Você provavelmente já ouviu falar a respeito das ditaduras que ocorreram na América Latina por volta dos anos 70, certo? Da mesma forma que no Brasil, a situação do Chile não foi muito diferente: sob o comando de Augusto Pinochet, o presidente da época foi deposto por um golpe em 1973.
Assim, foi instaurada uma ditadura que resultou em um cenário de extrema violência em todo o território nacional.
Mas quem foi Augusto Pinochet?
Nesse texto, a Politize! te explica mais a respeito dessa figura enigmática responsável pelos 17 anos mais trágicos da história chilena. Vamos nessa?
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Um breve resumo sobre a trajetória de Pinochet
Augusto José Ramón Pinochet Ugarte nasceu em Valparaíso, no Chile, em 25 de novembro de 1915. Após concluir seus estudos na Academia Militar de Santiago, assumiu o posto de segundo-tenente, dedicando-se totalmente a essa carreira, na qual obteve grande sucesso.
Durante esse período, Pinochet conheceu María Lucía Hiriart Rodríguez, casando-se com ela em 1943 e tendo, posteriormente, cinco filhos: Inés Lucía, Augusto, María Verónica, Marco Antonio e Jacqueline.
A prova de seu crescimento na carreira militar veio com o grande reconhecimento de ser promovido, em 1969, a general de brigada e, em 1971, a general de divisão; até que, em 1973, foi nomeado comandante chefe do exército chileno, alcançando a posição mais elevada da instituição.
Tal recompensa foi a virada de chave para os desdobramentos políticos na história do Chile, já que, assumindo essa posição, coordenou as ações para o golpe militar no dia 11 de setembro de 1973.
Desdobramentos e o golpe militar
Com a crise econômica mundial de 1929, o movimento popular no Chile ganhou força. As dificuldades impostas e o aumento do custo de vida resultaram no surgimento de organizações da esquerda, como a famosa Unidade Popular.
Em 1970, a população chilena foi às urnas e elegeu Salvador Allende como presidente. Seu programa de governo foi intitulado como “via chilena para o socialismo”, desencadeando diversas reformas no país. Ao longo do tempo, foram nacionalizados bancos, empresas e minas de cobre. Além disso, teve início a reforma agrária.
Trazendo tais fatos para o Brasil, o Chile, sob o comando de Allende, foi o país que recepcionou os brasileiros exilados após o golpe de 1964. Inúmeros professores e políticos saíram do nosso país por causa das perseguições e encontraram um bom abrigo. Alguns, especialmente, conseguiram concluir os seus estudos e lecionar em universidades, como é o caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Entretanto, esse modelo de governo não agradou a todos. Uma parcela da elite econômica chilena iniciou um processo para sabotá-lo e, com sucesso, conseguiu. Com a economia chilena em crise, o cenário se tornou propício para os militares derrubarem Salvador Allende do poder.
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Contexto histórico: a influência dos Estados Unidos da América
O golpe militar no Chile, assim como nos outros países da América Latina, contou com o suporte dos Estados Unidos. Em um contexto de Guerra Fria, era primordial impedir o avanço do socialismo na América Latina, principalmente após a Revolução Cubana em 1959.
Assim, desde o começo do governo de Allende, os americanos implementaram uma série de obstáculos comerciais. Além disso, buscaram influenciar na opinião pública contra o presidente, financiando um jornal no país de posição oposta.
Nesse período, também vigorava o que denominamos Operação Condor, formalizada em uma reunião secreta realizada no Chile, em 1975. Esse nome é dado às alianças formadas entre as ditaduras militares que governavam os países da América do Sul.
Dentre as nações presentes, destacavam-se Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. As atividades eram coordenadas, de forma clandestina, para vigiar, sequestrar e torturar militantes da oposição.
Esses fatores, em conjunto, são fundamentais para entendermos a força da oposição ao governo e o quão difícil seria para Allende resistir ao golpe que viria a seguir.
A tomada de poder
No dia 11 de setembro de 1973, as ações militares aconteceram cedo e, logo, a Marinha se rebelou na cidade litorânea de Valparaíso. Em Santiago, as tropas tomaram as ruas. Diante disso, o presidente Salvador Allende se recusa a se entregar com vida contra os golpistas e se suicida, ainda no Palácio La Moneda, sede do governo.
Após o golpe, foi formada uma junta militar por Pinochet, almirante Merino, César Mendonza e o general Gustavo Leigh. Juntos, eles governariam o Chile, por meio de um poder rotativo entre os quatro comandantes. Mas isso não durou muito: logo Pinochet tomou o controle do país.
Assim, com o fim do governo de Salvador Allende, o Chile iniciava o seu período ditatorial: mais um país da lista na América do Sul a sofrer um golpe de Estado e ser governado por militares.
