Há quem diga que o partido Progressistas, ou PP, tem sua origem marcada a partir do período de redemocratização do Brasil, por volta de janeiro de 1985.
Nos próprios registros oficiais, via internet, essa é a explicação, promovida após sucessivas fusões com outros partidos.
Antes das fusões registradas houveram outras, até mesmo durante o regime militar, o que remonta a estrutura do partido.
No livro “Presidencialismo de coalizão – Raízes e evolução do modelo político brasileiro”, estas junções são evidenciadas desde a existência da Aliança Renovadora Nacional, o ARENA, partido que deu sustentação ao regime militar.
Para saber como surgiu o Partido Progressista, acompanhe o texto que a Politize! preparou.
Veja também nosso vídeo sobre o União Brasil e o PP!
A aliança “esquecida”
Antes mesmo de apresentar sua estrutura atual, o PP remonta suas fusões a partir de 1985, descrevendo que:
“As origens do Progressistas estão ligadas ao processo de redemocratização do Brasil e a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, presidente e vice-presidente da República, pelo Colégio Eleitoral em janeiro de 1985”, reforçando a divisão do Partido Democrático Social (PDS) à época.
Houve a opção de descrever seu histórico sem destacar este enredo, mas o PP escolheu a narrativa que deixa de contextualizar a relação do PDS com o partido ARENA, visto que este foi rebatizado após a redemocratização, com o fim do regime militar.
Antes da aliança apresentada em seus registros, houve uma outra que é facilmente identificada na raiz de sua estrutura e remonta a ideia de ligação exclusiva com o processo democrático do país.
Dessa forma, a partir de uma reformulação do ARENA, surge o PDS, que se divide em dois grupos disputando a sucessão presidencial, uma ala mantendo o nome atual e outra fundando o PFL.
Após expressivas derrotas, o PDS funde-se com o Partido Democrata Cristão, momento em que nasce o Partido Progressista Reformador (PPR).
E quando surge a sigla PP?
Após a criação do PPR, em 1995 é promovida uma nova fusão, agora com o PP, de fato, criado em 1994.
Com essa formação, surge o primeiro registro oficial de um Estatuto do Partido, aprovado na data de 16/11/1995 e registrado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Essa formação dá origem ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), que assumiu o compromisso de apoiar o Plano Real e, apenas em 2003, com o fim do governo Fernando Henrique Cardoso, sua sigla passa a ser PP, assumida até os dias atuais.
Destaques históricos da sigla
Para além de suas questões partidárias, o Partido Progressistas, assim como os demais partidos, possui nomes de destaque ao longo de sua história. Exemplo disso é o ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital paulista, Paulo Maluf, que também foi presidente do PP entre 1999 e 2003.
Outro nome de destaque é o do ex-Ministro e ex-senador pelo Mato Grosso, Roberto Campos. Mulheres também foram destaque no partido, como a ex-senadora pelo Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, candidata à vice-presidência em 2018, compondo a chapa com Geraldo Alckmin (à época, no PSDB).
A primeira mulher governadora do estado do Paraná, que assumiu em 2018, também é um nome de destaque do PP. Maria Aparecida Borghetti, ou Cida Borghetti foi eleita vice-governadora do estado e tomou posse quando o governador, Beto Richa (PSDB), se licenciou para concorrer ao cargo de senador pelo estado.
Como ele funciona hoje?
O PP tem como presidente nacional o senador Ciro Nogueira. Dentre seus principais expoentes, além do presidente da sigla, destaca-se também o Deputado Federal Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados.
Em 2023, o partido, registrado com o número 11, é a quarta maior sigla do Brasil, com um programa partidário composto por seis valores e princípios.
Com eles, destaca-se o objetivo de “contribuir para a construção de um País moderno e de uma sociedade baseada na dignidade humana, e que seja justa, livre, democrática, pluralista, solidária e participativa”.
Nas eleições presidenciais de 2022, o partido optou por apoiar o então candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL), que inclusive já fez parte da sigla, de 2005 a 2016, enquanto Deputado Federal.
No espectro ideológico e em um cenário nacional, o partido se identifica, principalmente, com as pautas da direita, contando, inclusive, com integrantes de forte oposição ao presidente Lula (PT).
Mas nem sempre foi assim…
Em um passado não tão distante, o próprio presidente do PP, Ciro Nogueira, deu declarações incisivas apoiando o então ex-presidente Lula (PT).
Em entrevista concedida à TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí, Ciro destacou que seguiria com o presidente até o fim, em uma entrevista enquanto candidato à reeleição ao senado em 2018,
Em outros registros, Ciro destacou também a importância dos projetos de Lula, como o “Minha Casa, Minha Vida”, para a população piauiense.
Diante de todas as diferenças e oscilações partidárias presentes nos contextos descritos, atualmente o PP é conhecido como um partido do “Centrão”.
Isso acontece porque o partido concentra seus esforços, principalmente, em manter uma base sólida e com influência nos governos federais, independente do espectro que se segue.
Por este motivo, Arthur Lira, atual presidente da Câmara, conseguiu viabilizar sua reeleição à presidência com o presidente Lula, mesmo tendo articulado, em 2020, com o então presidente Jair Bolsonaro.
Para além do que se coloca através do sendo comum, o PP se posiciona, oficialmente, como um partido que dialoga em busca de um país moderno e centrado em valores, sem destacar todas as suas divergências e discrepâncias desde a formação.
E aí, conseguiu compreender a origem do Partido Progressistas, o PP? Deixe sua opinião nos comentários!
Referências:
- TSE – Partidos registrados no TSE (Progressistas)
- Progressistas – Nossa história
- Progressistas – Programa partidário
- TV Cidade Verde (YouTube) – Ciro Nogueira diz que segue com o Lula até o fim
- Parlamento Piauí – Ciro Nogueira declara apoio ao ex-presidente Lula
- O Globo – Bolsonaro passou por oito partidos desde que iniciou carreira política em 89
- G1 – Blog da Andréia Sadi
- ABRANCHES, S. (2018). Presidencialismo de coalizão: raízes e evolução do modelo político brasileiro. São Paulo, SP: Companhia das Letras
1 comentário em “Da Arena ao campo democrático: De onde vem o PP?”
Após derrotas, o PDS funde-se com o Partido Democrata Cristão ?