. Ele representa riscos à saúde humana, principalmente para bebês, crianças, idosos e gestantes. Além disso, também impacta o meio ambiente, por aumentar a probabilidade de incêndios florestais.

Veja também: Mudanças climáticas no verão: a hora de agir é agora

Imagem de um termômetro ao ar livre, em um dia ensolarado e céu azul, indicando as ondas de calor.
Imagem: Freepik.

O que provoca as ondas de calor?

As ondas de calor são causadas por um sistema de alta pressão na atmosfera, que impede a formação de nuvens e retém o calor próximo à superfície terrestre. Esse fenômeno, embora natural, tem sido intensificado pelas mudanças climáticas, aumentando sua frequência e intensidade.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atividades humanas, como a emissão de gases de efeito estufa, contribuem para o aumento das temperaturas globais, o que torna as ondas de calor mais comuns e perigosas.

Principais fatores que contribuem para as ondas de calor:

  • Mudanças climáticas: o aumento das emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, intensifica o aquecimento global e torna esses eventos mais comuns;
  • Massa de ar quente: a presença de uma massa de ar seco e quente pode intensificar o calor e impedir a dissipação da umidade;
  • Efeito estufa: a poluição atmosférica contribui para o aprisionamento do calor na atmosfera, tornando os dias ainda mais quentes;
  • Fenômenos climáticos naturais: eventos como El Niño podem potencializar o aumento das temperaturas, alterando os padrões atmosféricos regionais;
  • Urbanização intensa: regiões altamente urbanizadas, com poucas áreas verdes e excesso de concreto e asfalto, retêm mais calor e agravam as temperaturas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), afirma que é provável que as temperaturas extremas aumentaram em frequência e intensidade desde a década de 1950.

Quais são as regiões mais afetadas?

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as regiões mais impactadas pelas ondas de calor são:

  • Bahia;
  • Goiás;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Minas Gerais;
  • Paraná;
  • Pernambuco;
  • Rio de Janeiro;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo.

Os alertas meteorológicos indicam que as temperaturas podem superar os 41°C no Rio de Janeiro, estabelecendo novos recordes de calor para o mês de fevereiro. Em São Paulo, as máximas ultrapassaram os 38°C em 2025, exigindo medidas emergenciais de proteção.

O que os governos podem fazer diante do calor extremo?

Diante do aumento das ondas de calor, os governos precisam adotar medidas para minimizar os impactos na população. Os governos municipais devem trabalhar em conjunto com a Defesa Civil, órgão de competência municipal focado em avisos climáticos.

Algumas iniciativas incluem:

  • Criação de abrigos climatizados;
  • Campanhas de conscientização sobre hidratação e exposição ao sol;
  • Reforço no atendimento hospitalar e na distribuição de água em áreas vulneráveis.

Além disso, investimentos em áreas verdes urbanas e ações para a redução de emissões de gases de efeito estufa são medidas que, no longo prazo, farão a diferença.

Assim, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou medidas de acordo com o nível de calor, no protocolo municipal. Portanto, o governo municipal prevê a disponibilização de pontos de resfriamento na cidade, incluindo locais com sombra, pontos de hidratação e banheiros.

Além disso, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden-RJ), da Secretaria de Defesa Civil, implementou novos protocolos e tecnologias do sistema de monitoramento, para emitir alertas e alarmes de baixa umidade, ondas de calor e rajadas de vento.

Leia mais: Alerta da defesa civil: o que é, como funciona, como receber o alerta

No Rio Grande do Sul, em fevereiro de 2025, as altas temperaturas resultaram no adiamento do início das aulas da rede estadual, por determinação da Justiça do estado, a pedido do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers).

Em São Paulo, a prefeitura iniciou a Operação Altas Temperaturas, que será mobilizada sempre que as temperaturas ultrapassarem 32ºC. Ainda, foram instaladas tendas de distribuição de água, frutas e bonés, além de espaço para pet.

No Paraná, a Câmara de Vereadores exigiu que a prefeitura de Curitiba mobilizasse uma ação e uma das sugestões foi dar acesso aos prédios públicos com ar-condicionado e destacar ambulâncias para atender casos de insolação e desidratação.

No Tocantins, a Secretaria de Educação orientou a população a fim de mitigar problemas relacionados ao calor nas escolas. Assim, suspenderam atividades ao ar livre das 10h às 17h, enquanto durar a onda de calor. Também orientou que ofereçam alimentos leves na merenda escolar.

Qual o limite máximo de sensação térmica para o corpo humano?

A sensação térmica, ou índice de calor, não é somente a temperatura registrada pelos termômetros. Esse valor considera a umidade do ar, que influencia diretamente na forma como nosso corpo sente e reage ao calor. O grande problema ocorre quando o calor e a umidade chegam a um nível que impede a evaporação do suor, principal mecanismo de resfriamento do corpo.

O limite teórico da sobrevivência humana seria uma temperatura de bulbo úmido de 35°C. Se o corpo não consegue se resfriar, o coração trabalha mais para manter a circulação, enquanto a desidratação se intensifica.

