Achou que não ia ter retrospectiva esse mês? Calma, que o Politize! não te deixa na mão! Vem com a gente relembrar os principais acontecimentos de fevereiro.
O que aconteceu na Política Nacional?
1) Polêmica na CPMI das Fake News
Criada em setembro do ano passado com o principal intuito de investigar ataques cibernéticos e o uso de perfis falsos para influenciar as eleições de 2018, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News deu o que falar em fevereiro (confira o que faz uma CPI). Isso aconteceu por conta do depoimento de Hans River do Nascimento, ex – funcionário da empresa de marketing digital Yacows (investigada por sua atuação nas eleições).
Hans afirmou que a empresa fazia uso não autorizado de dados (como o nome e CPF de pessoas) para a compra e cadastro de chips de celular, com o intuito de disseminar conteúdo político no whatsapp. Mas a parte mais polêmica de seu depoimento foi quando negou ter sido fonte de uma matéria escrita pela jornalista Patrícia Campos Mello em dezembro de 2018, que denunciava o caso e o apontava como fonte. Hans afirmou ainda que a repórter teria se insinuado sexualmente para ele na tentativa de obter informações. Confira mais detalhes no resumo da Câmara.
Em resposta, a Folha de São Paulo publicou, no dia 11 de fevereiro, matéria com todas as trocas de mensagens envolvendo Hans River, que comprovariam que ele teria mentido em suas declarações na CPMI. Centenas de mulheres jornalistas, por sua vez, fizeram um abaixo assinado repudiando os ataques à Patrícia Campos Mello. A CPMI segue seus trabalhos, com previsão de se encerrar em 13 de abril, mas podendo ser estendida.
E por falar em Fake News, você sabia que, de acordo com uma pesquisa de 2018 do Instituto Ipsos , 62% dos brasileiros entrevistados declararam já ter acreditado em alguma notícia falsa? Mas calma, aqui no Politize! a gente te explica o que são Fake News e como combatê-las.
2) Dança das cadeiras no governo
Dois postos importantes no governo tiveram seus comandos alterados em fevereiro: a Casa Civil e o Ministério da Cidadania. O deputado federal licenciado Onyx Lorenzoni, até então o chefe da Casa Civil, substitui o também deputado federal Osmar Terra no Ministério da Cidadania.
Isso acontece em meio a investigações no Ministério da Cidadania sobre a contratação de uma empresa acusada de desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos entre 2016 e 2018. Conforme trazido pelo Estadão, a empresa assinou um contrato com o Ministério em 19 de julho de 2019, na gestão de Osmar Terra. Confira a matéria completa do Estadão. Já a Casa Civil vinha se enfraquecendo desde o final de janeiro com a transferência do Programa de Parceria de Investimentos, importante função da pasta, para o Ministério da Economia.
Para assumir a Casa Civil, foi convidado o general Walter Braga Netto. Braga Netto é o quarto militar no governo, ao lado do general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e do major da Política Militar Jorge Oliveira (Secretaria – Geral).
3) A greve dos petroleiros
Com início no dia 1º de fevereiro, a greve dos petroleiros do Brasil durou 20 dias até a construção de um acordo entre os grevistas e a Petrobras. Durante esse período, mais de 20 mil petroleiros, em 13 estados e mais de 118 unidades da Petrobras ficaram paralisados. Conforme trazido pelo Nexo, a greve foi motivada por conta do fechamento de uma fábrica de fertilizantes e subsidiaria da Petrobras (Araucária Fertilizantes), que resultou em centenas de demissões, contestadas pelos sindicatos. Você pode ver todos os detalhes sobre isso nesta matéria do Nexo.
No dia 21 de fevereiro foi feito um acordo entre a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Petrobras, com mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Você pode ver todos os detalhes nessa reportagem da Folha.
Que tal aproveitar esse contexto para entender o que é e a importância da Petrobras?
4) O caso Adriano
Foi morto, no dia 9 de fevereiro, na Bahia, o ex-policial do Bope Adriano de Nóbrega, acusado de interagir com as milícias do Rio de Janeiro. Adriano estava foragido há mais de um ano. A polêmica em torno do caso se deu por conta de ele ter sido morto pela polícia, levantando hipóteses de “queima de arquivo” (quando alguém é morto para evitar que preste depoimento que possa incriminar outras pessoas”).
