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As civilizações pré-colombianas e o desenvolvimento da América

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Civilizações pré-colombianas é como são conhecidos os povos que viveram na América antes da chegada dos europeus ao continente. Muitos de seus monumentos permanecem erguidos e sua história gera atenção e curiosidade.

A vida no continente pré-domínio europeu faz parte da história dos povos que hoje vivem nas Américas, principalmente central e sul. Conhecer essas histórias é também conhecer um pouco dos antepassados.

Nesse artigo vamos falar sobre três dessas importantes civilizações.

Contexto histórico das civilizações pré-colombianas

Historiadores modernos criaram divisões para os períodos históricos do mundo, para facilitar o estudo e compreensão do assunto. Essa divisão é criticada por alguns estudiosos, mas é ainda a maneira utilizada para se referir aos períodos da humanidade.

Algumas dessas críticas se devem ao fato da divisão usar principalmente a cronologia como base. Outras consideram essa divisão eurocêntrica, já que ela se relaciona a acontecimentos diretamente ligados ao continente europeu.

Um exemplo disso é a divisão usada para contar a história do continente americano. Os estudiosos dividem os períodos em antes e depois das incursões de Cristóvão Colombo pelo continente. Daí vem o termo “pré-colombiano”.

O termo também é criticado, pois engloba qualquer acontecimento antes de 1942, o que abrange um período de, pelo menos, 15 mil anos. A divisão, apesar de ser considerada arbitrária, que não segue regras ou normas, não é considerada “errada”.

É importante destacar que o termo é usado para se referir aos povos das Américas Hispânica e Anglo-Saxônica. Quando nos referimos aos povos nativos do Brasil, por exemplo, o termo usado é pré-cabralino, referente à Cabral.

As civilizações pré-colombianas foram muito importantes para o desenvolvimento do continente em diferentes regiões. Entre essas civilizações é possível citar os Incas, Astecas, Maias, Aimaras, Tikunas, Nazcas e muitas outras. Daremos destaque aqui para as três principais, os Incas, os Maias e os Astecas.

Os Incas

Mapa da América do Sul indicando de forma destacada o antigo território inca.
Território Inca. Imagem: Site trilha inca

A civilização inca ocupava o território que hoje corresponde ao Peru, a Colômbia, ao Equador e parte de outros três países: Bolívia, Chile e Argentina. Das três civilizações pré-colombianas que serão tratadas aqui é a de maior extensão territorial. A capital era Cusco, cidade situada nos Andes peruanos, e reuniu cerca de oito milhões de pessoas.

Os Incas teriam se estabelecido na região de Cusco por volta do ano 1000. A centralização do poder que deu origem ao Império Inca, no entanto, só aconteceu no século XV. O primeiro imperador Inca foi Pachacuti, coroado em 1438. Estima-se que o império existiu até aproximadamente 1519.

Estátua da divindade Pachacuti. Imagem: Uwe-Bergwitz / IStock

Seu idioma, o Quechua, também chamado de Runa simi, é a língua nativa mais usada na América do Sul. Hoje existem quase 12 milhões de falantes do idioma no continente, sendo uma das línguas oficiais do Peru.

Eram uma sociedade teocrática e seu imperador era considerado filho de Inti, o deus Sol. O imperador, venerado como uma divindade, era conhecido como Sapa Inca ou apenas O Inca, que curiosamente significa “chefe”.

Sob sua autoridade estavam centenas de tribos que lhe serviam através do trabalho obrigatório, pagamento de tributos e serviço militar.

Sendo fortemente hierarquizada, a sociedade inca se dividia em classes sociais:

  • Sapa Inca e seus parentes;
  • Nobreza (responsável direta pelos cargos administrativos do império);
  • Sacerdotes e guerreiros;
  • Comerciantes e camponeses;
  • Escravos.

O império inca era chamado de Tawantinsuyu (Império das Quatro Direções), e era organizado em quatro grandes províncias:

  • Chinchasuyu (norte);
  • Antisuyu (leste);
  • Contisuyu (oeste);
  • Collasuyu (sul).

