Antes de tudo, como assim política do café com leite? Essa disputa política não é do café contra o leite, mas são os elementos principais para poder destacar os poderosos que tinham influência no Brasil.
Na época, a grande referência para continuar no poder era a influência e os interesses de uma minoria composta majoritariamente pela elite brasileira. Dessa forma, conheceremos a Política do Café com Leite.
Portanto, nesse texto da Politize!, abordaremos esse tema e alguns conteúdos importantes para você aprender ainda mais!
O que era a política do café com leite?
A política do café com leite iniciou em 1898 e consistiu em um período em que os acordos políticos circulavam entre duas grandes oligarquias do Brasil, que eram São Paulo e Minas Gerais. Essas duas grandes cidades tinham características econômicas favoráveis para manter-se no poder, como a produção de café, pelo estado paulista, e a de leite, em Minas.
No entanto, essas particularidades eram importantes para ocorrer a disputa eleitoral e cada Estado impor as suas ideias conforme a necessidade do interesse do seu representante.
Contexto histórico
A política do café com leite surgiu após a Proclamação da República (1889) e era nessa nova fase que acontecia uma transição social, política e econômica. Com o fim do regime imperial, e com as grandes oligarquias no Brasil, o estado de São Paulo e Minas Gerais começavam a ganhar destaque.
Isso acontecia devido aos poderosos paulistas e os numerosos eleitores mineiros, onde existiam uma grande quantidade de pessoas que poderiam votar, sabendo que era um período que não existia o voto universal.
Com isso, caracterizou-se a República Velha, que haveria a centralização do poder entre os latifundiários e cafeicultores. Além disso, podemos destacar os dois partidos que dominam essa época, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro).
Como funcionava a política do café com leite?
A política do café com leite funcionava em alternância de presidentes, ou seja, a cada período um representante de cada estado, São Paulo ou Minas Gerais, era a figura executiva do poder, e comandava o Brasil conforme os seus interesses e a manutenção do poder entre os membros das oligarquias.
Dessa maneira, o representante que estava com o poder federal deveria garantir o apoio dos estados e municípios para garantir a harmonização política e a sustentação dos poderosos no poder.
Características da política do café com leite
- Alternância de poder: como já foi dito anteriormente, o Poder Executivo, para presidente da República, era intercalado entre os estados de São Paulo e Minas, que tinham grande importância na época devido as suas riquezas.
- Política dos governadores: essa política era essencial para a organização do poder porque era a maneira que consistia em uma troca de favores entre os governantes estaduais (oligarquias) e o governo federal. Assim, com as trocas de favores, a permanência do poder continua intacta.
- Oligarquia: o modelo político que existiu até o fim da política café com leite, é caracterizado quando um grupo político, pequeno e rico, controla as políticas sociais e econômicas. Podemos falar em poder na mão de poucos, não há a participação popular.
- Coronelismo: era a forma em que os coronéis, líderes das oligarquias locais, comandavam os âmbitos políticos e principalmente os econômicos.
- Voto de cabresto: era os votos em que os coronéis obrigavam os seus empregados votar em seus representantes, sendo assim controlavam o voto de seus regiões.
- Curral eleitoral: era o local onde os eleitores, que votavam no mesmo candidato político, permaneciam até efetuar o seu voto. Era dessa maneira que ocorria o controle dos votos.
Causas e consequências
Como o início da política do café com leite aconteceu devido o fim do regime imperial, podemos afirmar que a principal causa do surgimento desse período seja a necessidade que os poderosos tinham de tomar o poder.
No entanto, como as duas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais tinham requisitos, como riqueza e uma grande quantidade de eleitores, eram o ideal acontecer essa união de estados.
As consequências desse período são inúmeras, principalmente, em várias esferas brasileiras. Na sociedade, era notório que a participação popular era praticamente inexistente, restrita apenas a uma pequena elite dominante.
Na política, não era nada diferente, quem liderava era quem detinha a maior riqueza e influência social. E por fim, na econômica, os mais ricos eram poucas pessoas, e apenas elas comandava todo o território brasileiro.
Principais envolvidos
Nesse período houve vários presidentes e cada um representava o estado de São Paulo ou Minas Gerais, e agora apresentaremos alguns deles:
- Prudente de Morais: foi o representante de São Paulo e governou entre 1894 a 1898. O período do seu mandado ficou conhecido como “República das Oligarquias”, o primeiro caracterizado pelo domínio dos fazendeiros.
- Campos Sales: foi o representante de São Paulo e governou entre 1898 a 1902. Sales teve como prioridade a recuperação econômica do Brasil, prejudicada pelo governo anterior.
- Afonso Pena: foi o representante de Minas Gerais e governou entre 1906 a 1909. Nesse período ocorreu o desenvolvimento das redes ferroviárias nos estados da região sudeste e modernizou os portos. Além disso, estimulou a imigração para a entrada de mão-de-obra, e com isso começavam a chegada dos Italianos.
- Nilo Peçanha: continuou representando Minas Gerais, mas era fluminense, nascido no estado do Rio de Janeiro, seu mandato durou um ano, entre 1909 e 1910. período em que governou o país devido ao falecimento de Afonso Pena. Pode ser considerado o primeiro, ou um dos primeiros, presidentes negros do Brasil, conforme alguns sites de notícias da época. Nesse tempo ocorreram grandes investimentos na educação.
Fim da política café com leite
A política do café com leite encerrou devido a diversos fatores, como a insatisfação popular com o regime oligárquico e os conflitos políticos entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. Além disso, podemos citar a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, que levou a queda dos preços do café, um elemento importante que caracteriza a política do Café com Leite.
Dessa forma, a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, através de um golpe de Estado, foi o grande responsável pelo fim da política do café com leite. Com isso, Vargas se impôs contra o sistema oligárquico e os seus poderosos latifundiários e cafeicultores.
E aí, gostou de saber mais sobre a política do café com leite? Restou alguma dúvida? Se sim, deixe-a nos comentários!
Referências:
- Débora Aladim – Resumo de História: República Oligárquica
- Brasil Escola – Política do Café com Leite
- UOL Educação – Política do café-com-leite: Acordo marcou a República Velha
- Mundo Educação – Política do Café com Leite
- Toda Matéria – Política do Café com Leite: o que foi, resumo e como funcionava
- Politize! – Coronelismo: entenda o conceito
- Alma Preta – Nilo Peçanha: a história do presidente negro do Brasil