Conforme trazido pelo G1 “De acordo com o Ministério Público, Adriano era um integrante da organização criminosa que agia no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. E recebia parte de recursos vindos da rachadinha. Segundo as investigações, o esquema seria operado pelo amigo de Adriano dos tempos da PM, Fabrício Queiroz”. Você pode conferir tudo no matéria completa do G1 sobre o caso.
Não sabe o que é uma milícia? Confira nosso texto sobre isso!
5) Greve da PM e Cid Gomes
A Polícia Militar do Ceará iniciou uma paralisação (ou motim) no dia 18 de fevereiro, que durou por todo o restante do mês. Durante esse período, pessoas encapuzadas ocuparam batalhões, esvaziaram pneus de viaturas, determinaram fechamento do comércio, entre outros, agravando a situação da Segurança Pública no estado. A paralisação teve início em meio a negociações por um reajuste de salário para a categoria. O projeto de lei em tramitação na Assembléia Legislativa do Ceará falava em um aumento em três etapas que elevaria o salário dos atuais 3.475 para 4.500 até 2022.
É importante lembrar que, pela Constituição de 1988, policias militares não possuem direito à greve. Quer entender melhor o direito à greve? Confira nosso texto sobre ele!
Outro ponto polêmico nesse tema foi quando, no dia 19 de fevereiro, o senador Cid Gomes (PDT -CE) foi baleado ao avançar com uma retroescavadeira contra as grades que protegiam os PMs grevistas em um quartel. O senador vem se recuperando desde então. No dia 20, as forças armadas foram enviadas ao Ceará para tentar acalmar a situação. Você pode conferir com mais detalhes toda a cronologia do caso nesta matéria do G1.
6) Censura nos clássicos em Rondônia
Um acontecimento inusitado nesse mês foi a circulação de um memorando da Secretaria de Educação de Rondônia, no dia 06, que determinava o recolhimento, nas escolas de Rondônia, de uma série de livros clássicos da literatura brasileira, por terem “conteúdos inadequados” à crianças e adolescentes. Dentre os 43 títulos citados, apareciam “Macunaíma”, de Mário de Andrade e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, frequentemente exigidas em vestibulares. Autores como Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca também apareciam na lista. Você pode conferir todos os títulos nesta matéria da Folha. Após a divulgação e repercussão da medida, a Secretaria voltou atrás em sua decisão.
O recolhimento de livros tem nome, e é censura. Confira tudo sobre o que é censura e o que diz a lei brasileira!
7) Bolsonaro e as manifestações
No dia 25, a jornalista Vera Magalhães, do Estadão e do Brasil político, publicou uma matéria na qual apontava que o presidente Jair Bolsonaro teria compartilhado dois videos que convocavam para manifestações pró governo previstas para acontecer no dia 15 de março. A polêmica em torno dessas manifestações está no fato de alguns grupos enxergarem nelas um caráter anti-Congresso e anti-STF.
O presidente Jair Bolsonaro, em uma live, afirmou que o vídeo divulgado pela jornalista teria sido compartilhado em 2015. Em resposta, a jornalista publicou no twitter prints dos vídeos, que mostrariam o contrário.
Em meio ao clima de polarização política no país, ataques de ambos os lados são cada vez mais frequentes e é cada vez mais difícil dialogar. De acordo com pesquisa do Instituto Ipsos, para 32% dos brasileiros entrevistados ““Não vale a pena tentar conversar com quem pensa diferente de mim”. Levando em conta que o diálogo é fundamental na democracia, o Politize! criou o Despolarize, um projeto que incentiva e fornece ferramentas para o diálogo mesmo com quem pensa diferente de você. Confira!
E o que aconteceu na Política Internacional?
1) Brasil “desenvolvido” e no TPI
Começamos pelos acontecimentos ligados ao Brasil! No dia 10, os Estados Unidos publicaram uma medida que altera o status do Brasil, assim como de outros 24 países, de “em desenvolvimento” para “desenvolvido”. Os critérios utilizados no caso brasileiro foram a participação em 0,5% do comércio mundial e a presença no G20 (entenda o G20), desconsiderando aspectos sociais. Essa mudança traz tanto ganhos como perdas. Você pode conferir todos os detalhes nesta matéria do Nexo.