A agricultura era a base da economia Inca e as terras eram distribuídas conforme o tamanho da família. Nos campos eram produzidos os alimentos básicos consumidos pelo povo, como o milho e a batata, base da sua alimentação, além de outros como quinoa e a pimenta.

O comércio era realizado nas principais cidades mediante feiras periódicas, onde havia também a troca de mercadorias. Além dos trabalhos diários, uma vez por ano, todo trabalhador deveria dedicar seu tempo a um trabalho para o imperador. Esse costume era conhecido como mita.

A religião dos Incas era politeísta (adoravam a vários deuses) e acreditava que o universo estava organizado em três mundos: HananPacha (mundo de cima), KaiPacha (mundo do meio) e UkuPacha (mundo subterrâneo). A divindade suprema era Viracocha, mas o deus mais importante era Inti, o deus do Sol. Outros deuses importantes eram Llyap’a (deus da Chuva) e Mama Kilya (deusa da Lua).

Existiam os sacerdotes e sacerdotisas, que dedicavam suas vidas à adoração dos deuses. A organização social também incluía os curandeiros que realizavam sacrifícios aos deuses. As acllas são o grupo de sacerdotisas mais conhecidas, mulheres escolhidas pela beleza e que viviam em voto de castidade.

A comunicação entre os mundos era feita através de elementos da natureza, como a chuva; e de animais, como o condor. Os incas também realizavam cerimônias grandiosas a cada mudança de estação, o que incluíam procissões, músicas e sacrifícios.

A arquitetura também era algo importante para o Império Inca. Os construtores se preocupavam com técnicas precisas e detalhadas. O corte de pedras grandes, usadas nas edificações, era feito com base em cálculos.

Entre as construções Incas estão aquedutos, palácios, fortes e templos. Uma das características da arquitetura Inca é o uso de formas retangulares. Também desenvolveram a policromia, possibilitando o uso de diversas cores em objetos cerâmicos para ocasiões específicas, como rituais religiosos ou fúnebres.

As construções dos agricultores eram feitas com uma mistura de barro e palha. Os nobres e funcionários de alto escalão possuíam residências de pedra. Curiosamente os Incas não faziam uso da roda, do ferro ou de tração animal e também não tinham um sistema de escrita. Nada disso, porém, impediu o seu desenvolvimento.

A imagem mostra a cidade de Machu Picchu, localizada no alto de uma montanha. Algumas estruturas ainda estão intactas. Ao fundo é possível ver uma cadeia de montanhas.
Machu Picchu. Imagem: saiko3p – Shutterstock
Intihuatana – Relógio do Sol. Imagem: LeBetting

A queda do Império Inca

A queda do Império tem inicio quando o então Imperador HuaynaCapac morre subitamente de varíola sem deixar uma linha de sucessão definida. Seus dois filhos, Huáscar e Atahualpa iniciam uma guerra interna para saber qual dos dois assumiria o trono deixado pelo pai. Essa batalha enfraqueceu o império após 5 anos de luta.

Os espanhóis, que já haviam chegado ao continente, viram a oportunidade perfeita. Com o Império enfraquecido, em 1533 conseguiram capturar e matar o Imperador Atahualpa. Historiadores consideram este o marco da conquista dos Incas pelos espanhóis.

Os Maias

Mapa da América do Norte, destacando em laranja o antigo território maia.
Território maia. Imagem: Site timemaps

Os Maias não eram um único povo, mas sim povos, várias etnias com a mesma origem linguística e cultural. A civilização maia nasceu onde hoje é a região do México e chegou a ocupar a região da Península de Yucatán, parte de Honduras, Guatemala e Belize.

Não se organizaram em um Império, sendo uma sociedade constituída de cidades-estados, com vários centros urbanos importantes. Calcula-se que sua população tenha chegado a 1,5 milhão de pessoas.

O idioma oficial dos Maias é o Yucatãn, no entanto eles também falavam diferentes dialetos. O Yucatãn ainda é falado por 6 a 7 milhões de descendentes espalhados pela América. Além da língua falada os Maias também desenvolveram um sistema de escrita baseado em hieróglifos, assim como os egípcios.