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O governo Pinochet: políticas e estratégias
A ditadura chilena é considerada uma das mais violentas da América Latina. Ao tomar o poder, Pinochet ordenou perseguir milhares de pessoas que se opuseram ao governo. Para se ter uma noção, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) estimou cerca de 430 mortes enquanto o Brasil vivia sob o governo dos militares. Em comparação, no Chile, são estimados mais de 3 mil mortes e desaparecimentos, além de milhares de chilenos exilados para escapar da repressão.
Na economia, também foram promovidas algumas reformas contrárias às adotadas por Allende. Inspirado por economistas chilenos da Escola de Chicago – os “Chicago Boys”, Pinochet buscou implantar o neoliberalismo no Chile.
Enquanto o ex-presidente buscou ampliar as ações estatais, nacionalizando empresas e bancos, Pinochet optou por medidas liberais, diminuindo o papel do Estado e permitindo o controle do capital privado e de empresas estrangeiras.
Em 1980, foi decretada uma nova Constituição, a qual prolongou o mandato de Pinochet até 1988, quando os chilenos foram convocados a um plebiscito. Questionou-se, então, sobre a continuidade do militar no poder. Assim, com 56% dos votos, foi decidido o fim da ditadura e a convocação de novas eleições no ano seguinte.
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O retorno ao regime democrático: condenações e desafios
Mesmo ausente do cargo da presidência, Pinochet seguiu como comandante do exército chileno e senador até 1998, quando foi preso. Entre os crimes principais, destacaram-se as violações aos direitos humanos e a denúncia de manter contas secretas no exterior com dinheiro desviado do governo chileno. No entanto, seu tempo detido foi curto: em 2001, entregou um atestado de debilidades mentais, sendo libertado.
Posteriormente, foi alvo de outras investigações em relação à produção de drogas em laboratórios clandestinos no Chile. Entretanto, a polícia não obteve avanço. O seu desfecho veio em seguida, no dia 10 de dezembro de 2006, em consequência de um ataque cardíaco, aos 91 anos. A sua morte e o escape às condenações e às punições ainda é, até hoje, uma causa de muita revolta entre os chilenos.
Por fim, apesar de Pinochet deixar o governo em 1990, o Chile ainda conviveu com diversas leis do período ditatorial. Em 2020, foi iniciado um processo para elaboração da nova Constituição, o qual está em andamento até os dias atuais. Esse é considerado um importante passo para adequar o país ao governo democrático.
Se você se interessa pelo tema, não deixe de acompanhar o processo e as notícias do Chile. Qualquer dúvida ou sugestão, coloque nos comentários!
Referências:
- Brasil Escola – Augusto Pinochet e a Ditadura Chilena
- Brasil de Fato – Convenção Constitucional do Chile completa um mês
- Comissão Nacional da Verdade – Operação Condor e a Ditadura no Brasil: análise de documentos desclassificados
- Estudos Ibero-Americanos PUCRS – Histórias de violações dos direitos humanos na Era Pinochet: sequestros, desaparecimentos forçados e autoritarismo
- Gazeta do Povo – Como a ditadura de Pinochet é ensinada nas escolas chilenas
- Guia do Estudante – Resumo: quem foi Augusto Pinochet, ditador do Chile
- História do Mundo – Augusto Pinochet: a biografia do ditador do Chile
- Mundo Educação – Ditadura militar chilena: golpe, líder, fim, resumo
1 comentário em “Quem foi Pinochet? Conheça o comandante da Ditadura Chilena”
As estratégias econômicas adotadas pelo governo Pinochet deu tão certo que transformou o Chile no país “mais rico” e com maior IDH da américa “latrina”. (obviamente matar gente é errado!)
Parece que há um pouco de preferência da escritora com relação as medidas estatizantes e socialistas da economia, o que mostra um pouco de desconhecimento histórico com relação a todos os fracassos que isso acarreta à população.
Em termos pragmáticos, veja como o Chile se encontra agora, após um bom relaxamento e opção da população por costumes e atitudes econômicas “canhotas”: em derrocada moral, política e econômica, acabando o país.
Infelizmente quem vai pagar o pato por tudo isso é a população, ignorante ou não.
A frase “hay que endurecerse pero sin perder la ternura” nunca fez tanto sentido aliada ao
“Esta nunca ha sido dictadura señores, esto es dictablanda, pero si es necesario vamos a tener que apretar la mano, porque primero hay que salvar al país y después miraremos hacia atrás por eso creo y estoy fielmente convencido de que solamente cuando los chilenos vean lo que es el comunismo, cuando los chilenos entiendan los engaños, las falacias, como los están engañando, van a darse cuenta que este gobierno tenía razón”.