Outro ponto relacionado à política externa brasileira foi o alinhamento com Israel no Tribunal Penal Internacional (confira tudo sobre o TPI) para se opôr à investigação de crimes cometidos no território ocupado da Palestina por Israel. A medida foi tomada no dia 14, por meio de ofício encaminhado ao TPI pela embaixadora brasileira na Holanda, Maria Regina Cordeiro.
Não é de hoje que a relação entre Israel e Palestina movimenta tensões. Confira mais dessa história.
2) Encontro entre Lula e Francisco
Outro acontecimento que dividiu o país nesse mês foi o encontro do ex-presidente Lula com o Papa Francisco, no Vaticano, no dia 13. Lula afirmou no twitter que “encontrou o Papa para conversar sobre um mundo mais justo e fraterno”. Além da questão social, a questão ambiental também foi tratada na conversa com o Papa. Conforme relatado pelo Notícias Uol, Lula disse que “Há uma má vontade, apesar dos discursos, dos governantes preocupados com a questão ambiental. (…) Enquanto a gasolina for barata, enquanto o petróleo for barato, não há interesse em mudar a matriz energética da maioria dos países“.
O general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional do governo, por sua vez, conforme trazido pelo OTempo, ironizou o encontro. “Parabéns ao Papa Francisco pelo gesto de compaixão. Ele recebeu Lula, no Vaticano. Confraternizar com um criminoso, condenado, em 2ª instância, a mais de 29 anos de prisão, não chega a ser comovente, mas é um exemplo de solidariedade a malfeitores”.
3) Primárias nos Estados Unidos
Esse é um ano de eleição presidencial nos Estados Unidos e os Democratas se organizam para decidir quem será o candidato que irá enfrentar o Republicano Donald Trump em sua tentativa de se reeleger. Após uma série de primárias e retiradas de candidaturas, a disputa fica cada vez mais entre Joe Biden e Burnie Sanders. Biden é advogado e foi o vice-presidente de Barack Obama em seus does mandatos. Sanders, por sua vez, é senador pelo Estado de Vermont e tem a alcunha de ser um candidato mais radical.
Confira neste texto do El País quem está ganhando as primárias democratas.
4) Novos conflitos na Síria
Após 9 anos de guerra, novos conflitos continuam aparecendo na Síria. Desta vez, o final de fevereiro foi marcado pelo aumento de tensões entre Síria, Rússia e a Turquia na região de Idlib, no noroeste da Síria, último reduto da oposição de Bashar Al-Assad. No dia 27, 33 militares turcos foram mortos em um ataque na região e especulações apontam que o ataque vindo de forças de Assad e russas (que apoiam o governo Assad).
Em resposta, no dia 02 de março, a Turquia lançou uma ofensiva à Idlib e derrubou dois aviões Sírios. Confira mais sobre os últimos acontecimentos nas análises do G1 e do El País, e caso queira entender um pouco mais das origens do conflito na Síria, confira nosso texto sobre ele.
5) FMI e Argentina: novo capítulo de uma antiga relação
No último ano, nós te explicamos a crise econômica na Argentina. Pois bem, em 2020 ela continua longe de um fim. No dia 19 de fevereiro, o Fundo Monetário Internacional (entenda o FMI) declarou que a dívida da Argentina é insustentável e pediu a colaboração de credores internacionais para evitar um nova moratória (o país já soma 8 em sua história). Ao FMI, a Argentina deve US$ 44 bilhões, mas o total de sua dívida externa chega na casa dos US$ 311 bilhões.
6) MIT e as eleições na Bolívia
A Bolívia é outro país que vem enfrentando uma crise desde o final do ano passado. Nesse caso, no entanto, a crise é mais política que econômica. No ano passado, as eleições que elegeram Evo Morales em primeiro turno para mais um mandato tiveram suspeitas de fraudes levantadas pela oposição e Evo acabou sendo forçado a renunciar e sair do país. Confira tudo sobre a Crise na Bolívia.
