Popularizado após as eleições norte-americanas de 2016, o termo Fake News diz respeito a notícias falsas que são divulgadas, principalmente nas redes sociais, com o objetivo de influenciar as decisões e as opiniões da sociedade.
No Brasil, a situação também não foi e nem é diferente. Diversos canais promovem a desinformação e, apesar das notícias falsas terem algumas características próprias, é muito comum que várias pessoas acabem acreditando em uma delas. Vamos entender melhor como isso acontece?
Estamos em bolhas sociais?
Normalmente, é possível dizer que grupos de pessoas que cultivam as mesmas crenças e valores, e com isso, acabam não recebendo muitas informações que diferem de suas opiniões, fazem parte de uma bolha social.
Estas bolhas sociais também são transferidas para as redes sociais, formando bolhas digitais. Isto é, por exemplo, as pessoas que eu sigo ou sou amiga em determinada rede social, apenas compartilham assuntos que me interessam e que vão de acordo com os meus valores.
As bolhas sociais e digitais são responsáveis por uma “cegueira social”, ou seja, podem fazer com que não consigamos enxergar e nem conviver com opiniões diferentes das nossas, e com isso, gerando uma polarização também.
Assim, quando só consumimos conteúdos de quem faz parte da nossa bolha, tendemos a acreditar que todas as notícias e informações compartilhadas por aquelas pessoas são verdadeiras, e é a partir de nossas crenças que começamos a cair em Fake News.
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A visão da ciência e da psicologia
“Nós, humanos, rapidamente desenvolvemos uma lealdade irracional às nossas crenças, e trabalhamos duro para achar evidências que apoiem nossas opiniões e desacreditem, desvalorizem ou evitem informações diferentes das nossas”, a frase é da filósofa e psicóloga britânica canadense Cordelia Fine, publicada em seu livro “A Mind of Its Own”.
O pesquisador em desinformação da Universidade de Regina, nos Estados Unidos (EUA), Gordon Pennycook, também segue a mesma linha de pensamento. Ele afirma que a confiança em nossos instintos pode potencializar a crença na desinformação no ambiente online: “No ambiente digital polarizado, as pessoas estão tão apaixonadas por suas posições políticas que se preocupam mais em reforçar suas identidades do que em receber um conteúdo que desafie suas crenças”.
Portanto, quando desmentimos uma notícia falsa, o indivíduo que detém aquela crença pode se sentir desconfortável, ou até mesmo manter uma posição de negação.
Um outro ponto importante são os algoritmos. O documentário produzido pela Netflix “O dilema das redes” aborda esta questão e nos mostra como o conteúdo que consumimos pode nos manter em uma bolha, onde só vemos opiniões semelhantes as nossas.
Além disso, ferramentas como “Sugestões” ou “Você pode gostar de…”, em redes sociais como o Youtube, analisam nossas ações anteriores e tentam prever assuntos que podem nos interessar, sem filtrar o que é uma informação verdadeira ou não.
As características das Fake News
Durante o 15º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, Craig Silverman, editor do BuzzFeed foi responsável pela palestra “Desinformação: desafios para o jornalismo e técnicas de verificação” e listou algumas características próprias das Fake News.
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Elas são baseadas em eventos reais e possuem muitos detalhes
Por exemplo, um governador realizou uma coletiva de imprensa e em seguida saiu uma Fake News sobre algo que realmente foi discutido neste evento. Muitas pessoas da população não conseguiram assistir a coletiva, mas sabiam que ela aconteceria e portanto, acabam acreditando na matéria e em suas informações.
Elas impulsionam emoções e apelam para crenças
Isto é, as Fake News normalmente escolhem um lado da história para defender, não prezam pela imparcialidade e deixam isso de forma clara no conteúdo divulgado.
São visuais e criadas para serem facilmente compartilhadas
A manchete, ou seja, o título, de uma Fake News chama a atenção e como muitas pessoas consomem apenas os títulos das notícias no ambiente digital, aquele conteúdo é muito fácil de ser compartilhado e, com isso, propagam desinformação de forma rápida.
Então, como não cair em Fake News?
Busque a autoria da notícia, quem escreveu essa matéria foi um jornalista, um especialista ou não há nenhuma informação sobre essa pessoa nas redes sociais?
Além disso, procure outras fontes. Quando uma notícia importante é verdadeira, ela estará em mais de um veículo de comunicação.
Leia a matéria completa, não apenas o título e também cheque as datas. Como a maioria das notícias podem ficar por muitos anos na internet, é normal que algumas informações voltem gerando confusão em relação a sua divulgação.
Também desconfie de posicionamentos radicais, apesar de todos os veículos de comunicação possuírem suas linhas editoriais (seus valores e regras a serem seguidas), a grande maioria sempre busca trazer diversas vozes para contar uma única história. Portanto, busque matérias que mostram mais de uma versão para os fatos.
E por fim, utilize ferramentas digitais de checagem de Fake News, algumas delas são:
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Invid Verification Plugin: busca a origem de imagens e vídeos
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Crowdtangle: analisa por quem e para onde um link é compartilhado
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Truthnest: plataforma que investiga atividades realizadas por um perfil do Twitter.
Utilizando nossas redes sociais com responsabilidade e checando sempre as notícias antes de compartilhar, damos o primeiro passado para evitar que a desinformação cresça cada vez mais na sociedade e no ambiente digital.
E você costuma conferir as notícias que recebe? Conta para nós nos comentários!
REFERÊNCIAS
JC: estudos mostram por que caimos em notícias falsas
Brasil do amanha: 5 dicas para não cair em fake news
Brasil de fato: as fake news e a disputa política por desinformação