Sua capital era cidade de ChichénItzá, no México. Das civilizações pré-colombianas foi a que existiu por mais tempo como um Estado estruturado. Sua existência compreende o período entre os séculos VI a.C e X d.C.

Apesar de não ser um Império, a sociedade maia era hierarquizada e seus governantes ocupavam o topo da pirâmide social. Dividiam-se basicamente em três principais núcleos:

  • A nobreza, composta pelos governantes que tinham funções políticas e religiosas, já que deveriam estar presentes nas festas e sacrifícios aos deuses;
  • Os cobradores de impostos e sacerdotes, responsáveis pela realização das cerimônias;
  • Os camponeses, responsáveis pela agricultura e os artesãos, responsáveis por transformar a matéria-prima em objetos úteis.

Na agricultura, os Maias cultivavam principalmente o milho, sendo a base de sua alimentação. Além dele, também cultivavam mandioca, algodão e girassol. Além da agricultura, havia a criação de aves, como peru e patos. Por causa da agricultura, os Maias desenvolveram um sofisticado calendário circular. Esse calendário permitia marcar o tempo e não perder o momento adequado do plantio e da colheita de suas produções.

Calendário maia. Imagem: Site chichenitza

Tal como outras civilizações pré-colombianas, os Maias também eram politeístas e realizavam festividades e sacrifícios para as divindades. Seus templos foram construídos em forma de pirâmides que até hoje podem ser visitadas. A divindade maia mais importante é Itzamná, deus criador, senhor do fogo e do coração.

Assim como os Incas, os Maias não conheciam a roda, então não faziam uso dela em suas construções. Eram os camponeses que construíam os templos, palácios, pirâmides e estradas. O maior símbolo da arquitetura maia são as pirâmides escalonadas.

Pirâmide de Kukulcán, na antiga cidade de Chichén Itzá, México. Imagem: Site TodaMatéria

Declínio do povo Maia

Quando os espanhóis chegaram a América, os Maias já não existiam como uma sociedade organizada. Por volta de 800 d.C várias de suas mais importantes cidades-estados foram gradativamente abandonadas. Não há um motivo claro para isso, entre as suposições estão o aumento populacional, a falta de alimentos e as guerras.

Os Astecas

Mapa da América do Sul indicando de forma destacada o antigo território asteca, muito próximo ao antigo território maia..
Território Astecas – principais cidades. Imagem: Site Slideshre – Estevão de Aguiar

Com desenvolvimento entre 1325 e 1519, a civilização asteca se estendeu do centro do México até a Guatemala. Sua população chegou a cerca de 15 milhões de pessoas durante o século XVI.

A capital da sociedade asteca era Tenochtitlán, onde após a dominação europeia foi erguida a Cidade do México. O idioma era o náuatle, ainda falado em algumas regiões do México.

Para os Astecas, o imperador era considerado filho ou encarnação de uma divindade e sua função era intermediar a relação entre deuses e homens.

Politeístas, os Astecas acreditavam em vários deuses, assim como os Incas e os Maias. Seus templos tinham o formato de pirâmides. Eles acreditavam que deixavam as divindades contente ao fazer sacrifícios, garantindo assim que o sol sempre voltasse a nascer.

O imperador governava auxiliado por nobres e sacerdotes. O exército exercia a função de vigiar e punir as tribos, organizadas em unidades familiares ligadas consanguineamente, que se rebelassem contra o poder do imperador.

Os camponeses eram a população mais numerosa, mas também havia um grande número de artesãos. Ambos constituiam a base social Asteca. Os principais alvos de cultivo dos camponeses era milho, abóbora, feijão, tomate e cacau. O cultivo era feito em pequenas ilhas artificiais ao redor da capital, conhecidas como “chinampas”. Também dosmeticavam animais, como o peru.

Os artesãos eram responsáveis por criar roupas e utensilhos, também trabalhavam a cerâmica criando estruturas geométricas. Para as coroas que seriam usadas pelo imperador nas cerimônias religiosas, usavam plumas das aves como ornamento.