Um dos principais argumentos que sustenta a tese da fraude nas eleições foi um relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos) que apontava indícios de que elas haviam sido fraudadas, divulgado em dezembro. Confira o relatório.
No dia 27 de fevereiro, por sua vez, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), divulgaram um estudo que contesta os resultados apresentados pela OEA, apontando que não é possível identificar fraude estatística na eleição, reacendendo os debates sobre a questão. Confira o resumo do estudo nesta matéria do Washington Post.
Alguns outros acontecimentos marcantes …
1) Oscar 2020
O Oscar 2020 aconteceu no dia 9 de fevereiro e surpreendeu a muitos. O filme sul-coreano “Parasita” foi o grande vencedor, sendo o primeiro filme longa metragem na história a ganhar nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor filme. Você pode conferir os vencedores em todas as categorias nesse post do Omelete.
O representante brasileiro no Oscar, o documentário Democracia em Vertigem, acabou não levando a estatueta de melhor documentário, que ficou com o filme “Indústria Americana”.
Ficou curioso com Parasita? O Politize! tem um vídeo comentando sobre esse e outros filmes, confira!
2) SuperBowl
Um dos maiores eventos esportivos do mundo, a final da Liga de Futebol Americana (NFL), popularmente conhecida como “SuperBowl”, aconteceu no dia 02 de fevereiro. O grande vencedor foi o Kansas City, derrotando os 49ers, e conquistando a taça após 50 anos. O evento, como de costume, também contou com a apresentação de artistas consagrados em seu intervalo. Os nomes da vez foram as cantroas Shakira e Jennifer Lopez, que dividiram o palco e fizeram um grande show.
3) Carnaval 2020
Pra terminar, não poderíamos deixar de falar da maior festa brasileira, o Carnaval. Aqui no Politize! nos te falamos um pouco da relação entre a política e o carnaval, que tal dar uma olhada? O G1, por sua vez, fez uma análise dos principais números do carnaval de rua em 6 cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Olinda e Belo Horizonte).
Nos dois principais desfiles de escolas de samba no país (no Rio de Janeiro e em São Paulo), as vencedoras foram as escolas Águia de Ouro (SP) e Viradouro (RJ). Mesmo não sendo vencedora, a Mangueira (RJ) foi bastante comentada e dividiu opiniões sobre seu desfile que trouxe a figura de Jesus Cristo representando minorias sociais.
É coisa que não acaba mais, não é? E pra você, como foi fevereiro? Lembra de algum acontecimento importante que não foi citado? Deixe nos comentários!
Referências
Folha (Matéria de Patrícia Campos Mello em 2018) – Câmara (Sobre o depoimento de Hans River) – Folha (Print de conversas com Hans) – Instituto Ipsos (Pesquisa sobre Fake News) – Estadão (Sobre a troca de Ministros) – Folha (Sobre o esvaziamento da casa civil) – G1 (Militares no governo) – Nexo (Sobre a greve de petroleiros) – Folha (Sobre o acordo com os petroleiros) – G1 (Sobre o caso Adriano) – G1 (Cronologia da greve da PM no Ceará) – Folha (Sobre a censura de clássicos) – BRPolítico (Matéria de Verã Magalhães sobre o compartilhamento de vídeos por Bolsonaro) – Correio Braziliense (Live de Bolsonaro sobre a matéria) – Nexo (Brasil com status de desenvolvido) – Folha (Alinhamento Brasil – Israel no TPI) – Uol (Declaração de Lula sobre encontro com Francisco) – OTempo (Declaração de Heleno sobre o encontro) – ELPais (Quem está ganhando as primárias nos EUA) – G1 (Conflito em Idlib) – ElPais (Resposta da Turquia em Idlib) – G1 (FMI sobre dívida argentina) – OEA (Relatório sobre eleições na Bolívia) – Washington Post (Resumo de estudo do MIT sobre eleição na Bolívia) – Omelete (Vencedores do Oscar 2020) – Folha (SuperBowl) – Folha (Shakira e Jennifer Lopez) – G1 (números do carnaval de rua)