Isso significa que, mesmo uma pessoa jovem e saudável exposta a essa condição por seis horas, pode sofrer insolação, falência de órgãos e até morte

Em 2022, mais de 61 mil pessoas faleceram na Europa em decorrência das temperaturas elevadas. Além disso, segundo pesquisa da Fiocruz, o calor extremo tem aumentado a mortalidade de idosos.

Como se proteger durante uma onda de calor?

Diante de temperaturas elevadas, é importante adotar medidas para minimizar os impactos do calor. Confira algumas recomendações:

O que fazer:

  • Beba água ao longo do dia, mesmo sem sentir sede;
  • Evite exposição ao sol nos horários mais quentes (entre 10h e 16h);
  • Use roupas leves e de cores claras para facilitar a transpiração;
  • Permaneça em locais frescos e bem ventilados;
  • Evite atividades físicas intensas durante o pico de calor;
  • Aplique protetor solar para evitar queimaduras e insolação.

O que não fazer:

  • Não deixe crianças ou animais em carros fechados;
  • Evite bebidas alcoólicas e com cafeína, pois favorecem a desidratação;
  • Evite consumir refeições pesadas, que podem sobrecarregar o organismo;
  • Não ignore sinais de alerta do corpo, como tontura, suor excessivo ou cansaço extremo.

Quais são os impactos na saúde

As altas temperaturas podem ser perigosas para todos, mas alguns grupos são mais vulneráveis, incluindo crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas. O calor extremo pode causar diversos problemas de saúde, como:

  • Desidratação severa: a exposição prolongada ao calor leva à perda excessiva de líquidos e eletrólitos;
  • Insolação e golpe de calor: ocorre quando o corpo não consegue regular sua temperatura, podendo resultar em desmaios, confusão mental e até falência de órgãos;
  • Problemas cardiovasculares: o esforço do coração para manter a temperatura corporal pode levar a arritmias e insuficiência cardíaca;
  • Doenças respiratórias: o ar quente e seco pode piorar condições como asma, bronquite e doenças pulmonares crônicas;
  • Distúrbios psicológicos: o calor excessivo pode agravar quadros de ansiedade, insônia e estresse, impactando a saúde mental da população.

Quais são as consequências para o meio ambiente?

As ondas de calor agravam as secas, aumentando a quebra de safras e ameaçando o acesso a alimentos e água

A insegurança alimentar causada pelas ondas de calor tem impactos severos na nutrição infantil. Além disso, temperaturas extremas contribuem para a redução da biodiversidade e a destruição de ecossistemas.

As possíveis consequências ambientais das ondas de calor incluem:

  • Maior risco de ocorrência de queimadas;
  • Diminuição da biodiversidade de animais e plantas;
  • Prejuízo em relação às atividades agropecuárias;
  • Sobrecarga dos sistemas de energia elétrica.

Onda de calor no mundo

Na Europa, países como Espanha, Itália e Grécia enfrentaram ondas de calor recordes nos últimos anos, causando incêndios florestais devastadores. Já na América do Norte, os Estados Unidos e Canadá registraram temperaturas superiores a 49°C, resultando em aumento na mortalidade devido ao calor extremo.

Na Ásia, a Índia e a China também sofreram com temperaturas altíssimas, afetando a produção agrícola e o abastecimento de água.

Esses países sofreram com aumento dos incêndios florestais, prejuízos para as atividades agropecuárias; quedas das receitas com a atividade turística e, até mesmo, a sobrecarga dos sistemas de saúde e a morte de indivíduos devido ao calor extremo.

Como vimos, as ondas de calor têm se tornado cada vez mais recorrentes ao redor do mundo. Esse cenário é fruto especialmente da atuação de fenômenos atmosféricos distintos e da intensificação das mudanças climáticas. As ondas de calor estão aumentando em frequência e duração, afetando principalmente regiões densamente urbanizadas e industrializadas.

Perguntas frequentes

Restou alguma dúvida? Confira as respostas para as principais dúvidas sobre o tema.

Por que está fazendo tanto calor?

O calor intenso ocorre devido a massas de ar quente, bloqueios atmosféricos e mudanças climáticas que elevam as temperaturas globais, tornando as ondas de calor mais frequentes e intensas.

Cuidados durante a onda de calor

Hidrate-se frequentemente, evite exposição ao sol entre 10h e 16h, use roupas leves, prefira locais frescos e bem ventilados, e evite exercícios físicos intensos nos horários mais quentes.

Como tratar insolação e doenças relacionadas ao calor

Leve a pessoa para um local fresco e ventilado, aplique toalhas molhadas na cabeça, pescoço e axilas, ofereça água ou soro caseiro e procure assistência médica se houver sintomas graves.

Quais são os efeitos da onda de calor no tempo?

Ondas de calor elevam as temperaturas, reduzem a umidade do ar, diminuem a formação de nuvens e podem causar estiagem prolongada, intensificando o risco de incêndios e secas.

Quem corre maior risco com as ondas de calor?

Idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas são mais vulneráveis ao estresse térmico, pois seus corpos têm mais dificuldade em regular a temperatura e manter a hidratação.

E aí, entendeu o que são as ondas de calor? Como tem sido na sua cidade? Deixe seu relato nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Ondas de calor: causas, impactos e medidas do governo. Politize!, 19 de fevereiro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/ondas-de-calor/.
Acesso em: 21 de fev, 2025.

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