Pirâmide de Santa Cecília Acatitlan. Imagem: Site Istock
A imagem mostra uma pirâmide com uma escadaria no centro e as laterais com alternancias maiores. O topo é todo reto e liso em toda a sua extensão. Não há portas evidentes na imagem.
Grande Pirâmide de Cholula. Imagem: Istock

O fim do Império Asteca

Entre 1519 e 1521 ocorreu a invasão espanhola, inicialmente amigável, que logo se tornou uma pequena batalha. A cidade de Tenochtitlán foi cercada em 1521 e o então imperador Cuahtemoc, feito prisioneiro. Com isso não demorou muito para que os espanhóis conquistassem o restante do império Asteca. Na região os espanhóis criaram o Vice-Reino da Nova Espanha.

Linha do tempo, relação das datas entre as três civilizações. Imagem: Jessy Costa

Conquistas e impactos da colonização

A colonização espanhola na América ocorreu principalmente por meio de ações violentas. Os primeiros impactos da colonização vieram justamente com o genocídio de milhares de seres humanos.

Sobre a aparente facilidade que os espanhóis tiveram de subjugar os povos originários, estudiosos atribuem principalmente a dois fatos: diferença das armas de cada um e questões biológicas. 

Os espanhóis vieram trazendo uma série de doenças que ainda não existiam na América. Sem a devida imunidade e resistência, as civilizações pré-colombianas acabaram se enfraquecendo e morrendo.

Com a colonização houve uma intensa exploração do solo e a chegada de povos escravizados para trabalhar nas novas colônias. Esses países também tiveram um desenvolvimento desigual, quando comparados a outros países, convencionando-se assim chamá-los de países subdesenvolvidos.

A contribuição das civilizações pré-colombianas e sua relação com a sociedade atual

Quando o assunto é contribuição significativa para o avanço da humanidade, podemos citar inúmeras contribuições dessas civilizações pré-colombianas.

Os Maias, sendo excelentes astrônomos, criaram um calendário onde podiam consultar as datas de eclipses e as estações do ano. Esse trabalho foi importantíssimo para a realização da atividade agrícola. As três civilizações pré-colombianas aqui apresentadas também desenvolveram técnicas de irrigação e aproveitamento do solo para a agricultura. O povo maia possuía ainda um avançado sistema de captação e distribuição da água da chuva.

E foram além, segundo um artigo publicado na revista Scientific Reports, os Maias inventaram o primeiro sistema de filtração de água do hemisfério ocidental. Ainda na agricultura, a plantação de cacau dos Astecas foi fundamental para a economia local e possibilitou que o mundo conhecesse o chocolate. Maias e Astecas também dominaram a extração da borracha, produzindo sandálias, faixas de borrachas e bolas a partir do látex.

Na arquitetura, as três civilizações pré-colombianas construíram templos, pirâmides, palácios e uma avançada rede de estradas e meio de comunicação. Tudo sem a utilização da roda e com pouco uso do metal.

Na tecelagem, os Incas criaram um sistema extremamente desenvolvido, cuja técnica é usada até hoje pela população peruana. A construção de pontes com fibra têxtil dos Incas é uma das obras mais impressionantes de engenharia do período. Tal tecnologia serviu de inspiração para a construção das pontes na atualidade. Os avanços desses povos também podem ser vistos na área da saúde: os médicos astecas já conseguiam tratar fraturas e fazer obturações em dentes.

Não é difícil perceber o importante papel que essas civilizações tiveram para o desenvolvimento da América. Foram inúmeras as contribuições para o que o continente é hoje.

Conta pra gente nos comentários, você já conhecia todas essas contribuições?

Referências:

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2 comentários em “As civilizações pré-colombianas e o desenvolvimento da América”

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Conteúdo escrito por:
Brasiliense que ama viajar e conhecer novos lugares. Me formei em Tecnologia da Informação e tenho paixão especial por livros, músicas e escrita. Adoro conhecer um pouco sobre tudo e estou sempre pesquisando e querendo aprender cada vez mais. Jogo e mestro RPG, escrevo fanfics e um dia pretendo escrever um livro.

As civilizações pré-colombianas e o desenvolvimento da América

01 jul. 2024

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